quarta-feira, 22 de abril de 2020

Leitura Dinâmica: se segura, malandro

* Crescem as suspeitas sobre a transparência do Ministério da Saúde sob nova direção. Sabe-se que a subnotificação é alta no Brasil. O risco agora é a manipulação da subnotificação, para baixo, claro, em sustentação à pressão de Bolsonaro, do gabinete do ódio e das carreatas da morte para o fim do isolamento (o pouco isolamento que o país conseguiu praticar). Para conscientizar a população falta uma live dos coveiros que estão dobrando expediente em várias capitais.

*  A pandemia na Europa inicia um lento ciclo de redução de casos e mortes. Muito lento. E começa a planejar a adaptação do isolamento social ao novo quadro. As principais cidades brasileiras estão entrando na fase mais dramática da pandemia: a hora em que o sistema de saúde não consegue dar conta das vítimas, especialmente aquelas que necessitam de respiradores dá conta. Agrava-se a fase de recolhimento de corpos nos hospitais e nas residências, a abertura das covas rasas, o drama das famílias e a angústia de médicos e enfermeiros. Pois é nesse momento que o psicopata e seu gabinete do ódio fazem pressão para o fim do isolamento. Vão colher cadáveres, como parecem desejar. Em tempo: dez estados já começam a relaxar oficialmente o isolamento.

* Alguém duvida que os atos que pedem a volta da ditadura partem do Planalto? Alguém acha que, por coincidência, Bolsonaro ia passando no local (também por acaso o quartel general do Exército) para ir a uma padaria ou, quem sabe, procurar o Queiroz e deu uma paradinha no meio da carreata da morte só para espairecer? Bolsonaro exalta um golpe, o de 1964, é produto de outro, o de 2016, já deu vários sinais de que gostaria de abduzir o Congresso, o STF, além de governadores e prefeitos incômodos.

* Os números da economia brasileira em fevereiro, antes do coronavírus, já eram um desastre. Estagnação, desemprego, balança comercial e indústria e consumo em baixa se destacavam entre outros indicadores do fracasso. Paulo Guedes e a mídia conservadora lamentam a toda hora que a Covid-19 atrapalha o Brasil na hora em que o país estava "decolando". Decolando para um buraco  maior? Menos enganação, por favor.

* O Globo de hoje denuncia que alguns advogados que atendem internos da Papuda, em Brasília, cobram até 900 reais para informar às famílias sobre o estado de saúde dos presos. Significa 300 reais a mais do que o auxílio  de 600 reais que Congresso e governo estipularam para parte da população.

* STF está investigando atos contra a democracia e a máquina política de geração de fake news. Vai acabar batendo no mesmo endereço ali mesmo na praça dos Três Poderes.


* Pausa para respirar. Em confinamento, Luma de Oliveira faz uma rara aparição especial. Nos Instagram, a eterna musa relembra Tom Jobim e publica texto que o maestro fez para ela.

* Os clubes de futebol falam na volta dos jogos, sem torcida. Dirigentes se reúnem. Vale uma pergunta: os jogadores foram ouvidos?

* Enquanto isso... a OMS recomenda que competições internacionais não voltem aos estádios, ginásios, pistas e piscinas antes do segundo semestre de 2021. O Coordenador de Futebol da CBF rebateu: "a OMS não entende nada de futebol". É candidato a abre-alas da próxima carreata da morte?.

* Deu azar. A Embraer, por decisão de Michel Temer referendada pelo seu sucessor, juntou seus trapinhos com a Boeing na hora errada. Logo depois a empresa americana se enrolou na mancada do perigoso jato 737 Max, que a fez entubar um mega prejuízo, e se deparou logo depois com cancelamentos de encomendas do setor aéreo embananado pela crise do coronavírus. Parece um abraço de afogados. A Embraer está tentando prorrogar a data final para a conclusão do acordo.

ATUALIZAÇÃO - A nota acima, sobre Boening-Embraer, foi publicada no dia 22 de abril. Dois dias depois, a empresa americana anunciou que estava caindo fora do negócio. Já abalada pelo escandaloso fracasso do jato 737 Max, até hoje impedido de voar, a Boeing não resistiu ao coronavírus que abala fortemente a indústria aeronáutica. A Embraer deve está se sentido como uma noiva que já cedeu seus encantos ao noivo durante uma noite e viu este se mandar antes do sol raiar.

Um comentário:

Corrêa disse...

Essa coisa da Embraer foi o conto do otário em que o Brasil caiu