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sábado, 31 de dezembro de 2016

Capa: a revista Veja aposta tudo na Nefertiti brasileira

A capa da Veja 


A imagem de Nefertiti, a "Esposa do Grande Rei" do antigo Egito.

por bqvMANCHETE

Nefertiti era mulher de Amenófis IV, o faraó que não devia ter sido.

Amen era carta descartada e só assumiu o poder porque o irmão mais velho, herdeiro legítimo, bateu as botas, melhor dizendo, as sandálias egípcias.

Nefertiti ganhou vários títulos, "Senhora de todas as mulheres", "Doce do Amor" e "Esposa do Grande Rei".

Deve ser por tudo isso que a Veja colocou na capa a senhora Temer em pose que sugere a antiga rainha do Vale do Nilo.

Já Amenófis era conhecido como "Touro Poderoso", "O  Que Leva As Coroas" e "Divino Regente".

Tensão da redação da Veja. Acima, o momento em que os jornalistas decidem
a importante e histórica capa da última edição de 2016. 
Por sua afinidade pública com o atual ocupante do topo da pirâmide política brasileira, Veja não deve tê-lo como o bovino destemido nem como o mero carregador de joias, mas deve achar que "divino regente" combina bem com o titular da dinastia que a revista espera prosperar no Planalto Central.

Não garanto, mas é possível, que o diretor de Arte da Veja divagasse em voo sobre as férteis margens do velho Nilo, como se fosse um drone dos sonhos, quando lhe veio à mente de artista a clássica imagem de Nefertiti.

Reparem na coincidência das linhas dos narizes, dos lábios, do suave maxilar e das sobrancelhas visíveis em Marcetiti e Neferla, perdão, entre a Marcela e Nefertiti.

Não há dúvida: essa edição de Veja deveria ter sido impressa em papiro.

Ou mumificada nos armários da ABI para consulta das futuras gerações.

É peça histórica que diz muito sobre a velha mídia, hoje.