terça-feira, 3 de janeiro de 2017

A Santa Ceia, au grand complet, versão 77

 
Foto: Arquivo Pessoal RM

Por ROBERTO MUGGIATI

Esta foto posada da redação da Manchete, feita em 1977, reproduz, por uma feliz coincidência, o leiaute do afresco famoso de Da Vinci, com uma pequena variação: sentados, não, mas eretos, como cabia àquela brava equipe.

Vamos recordar, a partir da esquerda: o impagável secretário de redação, Alberto de Carvalho, alma secreta da revista; o redator Ivan Alves, o Pato Rouco, que nos anos de chumbo foi protegido na Sucursal de Paris; Wilson Cunha, chefe de redação e cinéfilo, que saiu depois para a Rede Manchete e as TV Globos da vida; o crítico de arte Flávio de Aquino; este que vos escreve, que carregava uma cruz por semana; Heloneida Studard, escritora e líder feminista; R. Magalhães Jr., redator e imortal, um baixinho duro de lidar; Wilson Passos, o grande chefe de paginação da Manchete, que desenhou a revista dos anos 50 até o final (com um período sabático durante a “ditadura italiana” de Vincenzo e Massimo, em meados dos anos 90); Argemiro Ferreira, redator e líder sindical; Pedro Guimarães, diagramador, o primeiro a nos deixar: partiu dias antes da edição de Carnaval de 1980; Ney Bianchi (de Almeida), que cobria Copas e Olimpíadas e depois encontrou o filão místico: desvendou os mistérios do Dr. Fritz e tornou-se interlocutor exclusivo de Dona Neila Alkmin; Carlos Heitor Cony, romancista, escritor escalado para as grandes coberturas de Manchete, como a visita do Papa (veio com o Sumo no mesmo avião), casamento da Princesa Diana e, last but not least, ghost writer do grande vidente Allan Richard Way – vidente que foi literalmente cegado por Cony; e o redator Irineu Guimarães, que foi seminarista em Marselha e trabalhou no prestigioso Le Monde.

Treze diante da mesa. Um reparo: entre meu ombro direito e a cabeça do Flávio de Aquino aparece o contínuo Sammy Davis Jr. Só numa empresa como a Bloch, o contínuo tinha acesso direto ao dono da empresa. Sammy falava sempre com o Adolpho que iria conseguir para ele a casa que ficava ao lado do 766 da Rua do Russell, (que já estava em construção e seria aberto em 1980). Esta foto foi feita ainda no primeiro prédio, o 804. E o contínuo de codinome Sammy conseguiu finalmente convencer a senhorinha a vender sua casa. Ali, em 1986, Adolpho construiu a terceira fatia da fachada do Niemeyer, para abrigar parte da Rede Manchete. Que fim levou o Sammy Davis eu não sei. Não sei sequer se recebeu alguma comissão por ter conseguido o terreno para o Adolpho. Aliás, estes apelidos eram da lavra do Alberto. Outro contínuo, de cabelão afro avantajado como o do Tim Maia, foi apelidado de Tim. Acabou se tornando o grande repórter Tim Lopes.

Desta Santa Ceia 77, somos quatro sobreviventes: Wilson Cunha, eu, Argemiro e Cony. Ainda bem que sobrou alguém para contar a história. . . 

6 comentários:

J.A.Barros disse...

Nessa época eu já trabalhava na Editora Manchete, mas não na sua redação. Acho que já ttrabalhava na Manchete Esportiva com Ney Bianchi. Depois da Manchete Esportiva fui trabalhar na Bloch Educação com Arnaldo Nisikier e meu querido amigo José Carlos de Jesus. Ele já estava careca nesse tempo. Acho que ele nasceu careca.

J.A.Barros disse...

Nessa época eu já trabalhava na Editora Manchete, mas não na sua redação. Acho que já ttrabalhava na Manchete Esportiva com Ney Bianchi. Depois da Manchete Esportiva fui trabalhar na Bloch Educação com Arnaldo Nisikier e meu querido amigo José Carlos de Jesus. Ele já estava careca nesse tempo. Acho que ele nasceu careca.
ass.> Sidney Guilaroff

Esmeraldo disse...

Que redação, hein? Só craque!

Do Facebook disse...

Ana Lucia Bizinover via Facebook - "Ai meus sais JEG e Muggi. Cada um desses integrantes do Santo Seder, eu diria,sucumbiu aos encantos do Narceu de Almeida e colaborou com a Ele Ela em sua fase áurea (75-80). Como éramos realmente felizes! E sabíamos. E todos tiravam sarro de todos"

J.A.Barros disse...

Essa foto são dos 15 apóstolos da Bloch Editores S/A. Só 4 desses 15 sobreviveram até os dias de hoje. Mas eles representam muito da história dessa revista que empolgou o Brasil sob o comando do Adolpho Bloch.

Unknown disse...

Que maravilha resgatar essa foto e a história da Manchete.