Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
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domingo, 25 de setembro de 2016
Instituto Moreira Salles adquire arquivos de fotos do "O Jornal", "Diário da Noite" e "Jornal do Commercio"
Ao longo da sua travessia jornalística muitas vezes polêmica mas sempre profícua, os Diários Associados produziram boa parte da memória fotojornalística brasileira.
Não apenas a geração de imagens que formam o espetacular acervo da revista "O Cruzeiro', que permanece ativo e preservado em poder do jornal Estado de Minas, mas o de dezenas de jornais de Assis Chateaubriand que registravam os fatos, especialmente do Rio de Janeiro, a antiga capital do país.
Segundo a coluna Ancelmo Gois, no Globo de hoje, o Instituto Moreira Salles, que mantém uma elogiável política de valorização do fotojornalismo, acaba de adquirir os arquivos do "Diário da Noite", do "O Jornal" e do "Jornal do Commercio".
Uma ótima notícia.
Impossível deixar de lembrar aqui, a propósito, o misterioso destino de um acervo igualmente importante.
Desde que foi leiloado, há alguns anos, o arquivo fotográfico das revistas da antiga Bloch (Manchete, Fatos & Fotos, Amiga, Desfile, Fatos, ElaEla, Sétimo Céu, Carinho, Tendência, Manchete Rural, Mulher de Hoje, Pais & Filhos, Enciclopédia Bloch, Domingo Ilustrado, Geográfica, entre outras publicações) permanece inalcançável.
Os maiores profissionais do país passaram pela Manchete. Inúmeros outros jovens fotógrafos, hoje consagrados, lá iniciaram suas carreiras.
Não se sabe, na verdade, onde estão e em que condições estão guardados milhões de negativos, cromos e ampliações produzidos ao longo de 48 anos, além de coleções particulares e jornalísticas anteriores a 1952, data de lançamento da Manchete, adquiridas por Adolpho Bloch. É tão frequente quanto inútil a busca, por parte de escritores, pesquisadores e documentaristas, de imagens icônicas do acervo sumido.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro já procurou informações via Justiça, há poucos anos.
Em vão.
Com o sumiço, rumores não confirmados, digamos, "lendas urbanas", correm entre alguns fotógrafos: um grupo de mídia teria adquirido secretamente o acervo; o arquivo não seria mais digno desse nome por ter sido desmembrado; o material já estaria deteriorado. Até uma versão mais hilária já foi considerada: Bill Gates comprou o arquivo, digitalizou tudo, e guardou os originais em uma antiga mina de sal.
Lamentavelmente, entre surrealidades e fantasias, o fato é que o acervo da Bloch não encontrou um IMS no meio do caminho.
Um IMS ou outra instituição pública ou privada capaz de um gesto de cidadania: o de recolher valiosa memória jornalística hoje à deriva.
quarta-feira, 10 de setembro de 2014
Imagens do jornalismo brasileiro: projeto preservará acervo dos Diários Associados. Enquanto isso, o arquivo da Manchete continua sumido, provavelmente deteriorando-se...
por BQVManchete
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) destinará recursos ao projeto "Imagens do jornalismo brasileiro: preservação e difusão do acervo dos Diários Associados". Uma verba de R$ 790,9 mil, proveniente do Fundo Cultural do Banco, custeará o tratamento do arquivo fotográfico e a conservação de documentos daquele que foi o maior grupo jornalístico do Brasil. São mais de 800 mil itens entre fotos (em torno de 40 mil imagens), textos de reportagens publicadas, recortes e manuscritos dos jornais "O Diário da Noite" e "Diário de São Paulo". A publicação de um catálogo ilustrado, lançamento de e-books, a realização de um exposição e a disponibilização do acervo na Internet fazem parte do projeto.
Desde que começou a se formar em 1924 (ano em que Assis Chateaubriand adquiriu "O Jornal"), os Diários Associados acumularam fotos, documentos e reportagens que contam a história do Brasil no século passado. Sabe-se que o acervo fotográfico que pertenceu à revista "O Cruzeiro" está vivo e protegido nos arquivos do jornal "Estado de Minas", detentor de 650 mil imagens produzidas pelos grandes repórteres-fotográficos que atuaram em "O Cruzeiro". Em 2012, o Instituto Moreira Salles lançou "As Origens do Fotojornalismo no Brasil - Um Olhar sobre O Cruzeiro - 1940/1960", organizado por Helouise Costa e Sergio Burgi. Um livro fundamental na biblioteca de quem pretende entender, visualmente, o Brasil do período. Estão lá a arte e o senso jornalístico de gênios como Jean Manzon, José Medeiros, Luciano Carneiro, Henri Ballot, Flávio Damm, Indalécio Wanderley, Ed Keffel, Luiz Carlos Barreto, entre muitos profissionais que atuaram na revista. Na apresentação do livro, Flávio Pinheiro, superintendente executivo do Instituto Moreira Salles, agradece a colaboração do jornal "Estado de Minas", que permitiu o acesso à produção da maioria dos fotógrafos. Ao lançamento do livro, na época, seguiu-se um exposição de 400 fotos marcantes do "Cruzeiro" O que leva a um triste paralelo com o que ocorreu com o até aqui desaparecido acervo fotográfico que pertenceu à revista Manchete e às demais publicações da extinta Bloch Editores. Embora tenha sido legalmente arrematado em leilão promovido pela Massa Falida da Bloch Editores, o arquivo sumiu. De resto, não há muita lógica no fato de uma pessoa adquirir um arquivo tão grande para simplesmente guardá-lo no baú da vovó. A questão é que vários fotógrafos que trabalharam na Manchete, alguns deles ganhadores de prêmios Esso, estão impossibilitados de finalizarem livros com suas obras por não saber onde e em que condição estão os negativos e cromos dos quais são legítimos detentores dos direitos autorais. Não se sabe se as fotos estão guardadas em ambiente climatizado ou se ainda existem. Já circulou até uma informação não confirmada de que um grande grupo de comunicação teria adquirido o acervo, com cláusula de segredo, para supostamente evitar o assédio de muitos dos autores das imagens. Verdade ou "teoria da conspiração" vá saber...
A esperança que resta é que, em algum momento, alguma instituição entre em contato - e em acordo - com o arrematante proprietário dos direitos patrimoniais do arquivo e que daí resulte algo semelhante ao projeto apoiado pelo BNDES e tema deste post.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) destinará recursos ao projeto "Imagens do jornalismo brasileiro: preservação e difusão do acervo dos Diários Associados". Uma verba de R$ 790,9 mil, proveniente do Fundo Cultural do Banco, custeará o tratamento do arquivo fotográfico e a conservação de documentos daquele que foi o maior grupo jornalístico do Brasil. São mais de 800 mil itens entre fotos (em torno de 40 mil imagens), textos de reportagens publicadas, recortes e manuscritos dos jornais "O Diário da Noite" e "Diário de São Paulo". A publicação de um catálogo ilustrado, lançamento de e-books, a realização de um exposição e a disponibilização do acervo na Internet fazem parte do projeto.
Desde que começou a se formar em 1924 (ano em que Assis Chateaubriand adquiriu "O Jornal"), os Diários Associados acumularam fotos, documentos e reportagens que contam a história do Brasil no século passado. Sabe-se que o acervo fotográfico que pertenceu à revista "O Cruzeiro" está vivo e protegido nos arquivos do jornal "Estado de Minas", detentor de 650 mil imagens produzidas pelos grandes repórteres-fotográficos que atuaram em "O Cruzeiro". Em 2012, o Instituto Moreira Salles lançou "As Origens do Fotojornalismo no Brasil - Um Olhar sobre O Cruzeiro - 1940/1960", organizado por Helouise Costa e Sergio Burgi. Um livro fundamental na biblioteca de quem pretende entender, visualmente, o Brasil do período. Estão lá a arte e o senso jornalístico de gênios como Jean Manzon, José Medeiros, Luciano Carneiro, Henri Ballot, Flávio Damm, Indalécio Wanderley, Ed Keffel, Luiz Carlos Barreto, entre muitos profissionais que atuaram na revista. Na apresentação do livro, Flávio Pinheiro, superintendente executivo do Instituto Moreira Salles, agradece a colaboração do jornal "Estado de Minas", que permitiu o acesso à produção da maioria dos fotógrafos. Ao lançamento do livro, na época, seguiu-se um exposição de 400 fotos marcantes do "Cruzeiro" O que leva a um triste paralelo com o que ocorreu com o até aqui desaparecido acervo fotográfico que pertenceu à revista Manchete e às demais publicações da extinta Bloch Editores. Embora tenha sido legalmente arrematado em leilão promovido pela Massa Falida da Bloch Editores, o arquivo sumiu. De resto, não há muita lógica no fato de uma pessoa adquirir um arquivo tão grande para simplesmente guardá-lo no baú da vovó. A questão é que vários fotógrafos que trabalharam na Manchete, alguns deles ganhadores de prêmios Esso, estão impossibilitados de finalizarem livros com suas obras por não saber onde e em que condição estão os negativos e cromos dos quais são legítimos detentores dos direitos autorais. Não se sabe se as fotos estão guardadas em ambiente climatizado ou se ainda existem. Já circulou até uma informação não confirmada de que um grande grupo de comunicação teria adquirido o acervo, com cláusula de segredo, para supostamente evitar o assédio de muitos dos autores das imagens. Verdade ou "teoria da conspiração" vá saber...
A esperança que resta é que, em algum momento, alguma instituição entre em contato - e em acordo - com o arrematante proprietário dos direitos patrimoniais do arquivo e que daí resulte algo semelhante ao projeto apoiado pelo BNDES e tema deste post.
O livro lançado há dois anos pelo Instituto Moreira Salles |
Cartaz da exposição de fotos do acervo da revista "O Cruzeiro", em 2012. |
sábado, 16 de abril de 2011
Ruy Castro escreve hoje na Folha sobre o sumiço do Arquivo Fotográfico da Manchete
Ruy Castro. Foto Fernando Azevedo |
Ruy Castro
"Procura-se um arquivo"
"Nas várias vezes em que passei por "Manchete", como repórter ou redator, havia um departamento que me fascinava e que eu não perdia oportunidade de xeretar: o arquivo fotográfico. Eram centenas de móveis de aço, com pastas e envelopes contendo um mundo de ampliações, cromos, contatos e negativos. Ali estava a história do Brasil, de abril de 1952, quando "Manchete" nº 1 saiu às bancas -na capa, o cantor Francisco Alves-, até aquele dia.
Presenciei o clique de algumas daquelas fotos, ao sair à rua a serviço com Gervasio Batista, Armando Rozario, Gil Pinheiro, Helio Santos, Juvenil de Souza, Jader Neves, Antonio Rudge, Sebastião Barbosa, Paulo Scheuenstuhl, Antonio Trindade, Walter Firmo, grandes fotógrafos de "Manchete", ases do fotojornalismo.
Depois, eu saberia que o arquivo ia ainda mais longe, aos anos 30 e 40, com as coleções particulares compradas e incorporadas a ele. Sempre que estive lá, fui testemunha do amor que seus funcionários lhe dedicavam. Um deles, o Cesinha, parecia saber de cor o conteúdo de cada pasta ou envelope -e eram 10 milhões de imagens.
Com a morte de Adolpho Bloch em 1995 e a derrocada da empresa, "Manchete" deixou de existir em 2000. O prédio foi lacrado, os funcionários entraram na Justiça por seus direitos, os títulos -"Manchete", "Fatos & Fotos", "Amiga", "Ele/Ela", "Pais & Filhos"-, vendidos, e o arquivo carambolou entre Rio e São Paulo, até ser arrematado em leilão, há um ano, por R$ 300 mil, por um particular. Ou por alguém que ele representava e preferiu não aparecer.
Desde então, não há notícias do arquivo. Não se sabe se está sendo bem conservado, se será comercializado, se há algum projeto para digitalizá-lo. Seu atual proprietário está na posse de 70 anos de iconografia brasileira. O que pretende fazer com ela?"
Fonte: Folha de São Paulo, 16/4/2011
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Reunião de fotógrafos discute situação do arquivo de imagens que pertenceu à Manchete
Na próxima segunda-feira, 11, às 15h, será realizada no auditório João Saldanha, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (Rua Evaristo da Veiga, 16, 17º andar, Centro) uma reunião dos fotógrafos que trabalharam para as publicações da extinta Bloch Editores. Como tem sido divulgado, todo o acervo produzido por profissionais da Manchete, Fatos & Fotos, Fatos, Amiga, Desfile, EleEla, Pais & Filhos e mais uma dezena de títulos foi leiloado há quase um ano. Não há informações sobre o que será feito do arquivo e em que condições cerca de 12 milhões de imagens estão armazenadas. Durante a reunião, os fotógrafos buscarão o melhor caminho e a ação mais eficiente para reivindicar seus direitos. O SJPMRJ, a Associação dos Repórteres Fotográficos (ARFOC) e a Comissão de Ex-Empregados da Bloch Editores (CEEBE) estão em campanha para saber o que será feito do acervo que tem, atualmente, paradeiro desconhecido e pode estar correndo riscos.
Fonte: Ceebe
Fonte: Ceebe
quarta-feira, 30 de março de 2011
Manchete: notícias de um arquivo sumido
Reprodução da coluna Gente Boa, de Joaquim Ferreira dos Santos, no Globo de hoje |
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Acervo Manchete vai a leilão no dia 22 de setembro
ROBERTO MUGGIATI escreve:
Durante os anos 1950, as fotos da revista Manchete eram predominantemente em preto-e-branco, com exceção das capas, sempre em cor, a não ser quando enfocavam um acontecimento da atualidade cuja cobertura fora feita em p&b. Fatos que emocionaram o país nesta década foram registrados exemplarmente pelas câmaras de Manchete: o funerais de Francisco Alves, o Rei da Voz (1952), Getúlio Vargas (1954), Carmen Miranda (1955). Outros fatos que não escaparam ao olho arguto dos fotógrafos da Manchete: o atentado contra Carlos Lacerda na Rua Toneleiros, Rio, estopim da crise que levaria ao suicídio de Vargas; o incêndio da boate Vogue (1955), com fotos dramáticas de pessoas se atirando do prédio para não morrerem queimadas; as rebeliões fracassadas contra o governo JK: antes da posse, a bordo do navio Almirante Tamandaré (1955) e o levante de Jacareacanga, uma base na floresta amazônica, que estourou no sábado de Carnaval de 1956 e não durou muito. Outros fatos sociais, políticos, culturais e esportivos foram documentados com arte e presteza pela equipe fotográfica de Manchete: o nascimento de três mitos da beleza brasileira, três segundos lugares no concurso de Miss Universo que marcaram a vitória moral da baiana Martha Rocha (1954), da amazonense Terezinha Morango (1957) e da carioca Adalgisa Colombo (1958); a conquista da primeira Copa do Mundo da seleção brasileira em campos da Suécia (1958); o surgimento de dois movimentos que se tornariam sucesso até mesmo fora do país: a bossa nova e o cinema novo. Não só Manchete acompanhava estas "ondas" culturais, como criou uma linguagem nova e instigante ao retratar suas principais estrelas, como João e Astrud Gilberto, Nara Leão, a dupla imortal Tom e Vinicius, Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli, este repórter da Manchete quando compôs O Barquinho. Um dos grandes temas nacionais em que a revista de Adolpho Bloch investiu desde o início foi a construção de Brasília: fotos excepcionais dos protagonistas da mudança da capital (JK, Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e o engenheiro Bernardo Sayão, que morreria acidentalmente durante as obras) figuram lado a lado com imagens históricas das grandes estruturas que vão se erguendo na vastidão do Planalto Central pelas mãos dos "candangos", os heróis anônimos da epopéia brasiliense.
A partir dos anos 1960, Manchete aderiu à nova tecnologia da fotografia em cores — com as câmaras de 35mm ocupando o espaço das pesadas Rolleiflex de formato quadrado — modernizou seu parque gráfico para permitir a impressão de revistas totalmente em quatro cores. Foi a partir dessa década que a Bloch ampliou o seu leque de revistas, com os lançamentos de Fatos e Fotos (uma versão mais "jornal" da Manchete, inicialmente só em p&b;) Enciclopédia Bloch, depois Geográfica Universal; a masculina EleEla, a feminina Desfile (em substituição à antiga Jóia), a semanal de TV e fofocas Amiga, além de uma série de publicações especializadas e fascículos.
Cada novo veículo da Bloch inaugurou um novo estilo de fotografia, sendo que as mensais como Desfile, Ele Ela e Pais e Filhos se exprimiram principalmente a partir de fotos de estúdio invejadas por publicações do mundo inteiro. Mas, até encerrar suas atividades em 1º de agosto de 2000, Manchete manteve o alto padrão de qualidade e de criatividade, constituindo-se numa espécie de janela para o Brasil e o mundo. Enumeramos brevemente a seguir alguns dos feitos de cobertura da revista ao longo das cinco décadas em que atuou:
• Carnaval carioca — As edições de cobertura do carnaval do Rio de Janeiro primaram por sua velocidade aliada à qualidade. Poucas horas depois de encerrada a maior festa popular do mundo, Manchete chegava às bancas e esgotava em poucas horas.• Festivais de música — Os festivais de música, no Rio e em São Paulo, a partir de 1967, revelaram novos talentos que se tornaram os grandes ídolos da MPB e sustentam essa posição até hoje: Caetano, Gil, Mutantes, Milton Nascimento, Chico Buarque são apenas alguns nomes desta plêiade. E Manchete fixou em imagens os melhores momentos desta aventura musical.
• "Furos" políticos — As melhores fotos de JK, em público e na intimidade; a última foto de Jânio Quadros antes de renunciar à Presidência em 1961; fotos de Fidel Castro e Che Guevara nos tempos turbulentos que se seguiram à revolução em Cuba, inclusive fotos destes líderes no Brasil; a última foto do Presidente Costa e Silva (1968), fotos exclusivas do Presidente João Baptista Figueiredo de sunga em Brasília; a última foto do Presidente Tancredo Neves (1985), o impeachment de Collor — os grandes instantes da nossa vida política foram registrados para sempre pelas Câmaras de Manchete.
• Vocação esportiva • Nos seus 48 anos de vida, Manchete cobriu 12 Copas do Mundo de Futebol (incluindo o Tetra, 58-62-70-94) e 12 Olimpíadas Mundiais, algumas das quais marcaram o surgimento de estrelas como Ademar Ferreira da Silva, João do Pulo, Eder Jofre, os meninos e as meninas do vôlei; no tênis, documentou os triunfos de Maria Ester Bueno e Gustavo Kürten; nas pistas, investiu desde cedo na Fórmula-1, colocando nas bancas uma edição especial áudio-visual sobre o primeiro título de Emerson Fittipaldi em 1972; as carreiras irresistíveis e Nelson Piquet e Ayrton Senna e várias edições especiais sobre o trágico fim do nosso maior piloto em 1994, no circuito de Imola.
• Ciência espetacular — Os grandes saltos da ciência e da tecnologia viraram Manchete assim que aconteceram: a corrida espacial, o homem na Lua, os transplantes cardíacos, o bebê de proveta (a revista chegou até, em exclusividade internacional, a documentar os primeiros anos de Louise Joy Brown, a menina inglesa que foi a primeira criança reproduzida in vitro.)
• Celebridades — Os fotógrafos de Manchete não só saíram em campo para fotografar as personalidades marcantes da metade mais vibrante do século (a segunda), como a revista, em diversas épocas e em diversos de seus prédios, recebeu e clicou figuras como Sartre e Simone de Beauvoir (comeram uma feijoada na gráfica de Parada de Lucas); Dizzy Gillespie, o mago do trompete do jazz, dançou samba na antiga redação de Frei Caneca; depois, a festa se mudou para o palácio de vidro da rua do Russell, desenhado por Oscar Niemeyer: Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na ua, dois meses depois pisava o restaurante do 3º andar; Jack Nicholson, Roman Polanski e Liza Minnelli foram fotografados no Teatro Adolpho Bloch; músicos de fama internacional como o violoncelista Mstislav Rostropovich também passaram pelo Russell, onde o amigo da casa e diletante do bel canto, Mário Henrique Simonsen, fez um dueto com o tenor Plácido Domingo, e o pai dos transplantes, o dr. Christiaan Barnard, tocou no piano do décimo andar. "Panteras" de classes tão distintas como a Rainha da Indonésia, Dewi Sukarno, e a deputada pornô Cicciolina fizeram poses eróticas engatinhando sobre a grande mesa de jantar. A feminista Betty Friedan, no auge da polêmica, debateu com a redação e discutiu a figura da iídiche Mame com o próprio Adolpho Bloch. Katherine Graham, a dona do Washington Post, o jornal que levantou o escândalo de Watergate e derrubou o Presidente Nixon, tomou chá com Adolpho. Tempos depois, Polanski voltou com a nova mulher, a ninfeta Emmanuelle Seigner, para tomar um chá, mas preferiu tomar vodca polonesa e conversar em russo com Adolpho. O grande bailarino Mikhail Barishnikov e o maestro Zubin Mehta hospedaram-se no belo palacete da Manchete em São Paulo, onde Juscelino Kubitschek dormiu a sua última noite. A modelo-ícone da swinging London, Jean Shrimpton, os Rolling Stones (em sua primeira visita ao Brasil) e o diretor de ópera e cinema Franco Zeffirelli, foram devidamente clicados circulando pelo Rio a bordo de caminhonetes de reportagem da Manchete. A estrela de Crepúsculos dos deuses, Gloria Swanson, o cineasta William Wyler, o coreógrafo Bob Fosse, o colunista Art Buchwald, os escritores E.L. Doctorow, Doris Lessing, Sidney Sheldon, o dr. Albert Sabin, o pai da aeróbica Kenneth Cooper — enfim, não há memória e não há espaço para citar os ricos e famosos que foram recebidos e fotografados por Manchete.
• Edições especiais — Além das inúmeras edições especiais sobre temas brasileiros ou destinadas a divulgar o país no exterior (em inglês, francês e até mesmo em russo), Manchete publicou vários números extras alusivos a acontecimentos das atualidade, comemorativos de datas históricas ou conquistas esportivas e como homenagem póstuma a grandes figuras que desapareceram do cenário brasileiro. As edições da cobertura da primeira visita do Papa ao Brasil, em 1980, obtiveram recordes de tiragens.
• Mestres da objetiva — Nos tempos de ouro, a equipe de fotógrafos de Manchete ultrapassava a centena, espalhada entre o eixo Rio-São Paulo, as sucursais nacionais e internacionais e free-lancers pelo mundo inteiro, sem mencionar os serviços das principais agências fotográficas. Alguns destes fotógrafos inscreveram seu nome como mestres da sua arte, ao lado dos grandes nomes como Cartier-Bresson, Robert Capa, Richard Avedon e outros. Alécio de Andrade, por exemplo, foi convidado para trabalhar na agência Magnum, fundada pelo mestre Bresson, e que funcionava como espécie de cooperativa de gênios da objetiva. Outros criaram um estilo pessoal, publicaram livros, realizaram exposições, firmando a marca de excelência da Manchete. Outros ainda, pela qualidade do seu trabalho, foram escolhidos para se tornar o fotógrafo oficial da Presidência da República, glória máxima a que pode almejar um fotógrafo profissional. Roberto Stuckert, foi o fotógrafo oficial do Presidente João Baptista Figueiredo;U. Dettmar foi o fotógrafo exclusivo do Presidente Fernando Collor de Mello. Mais curiosa é a história do baiano Gervásio Baptista. Em 1954, ele clicou a foto de capa que mostrava Tancredo Neves chorando sobre o caixão de Getúlio Vargas durante o enterro do Presidente em São Borja. A foto valeu prestígio eterno para Tancredo que, eleito pelo Congresso para presidir o Brasil em 1985, chamou imediatamente Gervásio para ser o seu fotógrafo oficial. Com a doença de Tancredo, na véspera do dia da posse, José Sarney assumiu a Presidência e confirmou Gervásio no posto. O baiano que havia adotado o Rio como sua cidade do coração, foi cativado por Brasília e continua lá, na ativa, passados 23 anos.
Durante os anos 1950, as fotos da revista Manchete eram predominantemente em preto-e-branco, com exceção das capas, sempre em cor, a não ser quando enfocavam um acontecimento da atualidade cuja cobertura fora feita em p&b. Fatos que emocionaram o país nesta década foram registrados exemplarmente pelas câmaras de Manchete: o funerais de Francisco Alves, o Rei da Voz (1952), Getúlio Vargas (1954), Carmen Miranda (1955). Outros fatos que não escaparam ao olho arguto dos fotógrafos da Manchete: o atentado contra Carlos Lacerda na Rua Toneleiros, Rio, estopim da crise que levaria ao suicídio de Vargas; o incêndio da boate Vogue (1955), com fotos dramáticas de pessoas se atirando do prédio para não morrerem queimadas; as rebeliões fracassadas contra o governo JK: antes da posse, a bordo do navio Almirante Tamandaré (1955) e o levante de Jacareacanga, uma base na floresta amazônica, que estourou no sábado de Carnaval de 1956 e não durou muito. Outros fatos sociais, políticos, culturais e esportivos foram documentados com arte e presteza pela equipe fotográfica de Manchete: o nascimento de três mitos da beleza brasileira, três segundos lugares no concurso de Miss Universo que marcaram a vitória moral da baiana Martha Rocha (1954), da amazonense Terezinha Morango (1957) e da carioca Adalgisa Colombo (1958); a conquista da primeira Copa do Mundo da seleção brasileira em campos da Suécia (1958); o surgimento de dois movimentos que se tornariam sucesso até mesmo fora do país: a bossa nova e o cinema novo. Não só Manchete acompanhava estas "ondas" culturais, como criou uma linguagem nova e instigante ao retratar suas principais estrelas, como João e Astrud Gilberto, Nara Leão, a dupla imortal Tom e Vinicius, Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli, este repórter da Manchete quando compôs O Barquinho. Um dos grandes temas nacionais em que a revista de Adolpho Bloch investiu desde o início foi a construção de Brasília: fotos excepcionais dos protagonistas da mudança da capital (JK, Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e o engenheiro Bernardo Sayão, que morreria acidentalmente durante as obras) figuram lado a lado com imagens históricas das grandes estruturas que vão se erguendo na vastidão do Planalto Central pelas mãos dos "candangos", os heróis anônimos da epopéia brasiliense.
A partir dos anos 1960, Manchete aderiu à nova tecnologia da fotografia em cores — com as câmaras de 35mm ocupando o espaço das pesadas Rolleiflex de formato quadrado — modernizou seu parque gráfico para permitir a impressão de revistas totalmente em quatro cores. Foi a partir dessa década que a Bloch ampliou o seu leque de revistas, com os lançamentos de Fatos e Fotos (uma versão mais "jornal" da Manchete, inicialmente só em p&b;) Enciclopédia Bloch, depois Geográfica Universal; a masculina EleEla, a feminina Desfile (em substituição à antiga Jóia), a semanal de TV e fofocas Amiga, além de uma série de publicações especializadas e fascículos.
Cada novo veículo da Bloch inaugurou um novo estilo de fotografia, sendo que as mensais como Desfile, Ele Ela e Pais e Filhos se exprimiram principalmente a partir de fotos de estúdio invejadas por publicações do mundo inteiro. Mas, até encerrar suas atividades em 1º de agosto de 2000, Manchete manteve o alto padrão de qualidade e de criatividade, constituindo-se numa espécie de janela para o Brasil e o mundo. Enumeramos brevemente a seguir alguns dos feitos de cobertura da revista ao longo das cinco décadas em que atuou:
• Carnaval carioca — As edições de cobertura do carnaval do Rio de Janeiro primaram por sua velocidade aliada à qualidade. Poucas horas depois de encerrada a maior festa popular do mundo, Manchete chegava às bancas e esgotava em poucas horas.• Festivais de música — Os festivais de música, no Rio e em São Paulo, a partir de 1967, revelaram novos talentos que se tornaram os grandes ídolos da MPB e sustentam essa posição até hoje: Caetano, Gil, Mutantes, Milton Nascimento, Chico Buarque são apenas alguns nomes desta plêiade. E Manchete fixou em imagens os melhores momentos desta aventura musical.
• "Furos" políticos — As melhores fotos de JK, em público e na intimidade; a última foto de Jânio Quadros antes de renunciar à Presidência em 1961; fotos de Fidel Castro e Che Guevara nos tempos turbulentos que se seguiram à revolução em Cuba, inclusive fotos destes líderes no Brasil; a última foto do Presidente Costa e Silva (1968), fotos exclusivas do Presidente João Baptista Figueiredo de sunga em Brasília; a última foto do Presidente Tancredo Neves (1985), o impeachment de Collor — os grandes instantes da nossa vida política foram registrados para sempre pelas Câmaras de Manchete.
• Vocação esportiva • Nos seus 48 anos de vida, Manchete cobriu 12 Copas do Mundo de Futebol (incluindo o Tetra, 58-62-70-94) e 12 Olimpíadas Mundiais, algumas das quais marcaram o surgimento de estrelas como Ademar Ferreira da Silva, João do Pulo, Eder Jofre, os meninos e as meninas do vôlei; no tênis, documentou os triunfos de Maria Ester Bueno e Gustavo Kürten; nas pistas, investiu desde cedo na Fórmula-1, colocando nas bancas uma edição especial áudio-visual sobre o primeiro título de Emerson Fittipaldi em 1972; as carreiras irresistíveis e Nelson Piquet e Ayrton Senna e várias edições especiais sobre o trágico fim do nosso maior piloto em 1994, no circuito de Imola.
• Ciência espetacular — Os grandes saltos da ciência e da tecnologia viraram Manchete assim que aconteceram: a corrida espacial, o homem na Lua, os transplantes cardíacos, o bebê de proveta (a revista chegou até, em exclusividade internacional, a documentar os primeiros anos de Louise Joy Brown, a menina inglesa que foi a primeira criança reproduzida in vitro.)
• Celebridades — Os fotógrafos de Manchete não só saíram em campo para fotografar as personalidades marcantes da metade mais vibrante do século (a segunda), como a revista, em diversas épocas e em diversos de seus prédios, recebeu e clicou figuras como Sartre e Simone de Beauvoir (comeram uma feijoada na gráfica de Parada de Lucas); Dizzy Gillespie, o mago do trompete do jazz, dançou samba na antiga redação de Frei Caneca; depois, a festa se mudou para o palácio de vidro da rua do Russell, desenhado por Oscar Niemeyer: Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na ua, dois meses depois pisava o restaurante do 3º andar; Jack Nicholson, Roman Polanski e Liza Minnelli foram fotografados no Teatro Adolpho Bloch; músicos de fama internacional como o violoncelista Mstislav Rostropovich também passaram pelo Russell, onde o amigo da casa e diletante do bel canto, Mário Henrique Simonsen, fez um dueto com o tenor Plácido Domingo, e o pai dos transplantes, o dr. Christiaan Barnard, tocou no piano do décimo andar. "Panteras" de classes tão distintas como a Rainha da Indonésia, Dewi Sukarno, e a deputada pornô Cicciolina fizeram poses eróticas engatinhando sobre a grande mesa de jantar. A feminista Betty Friedan, no auge da polêmica, debateu com a redação e discutiu a figura da iídiche Mame com o próprio Adolpho Bloch. Katherine Graham, a dona do Washington Post, o jornal que levantou o escândalo de Watergate e derrubou o Presidente Nixon, tomou chá com Adolpho. Tempos depois, Polanski voltou com a nova mulher, a ninfeta Emmanuelle Seigner, para tomar um chá, mas preferiu tomar vodca polonesa e conversar em russo com Adolpho. O grande bailarino Mikhail Barishnikov e o maestro Zubin Mehta hospedaram-se no belo palacete da Manchete em São Paulo, onde Juscelino Kubitschek dormiu a sua última noite. A modelo-ícone da swinging London, Jean Shrimpton, os Rolling Stones (em sua primeira visita ao Brasil) e o diretor de ópera e cinema Franco Zeffirelli, foram devidamente clicados circulando pelo Rio a bordo de caminhonetes de reportagem da Manchete. A estrela de Crepúsculos dos deuses, Gloria Swanson, o cineasta William Wyler, o coreógrafo Bob Fosse, o colunista Art Buchwald, os escritores E.L. Doctorow, Doris Lessing, Sidney Sheldon, o dr. Albert Sabin, o pai da aeróbica Kenneth Cooper — enfim, não há memória e não há espaço para citar os ricos e famosos que foram recebidos e fotografados por Manchete.
• Edições especiais — Além das inúmeras edições especiais sobre temas brasileiros ou destinadas a divulgar o país no exterior (em inglês, francês e até mesmo em russo), Manchete publicou vários números extras alusivos a acontecimentos das atualidade, comemorativos de datas históricas ou conquistas esportivas e como homenagem póstuma a grandes figuras que desapareceram do cenário brasileiro. As edições da cobertura da primeira visita do Papa ao Brasil, em 1980, obtiveram recordes de tiragens.
• Mestres da objetiva — Nos tempos de ouro, a equipe de fotógrafos de Manchete ultrapassava a centena, espalhada entre o eixo Rio-São Paulo, as sucursais nacionais e internacionais e free-lancers pelo mundo inteiro, sem mencionar os serviços das principais agências fotográficas. Alguns destes fotógrafos inscreveram seu nome como mestres da sua arte, ao lado dos grandes nomes como Cartier-Bresson, Robert Capa, Richard Avedon e outros. Alécio de Andrade, por exemplo, foi convidado para trabalhar na agência Magnum, fundada pelo mestre Bresson, e que funcionava como espécie de cooperativa de gênios da objetiva. Outros criaram um estilo pessoal, publicaram livros, realizaram exposições, firmando a marca de excelência da Manchete. Outros ainda, pela qualidade do seu trabalho, foram escolhidos para se tornar o fotógrafo oficial da Presidência da República, glória máxima a que pode almejar um fotógrafo profissional. Roberto Stuckert, foi o fotógrafo oficial do Presidente João Baptista Figueiredo;U. Dettmar foi o fotógrafo exclusivo do Presidente Fernando Collor de Mello. Mais curiosa é a história do baiano Gervásio Baptista. Em 1954, ele clicou a foto de capa que mostrava Tancredo Neves chorando sobre o caixão de Getúlio Vargas durante o enterro do Presidente em São Borja. A foto valeu prestígio eterno para Tancredo que, eleito pelo Congresso para presidir o Brasil em 1985, chamou imediatamente Gervásio para ser o seu fotógrafo oficial. Com a doença de Tancredo, na véspera do dia da posse, José Sarney assumiu a Presidência e confirmou Gervásio no posto. O baiano que havia adotado o Rio como sua cidade do coração, foi cativado por Brasília e continua lá, na ativa, passados 23 anos.
segunda-feira, 29 de junho de 2009
O fabuloso Arquivo da Manchete
Deu na primeira página do Globo de ontem: foto de Tom e Vinicius, provavelmente no terraço da casa do Poetinha, acho que no Jardim Botânico. O Globo usou a imagem (e creditou como do Arquivo Fotográfico Bloch Editores) para ilustrar uma reportagem sobre o afastamento de 13 diplomatas do Itamaraty, quando era ministro do Exterior o Magalhães Pinto, por ordem da ditadura, em abril de 1969, há 40 anos. Vinicius estava entre os cassados. Entre tantas, foi mais uma brutalidade da "milícia" civil e militar que mandava na época. Melhor para o país, que ganhou um poeta em tempo integral. Mas quero falar da foto. Roberto Muggiati, que foi diretor da revista Manchete, comentou sobre isso: "Não sei se são da mesma série daquela foto de grupo da MPB famosa, feita pelo Paulo Scheuenstuhl, mas com certeza foi feita no mesmo local", disse, referindo-se à reprodução da famosa foto da turma da bossa nova que está no livro "Aconteceu Na Manchete" (Editora Desiderata) e que documenta uma reunião dos maiores nomes da MPB no exato local. Provavelmente, a foto que o Globo mostra foi feita no terraço, mas não é da mesma série. Dá pra ver que Tom e Vinicius não estão com a mesma roupa. Infelizmente, o crédito não registra o autor da foto. São imagens que fazem parte do acervo da editora e que hoje integram o patrimônio da Massa Falida da extinta empresa. José Carlos Jesus, presidente da Comissão de Ex-Funcionários da Bloch Editores, diz esperar que a publicação da foto ajude a chamar atenção para o leilão do acervo, ainda sem data marcada, mas previsto para se realizar em breve. A importância cultural e jornalística do arquivo da Manchete é incalculável. Imagens em cores e preto e branco guardam o que de mais importante aconteceu no Brasil no século passado. Dos bastidores de movimentos culturais, como bossa nova, cinema novo, tropicália e a era dos festivais a crises políticas, golpes, as épicas coberturas de todos os carnavais, etapas detalhadas da construção de Brasília, guerras, Amazônia, moda, comportamento, Copas e Olimpíadas. Hoje, as revistas de celebridades estão na moda, mas Manchete, Amiga e Fatos & Fotos já faziam uma cobertura de personalidades (estão lá, de todas as épocas, Leila Diniz, Maysa, Garrincha, Roberto Carlos, Tom Jobim, Pelé, Elis, Jardel Filho e tantos outros). A qualidade do acervo é avalizada por muitos livros recentes que retratam gente ou acontecimentos dos anos 50 a 90 e que recorreram diretamente às fotos ou às reproduções desse material. Torço para que, após o leilão, esse fantástico arquivo fique em mãos competentes, que dele façam bom uso e, principalmente, não o deixem fechado em caixas. Que levem ao público através de livros, exposições etc a riqueza cultural ali registrada. O Rio - especialmente, que sediou a Manchete - e o Brasil merecem o resgate desse tesouro. Créditos (Arquivo Fotográfico Bloch Editores): a foto maior, de Paulo Scheuenstuhl, foi reproduzida da edição especial Manchete 45 Anos. A foto menor, da edição do dia 28/6/2009 de O Globo.
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