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sexta-feira, 1 de julho de 2016

Eu, hein? Moradores reivindicam construção de condomínio privado em área reservada para parque sustentável...


O Rio anda com uns sinais trocados. Veja essa notícia publicada hoje no Gente Boa, do Globo. Quando o mais comum é que moradores reivindiquem praças e áreas verdes públicas, uma associação de moradores prefere prédios no lugar de um parque. Moradores apresentam um projeto para erguer um condomínio em um terreno que a prefeitura havia destinado a um parque sustentável. Obviamente, quem mora em condomínio fechado com áreas de lazer próprias deve achar que pode dispensar praças. Como o nome diz, praças públicas e parques públicos são... públicos. E o Rio já perdeu muitas áreas verdes para a especulação imobiliária. O argumento dos defensores do empreendimento imobiliário é também inusitado: eles dizem que não precisam de mais uma "cracolândia". A reivindicação para a construção do empreendimento será apresentada em audiência pública. Se a moda pega, comecem a reservar lotes no Aterro.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Blocos cariocas: não vai ter "cercadinho de coxinhas"...

por Flávio Sépia
O proliferação de áreas vips acaba de ganhar um nome bem mais adequado: "cercadinho de coxinhas". O novo apelido provocou risadas e carimbou o rótulo de breguice na turma protegida pela cordinha do bloco "Me Esquece", que desfilou no domingo passado no Jardim Botânico.
Esse tipo de "curral" em blocos e ensaios tende a abrigar tipos identificados com os "reis do camarotes". Quase sempre, figuras desengonçadas, sem intimidade com o samba. Sabe-se lá de onde vem essa gente.

Nos últimos anos, o oportunismo tem tentado abrir alas no carnaval do Rio de Janeiro. O carnaval de rua mais democrático do país é hoje um fenômeno, mas até a metade do anos 1980 vivia uma triste decadência. O Rio sempre teve uma forte tradição de blocos. São épicos os desfiles dos Boêmios de Irajá, Cacique de Ramos, Bafo da Onça, estes chamados de blocos de embalo, além do Cordão da Bola Preta, o mais antigo do país.

Mas houve aquele período - entre meados dos anos 1970 até 1985 - em que o carnaval de rua perdeu força. As atenções se voltavam para os desfile das escolas de samba, cada vez mais grandiosos. Nas ruas, com exceção de alguns antigos blocos de bairro que resistiam - como exemplo, o pequeno e bravo Cachorro Cansado, no Flamengo - e arrastavam algumas centenas de pessoas, com poucos jovens e muitos veteranos, o destaque cabia à Banda de Ipanema. Fora do Sambódromo e de algumas praças e esquinas das Zonas Norte e Sul, a cidade não parecia respirar o carnaval. Na Zona Sul, especialmente, o clima era de um monótono feriadão. Não havia ruas e avenidas superlotadas, como Salvador e Recife mostravam a cada ano.

A campanha das Diretas, que se transformou em uma festa política, deve ter devolvido aos cariocas o gosto pelas ruas já que foi a inspiradora de blocos que nasceram naquela década como o Simpatia é Quase Amor, o Bloco do Barbas, o Suvaco de Cristo, entre outros. Era a senha de uma revolução que não podia mais ser contida e retomou seu lugar nas ruas de todos os bairros. 

O sucesso crescente, os recordes de público, a repercussão na mídia brasileira e mundial e a afluência de turistas despertaram atenções comerciais e marqueteiras para surfar nessa onda popular. Vieram trios promocionais (que para disfarçar se intitulam "blocos") puxados por gigantescos carros de som. Em um primeiro momento, a prefeitura permitiu que tais trios ocupassem a Vieira Souto, Aterro do Flamengo e Avenida Atlântica, que não estava preparados para receber os gigantescos caminhões com som superpotente, o que tende a atrair ainda mais pessoas. Foi o desastre programado: canteiros da orla e jardins de prédios foram destruídos, ruas viraram banheiros e, em Copacabana, uma fato mais grave: a carreta de um trio se chocou contra cabos e provocou a queda e morte de uma menina. No ano seguinte, as autoridades editaram regras para conter as ameaças do "carnaval sem lei". Trios, que têm seu público, foram deslocados para as avenidas largas do centro da cidade e, este ano, para São Conrado; regras para vendedores ambulantes, instalações de banheiros, cercas para proteger jardins e canteiros, supervisão de bombeiro, serviços de atendimento médico, entre outras medidas, procuram dar estrutura aos blocos; além da política para conter o gigantismo a partir do remanejamento de blocos para outras regiões de fácil acesso e amplos espaços.

Mas persistem alguns riscos. Se uma determinada cantora conseguiu pôr seu bloco nas ruas, outra cantora, que tem menos ligações e influência, também quer. Essa é a pendenga que sites de celebridades estão noticiado. Definir um critério mais preciso, sem favorecimentos, poderá ser uma questão para a prefeitura definir melhor nos próximos anos. Ou o "também quero" vai virar pressão.

Já o "cercadinho do coxinhas" não desiste. Como quem não quer nada, uns e outros insistem na fórmula. Aparecem, na verdade, como um inocente cavalo-de-troia dos marqueteiros para a sonhada implantação do abadá, a famigerada instituição baiana que loteia espaço público e divide a rua em classes.

Felizmente, a prefeitura tem reagido. Se esse ano o "Me Esquece" tentou montar sua área vip nas ruas do Rio com pessoas com camisas especiais, pulseiras de identificação e bebida liberada, há dois anos um grande "bloco" foi denunciado por vender "abadás" para espaço restrito. Hoje, em declaração ao Globo, o prefeito Eduardo Paes diz que a prática é inaceitável e quem criar "curral" pode ser impedido de desfilar em 2017. Os organizadores do blocos que levam baterias dizem ser necessária alguma proteção para os instrumentistas. Pode ser. Mas é preciso ter cuidado para que essa área não seja ampliada espertamente para receber a turma do "abadá" pago.

Diga-se que a maioria dos blocos não-comerciais, de origem espontânea, comunitária, parceira, que nasceram em bairros e não em agências de marketing e de "captação" de patrocínios, é contra o "cercadinho dos coxinhas".  O presidente do Suvaco, João Avelino, diz ao Globo:
- Carnaval de rua não precisa de cordas. Para o Suvaco, todo folião que nos dá a honra de aparecer para o desfile é convidado vip.
Vamos torcer para que a prefeitura do Rio permaneça sintonizada com o espírito livre do carnaval carioca. 

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Arquivo fotográfico: sem lances no primeiro leilão

Na primeira tentativa, o leilão do Arquivo Fotográfico da Manchete não se concretizou. O leilloeiro Fernando Braga (na foto) abriu a sessão pouco depois das 15h, no hall do prédio do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, anunciando o valor inicial de 2 milhões de reais. Sem lances, fez a segunda chamada, estipulando os lances em um mínimo de um milhão de reais. Os interessados, se havia algum no local, não se manifestaram. Encerrado o leilão, Braga permaneceu no local por mais alguns minutos atendendo a imprensa. Segundo ele, varias empresas procuraram a Massa Falida e examinaram o acervo. Algumas grandes instituições, foram ao depósito onde estão guardadas as mais de 11 mil caixas com negativos, positivos e cromos, por mais de uma vez. A ausência de lances foi atribuida a vários fatores: seria comum a falta de propostas em um primeiro momento, já que alguns compradores em potencial podem apostar em um preço acessível mais adiante; outros interessados prefeririam receber o arquivo já digitalizado, sob a alegação de que além de pagar o valor do leilão ainda teriam que investir no tratamento e recuperação de imagens. Mas tal encargo, a digitalização, envolve um alto custo, que estaria acima das atribuições da MF; a época do ano, quando as empresas ainda estão fazendo projeções para seus investimentos em 2010, também não seria a mais favorável. O fato é que haverá novo leilão, em data a ser marcada, quando continuará valendo o preço mínimo de 2 milhões de reais. Nada impede, tal qual aconteceu com o prédio do Russell, que, nesse intervalo, uma empresa faça uma proposta direta. Desde que o candidato seja idôneo, a juíza aceite a proposta e o valor seja superior ao mínimo estipulado, o arquivo poderá ser vendido. O leiloeiro lembrou que o prédio do Russell só foi vendido na terceira tentativa. Espera-se, no caso da venda do Arquivo, que a nova data seja marcada e os interessados se apresentem. Trata-se de um bem cultural e perecível. Quanto mais tempo passar acondicionado em caixotes maiores danos podem ser causados ao acervo. Alô Ministério da Cultura, alô Arquivo Nacional, alô Biblioteca Nacional, alô prefeito Eduardo Paes, o arquivo da Manchete é também um valioso patrimônio carioca. Pra facilitar, prefeito, se quiser marcar um visita e conhecer melhor o acervo é só discar para o leiloeiro Fernando Braga: (21) 22247478.