sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Polêmica na rede

Segundo a coluna Zapping, da Folha, a Globo distribuiu um comunicado interno restringindo o uso de mídias sociais como orkut, blogs, twitter. E proibiu que colaboradores da empresa comentem temas ligados à emissora. Para ter perfis na rede, os artistas deverão pedir permissão. Ainda se a norma se referisse a atitudes dentro da empresa, uso de equipamentos etc, vá lá. Pedir cautela ou cuidados redobrados ao comentar seja na rede ou com a vizinha assuntos internos de uma empresa, ok, é comportamento que o bom senso impõe aos profissionais. Se a proibição absoluta se efetivar, há exagero aí. É como se a Santa Marta Fabril, no começo do século passado, proibisse que os seus funcionários escrevessem... cartas. A literatura teria perdido páginas memoráveis se, por exemplo, a Câmara Municipal de Palmeira dos Indios baixasse um decreto proibindo que o seu prefeito escrevesse cartas sobre a sua rotina administrativa. As missivas de Graciliano Ramos estariam, então, até hoje, mofando nas gavetas da burocracia.

2 comentários:

deBarros disse...

Entendo que o que está acontecendo na Globo é uma interferência muito séria na vida privada de seus funcionários. Parece-me um primeiro passo para intervir mais profundamente em um futuro muito próximo. Não havendo nenhuma reação, a Globo poderá entender que o caminho estará aberto para novas proibições. As ditaduras que abalaram o mundo começaram timidamente para depois se transformarem num monstro que a tudo devorava. Gostaria que acontecessem mais comentários neste Blog, condenando este ato agressivo de uma empresa que se diz democrata. Que sejamos a primeira reação pública desse vergonhoso ato contra a liberdade de livre expressão de seus funcionários, violentando a Constituição brasileira.

Gonça disse...

é perfeito seu raciocínio, de barros. O poder de comunicação que a internet atribui a todos é um incômodo para quem detinha o monopólio dos meios. E não me refiro a uma empresa mas ao modelo de comunicação. Simples: para difundir uma idéia o cidadão deveria ter acesso ou a permissão e a anuência de proprietários de jornais, rádios e TVs. Hoje, mesmo que pulverizadas em milhões de sites, blogs, twitters etc, a idéias têm novos canais e podem circular sem depender de conglomerados. Essas reações serão cada vez mais fortes. Veja o que aconteceu nas últimas eleições presidenciais. A mídia defendeu seu candidato (o que é legítimo, e seria mais transparente ainda se jornais, revistas e TVs declarassem em editorial seus candidatos antes de cada eleição), mas na internet ocorreu um debate mais democrático, com espaço para todas as opiniões. E são milhões, sabe-se que o Brasil é um dos países com mais acessos à rede. Um site ou twitter ou orkut pode até ter pouca audiência direta mas como integra uma rede, entra aí em ação a transmissão "viral", ou seja, um passa para o outro, um copia o outro e a zarabatana se espalha. Nas próximas eleições, esse espaço alternativo será ainda mais importante. Não é à toa que os políticos estão querendo censurá-lo.E,como se vê, não só políticos. Interesses privados também se sentem desconfortáveis com o avanço da internet.A teoria McLuhan, a famosa "aldeia global" atirou no que ouviu - a força de comunicação do rádio na década de 20 - a acertou no que não teclou: as mídias sociais que dominam uma rede mundial de computadores que não para de crescer e surpreender.