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segunda-feira, 4 de abril de 2022

"O Marajá": novela proibida reaparece misteriosamente no You Tube.

 

Na Folha de São Paulo, o místério da minissérie O Marajá.

por José Esmeraldo Gonçalves

A edição de ontem da Folha de São Paulo revela mais um mistério em torno da extinta Rede Manchete. Em 1993 a emissora gravou a minissérie O Marajá, com estreia prevista para 26 de julho daquele ano. A trama recriava os anos tumultuados do governo Collor de Mello. E, claro, o personagem principal, chamado "Elle", caricaturava o próprio político, que hoje é um apêndice do bolsonarismo. 

Escrita por José Louzeiro, Regina Braga, Eloy Santos e Alexandre Lidya, O Marajá foi censurado. O ex-presidente, cujo impeachment havia sido aprovado em setembro de 1992, entrou com uma ação na justiça impedindo a transmissão da minissérie. 

A partir daí, entra em cena o mistério da vida real. Adolpho Bloch acatou a decisão e pessoalmente mandou trancar todas as fitas em um cofre. Enquanto Collor permaneceu livre e solto, "Elle" passou anos aprisionado no tal cofre instalado em algum lugar do Edifício Manchete, na Rua do Russell. Em novembro de 1995, Adolpho Bloch faleceu. Cessava sua responsabilidade pessoal sobre o cofre blindado. A Rede Manchete, por sua vez, começava agonizar envolvida em dívidas e em operações sucessivas e mal sucedidas de tentativas de venda da rede. Ora era adquirida por empresários e até um  "bispo" evangélico, ora retornava aos Bloch por calote dos compradores. A crise desgastava a empresa, mas O Marajá, pelo que se sabia, repousava no escurinho do cofre, já quase esquecido, praticamente. Mas não por todo mundo. Alguém lembrou de  resgatar "Elle", que sumiu sem deixar pistas até reparecer agora no You Tube,  

A venda da Rede Manchete, afinal concretizada em 1999 e, no ano seguinte, a falência da Bloch Editores, colocaram um ponto final no que foi um importante conglomerado de comunicação.

Anos depois, algumas novelas da Rede Manchete reapareceram no SBT. Surgiram notícias de que parte do acervo estava com a TV Cultura, em São Paulo e haveria a intenção de levar ao ar alguns programas. Aparentemente, o temor de questões jurídicas ligadas a direitos autorais provocou o cancelamento do projeto.

 Recentemente, em leilão realizado pela Massa Falida de TV Manchete, sediada em São Paulo, um comprador não identificado, que teria sido representado por um procurador, adquiriu milhares de gravações de telejornais, programas especiais de jornalismo, shows, documentários, novelas, entrevistas, grandes eventos etc que pertenceram à Rede Manchete. Não se conhece o estado de conservação desse material. É certo, apenas, que é de grande valor para a memória da TV brasileira. 

Aliás, a Bloch não deu sorte com o seu legado jornalístico. Também mistério, como se sabe, é o destino do arquivo fotográfico que reunia décadas de produção fotográfica das revistas Manchete - que no dia 26 de abril comemoraria 70 anos, se viva fosse -, Fatos & Fotos, Fatos, Amiga, Desfile, Domingo Ilustrado, Mulher de Hoje, Ele Ela, Sétimo Céu, Joia, além de publicações dirigidas de economia, agricultura, medicina, informática e edições especiais sob os mais variados temas. O acervo foi leiloado, adquirido por um advogado, e sumiu como O Marajá. 

A minissérie, pelo menos, reaparece agora. O acervo das TV materializou-se no leilão em São Paulo. Já o arquivo fotográfico, com milhões de cromos, negativos e cópias, continua desaparecido. 

O que não desapareceu totalmente ainda foi a dívida da Massa Falida da Bloch Editores com seus ex-funcionários. A maioria recebeu os valores principais das indenizaçoes, mas não vê a cor da correção monetária devida (foram pagas apenas três parcelas). Há cinco anos esses pagamentos também viraram mistério. Além disso, há funcionários habilitados que ainda não receberam nem mesmo os tais valores prncipais das indenizações. 

Os ex-funcionários da TV Manchete - que não faliu, foi vendida - enfrentam uma luta também difícil. A venda da Rede Manchete foi uma operação que os lançou em um jogo de empura que se revelou uma armadilha. A TV Ômega, que adquiriu as concessões, conseguiu na justiça escapar da responsabilidade sobre as indenizações trabalhistas (chegou a pagar alguns processos de ex-funcionários da Bloch, mas foi ressarcida pela Massa Falida da Bloch Editores); uma segunda empresa envolvida na compra, denominada TV Manchete Ltda, foi adquirida por outro empresário que tomou um sumiço equivalente ao Marajá. A muito custo, ex-funcionários obtiveram a formação da Massa Falida de TV Manchete, essa que realizou o citado leilão de fitas de gravação e de um terreno com edificação em Campinas (SP), cujos resultados financeiros, não tão expressivos, seriam destinados a pagamentos aos credores trabalhistas.

O que preocupa os ex- funcionários da Bloch Editores é que massas falidas em geral costumam praticar autofagia aguda: quanto mais demoram mais consomem os bens garantidores das indenizações. Despesas judiciais, custos de administradores, advogados, seguros, manutenção, derrotas em processos etc pulverizam o patrimônio. Imagine isso ao longo do tempo: a Massa Falida da Bloch Editores apagará velinhas de 22 anos em agosto próximo.

Como se vê, não é apenas o mistério de O Marajá que assombra o desfecho da Bloch Editores e da Rede Manchete. 


domingo, 23 de junho de 2019

Fotomemória: uma lente sobre os caminhos de Chico Buarque. Por Guina Araújo Ramos

por Guina Araújo Ramos (do blog Bonecos da História)

No dia 19 de Junho de 2019, um dos assuntos mais comentados nas redes sociais no Brasil foi o aniversário de 75 anos de Chico Buarque. Parece que a grande maioria dos brasileiros se sente um pouco amigo de infância de Chico Buarque, até porque há muita História nisso... Eu, por exemplo, comecei a me interessar por Chico Buarque de Hollanda por volta dos meus 15 anos de idade, meados da década de 1960. O primeiro motivo foi, certamente, o espanto que me causou a música “Pedro Pedreiro”, com a sua estranha letra, meio minimalista na forma e meio absoluta no conteúdo.


Chico Buarque, Canecão, Rio - Foto: Guina Araújo Ramos, 1993

Pouco depois, lá estava ele nos “festivais da canção”, com praças e sabiás, quase sempre ganhando, sempre se destacando, aparecendo de forma brilhante naquele belo momento da cultura musical brasileira, já na defesa de uma produção musical independente em relação à poderosa indústria cultural americana, este poder que vinha de longe no país e que, nas décadas seguintes, o dominaria completamente.


Chico Buarque - Rio, 1978 - Foto Guina Araújo Ramos
Ainda nesse tempo, no conturbado ano de 1968, me envolvi com um dos seus belos produtos musicais, embora sobre texto alheio: participei da montagem de Morte e Vida Severina, de João Cabral de Mello Neto, realizada pelo grupo de jovens da igreja de São Geraldo, no subúrbio carioca de Olaria, com Perfeito Fortuna no papel principal, e desde logo me ficou evidente que a música de Chico Buarque dava trabalho...
Envolvido com a sua obra, de certo modo o acompanhei (e a Marieta Severo) em seus tempos de exílio romano, vítimas todos nós da imbecilizante violência social imposta pela ditadura civil-militar do Golpe de 1964, ancorada, a partir de 1968, no AI-5, o maior asfixiador cultural que o Brasil já sofreu.
No final da década de 1970, então, é que minha trajetória profissional ganha, pretensiosamente, um ponto de contato tangencial à dele. No que entrei para a Bloch Editores, em 1977, e passei a fotografar para suas coloridas revistas, eis que, um dia (digo, uma noite) lá fui eu fotografar um show de Chico Buarque. Não tenho mais nenhum registro de quando e onde, mas tenho quase certeza de foi em 1978 e no Canecão. Nos meus sofridos arquivos, restou apenas uma foto, um slide, que recuperei até onde foi possível. Ainda neste período, em aproximação indireta, fotografei, em 1978, a primeira montagem da Ópera do Malandro, no Teatro Ginástico, no Centro do Rio, mas disso não tenho fotos.


Chico Buarque chega ao Ato - Lapa, Rio - Foto Guina Araújo Ramos, 2018

Só voltamos a nos encontrar pessoalmente quando Chico Buarque, retornando aos palcos, iniciou a temporada do show com as músicas do disco Paratodos, em 1993, de acordo com as parcas anotações nas minhas fotos. De novo, a convicção é de que este encontro aconteceu (embora não garanta e nem consegui confirmar) no Canecão, à época o mais importante palco musical do Rio de Janeiro, ele no palco, eu no “gargarejo”, entre as mesas da plateia e beira do palco... Destas fotos (para também não sei mais qual empresa jornalística) ficaram algumas sobras, também muito desgastadas pelo tempo.



Chico Buarque e Marieta Severo - Lapa, RioFoto Guina Araújo Ramos, 2018

Longas parábolas mútuas nos separaram no tempo. Apenas fotograficamente, é óbvio, que sempre diziam que jogava futebol (nisso, nunca achei que fosse tão bom assim) e que cada vez ficava melhor a sua impressionante obra, ampliada da Música e do Teatro para a Literatura, e logo para o Cinema. Nesse período, creio que o melhor exemplo do grau de criatividade que atingiu e que reconheci ficou marcada na preciosidade do livro e filme “Budapeste”.



Chico Buarque no Ato da Virada - Lapa, RioFoto Guina Araújo Ramos, 2018
Este reencontro, porém, ocorreu em outro tipo de espaço, não mais no palco da música, mas no da política. Entre tantas presenças marcantes na Lapa, Rio de Janeiro, em 23/10/2018, no chamado “Ato da Virada, Brasil pela Democracia”, na prática o derradeiro comício da campanha de Fernando Haddad à Presidência da República, lá estávamos nós, 25 anos depois: o mesmo Chico Buarque, agora mais curtido, mais grave, sempre lúcido, sempre combativo, exemplo de cidadão na defesa da democracia brasileira, e eu, já aposentado como fotojornalista, mas sempre disposto a registrar em fotos as minhas vivências.
Além da admiração pela sua postura política justa e serena,aumenta cada vez mais uma profunda admiração pela obra musical e literária, acima da média do panorama cultural brasileiro, em quantidade e qualidade. Não por acaso, Chico Buarque volta às mídias neste ano de 2019, ao ganhar, merecidamente, o Prêmio Camões de Literatura, para alegria de portugueses e brasileiros.
Não sei comparar, mas, se vamos por aí e se o Prêmio Nobel de Literatura de 2016 levou em consideração apenas as letras das canções do cantor e compositor Bob Dylan, estou desconfiado que Chico Buarque de Hollanda tem boas chances, embora se fale nas possibilidades de Lula, de ganhar neste ano mesmo o nosso primeiro e tão demorado Prêmio Nobel...

    quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

    Fotomemória: D. Nylza, a mãe aos 100 anos. Por Guina Araújo Ramos

    por Guina Araújo Ramos (do blog Bonecos da História

    Queiram perdoar os possíveis leitores aqui chegados, mas gostaria de esclarecer que, na verdade, o pomposo título “Os Bonecos da História” encobre (não muito, que também está no cabeçalho do blog...) a minha intenção de publicar “os bonecos da minha história no fotojornalismo”, com a devida ressalva de que o conceito de “fotojornalismo” significa, aqui, um qualquer registro fotográfico que eu tenha feito por aí...

    Daí que, ainda que pública, a postagem do momento é muito particular, é pessoal mesmo. A figura retratada e relembrada aqui é ninguém mais ninguém menos do que minha mãe, a (pelo menos no meio da parentada) famosa D. Nylza.

    O motivo está antevisto no título: D. Nylza completaria hoje (ontem), 1º. de Janeiro de 2019, exatos 100 anos da vida. Não chegou lá, mas viveu até 15 dias antes dos seus 99 anos, sempre com a lucidez e o bom humor que aliviava as dificuldades da nossa vida.


    D. Nylza, 1977, foto de Guina Araújo Ramos. "Foi feita por volta de 1977,
    eu já profissional, trabalhando na Bloch Editores, num dia qualquer em que voltei à última casa
    em que morei com ela e com meu pai. Entrando pelos fundos do apartamento térreo, em Olaria,
    subúrbios da Zona da Leopoldina, Rio de Janeiro,
    eis que a surpreendi no comando do fogão".

    D. Nylza (e era assim que todos a chamavam, inclusive todos os filhos, às vezes meio ironicamente) nasceu na fazenda Cataguá, no vale do Rio Paraíba do Sul. Era filha de um cearense que, com três irmãos, tentou recriar os bons tempos dos grandes lucros do café e de uma orgulhosa filha das elites locais, então já não tão mais poderosas. A empreitada não deu certo e Seu Miguel e D. Hermínia mudaram-se, com os seis filhos, para Areal, na época ainda distrito do município de Três Rios. 

    Oscar e Nilza nas Bodas de Ouro. Foto de Guina Araújo Ramos, 1985

    Com apenas 16 anos, casou com Seu Oscar (ele, aos 27), seu companheiro de toda a vida, ela sempre a dona da casa, criando os seis filhos, ele sempre na estrada, com caminhão, lotação ou ônibus, na autonomia ou não, conforme a época.

    Em 1948, a família se muda para Duque de Caxias, com meu pai trabalhando no transporte de areia para a construção do Maracanã. Daí que, em 1950, em plena Copa do Mundo, eu nasci no Rio de Janeiro, no Hospital do IAPETEC, hoje Federal de Bonsucesso.

    A família morou em alguns bairros da Zona da Leopoldina, de Cordovil a Olaria, até que os dois, agora sós, voltaram a Areal, no princípio dos anos 1980. Lá, D. Nylza ficou viúva, em 1988, e de lá veio para sua temporada final, nos últimos quinze anos, com filho e netos, em Caxias.

    Entre tantas fotos que fiz de D. Nylza, qual eu deveria escolher para a abertura desta postagem?...
    Pensei até em capturar uma imagem no vídeo da visita de D. Nylza ao Pão de Açúcar, este evento que significou o cumprimento de uma velha dívida familiar. Afinal, descobri qual seria a foto: justamente aquela que ela própria havia escolhido!... Foi feita por volta de 1977, eu já profissional, trabalhando na Bloch Editores, num dia qualquer em que voltei à última casa em que morei com ela e com meu pai. Entrando pelos fundos do apartamento térreo, em Olaria, subúrbios da Zona da Leopoldina, Rio de Janeiro, eis que a surpreendi no comando do fogão. No susto, para ela, faço a foto! Sua expressão, mais de satisfação do que de espanto, até hoje me alegra. Desde que lhe entreguei uma cópia, há mais de 40 anos (tantos que as cores até se perderam), nunca mais deixei de ver esta foto, "o susto de D. Nylza", em uma parede sempre nobre de qualquer das casas em que morou.

    D. Nylza homenageada. Foto de Guina Araújo Ramos, 2015. 
    Das tantas outras, destaco esta, que transformei em cartaz.

    É que nos últimos anos, a partir de algum impreciso momento, passei a considerá-la, em alguns contextos e de maneira certamente simbólica, e particularmente como forma de reconhecimento à sua luta pessoal, uma espécie (simpática, acho eu) de representante do próprio povo brasileiro.

    sábado, 7 de julho de 2018

    Professor da UNB analisa a atual crise da Abril e recorda o fim da Bloch Editores




    do Facebook de Luís Felipe Miguel (*)
    (Leia a seguir o texto completo)

    "Uma frase de autoria incerta, que circulou pela internet, diz que a classe dominante não tem ódio. O que ela tem são interesses. O ódio ela terceiriza.

    A frase é interessante. Mas talvez ela superestime a racionalidade da classe dominante. Por vezes, seu ódio supera seus interesses.

    Penso num caso. Meu pai trabalhou por muitos anos em Bloch Editores. Na época, Bloch contava com uma publicação de grande sucesso – a revista Manchete, que ocupara o espaço que antes fora da mítica revista O Cruzeiro. Mas era um formato, a revista ilustrada, que estava em irremediável curva descendente, devido a fatores como a difusão da televisão em cores.

    A grande editora do Brasil não era Bloch. Era Abril. Em quase todos os segmentos, Abril liderava e Bloch ficava atrás. Jornalismo econômico: Tendência (Bloch) atrás de Exame (Abril). Revista “feminina”: Desfile (Bloch) atrás de Cláudia (Abril). Revista de mulher pelada: Ele Ela (Bloch) atrás de Revista do Homem, depois Playboy (Abril). Revista infantil: Bloquinho e Recreio. Revista de fofocas: Amiga e Contigo. Fotonovelas: Sétimo Céu e Capricho. Etcétera.

    Tá certo, Bloch tinha uma revista sólida de puericultura, Pais & Filhos. Mas a Abril corria sozinha no jornalismo esportivo, com a Placar. Tinha os gibis (Disney e Turma da Mônica), verdadeiras minas de ouro.

    E tinha a joia da coroa, a revista Veja. Bloch nunca conseguiu firmar uma revista semanal de informação geral. Tentou, durante um curto período de tempo, transformando a Fatos & Fotos (uma espécie de Manchete mais magrinha) na revista Fatos, mas não pegou.

    Bloch decaiu no final do século passado e acabou falindo, em grande medida pelo investimento desastrado na TV Manchete. Abril ia de vento em popa. Veja tirava mais de um milhão de exemplares por semana. O boom do mercado de revistas fez com que seus títulos se multiplicassem. O espaço que era de Manchete nos consultórios dentários e salões de beleza foi ocupado pela Caras, que no início era da Abril.

    E hoje Abril é uma pálida sombra do que foi. Fechou ou vendeu a maior parte dos seus títulos. Anuncia mais uma retração para breve. Seu próximo passo, ninguém duvida, é a falência.

    Muitos fatores contribuem para esta débâcle, a começar pelas dificuldades vividas pelos meios impressos no novo mundo digital. Mas um deles, acredito, é o ódio. O ódio de classe que fez com que a editora recusasse qualquer coisa parecida com jornalismo e transformasse seu principal veículo no arauto de uma seita, desprovido de credibilidade e desinteressado de obtê-la. Uma das maiores revistas de informação do mundo, que (mesmo sem nunca ter sido isenta ou confiável) era leitura obrigatória no Brasil, transformou-se num pasquim risível e irrelevante, sem que a direção da empresa esboçasse qualquer reação; pelo contrário, sempre preferiu aprofundar sua opção pelo apostolado antipetista.
    Agora Abril morre e ninguém chora por ela."

    (*) Luís Felipe Miguel é professor de Ciência Politica na Universidade de Brasília e filho de um ex-funcionário da Bloch Editores.

    sábado, 14 de abril de 2018

    Chico Anysio, a graça do dia - por Guina Ramos

    Chico Anysio, 1978. Foto de Guina Araújo Ramos
    Chico Anysio no Canecão. Fatos & Fotos, Agosto de 1978. Fotos de Guina Araújo Ramos


    por Guina Ramos (para o blog Bonecos e Pretinhas)

    De repente, falam no Vídeo Show que 12 de Abril é o Dia do Humorista. Fui dar uma olhada na Internet e conferi: realmente, a data é oficial.

    O engraçado foi encontrar dezenas de sites que repetiam o mesmo texto, sobre comediantes e humorismo, mas aos poucos vi que a coisa era séria: o Dia do Humorista é uma homenagem a Chico Anysio (e, não por acaso, marca o seu aniversário).

    Durante a comoção internacional pelo ataque terrorista à revista francesa Charlie Hebdo, em Janeiro de 2015, a ex-presidente Dilma Rousseff sancionou uma lei, proposta, em 2008, pelo deputado José Airton Cirilo (PT-CE), que instituía o dia 12 de abril como o Dia do Humorista. A data já se tornara oficial no Estado do Ceará desde julho de 2003, passando então o Dia do Nacional do Humorista a ser comemorado, a partir de 2015, em todo o Brasil.

    Chico Anysio nasceu em 1931 e faleceu em 23 de março de 2012. Criou mais de 200 personagens diferentes, que se apresentavam nas mais diversas situações. Entre os personagens clássicos estão o Professor Raimundo, Bento Carneiro, o vampiro brasileiro e o repórter Alberto Roberto. Chico é referência no humor, não só pelo talento de criar tantos personagens, mas por escrever os próprios roteiros durante os 40 anos em que trabalhou na televisão brasileira.

    Fotografei Chico Anysio dezenas, quiçá centenas de vezes, em produções de filmes, em palcos de teatro, em shows individuais, mas, na grande maioria das vezes, nos estúdios de TV, gravando os programas que apresentava na TV Globo. À época, antes da construção do Projac, que centralizou os estúdios, essas fotos aconteciam, conforme a época, na própria sede da Globo, no Jardim Botânico, ou nos estúdios Herbert Richers, na Usina, ou mais frequentemente nos estúdios da Cinédia, na Taquara, em Jacarepaguá.

    Das poucas fotos que me restaram, esta foto (no alto) me parece a mais interessante, e pelo simples detalhe de que Chico Anysio está quase sério...

    E gosto especialmente desta edição da revista Fatos & Fotos (# 888, Agosto de 1978), de uma série de entrevistas feitas por Renato Sérgio, em que, por artes do pessoal da Bloch e numa improvisada colagem de recortes, Chico Anysio, como ele muito bem sabia fazer, mais uma vez se multiplica!

    Fonte: Guina Araújo Ramos trabalhou na Manchete e na Fatos & Fotos, é autor dos livros "O Jogo do Resta um", "Personagem Cabal", "A Outra Face das Fotos", "2112... é o fim", "Rio Só de Amores" e (O dos) Bonecos e (a das) Pretinhas", mantém a editora Guina Edita e o blog Bonecos e Pretinhas que você pode conhecer AQUI 

    quinta-feira, 21 de setembro de 2017

    Pais & Filhos: 50 anos em 2018

    A Pais & Filhos,
    da Editora Manchete
    Jornalistas & Cia noticia que Luiz Pimentel, ex-diretor de Conteúdo do R7, assumiu cargo equivalente na Pais & Filhos, revista que pertence à Editora Manchete, de Marcos Dvoskin, que adquiriu em leilão, em 2003, títulos que pertenciam à Bloch Editores.

    A Pais & Filhos completa 50 anos em 2018 e permanece como uma publicação de prestígio e influência, com atuação em plataformas, digitais e redes sociais.

    Ao J&C, Luiz Pimentel adiantou que unificará revista, site, redes sociais, TV Pais & Filhos, anuário da marca e ações de branded content.

    Edição de 1987, quando a Pais & Filhos
    ainda pertencia à Bloch. 
    As próximas edições já farão referência ao cinquentenário da marca.

    A Pais&Filhos é também atuante no segmento de eventos, principalmente na realização de seminários.

    Dos 50 anos da P&F - uma das mais tradicionais e bem-sucedidas revistas brasileiras, pioneira  e líder no seu segmento -, 32 foram sob o selo da Bloch Editores.

    Lançada em 1968, a Pais & Filhos foi editada no Russell até 2000. 

    segunda-feira, 10 de outubro de 2016

    Justiça fixa data do leilão da marca "Jornal do Brasil". Objetivo é cobrir pagamento de dívidas trabalhistas da empresa



    (do site do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro)

    A marca ‘Jornal do Brasil’ vai a leilão no dia 25 de outubro, às 10h, no Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT-1), para cobrir o pagamento de R$ 619.954,35 em dívidas trabalhistas da empresa, de acordo com determinação da Justiça do Trabalho. O lance mínimo no pregão é de R$ 3,5 milhões.

    O leilão contempla cerca de 70 ações que já foram julgadas em favor de ex-trabalhadores do JB em varas do Trabalho e Cível do Rio, do Espírito Santo e de Brasília. Para saber se o seu processo está entre eles, acesse o edital do leilão aqui.

    O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro – SJPMRJ – está atento às movimentações e sempre à disposição dos colegas do extinto jornal, inclusive para lutar pelos direitos dos profissionais, dentro das nossas possibilidades judiciais.

    A decisão da Justiça de leiloar a marca ‘Jornal do Brasil’ divide opiniões entre os jornalistas que moveram – e ganharam – ações trabalhistas contra a empresa nos últimos anos.

    Alexandre Coelho, que foi redator e editor dos cadernos Barra e Niterói do JB, venceu, em 2012, ação na Justiça contra a empresa – que, ao demiti-lo, não pagou as verbas rescisórias. O pagamento da indenização, no entanto, foi efetuado somente em janeiro deste ano, de acordo com o jornalista. Ele diz ser favorável à realização do leilão em benefício dos trabalhadores que ainda não receberam.

    “Sou a favor de qualquer medida que permita aos ex-funcionários do jornal receberem o que lhes é devido”, afirmou Coelho.

    Já a jornalista Aimée Louchard, que lutou por dez anos até receber sua indenização do ‘JB’, acredita que, antes do leilão, a Justiça deveria ir atrás de todo o patrimônio pessoal do último dono do jornal, Nelson Tanure, para pagar as dívidas trabalhistas.

    “Ele é o campeão de comprar empresas, demitir gente e fechá-las. E continua a fazê-lo como se não houvesse amanhã. É um crime de lesa-sociedade leiloar a marca Jornal do Brasil”, disse Louchard.

    Em 2013, a Justiça do Rio reteve R$ 110 milhões de contas de Nelson Tanure e, no ano seguinte, destinou R$ 60 milhões do montante para o pagamento de dívidas trabalhistas. O restante foi usado para cobrir débitos do empresário com o Citibank. O dinheiro, no entanto, não foi o suficiente para cobrir todas as indenizações dos ex-funcionários.

    Manchete e Bloch já foram leiloadas

    O ‘Jornal do Brasil’ não é a primeira empresa de mídia do Rio a ter sua marca leiloada para o pagamento de dívidas trabalhistas. A Justiça já levou à leilão a marca Manchete e os títulos publicados pela Bloch Editores – empresa que faliu na década de 1990. De acordo com José Carlos Jesus, presidente da Comissão de ex-Empregados da Bloch Editores, o dinheiro foi usado para pagar indenizações de 2.500 trabalhadores.

    “Já foram pagos os valores principais e o rateio de três parcelas da correção monetária. Atualmente estamos aguardando o pagamento do quarto rateio da correção monetária”, explicou.

    LEIA NO SITE DO SJPMRJ, CLIQUE AQUI

    quarta-feira, 23 de setembro de 2015

    COMISSÃO DOS EX-EMPREGADOS DA BLOCH EDITORES INFORMA: NESTA SEXTA-FEIRA, 25 DE SETEMBRO, HAVERÁ NOVA ASSEMBLEIA NO SJPMRJ

    Os trabalhadores habilitados à Massa Falida da Bloch Editores estão convidados para mais uma Assembléia no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, Rua Evaristo da Veiga, 16/17° Andar, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Na pauta, assuntos de interesse de todos. 
    Compareça. Reforce a nossa luta. 
    DATA: SEXTA-FEIRA, 25 DE SETEMBRO 
    HORÁRIO: 11 HORAS. 


    quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

    INFORME DA CEEBE: A PARTIR DESTA SEXTA-FEIRA, DIA 5 DE DEZEMBRO, OS EX-FUNCIONÁRIOS DA BLOCH (LETRAS R, S, T, U , V, W, X, Y, Z) COMEÇAM A RECEBER PARCELAS DE CORREÇÃO MONETÁRIA DAS INDENIZAÇÕES TRABALHISTAS

    A Comissão dos Ex-Empregados da Bloch Editores (CEEBE), através de José Carlos Jesus, avisa:

    A PARTIR DE SEXTA-FEIRA, DIA 5 DE DEZEMBRO, ESTARÃO DISPONÍVEIS NAS AGÊNCIAS DO BANCO DO BRASIL OS PAGAMENTOS DE MAIS UMA PARCELA DA CORREÇÃO MONETÁRIA DOS VALORES REFERENTES AOS DIREITOS TRABALHISTAS DOS EX-FUNCIONÁRIOS DA BLOCH (CREDORES DA MASSA FALIDA)  CUJOS NOMES
    COMEÇAM COM AS
    LETRAS R, S, T, U, V, W, X, Y, Z 

    Os que fazem parte desse grupo de letras já podem procurar as agências do Banco do Brasil munidos de CPF e Carteira de Identidade. É importante que ao chegar à agência informem claramente que ali estão para ‘receber um Mandado de Pagamento da Massa Falida da Bloch Editores’. Isso ajudará a direcionar a solicitação. Se, por acaso, surgir algum obstáculo, o credor deverá ir ao 4° andar do Fórum (Av. Erasmo Braga, 115, Centro, Rio de Janeiro, RJ) e dirigir-se à agência local do Banco do Brasil, que faz a coordenação geral da operação e orienta sobre os procedimentos.
    Os pagamentos estão sendo realizados por ordem da Exma. Sra. Dra. Juíza Titular da 5ª Vara Empresarial da Capital, Maria da Penha Nobre Mauro, aos ex-empregados da Bloch Editores habilitados como principais credores da Massa Falida da empresa. Vale ressaltar, mais uma vez, a determinação da juíza para a liberação de mais este rateio.
    Com isso, conclui-se mais essa etapa de pagamentos aos funcionários habilitados à MF da Bloch Editores..
    COLEGAS, AINDA HÁ MUITO A CONQUISTAR, 
    VAMOS MANTER O DIÁLOGO E A MOBILIZAÇÃO!


    INFORME ESPECIAL
    A Diretoria da Comissão dos Ex-Empregados da Bloch Editores (Ceebe) deliberou divulgar, para conhecimento de todos os colegas, carta enviada à Dra. Maria da Penha Nobre Mauro.


    "Pra não dizer que não mandei flores..."

    "Exma. Doutora Juíza Senhora Maria da Penha Nobre Mauro, Titular da 5ª Vara Empresarial da Capital.
     Em ocasiões anteriores, ao final de cada etapa vencida na nossa luta de 14 anos, eu costumava mandar flores para a senhora em reconhecimento ao seu senso de justiça coroado por uma profunda noção de solidariedade. Desta vez, infelizmente, minha saúde precária me impede sequer de praticar esse simples gesto. Sinta-se, porém, coberta de todas as flores do mundo nesse momento de primavera que vivemos.
    A proximidade do verão traz também calor e luz para os habitantes dessa nossa querida cidade, “bonita por natureza e abençoada por Deus, mas que beleza,” como diz o poeta-cantor, mas a senhora – com sua sabedoria – e nós – com a sabedoria que a vida duramente nos ensinou – sabemos que o sol não brilha para todos: há uma parcela humana que sofre nas sombras, que amarga a noite eterna de um destino adverso.
    A Justiça é conhecida pelos os três símbolos: “Não ouço, não vejo, não falo.” (Será essa a ordem correta?) Hoje, estamos criando um novo símbolo, o coração, que representa toda a energia: vida, sentimento, justiça e humanismo. Nesses dias tão individualistas de competição selvagem, ainda podemos contar nos quadros da Justiça com um ser humano que representa este quarto símbolo: a Juíza Maria da Penha Nobre Mauro, Titular da 5a. Vara Empresarial da Capital. Esse sentimento de reconhecimento ninguém pode nos proibir de identificar em vossa excelência. Somos quase 2.500 famílias dos ex-empregados de Bloch Editores que fazem parte da Massa Falida daquela que foi uma das maiores empresas de comunicação do mundo. Com as bênçãos de Deus, rogamos a nosso senhor, saúde, paz, sabedoria, bondade e humanismo para vossa excelência e os seus.
    Com os nossos fraternos abraços,
    Atenciosamente,
    José Carlos Jesus
    Presidente da Comissão dos Ex-Empregados de Bloch Editores"
                                                                             
    "Rio de Janeiro, 02 de dezembro de 2014"
    ATENÇÃO, COMPANHEIROS DA EXTINTA BLOCH! 
    A ÚLTIMA ASSEMBLEIA DO ANO ESTÁ MARCADA PARA O DIA 19 DE DEZEMBRO, SEXTA-FEIRA, ÀS 11H, 
    NO AUDITÓRIO DO SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO, RUA EVARISTO DA VEIGA, 16/ 17º ANDAR, CENTRO, RIO DE JANEIRO, RJ.
    EM PAUTA, ATUALIZAÇÃO SOBRE OS PRÓXIMOS PASSOS DA LUTA DOS EX-FUNCIONÁRIOS, UMA ANÁLISE DAS  PENDÊNCIAS EM RELAÇÃO ÀS REIVINDICAÇÕES E O QUE DEVE SER CONQUISTADO EM 2015, QUANDO A FALÊNCIA DA BLOCH COMPLETARÁ 15 LONGOS E SOFRIDOS ANOS.  

    domingo, 17 de agosto de 2014

    Patente alta... assim era o Marechal da Manchete

    por Alberto Carvalho
    Morreu aos 97 anos o Floriano Peixoto. 
    Não o Marechal ex-Presidente do Brasil, mas o Marechal, chefe dos contínuos da Bloch e eminência parda do presidente da empresa Sr. Adolpho Bloch.
    Usava um bigodinho a lá Clark Gable. Conheci o Marechal quando entrei na empresa em 1966.  Marechal lembrava a figura do cantor Ataulfo Alves, dos anos 40, 50 e 60, pela sua elegância no modo de vestir e um pouco pela aparência. Ataulfo Alves foi citado como um dos dez homens mais elegantes do país na lista do colunista Ibrahim Sued, assim como Marechal.  
    Marechal era, além de suas funções como chefe dos contínuos, o responsável pela retirada dos malotes que vinham do exterior. Ele conhecia todo mundo da Alfândega, tinha livre acesso às dependências do aeroporto do Galeão, o que lhe facilitava a retirada do material com a devida urgência. Era o faz tudo da empresa. Ficava na recepção recebendo os convidados ilustres do Sr. Adolpho para os almoços, etc.   Era íntimo do Presidente Juscelino e de várias outras autoridades. Todos conheciam o Marechal pela sua dedicação a empresa e pela sua maneira educada de lidar com todos os funcionários. Prestativo, educado e muito eficiente em suas funções. Marechal foi um dos funcionários pioneiros de Bloch Editores. Trabalhou até à falência da editora.      

    quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

    Memórias de papel... no lixo

    (da redação da JJcomunic)
    A mensagem abaixo, de dezembro de 2013, está circulando no Facebook e foi repassada por email a muitos colegas que trabalharam na Rede Manchete e na Bloch Editores. Leia: 
    "Uma história triste!!! Outro dia, alguém me ligou querendo saber o que eu poderia fazer em relação ao seguinte assunto: moradora do Flamengo, todo
    dia de manhã essa pessoa sai de casa para caminhar pelo Aterro. Ao passar em frente ao Edifício Manchete deparou com três caçambas. Em uma delas, ou nas três, viu algo que lhe chamou a atenção. Tratava-se de grande
    quantidade de documentos referentes às extintas Editora e Rede Manchete de Televisão. Tinha de quase tudo ali: sinopses, laudas de artigos, scripts de programas, horários de programação, memorandos... 
    Praticamente um pouco da história daquelas duas instituições tão preciosas à memória de nossa cidade. Se essa pessoa viu tudo isso num dia, imaginemos, então, o que está sendo jogado fora nesses meses todos em que o prédio, projetado por Niemeyer, está passando por uma reforma? Gente, que loucura. Eu frequentei aquele prédio. Privava de relativa amizade com o Adolfo Bloch. Não dá pra imaginar a indigência em que se transformou a memória daquele império !!! Passei à pessoa que telefonou alguns e-mails e pedi para que entrasse em contato. Se ela o fez, não tenho, por enquanto, como descobrir... (Luis Antonio)
    Nota da Redação: A Bloch Editores e a Rede Manchete não deram muita sorte em matéria de preservação das suas respectivas memórias. O acervo fotográfico que pertenceu às revistas da Bloch Editores está virtualmente desaparecido e não se sabe se ainda existe. São milhões de imagens que registraram a vida brasileira, em todos os seus aspectos, durante quase meio século. Por sua vez o banco de imagens da extinta Rede Manchete também tomou destino incerto. Algumas novelas foram vendidas para outras redes, mas não há pistas das fitas com material jornalístico, documentários, shows, programas musicais, políticos, ecológicos, entrevistas, coberturas de Copas e Olímpíadas entre outros temas. 
    Muito da história da Editora e da TV está, pelo menos e menos mal, registrada em livros de autoria de ex-funcionários e colaboradores. Seguem alguns títulos: "'Aconteceu na Manchete, as Histórias que Ninguém Contou" - coletânea, vários autores, organizada por José Esmeraldo Gonçalves e J.A. Barros (Desiderata); "Memórias de um Sobrevivente, a Verdadeira História da Ascensão e  Queda da Manchete, de Arnaldo Niskier (Nova Fronteira); "Os Irmãos Karamabloch, Ascensão e Queda de um Império Familiar", de Arnaldo Bloch (Companhia das Letras); "Seu Adolpho, uma Biografia em Fractais", de Felipe Pena (Vermelho Marinho/Usina de Letras);  "O Pilão" - autobiografia de Adolpho Bloch (Editora Bloch); "Rede Manchete, Aconteceu Virou História", de Elmo Francfort (Imprensa Oficial, São Paulo).

    segunda-feira, 14 de outubro de 2013

    Urgente - Massa Falida da Bloch Editores - Pagamento de parte da Correção Monetária referente a Direitos Trabalhistas garantidos por Lei e viabilizados pelo Juízo da Quinta Vara Empresarial da Capital, Ministério Público e Síndica da Massa Falida. A partir de 16 de outubro

    Com a volta ao trabalho dos funcionários do Banco do Brasil (Banco Oficial), serão retomados os pagamentos para os ex-empregados que tem o nome começado pelas letras de S a Z, fechando o total dos Mandados dos pagamentos nesta fase.
    Solicitamos aos colegas que deixem para ir ao Banco do Brasil a partir da próxima quarta-feira, 16. De preferência, nas agências do Centro do Rio. É indispensável levar CPF e Carteira de Identidade. 
    Próxima assembléia dia 25 próximo, no auditório do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro.
    Boa sorte pra todos, abraços,
    José Carlos Jesus
    Comissão dos Ex-Empregados da Bloch Editores.

    sábado, 12 de outubro de 2013

    Feijoada Amiga dos colegas da Bloch Editores já tem quase 60 nomes confirmados!!!

    Vai bombar!. O que ficou de melhor da extinta Bloch foi a amizade e o companheirismo entre tantos que batalharam na empresa durante anos e décadas, certo?. Por isso, a Comissão dos Ex-Empregados da Bloch Editores, que lidera lutas e registra vitórias na campanha pela quitação dos direitos trabalhistas de milhares de colegas, organiza uma feijoada de confraternização neste fim de ano. Será no dia 9 de novembro, no Restaurante Ernesto, na Lapa. 
    Em poucos dias, cerca de 60 colegas confirmaram suas presenças. Garanta você também sua participação e dos seus amigos,
    PARA CONFIRMAR SUA PRESENÇA, ENVIE MENSAGEM PARA O EMAIL ABAIXO ATÉ 05 DE NOVEMBRO:

    rechtmannn@brturbo.com.br


    RESTAURANTE E BAR ERNESTO.
    O endereço: LARGO DA LAPA, 41
    O site: www.barernesto.com.br
    O dia: 09 DE NOVEMBRO - sábado - A PARTIR DAS 13 HORAS
    O prato, aprovado no encontro anterior – é o mais carioca..........Uma deliciosa Feijoada.
    O preço - depois de pesquisado, é o menor possível...R$ 39,00 por pessoa, livre, quantidade à vontade.
    Obs.: para aqueles que preferem um prato light, o Ernesto poderá atender com outras opções - carne, frango ou massa.
    A bebida - consumo com cartela, cada um bebe quanto puder, o que quiser, e cada um paga o seu, muito prático e justo, por sinal.
    A música – ambiente, à nossa escolha.
    Queremos rever você e seus amigos, reenvie essa mensagem para outros colegas de sua lista, multiplique os convidados, queremos ter novamente a casa cheia.
    Leve a(o)  esposa(o), filho(a)  e seus amigos. O preço é igual para todos.
    Mas para isso, precisamos ter a confirmação antecipada de cada um de vocês para passar esta informação essencial ao nosso amigo "Ernesto".



    segunda-feira, 26 de agosto de 2013

    Bienal do Livro: escritora Agatha Desmond lança, no dia 1º de setembro, "Nos Bastidores de Um Artista", livro sobre vida e obra de Edmundo Rodrigues, que foi Editor de Quadrinhos da Bloch

    Reprodução. Clique para ampliar
    A escritora Agatha Desmond envia convite para o lançamento do seu livro, "Nos Bastidores de Um Artista", em parceria com Edmundo Rodrigues, falecido em 2012. Edmundo, Editor dos Quadrinhos da Bloch, deixou um grande legado para as Histórias em Quadrinhos no Brasil.

    domingo, 20 de janeiro de 2013

    Memória da Rede Manchete: o acervo que desaconteceu...



    por JJcomunic
    O Globo de hoje publica excelente matéria sobre a localização e o imbróglio que envolve o  vasto acervo de de vídeos que pertenceu à Rede Manchete de Televisão. A notícia boa é que gravações de programas, fatos jornalísticos, musicais, grandes eventos esportivos e obras de ficção estão guardados na TV Cultura, em São Paulo. Noventa por cento do material pode ser recuperado e digitalizado. São quase 6 mil fitas. O imbróglio a que a reportagem do Segundo Caderno do Globo se refere diz respeito a direitos autorais, propriedade etc. São obstáculos a serem vencidos até que o público e pesquisadores possam ter acesso a um acervo produzido de junho de 1983 até maio de 1999, quando a Rede Manchete foi vendida.
    A matéria, que tem o mérito de levantar a questão, incorre, contudo, em um erro. Confunde a Bloch Editores, que foi à falência em 2000 e tem Massa Falida constituída, com a Rede Manchete, que nunca faliu: foi vendida em um ano antes. A confusão é compreensível já que ambas as empresas faziam parte do mesmo grupo de comunicação. Mas Bloch Editores e Gráficos Bloch, que produziam a revista Manchete e mais de 20 outros títulos, e a Rede Manchete, tiverem desfechos e destinos bem diferentes. Apesar da lentidão do processo, os ex-empregados das revistas pelo menos conseguiram receber parte dos seus direitos e continuam lutando junto à Massa Falida da Bloch Editores para ter quitada a correção monetária (da qual também já receberam uma parte, segundo matéria publicada no site do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro) dos valores que lhes eram devidos. Já os ex-empregados da Rede Manchete vivem situação dramática. Não existe Massa Falida da Rede Manchete. A empresa não faliu. Foi vendida com acompanhamento do Ministério das Comunicações do governo tucano sob complicada "engenharia" contratual, pela qual a TV Ômega (Rede TV) ficou com as concessões; a empresa TV Manchete Ltda que detinha parte do acervo agora encontrado e os equipamentos foi vendida na mesma operação para um terceiro empresário. Essa mesma empresa teria ficado responsável pelas dívidas trabalhistas, segundo o contrato. A tal "engenharia" era, na época, uma "inovação" que o governo tinha tornado moda. Na maioria das  privatizações, as empresas estatais eram divididas em duas: a boa e a "podre". A TV Manchete Ltda, no caso, era a "podre". A artimanha ou o "laranja" prejudicaram os ex-empregados da Rede Manchete que estão até hoje sem receber seus direitos. Há uma disputa na Justiça, que chegou a reconhecer a TV Ômega/Rede TV como sucessora de fato da Rede Manchete e, assim, responsável pelo cumprimento do contrato que obrigava o pagamento das indenizações, FGTS, etc, dos ex-empregados da TV. Os jornais publicaram há cerca de um ano que em recurso impetrado pela TV Ômega, a Justiça reconheceu que a Rede TV não seria responsável pelas indenizações. A luta continua nos tribunais mas nessa "bola dividida" sofrem os ex=funcionários da Rede Manchete que não recebem o que a lei lhes garante.
    A reportagem do Globo levanta ainda a questão dos direitos autorais do acervo, que teria sido supostamente arrematado por alguém que "não tinha interesse nos vídeos", mas apenas nas prateleiras de madeira de lei onde eles estavam armazenados. Pelo contrato, grande parte do acervo pertencia à TV Manchete Ltda vendida pelos Bloch.  Parte do que foi produzido pela Rede Manchete - não há informações sobre exatamente quais programas ou novelas - era de um empresa chamada Bloch, Som e Imagem, que não faliu nem foi vendida. Provavelmente algumas novelas da Rede Manchete que foram reexibidas recentemente em outros canais pertenceriam a essa empresa.  E, em outubro do ano passado, a Café Lumiére, produtora de audiovisual, anunciou em seu site a aquisição de videos que pertenceram à Rede Manchete. Mais um dado do imbróglio. De um jeito ou de outro, parece difícil o acesso ao acervo. Mas pelo menos, as imagens da TV foram localizadas. Outro legado da Manchete, este das revistas, o valioso arquivo fotográfico, foi leiloado e permanece em local incerto e não sabido, assim como são desconhecidas as condições de armazenamento de milhões de fotos produzidas durante 48 anos.


    Leia a matéria completa no site do Globo. Clique AQUI



    Leia notícia sobre aquisição do acervo da Rede Manchete, em outubro do ano passado, pela produtora Café Lumière
    Leia a nota. Clique AQUI




    Atualização na terça-feira, 22/1
    Em respeito à jornalista autora da reportagem de O Globo, objeto de considerações no texto acima, este blog informa que recebeu uma informação de que a TV Manchete Ltda teria pedido falência supostamente anos depois da venda das concessões da extinta Rede Manchete. Não foi possível até agora confirmar a veracidade da informação. Levamos ao leitor do blog algumas informações extraídas de registros oficiais. Em volumoso documento, de 1999, a TV Manchete Ltda foi vendida para a TV Ômega e para um grupo chamado Hesed Participações, além do empresário Fabio Saboya. No mesmo volume, consta o pedido da TV Manchete Ltda à Presidência da República para transferência da concessão dos seus canais de televisão para a Ômega (RedeTV). O contrato previa que Õmega pagasse as dívidas trabalhistas, entre outras. Como a empresa não o fez, os trabalhadores entraram com processo. A partir daí, a empresa "compradora" TV Manchete Ltda some do mapa aparentemente. Não há, em mais de mil páginas, referências à sua suposta falência. Os documentos oficiais conhecidos do Ministério Público visam apenas a TV Ômega/Rede TV, consideradas sucessoras das obrigações previstas no contrato de venda. No contrato de venda também não há referência ao acervo audiovisual da extinta TV Manchete. Mas o acordo transfere à Õmega as concessões e à TV Manchete Ltda, a que evaporou-se após a negociação, os bens móveis (equipamentos obsoletos, parte do acervo, etc), além das dívidas. Em 2004, cinco anos após a transação, a empresa TV Manchete Ltda volta a ser citada em denúncia encaminhada à Justiça por sindicatos paulistanos e a CUT (Central Única dos Trabalhadores) por ter a Õmega até então desrespeitado os direitos dos ex-funcionários da extinta Rede Manchete. Além disso, a improvável falência da TV Manchete Ltda, mesmo que tenha acontecido recentemente, teria zero de efeito prático já que o seu bem mais valioso, as concessões, foram para a TV Ômega. Teriam restado no seu patrimônio carcaças de velhos equipamentos e parte do acervo de fitas, provavelmente estas que a TV Cultura diz que "foram deixadas" no seu prédio. O blog não é especialistas em juridiquês, mas defende que essas fitas pertencem aos trabalhadores da extinta Rede Manchete, que, quase 14 anos depois, estão no prejuízo. 
    Em 1999, o Presidente da República transfere as concessões da TV Manchete Ltda para a Tv Õmega. 
    Em documento de 2004, sindicatos paulistanos  acionam a Rede Tv em busca dos direitos dos ex-funcionários da Rede Manchete. A empresa TV Manchete Ltda, naquela ocasião, cinco anos depois de vendida pelo Grupo Bloch,, permanecia sumida. 


    Esta folha de documento do Ministério Público (infelizmente a cópia recebida pelo blog não está muito legível) mostra que a compradora TV Ômega era responsável  pelo pagamento das indenizações. A empresa (RedeTV) recorreu à Justiça e até hoje, em sucessivos recursos, isenta-se de cumprir o contrato de 1999. 

    terça-feira, 30 de novembro de 2010

    Gibi de celebridades da TV: Beyoncé hoje, Trapalhões ontem

    Beyoncé em gibi...
    ...e as revistinhas dos Trapalhões editadas...


    ...pela Bloch entre 1976 e 1987.

    por JJcomunic
    Beyoncé lançará seu gibi em janeiro. Há um certo revival entre celebridades da música e do esporte em protagonizar revistas em quadrinhos, coisa que já foi moda anos atrás. A cantora terá sua vida e carreira contada em edição da Bluewater Comic Books - que já publicou revistinha sobre Lady Gaga - desde a infância, sua atuação no grupo Destiny's Child até a fase atual. No Brasil, um dos mais bem-sucedidos nessa onda de transportar ídolos da Tv para os comics foram Os Trapalhões, embora não fossem gibis biográficos. Entre 1976 e 1987, a Bloch Editores publicou a revistinha do Didi, que se inspirava em paródias de herois ou nos roteiros do programa do Renato Aragão na TV Globo. Renato, a propósito, comemorou ontem 75 anos de idade e 50 de carreira. Essas edições da Bloquinho TV são consideradas hoje pelos especialistas verdadeiros clássicos dos quadrinhos brasileiros. Na fase da Bloch (depois, a revista passou a ser editada pela Abril), Didi, Dedé, Mussum e Zacarias eram desenhados por Carlos Alberto Miglllorin, Waldemar Watanabe, Domingos A.Souza, João Andrade, Ubiratan Dantas, Waldir Odorisso, Eduardo Vetillo, Vanderley Feliciano. A criação e a produção eram de Ely Barbosa. Bons tempos.

    sábado, 7 de novembro de 2009

    No tempo em que a imprensa pensava...




    por Gonça
    A situação atual da imprensa - seus valores, opiniões, tendências e a própria qualidade do jornalismo praticado no Brasil - tem sido muito discutida. Põe-se em questão o equilíbrio dos veículos, o forte engajamento político não declarado mas dissimulado no noticiário, o fato de os meios de comunicação permanecerem nas mãos de grupos econômicos e financeiros e de senadores, deputados, ex-senadores, ex-deputados e, agora, com forte propósito político, também das igrejas. Tudo isso mostra que faz falta uma opinião alternativa agora e fará mais falta ainda em 2010, ano de eleições. Jornais, revistas e TVs se recusam, no Brasil, a declarar seu voto formalmente antes da cobertura das campanhas. É uma prática comum em alguns países e mais honesta. Sabendo claramente quais são os candidatos que um jornal apoia, o leitor, e eleitor, faria uma leitura mais transparente do noticiário. Aqui, prefere-se a dissimulação.
    Mesmo na época da ditadura, manteve-se, ainda que em precárias condições, uma imprensa alternativa, de pouco alcance, é verdade, mas simbólica e combativa. Atualmente, apenas na Internet (e ainda bem) há manifestação de pensamento, críticas e idéias que escapam ao refrão geral da mídia. A classe - os jornalistas - ainda faz em alguns sindicatos, associações ou universidades, tentativas de discutir os meios de comunicação. Recentemente, participei de um seminário da UFRJ que abriu espaço para um desses debates mas a discussão não chegou à sociedade, nenhum jornal se interessou pela pauta e as questões interessantes ali levantadas se encerraram na sala de aula.
    Do baú do paniscumovum recolhi algumas publicações que reproduzo acima. É curioso como nos anos 70 e até meados dos 80 existiam várias revistas com conteúdo crítico e informativo sobre os meios de comunicação. Entre as mais conhecidas estavam os Cadernos de Jornalismo e Comunicação, editado pelo Jornal do Brasil, e a Revista de Cultura da Vozes. A publicação do JB era dirigda por Alberto Dines e editada por Armando Strozemberg. Entre os redatores, Renato Machado. O número 34 dos Cadernos, de fevereiro de 1972, trazia uma matéria sobre design de embalagens, discutia o "complicado ofício de criar a persusão", alertava sobre os "perigos das generalização" na mídia e informava sobre "o lucro crescente dos Rolling Stones ao deixar o underground" (expressão da época levada pela poeira do tempo). Na Revista de Cultura Vozes, de 1975, os temas eram mais complexos: de "Hegel&Heidegger, Satanismo e Bruxaria", à "Teologia da Graça Libertadora" e ao artigo "O Corpo bem temperado, o jazz, o rock e os limites do formalismo". Era dirigida pelo frei Clarêncio Neotti, tinha como secretário de redação o escritor Moay Cirne e o teólogo Leonardo Boff entre os colaboradores. Mas havia espaço para matérias como a da capa sobre o fenômeno dos Quadrinhos. A revista Comunicação, do Departamento de Jornalismo de Bloch Editores, era dirigida por Arnaldo Niskeir e editada por Antônio Carlos da Cunha. Na coordenação, José Carlos Jesus; Luiz Paulo Silva cuidava da pesquisa. Circulou nas décadas 70/80. A edição reproduzida aqui debatia o "Ensino da Comunicação", o "Merchandising, a publicidade através de sua mais recente novidade", e contava os dois anos de sucesso da Rede Manchete. Uma reportagem assinada por Lenira Alcure (uma das autoras do livro Aconteceu na Manchete - as histórias que ninguém contou) abordava o lançamento dae uma revista semanal de informação e análise, a Fatos, publicação que durou um ano e meio e foi abortada por setores da Bloch sob a acusação de que era "comunista". Revendo esses títulos, fica evidente que os jornalistas não dispõem, atualmente, de veículos que os façam parar para pensar. E tanta autossuficiência é o motor da arrogância, dos superpoderes e da deturpação do ofício de noticiar, refletir e da opinião privada a prevalecer sobre a opinião pública.

    terça-feira, 22 de setembro de 2009

    Do baú do paniscumovum: a edição de Manchete que virou livro

    A edição da MANCHET, de 29 de dezembro de 1979, há 30 anos...
    ... se transformou em um livro "fora do comércio", de tiragem restrita e hoje exemplar raro.

    Logo mais, às 15h, no Fórum, centro do Rio, acontecerá o leilão do Arquivo Fotográfico da Manchete. A expectativa, como este paniscumovum já adiantou, é que apareçam interessados já nessa primeira chamada, que uma eventual disputa eleve o valor inicial do acervo e que os recursos arrecadados acelerem o pagamento das indenizações a cerca de 3 mil trabalhadores da extinta editora. Já falamos aqui da importância histórica e cultural deste arquivo, especialmente para o Rio de Janeiro. A torcida geral é para que ele não saia do Rio. Mas o propósito deste post é falar dos Anos 70. Há quase 30 anos, mais precisamente no dia 29 de dezembro de 1979, chegava às bancas a revista Manchete, o número da primeira semana dos Anos 80. Anunciava o lançamento de uma série especial: Para Entender os Anos 70. O curioso - e não sei se isso já aconteceu com outra revista - é que o série fez tanto sucesso que a Bloch resolveu transformá-la em um livro. Foi uma edição especial, fora do comércio, para anunciantes e agências de publicidade. Estão aí reproduzidas as capas da revista e do livro. No prefácio, Zevi Ghivelder, então diretor-executivo da Manchete, ao lado de Roberto Muggiati (Justino Martins era o diretor-editor), escreveu um texto preciso sobre a revista ilustrada, este segmento especial de jornalismo que produziu o fabuloso arquivo fotográfico que a Manchete e as demais publicações da Bloch legaram à memória e à cultura nacionais. Vale a transcrição: "Anos atrás a revista Time publicou a correspondência de um leitor que reclamava a propósito da publicação de uma reportagem de um professor universitório. Dizia mais ou menos o seguinte: 'vocês não deviam dedicar-lhe atenção. Fui seu aluno e ele sempre repetia em aula que nos Estados Unidos só há duas revistas. Uma para as pessoas que não sabem pensar, outra para quem não sabe ler'. O dito mestre naturalmente se referia a Time e Life. Este é apenas um pequeno exemplo da mística que envolve as revistas ilustradas no mundo inteiro. Alguém inventou aquele bela frase segundo a qual 'mais vale uma foto do que mil palavras' - e muita gente boa tomou isso ao pé da letra. Na verdade, não há regra fixa no que toca à forma de edição das revistas ilustradas, mas uma relação de interdependência entre o texto e a foto, ou mesmo a prevalência de um sobre o outro, conforme a oportunidade. Nos áureos tempos de Paris Match, um de seus maiores atrativos eram os artigos de Raymond Cartier que prescindiam de ilustrações. Eles se somavam à embalagem total da publicação, profusa em fotografias, como uma parte que lhe era integrante e inalienável. Assim como na França, em muitos países as revistas ilustradas também se impuseram junto ao público pela qualidade de seus textos. Creio que nós, na Manchete, seguimos igual curso em vinte e oito anos de trabalho. Ao lado de algumas das mais expressivas fotografias da imprensa brasileira, também publicamos alguns dos melhores e mais imporantes textos, entre os quais se insere a nossa análise da década de 70. Decidimos reproduzi-la neste livro rigorosamente fora do comércio, destinado a agências de publicidade de todo o país e aos anunciantes de Bloch Editores. Conservamos a sequência com que foram publicadas as respectivas matérias em quatro edições sucessivas da revista, no final de 1979, tarefa realizada por Roberto Muggiati (concepção visual) e Wilson Cunha (edição de texto). Essa coletânea em livro assim se torna um valioso documento e testemunha dos dias que vivemos."
    Paniscumovum promete reproduzir parte dessa edição de Manchete na primeira semana de 2010, na marca dos 30 anos exatos. É um legítimo retrato do que o Brasil e o mundo pensavam, consumiam, liam e viam naqueles dias. A propósito, entre os autores da coletânea e da série, estão Carlos Heitor Cony, Fritz Utzeri, Arthur C. Clarke, Lincoln Martins, Flávio de Aquino, Artur da Távola, Roberto Muggiati, Zevi Ghivelder, Wilson Cunha, Irineu Guimaráes, Ney Bianchi, Roberto Barreira, Josué Montello, Murilo Mello Filho, Edmar Pereira, Ethevaldo Siqueira, Roberto Campos e Eduardo Celestino Rodrigues, cada um jogando no seu campo e falando de política, gente, medicina, ecologia, artes plásticas, cinema, literatura, música, televisão, esporte, religião etc. Um documento especialíssimo.