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terça-feira, 14 de novembro de 2017

Biblioteca Nacional Digital ultrapassa o número de 1.500.000 documentos com acesso via internet. Mas falta um acervo nesse banco de dados


Com frequência, jornalistas que passaram pela Bloch recebem pedidos de informações sobre o arquivo de fotos que pertenceu à Manchete e demais revistas da extinta editora. Os apelos vêm de pesquisadores, escritores, documentaristas e até fotojornalistas que trabalharam na Bloch e dependem do acesso às suas fotos para completar projetos de livros autorais.

Infelizmente, não é possível ajudá-los: embora o atual proprietário tenha sido identificado e contatado pelo Globo em reportagem assinada pela jornalista investigativa Cristina Tardáguila (hoje na agência Lupa), a entrevista foi concedida em 2011 sob a condição de que não revelasse seu paradeiro. Em resumo, não se sabe o destino do arquivo nem o que feito dele. Não desapareceu na Amazônia, como a expedição do coronel Fawcett, mas sumiu misteriosamente aqui mesmo no Estado Do Rio.

Pra não dizer que não foram feitas tentativas 
para evitar essa perda.

A Biblioteca Nacional Digital, que ultrapassou recentemente o número de 1.500 mil documentos digitalizados, entre fotos, revistas, jornais, artigos, músicas etc, foi criada em 2006.  Naquele mesmo ano, a Comissão dos Ex-Empregados da Bloch Editores (CEEBE) alertava várias entidades públicas e privadas sobre a importância jornalística e histórica do arquivo fotográfico da Manchete, então entre os bens da extinta Bloch relacionados para ir a leilão.

Nos anos seguintes, foram encaminhadas correspondências a vários órgãos públicos. Em vão. Até que o leilão se efetivou e no terceiro pregão, em 2011, e o acervo foi adquirido por um particular.

Mesmo após aquele leilão, a CEEBE, através do seu presidente, José Carlos Jesus, fez uma última tentativa para sensibilizar o Ministério da Cultura, na época sob o comando de Anna Buarque de Hollanda, também em 2011. O apelo era para que o MinC estudasse a aquisição para tornar público o acesso ao arquivo, físico ou digitalizado, em alguma instituição cultural.

O Gabinete da Ministra respondeu gentilmente, através da Chefe de Gabinete Maristela Rangel, em ofício que informava sobre o encaminhamento da carta à Diretoria dos Direitos Intelectuais do MinC. Depois disso, o alerta da CEEBE caiu no pântano burocrático de Brasília, que jamais informou sobre qualquer andamento ou tomada de providência.

O atual ministro da Cultura é o jornalista Sérgio Sá Leitão. A reprodução está aí em cima, mas caso ele queira dar uma olhadinha na reivindicação original, o ofício 563 GM/MinC está guardado no SAD/MinC sob o n° 13842/11.

O arquivo da Bloch está virtualmente desaparecido há seis anos, mas, quem sabe, ainda dá para recuperar algumas imagens entre cerca de 10 milhões de fotos aparentemente vaporizadas.

segunda-feira, 20 de março de 2017

É isso mesmo? Um museu-galpão vai substituir as antigas Docas da Alfândega?

Reprodução/O Globo


Foto Alexandre Macieira/Riotur

Foto Alexandre Macieira/Riotur

A missão da Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM) é “preservar e divulgar o patrimônio histórico e cultural da Marinha, contribuindo para a conservação de sua memória e para o desenvolvimento da consciência marítima brasileira”.

Por isso, o projeto divulgado hoje na coluna de Ancelmo Gois, no Globo, é surpreendente. Trata-se de um museu a ser construído no Espaço Cultural da Marinha.

Um legado da Olimpíada amplamente aprovado por cariocas e visitantes foi a reintegração ao Rio do trecho da orla entre a Praça XV e a Praça Mauá que há mais de 200 anos era interditado a civis. A Marinha - que mantém na região, há alguns anos, o seu Espaço Cultural, iniciativa também elogiada, que atrai muitos visitantes -, colaborou com a Prefeitura e tornou possível a abertura total da via, o que fez o Centro da cidade reencontrar o mar.

O Complexo Cultural da Marinha é um circuito de enorme valor para a memória nacional. A Ilha Fiscal, o Museu Naval, documentos e peças históricas, navio, helicóptero, submarino, a galeota de D. João VI estão entre as atrações. Em todo aquele entorno que o público pode apreciar, hoje, respira-se história.

Na imagem, em segundo plano, as Docas da Alfândega. Reprodução

Na reprodução da nota do Globo e nas fotos, vê-se que o futuro museu será construído no pier das antigas Docas da Alfândega, aterradas no século 19.  As docas foram construídas em 1871 por ordem do Imperador D. Pedro II para atender ao até então precário porto do Rio.

É isso mesmo? Os antigos prédios, como mostra a ilustração do jornal, serão destruídos?

O projeto do futuro museu não está muito claro. Visualmente lembra um tapume. Melhor seria se o fosse. Assim, sinalizaria a restauração e não a destruição de um valioso patrimônio histórico.

É algo que merece urgente discussão do Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional, da própria DPHDM, do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade e dos cariocas a quem, de resto, pertence a cidade..

ATUALIZAÇÃO EM 22/03/2017 

A mesma coluna publica hoje uma explicação motivada, segundo a nota abaixo, pela manifestação de leitores preocupados com a construção do futuro Museu Marítimo do Brasil. A Marinha informou ao Globo que as construções em estilo colonial são de 1996 e que não são tombadas.
A título de informação, milhares de construções foram demolidas na Europa durante a Segunda Guerra Mundial, inclusive igrejas, mosteiros e palácios milenares. Muitas foram reconstruídas nas décadas de 1960 e 1970 e nem por isso são consideradas de menor valor e nem se permitiu que fossem erguidos no local espigões ou prédios de escritórios. A foto antiga reproduzida acima mostra, de qualquer forma, construções no local. Pode haver controvérsias, como diz um personagem da Escolinha do Professor Raimundo. O argumento oficial não anula, contudo, o absurdo de se erguer um paredão que interfere em todo aquele ambiente histórico..
Além disso, não fará mal uma transparência e abertura de mais detalhes sobre o futuro museu. A nota original diz que o projeto será apresentado no dia 5 de abril. Aguarde-se informações sobre verbas, custos, apoio e participação de grupos privados, demais parcerias, acompanhamento de instituições culturais federais, quem vai operar o Museu, prioridade etc.
Há esperanças de um voz sensata se erguer na tropa. Destaque-se que muito do patrimônio histórico e cultural do Brasil, como fortes e quarteis, por exemplo, não foi destruído por estar sob guarda das três Forças. Há áreas ambientais, como a belíssima Restinga de Marambaia, no Rio, que já não existiria se não fosse administrada pela Marinha e Exército. Há muito resorts já teria ocupado a região. Até o Geddel já teria um apê no pedaço. Duvida?



Reprodução

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Enquanto o arquivo fotográfico permanece desaparecido, coleções de Manchete, Fatos&Fotos, Amiga e outras revistas da Bloch estão disponíveis para consulta na Hemeroteca do Estadão. Pelo menos essa parte é boa notícia.


Coleções das revistas da Bloch, incluindo Manchete, na Hemeroteca do Estadão. Reprodução Instagram
Exemplar da Manchete na
Hemeroteca do Estadão. Reprodução Instagram
Para professores, pesquisadores, jornalistas, escritores, fotógrafos e alunos de universidades, as coleções das revistas Manchete, Fatos & Fotos, Desfile, ElaEla, Amiga, Geográfica e outras publicações da editora Bloch são atualmente valiosas fontes de pesquisa sobre fatos, personalidades comportamento, eventos esportivos, políticos, culturais, ecológicos, desenvolvimento urbano etc, de várias épocas da vida brasileira e do mundo em mais de meio século. A busca é por textos e referências jornalísticas, entrevistas marcantes, reportagens históricas, publicidade e fotos. Não é fácil a tarefa para quem precisa levantar tais informações e imagens para livros, teses universitárias e documentários. No ano passado, uma pesquisadora de Pernambuco recorreu a entrevistas com jornalistas que atuaram na Bloch, obteve microfilmes da Biblioteca Nacional e percorreu sebos cariocas. Pelo menos dois fotógrafos ainda tentam localizar negativos de suas fotos para a produção de livros sobre suas vidas e trajetórias. Há alguns anos, jornalistas que lançaram o livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou" (Desiderata) tiveram que usar reproduções e acervos pessoais para ilustrar aquela coletânea. O arquivo de fotos da Manchete e demais revistas da Bloch está, pelo que se sabe, desaparecido após ter sido leiloado pela Massa Falida. Junto com o acervo de fotos, o comprador teria levado também coleções encadernadas e preservadas de todas as revistas da extinta editora. Também não se sabe que fim levou, se ele vendeu as tais coleções. Não são conhecidas igualmente as condições em que estão armazenados milhões de cromos, negativos, e ampliações. Também não se sabe se a pessoa que adquiriu o arquivo em leilão já o vendeu, fatiado ou não, e, se vendeu, onde está. Há alguns meses circulou entre fotógrafos um rumor não confirmado de que um grupo de comunicação teria adquirido o arquivo. A fonte seria um curador que tentou viabilizar uma exposição. Pelo que se sabe, ou não se sabe, não passou de boato. Ou não, como diria Caetano. Diante dessa situação crítica que coloca em risco uma importante memória do jornalismo e da própria história do Brasil, é uma boa notícia saber que o Estadão passou a disponibilizar em sua Hemeroteca coleções encadernadas das revistas da Bloch. Assim, nem tudo se perde. Com exceção da Biblioteca Nacional, que, por lei, recebia exemplares de cada periódico e tem coleções em arquivo, é espantosa, no caso, a omissão, especialmente em relação ao Arquivo Fotográfico, de órgãos como o Ministério da Cultura, Arquivo Nacional, Museu da  Imagem e do Som do Rio de Janeiro (cidade que era a sede da Manchete), de instituições como a ABI (Associação Brasileira de Imprensa), mesmo a Academia Brasileira de Letras, à qual não faltariam recursos para ajudar a preservar um acervo de importância cultural e até literária (grandes escritores brasileiros colaboraram com as revistas da Bloch, alguns publicaram na Manchete crônicas que hoje são clássicos do gênero), ou fundações privadas que tanto recebem recursos públicos e bem poderiam prestar esse serviço à memória nacional, no que seria uma oportuna contrapartida.
Como nada disso aconteceu, a Hemeroteca do Estadão é uma ótima notícia e sua abertura ao público uma demonstração de cidadania.
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domingo, 21 de setembro de 2014

Mais um acervo preservado. Fotos do jornal Última Hora carioca estão disponíveis para pesquisa no Arquivo Público de São Paulo.

por BQVManchete
Memória garantida. Foi finalizada mais uma etapa do processo de digitalização do Fundo Última Hora – sob guarda do Arquivo Público do Estado de São Paulo. Aproximadamente 800 mil fotografias que pertenceram ao Departamento de Arquivo Fotográfico do jornal Última Hora foram organizadas, digitalizadas e tratadas, além de disponibilizadas para pesquisas. Trata-se de material acumulado pelo jornal Última Hora do Rio de Janeiro entre os anos de 951 e 1971, em negativo flexível e em papel de gelatina e prata. O trabalho de recuperação das fotos teve início em 2006 no Centro de Acervo Iconográfico e Cartográfico (CAIC). Concluída a atual fase, a restauração prossegue até a disponibilização integral do Fundo Última Hora.
CONHEÇA O PROJETO DO ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO. CLIQUE AQUI
Para a história do jornalismo brasileiro, o projeto do CAIC é um marco. E uma indicação de que talvez muitas coleções ainda em risco possam ser salvas. Para isso, bastaria que outras instituições como o Ministério da Cultura, Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, Arquivo Nacional, Biblioteca Nacional, Associação Brasileira de Imprensa se interessassem pelas coleções que ou permanecem sumidas ou fora do alcance de pesquisadores, escritores e estudantes. Para citar alguns exemplos cariocas: com exceção do arquivo do O Cruzeiro e do O Jornal, ambos dos Diários Associados e hoje sob guarda do jornal Estado de Minas, das fotos que pertenceram ao Correio da Manhã, agora em poder do Arquivo Nacional, do material do Jornal do Brasil digitalizado e preservado pela empresa sucessora, sabe-se pouco dos rumos dos acervos de veículos extintos como a revista Senhor, do Diário de Notícias, Pasquim, da Editora Vecchi, Diário Carioca, Revista da Semana. Desconhece-se também a situação do arquivo da Tribuna da Imprensa. Uma caso grave, já emblemático, é o sumiço do arquivo que pertenceu à falida Bloch Editores, que editava Manchete, Fatos & Fotos. Amiga, Desfile, Mulher de Hoje, Pais & Filhos, Geográfica, EleEla, Jóia, Domingo Ilustrado, Tendência, e dezenas de outros títulos.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Memória: Globo Esporte homenageia craques que foram lendas e que de titulares passaram a reservas na Copa de 1958

Joel e Castilho na Manchete Esportiva

Nilton Santos e Dida

Mazzola
por Alberto Carvalho
O Globo Esporte, que vem diariamente após o RJ-TV, prestou uma bela homenagem a ídolos  do passado que deram muitas alegrias ao futebol brasileiro: Castilho, goleiro do Fluminense, Quarentinha, atacante do Botafogo e Dida, do Flamengo. Castilho foi brilhante mas não deu sorte quando convocado para a seleção. Foi reserva do Barbosa na Copa de 50 e titular em 54. Somente como reserva de Gilmar em 58 e 62 sagrou-se bicampeão mundial. Quarentinha foi convocado algumas vezes para amistosos da seleção, mas foi no Fogão que ele se destacou. Dida, o segundo maior artilheiro do Flamengo, depois do Zico, foi convocado para a seleção de 58  junto com seus companheiros de ataque Joel, Moacir e Zagallo. Apenas o centroavante Henrique não foi convocado. O Brasil estreou nessa Copa com uma vitória  fácil sobre a Áustria por 3XO.  A linha era formada por Joel, Didi, Mazolla, Dida e Zagallo.  Dida não comprometeu. Foi duramente marcado por conta de sua fama de goleador. No segundo jogo, no empate de 0X0 contra a Inglaterra, não entrou em campo.  Foi substituído inexplicavelmente pelo Vavá. Dizia o ditado que "time que está ganhando não se mexe". Ele não se contundiu, então por que apenas ele foi substituído?  Esse empate preocupou a comissão técnica liderada por Vicente Feola, e alguns jogadores mais experientes, como Didi e Nilton Santos resolveram fazer uma revolução na escalação. Tiraram Dino Sani, Joel e Mazzola. Apostaram em Zito, Garrincha e Pelé. Zito era um desconhecido. Pelé uma promessa e Garrincha uma incógnita. Deu certo!   Dida teve o gostinho da estreia mas foi compensado pelo primeiro título mundial na Suécia, onde  o Brasil deu início ao pentacampeonato.  

Nota da redação - Um registro: a Manchete Esportiva, que era semanal, foi nos anos 50 a revista que mais fotografou o futebol daquela época, acumulando um valioso arquivo de fotos de uma geração brilhante de ídolos e craques. Não custa lembrar que esse acervo único está virtualmente desaparecido. Desde que foi leiloado pela Massa Falida da Bloch Editores, o arquivo que pertenceu à Manchete e a mais duas dezenas de publicações da extinta editora foi levado para lugar incerto e não sabido. Fotógrafos que trabalharam na Bloch entraram com ação para tentar informações sobre o estado de conservação de cerca de 10 milhões de cromos, negativos e cópias. A ação não obteve sucesso até agora. As principais instituições culturais públicas e privadas que deveriam existir para cuidar da memória nacional foram procuradas pela Comissão dos Ex-Empregados da Bloch Editores mas não se interessaram em pelo menos tentar um contato com o atual proprietário para buscar uma solução que pudesse preservar um patrimônio de valor incalculável.   

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Folha de São Paulo: Ruy Castro reforça denúncia sobre o sumiço do Arquivo Fotográfico da Manchete

Em artigo publicado ontem na Folha de São Paulo, o jornalista e escritor Ruy Castro escreve sobre a importância do acervo fotográfico que pertenceu às revistas da extinta Bloch Editores. Tema de várias matérias em grandes jornais e revistas, o sumiço de cerca de 12 milhões de fotos, negativos, cromos e reproduções mostra como o Brasil e suas instituições de preservação de documentos tratam a memória nacional. Há alguns anos, a Comissão dos Ex-Funcionários da Bloch Editores encaminhou correspondência ao Ministério da Cultura, Museu da Imagem e do Som, Arquivo Nacional, Biblioteca Nacional, Associação Brasileira de Imprensa, Prefeitura do Rio de Janeiro, entre outros órgãos públicos, e a fundações culturais privadas (privadas mas muitas mantidas com verbas de renúncia fiscal, ou seja, dinheiro da sociedade, o que deveria levá-las a incluir o interesse público entre suas metas). O Ministério da Cultura respondeu vagamente que o assunto seria encaminhado. Como Ruy Castro destaca acima, o acervo foi a leilão por duas vezes, pelo menos um grande jornal e uma editora de revistas demonstraram interesse inicial, mas na fria análise de custo-benefício seus representantes não foram capazes de avaliar o conteúdo do arquivo àquela altura ainda relativamente preservado e com o tipo de catalogação possível. Um dos entraves teria sido o alto custo de digitalização do material. Com os compradores ausentes, e as instituições culturais omissas,  o acervo - cujo lance inicial chegou a ser estipulado em cerca de 2 milhões de reais - foi arrematado por um advogado por apenas 300 mil reais. Desde então, está desaparecido. O Globo publicou matéria sobre o assunto, chegou a falar com o proprietário, mas  não foi bem-sucedido na tentativa de localizar, investigar e fotografar o local onde supostamente estão guardadas as fotos, se é que ainda existem. Estimulado pela Comissão dos Ex-Funcionários, um grupo de fotógrafos entrou com uma ação na Justiça, em parceria com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro e a Associação dos Repórteres Fotográficos. Exigem que o proprietário pague direitos autorais das fotos eventualmente vendidas e que dê provas de que estão bem acondicionadas, climatizadas etc. Conseguiram uma pequena vitória, que mesmo assim deu em nada. Até que o mérito da questão seja julgado, o proprietário não pode comercializar o material, deve preservá-lo. Pelo que se sabe, até hoje, quase dois anos depois, não foi localizado para receber a citação. Ou seja, a medida é inócua e inútil como uma nota de três reais. Como o apelo às instituições não foi ouvido, as editoras jornalísticas não estão nem aí e a Justiça, cega, como dizem, não consegue encontrar as fotos, resta apelar a... Eike Batista. Tudo a ver. O empresário, na sua biografia, conta que sua rota de sucesso começou quando ainda na Alemanha viu na Manchete uma reportagem sobre Serra Pelada. Foi ali que decidiu entrar na corrida do ouro, a base do sua fortuna.  Então é isso: Eike, em homenagem à revista que lhe deu o pulo do gato, compra o arquivo e preserva uma fabulosa memória jornalística. 
Nem isso vai ser fácil. Como diz Ruy Castro no seu artigo, o arquivo está guardado "sabe-se lá onde e em que condições". 
"Nele jaz a história do Brasil", finaliza o escritor.     

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Livro-reportagem "Memória Leiloada, bastidores da Bloch Editores"

No começo do ano, as jornalistas paulistas Gleissieli Souza e Daniela Arbex estivem no Rio entrevistando fotógrafos e editores que trabalharam nas revistas da Bloch. O objetivo da dupla foi reunir material para um livro-reportagem intitulado "Memória Leiloada, bastidores da Bloch Editores". Missão cumprida, elas acabam de enviar a seguinte mensagem: 
"Olá! Agradecemos a ajuda que nos deram para a realização do nosso  trabalho  de conclusão de curso da faculdade (livro-reportagem). Apresentamos para a  banca e fomos aprovadas, com louvor, e esse sucesso foi fruto do apoio e paciência que vocês tiveram conosco. No momento, estamos analisando a melhor forma de imprimir novos exemplares  para entregar uma cópia a cada um de vocês. O nome do livro é "Memória Leiloada: Bastidores da Bloch Editores". Nele reunimos as histórias contadas nas entrevistas e temos como pano de fundo o sumiço do acervo. Esperamos entregá-los no primeiro semestre do ano que vem. Mais uma vez obrigada por tudo. Boas Festas".
É bom saber que novas gerações de jornalistas demonstram preocupação com o desaparecimento de cerca de 12 milhões de imagens que compunham o valioso acervo da extinta Bloch. Mas é preocupante constatar que, ao mesmo tempo, instituições públicas que deveriam cuidar da memória nacional se omitem em relação a essa grave situação. No momento, apenas um grupo de ex-empregados da Bloch, o SJPMRJ (Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro e a ARFOC (Associação dos Repórteres Fotográficos), que movem ação judicial para tentar localizar o arquivo (ação até agora sem qualquer resultado prático), demonstram preocupação com a possível perda e deterioração de milhares de fotos de valor histórico e jornalístico. Orgãos como o Ministério da Cultura, Arquivo Nacional, Associação Brasileira de Imprensa, Museu da Imagem e do Som, Biblioteca Nacional e outras instituições receberam, em vão, apelos dos jornalistas que ajudaram, ao longo de décadas, a construir o acervo. Até agora, a burocracia assiste inerte ao desaparecimento de parte da memória nacional. 
    

domingo, 27 de novembro de 2011

Justiça tenta localizar e obrigar a preservar Arquivo Fotográfico da Manchete




A notícia acima está publicada no Globo de hoje. Informa que "para manter a integridade do acervo fotográfico da falida Bloch Editores, arrematado pelo advogado Luiz Barbosa num leilão em 2010, a Justiça do Rio determinou, por meio de uma liminar, que nenhuma das 12 milhões de fotos poderá ser revendida até que haja um desfecho para a ação que o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro move em favor da anulação do leilão. O sindicato representa os fotógrafos que fizeram as imagens, que se dizem lesados com seu paradeiro desconhecido. A liminar determina ainda que a coleção precisa ter condições ideias de armazenamento e ficar a salvo de umidade, claridade e em temperatura adequada". 
 

No ano que vem, a Manchete, fundada em 1952, completaria 60 anos. Daquele ano até 2000, quando foi publicada regularmente, a principal semanal da extinta Bloch cobriu os grandes acontecimentos do Brasil e do mundo. Somada a cerca de 20 outras revistas da editora, Manchete reuniu um espetacular acervo, de grande importância jornalística e histórica. Por isso, é impressionante a omissão de instituições públicas como o Ministério da Cultura, o Arquivo Nacional, o Museu da Imagem e do Som  - e até de entidades privadas que recebem incentivos públicos e que mantêm acervos fotográficos  - com o sumiço do arquivo que pertenceu à Bloch. A memória do país perde muito com a falta de ação desses orgãos que supostamente deveriam ajudar a preservar tais imagens e, respeitados os direitos autorais dos fotógrafos e de seus herdeiros, colocá-las à disposição de pesquisadores, historiadores, escritores e jornalistas. Foto:Gonça
 

quarta-feira, 16 de março de 2011

A foto mais famosa (e a mais pirateada) da MPB é de Paulo Scheuenstuhl para a Manchete

Foi no terraço da casa de Vinicius de Moraes, em agosto de 1967. Os maiores nomes da MPB se reuniam para planejar um campanha de valorização e resgate das marchinhas de carnaval. A foto é exclusiva, foi feita pelo fotógrafo Paulo Scheuenstuhl para a Manchete. É uma das mais pirateadas - no sentido de ser publicada sem o devido crédito - da MPB. O Globo de hoje publica a famosa foto com um vago e indevido crédito de "divulgação". A propósito, o acervo fotográfico que pertenceu à extinta Bloch Editores foi leiloado. A ARFOC, o Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro e a Associação de Ex-Empregados da Bloch Editores já enviaram correspondência ao comprador e não obtiveram resposta. Fotógrafos que trabalharam para a Manchete, Fatos & Fotos, Amiga. Desfile e outras revistas gostariam de saber com quem está o acervo - cujo direitos autorais lhes pertencem - em que condições está guardado e o que o comprador pretende fazer com mais de 10 milhões de cromos, negativos e reproduções que são patrimônio cultural e jornalístico do Brasil. Os profissionais que lá atuaram também se mobilizam para que o Ministério da Cultura, Museu da Imagem e do Som, a Prefeitura do Rio de Janeiro, Arquivo Nacional e outras instituições ajudem a desvendar o paradeiro de um dos maiores arquivos fotográficos do mundo. Por enquanto está tão desaparecido como a ossada de Dana de Teffé e o menino Carlinhos sequestrado nos anos 70. Ambos, aliás, objeto de numerosas fotorreportagens guardadas no acervo que virou mistério.   

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Arquivo fotográfico: sem lances no primeiro leilão

Na primeira tentativa, o leilão do Arquivo Fotográfico da Manchete não se concretizou. O leilloeiro Fernando Braga (na foto) abriu a sessão pouco depois das 15h, no hall do prédio do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, anunciando o valor inicial de 2 milhões de reais. Sem lances, fez a segunda chamada, estipulando os lances em um mínimo de um milhão de reais. Os interessados, se havia algum no local, não se manifestaram. Encerrado o leilão, Braga permaneceu no local por mais alguns minutos atendendo a imprensa. Segundo ele, varias empresas procuraram a Massa Falida e examinaram o acervo. Algumas grandes instituições, foram ao depósito onde estão guardadas as mais de 11 mil caixas com negativos, positivos e cromos, por mais de uma vez. A ausência de lances foi atribuida a vários fatores: seria comum a falta de propostas em um primeiro momento, já que alguns compradores em potencial podem apostar em um preço acessível mais adiante; outros interessados prefeririam receber o arquivo já digitalizado, sob a alegação de que além de pagar o valor do leilão ainda teriam que investir no tratamento e recuperação de imagens. Mas tal encargo, a digitalização, envolve um alto custo, que estaria acima das atribuições da MF; a época do ano, quando as empresas ainda estão fazendo projeções para seus investimentos em 2010, também não seria a mais favorável. O fato é que haverá novo leilão, em data a ser marcada, quando continuará valendo o preço mínimo de 2 milhões de reais. Nada impede, tal qual aconteceu com o prédio do Russell, que, nesse intervalo, uma empresa faça uma proposta direta. Desde que o candidato seja idôneo, a juíza aceite a proposta e o valor seja superior ao mínimo estipulado, o arquivo poderá ser vendido. O leiloeiro lembrou que o prédio do Russell só foi vendido na terceira tentativa. Espera-se, no caso da venda do Arquivo, que a nova data seja marcada e os interessados se apresentem. Trata-se de um bem cultural e perecível. Quanto mais tempo passar acondicionado em caixotes maiores danos podem ser causados ao acervo. Alô Ministério da Cultura, alô Arquivo Nacional, alô Biblioteca Nacional, alô prefeito Eduardo Paes, o arquivo da Manchete é também um valioso patrimônio carioca. Pra facilitar, prefeito, se quiser marcar um visita e conhecer melhor o acervo é só discar para o leiloeiro Fernando Braga: (21) 22247478.