terça-feira, 1 de março de 2022

O drinque da saison: Coquetel Molotov • Por Roberto Muggiati

 

Espanha, 1936. Fogo nos fascistas: durante a Guerra Civil Espanhola, soldados republicanos adotaram o Coquetel Molotov para atacar as tropas de Francisco Franco.. Foto: Sueddeutcshe Zeitung/Direito Público

Molotov
O Coquetel Molotov, a eficiente bomba artesanal que fez sua estreia há 85 anos na Guerra Civil Espanhola – opondo as forças socialistas dos republicanos às tropas fascistas do ditador Francisco Franco – volta a ser protagonista entre os resistentes ucranianos, carentes de armas de fogo convencionais. A bomba improvisada ganharia seu nome e passaria a ser fabricada em larga escala na Guerra do Inverno de 1939, quando a Finlândia foi atacada pela União Soviética. 

O maquiavélico líder estalinista Viatcheslav Mikhailovitch Molotov (1890-1986) – Molotov, “martelo” em russo, era na verdade um pseudônimo – alegava que os soviéticos não estavam bombardeando a Finlândia, mas jogando “cestos de pães”. Retribuindo a ironia, os finlandeses batizaram suas bombas artesanais de “coquetel Molotov”. A arma era produzida pela companhia Alko na sua fábrica de Rajamäki, consistindo numa mistura de etanol, gasolina e alcatrão, com dois fósforos especiais que serviam de pavio. Entre dezembro e março, 450 mil unidades foram produzidas por uma força de trabalho de 87 mulheres e cinco homens.

Na Segunda Guerra, o exército polonês utilizou um dispositivo de ignição por impacto (éter etílico), tornando desnecessária a pré-ignição da arma. Este consistia na adição de ácido sulfúrico à mistura, que iria reagir, após a quebra da garrafa, com uma mistura de clorato de potássio e açúcar, cristalizada sobre um pano enrolado em torno da garrafa.

Em confrontos urbanos e guerrilha urbana são ainda utilizados outros tipos de misturas e dispositivos. O princípio de funcionamento básico da arma reside na dispersão química de líquido inflamável após o impacto num alvo ou no chão. A ignição não é imediata, dando tempo para que uma pequena parte do líquido evapore (éter etílico) o que provocará uma espécie de explosão de fraca potência, que pode ajudar à dispersão do restante líquido sobre uma área maior. O agente adicionado (sabão, detergente ou óleo) aumenta a aderência do combustível ao alvo.

A inovação ucraniana consiste em colocar no interior da garrafa pedacinhos de isopor em meio a óleo e gasolina, para aumentar o potencial incendiário do petardo.

A modelo, influencer e ex-atriz pornô libanesa Mia Khalifa causou polêmica no Twitter ao compartilhar uma ilustração com receita para a produção de um coquetel Molotov. A celebridade de 29 anos – que tem usado suas contas no Twitter e no Instagram para denunciar e criticar o ataque russo à Ucrânia –  compartilhou a imagem com as instruções para fabricação da bomba caseira após o Ministério da Defesa da Ucrânia sugerir nas redes sociais que a população local fabrique e utilize coqueteis Molotov para combater o exército russo. 

2 comentários:

Cheung disse...

O coquetel molotov não é eficiente em guerras convencionais. O atirador precisa se aproximar muito do alvo e fica exposto a tiros. É útil em protestos urbanos quando pode atingir veículos militares. É até possível que acertem tanques mas não serão importantes na defesa de Kiev infelizmente

Anônimo disse...

No Rio, na ditadura, coqueteis molotov incendiaram vários carros da polícia, principalmente no mês mais violento da história das manifestações no Brasil, junho de 1968. Eram levados antes e escondidos em bueiros das ruas transversais da Av.Rio Branco.