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domingo, 19 de abril de 2020

Um pioneiro no isolamento social - E o mundo, quem diria, foi obrigado a imitar Howard Hughes

Howard Hughes em rara foto pouco antes de morrer e em pose dos anos 1940. 

O Princess Hotel, em Acapulco. Na cobertura o bilionários viveu sua quarentena particular. 

Em tempo de coronavírus, as pessoas em quarentena compartilham nas redes sociais a vista que veem das janelas. A paisagem acima foi o visual que Hughes contemplou durante quatros anos de isolamento.

O bilionário Howard Hughes sofria de misofobia. Trata-se do pavor extremo de se contaminar por vírus, bactérias, germes em geral. Com razão, ele achava que a vida moderna fazia circular vírus demais para o seu gosto imunológico.

O filme O Aviador, de Martin Scorsese, com Leonardo di Caprio no papel principal, mostra algumas  manias de limpeza do cineasta, engenheiro aeronáutico, fabricante de aviões e dono da extinta companhia aérea TWA. Mas na vida real, a paranoia era mais grave. Ele passou os últimos 25 anos de vida em semi-reclusão, sendo que os quatro anos finais absolutamente isolado em uma imensa suíte na cobertura do Princess Hotel, em Acapulco, México. Tudo que entrava nas dependências era desinfetado, empregados usavam luvas brancas e lenços de papel até para tocar em interruptores ou maçanetas. Ele lavava as mãos e tomava banho várias vezes ao dia. A faxina do local era feita com bactericidas hospitalares.

Deve ter funcionado. Hughes morreu de parada cardíaca em 1976, aos 70 anos.

O bilionário foi uma espécie de pioneiro no isolamento social, no caso dele, pessoal. Se vivo fosse, estaria preparado para vencer o coronavírus.