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segunda-feira, 20 de abril de 2020

Dona Arminda: a lady do Russell

Dona Arminda, na foto a primeira à esquerda, em momento que demonstrava
seu companheirismo. Foi em um dos almoços de fim de ano dos ex-funcionários,
ao lado de Marta Souza, Nilton Rechtman, Alan Caruso e Juvenil Siqueira. 

A mesma generosidade mostrava ao participar da luta dos ex-funcionários pelos direitos trabalhistas após a falência da empresa. Na foto, de 2012, durante uma visita ao gabinete da Juíza Maria da Penha Nobre Mauro, em comitiva da qual faziam parte Murilo Melo Filho, José Carlos Jesus, José Alan Leo Caruso, Roberto Muggiati,  Jileno Dias, Zilda Ferreira, Genilda Tuppini, e o presidente do Sindicato dos Gráficos do Rio de Janeiro, Jurandi Calixto Gomes. Dona Arminda é a penúltima, da esquerda para a direita. 

Ontem, José Carlos Jesus, presidente da Comissão dos Ex-Empregados da Bloch Editores, recebeu  a mensagem abaixo, extensiva a muitos que passaram pela Bloch:

 "José Carlos e demais amigos de minha mãe Arminda, comunico seu falecimento hoje. Minha mãe cumpriu sua caminhada com louvor. Obrigada pela amizade e carinho de vocês". 
Abs.  Maria Joaquina. 

Dona Arminda Oliveira Faria era a lady do Russel. Elegante, prestativa, eficiente, ela exercia múltiplas funções ligadas ao cerimonial da Bloch. Jantares formais, abertura de exposições, lançamentos de livros, Prêmio Tendência, estreias de peças para convidados de Adolpho Bloch, toda a logística desses eventos tinha Dona Arminda na supervisão.

Às vezes, e não raro às pressas, era convocada para atender a redação da Manchete, quando ilustres personalidades davam entrevistas para a revista na própria editora, no 11° andar do prédio 766. Dona Arminda e sua equipe montavam um catering de classe. Certamente as entrevistas se prolongavam graças à "produção" caprichada, do ambiente ao menu.

Roberto Muggiati, ex-diretor da Manchete, conta que, em 1986, ajudou Adolpho Bloch a receber a dona do Washington Post, que visitava o Brasil: Ms. Katherine Graham. E encontro foi em um fim de tarde na espaçosa sala de visitas do décimo andar do 804, com sucos e biscoitos – era verão e fazia muito calor no Rio, um chá seria totalmente fora de questão. Tudo ia bem até que o bairro do Flamengo sofreu um apagão geral. Antes que a situação se tornasse constrangedora, Dona Arminda , prontamente providenciou um conjunto de castiçais e a conversa prosseguiu em clima tremeluzente. Deve ter sido a primeira vez que Katherine Graham deu uma entrevista à luz de velas.

Dona Arminda fará sempre parte das boas lembranças da Bloch. Como diz a sua filha, ela cumpriu sua caminhada com louvor.