/Manchete: a tragédia na capa que deveria ter sido festiva. |
A Amiga homenageou a saudosa atriz Yara Amaral, vítima do naufrágio. |
Pouco antes da meia-noite de 1988, 153 pessoas navegavam no Bateau Mouche em direção a Copacabana para assistir à queima de fogos. Em vez do espetáculo, encontraram a tragédia a meio caminho, entre a Ilha de Cotunduba e o Morro da Urca, em frente à Praia Vermelha. A barco navegava com o dobro da capacidade ( a lotação permitida era de apenas 62 passageiros e tripulantes) e ao afundar matou 55 pessoas. À tragédia soma-se, hoje, a vergonha: apenas os três sócios estrangeiros da empresa proprietária do barco foram condenados e, mesmo assim fugiram para a Espanha. Como o Brasil não tinha tratado de extradição com aquele país, ficaram livres. Outros indiciados foram inocentados. Só em 2003 o STJ bloqueou os bens dos condenados. Poucas famílias de vítimas receberam indenizações. Ainda há ações pendentes e o STJ ainda tem na mesa, neste 2013 que chega ao fim, até mesmo recursos pendentes dos condenados. Nessa luta perdida, as famílias das vítimas e os sobreviventes constataram que um Brasil mais justo e menos vulnerável ao poder econômico também naufragou naquele triste réveillon. Por outro lado, muitos, pelo menos 30 pessoas, devem as suas vidas a tripulantes e passageiros de alguns barcos de pequeno porte e de simples pescadores que ajudaram a resgatar sobreviventes. Se as instituições podem falir e não punem culpados, a solidariedade do povo, que não se omite nessas ocasiões, é um alento a mostrar que nem tudo está perdido.
Naquele ano, as equipes da Manchete e da Amiga foram a Copacabana cobrir as festas sofisticadas, a comemoração popular, o show de fogos, a devoção dos fiéis a Iemanjá, e a alegria de famosos e anônimos (a outra semanal da Bloch, a Fatos & Fotos, que também historicamente participava dessas coberturas, já estava com a circulação suspensa sendo editada apenas por ocasião do Carnaval).
O naufrágio ocorreu a aproximadamente 15 minutos antes da meia-noite. Só por volta de 1h da manhã, a notícia circulou em Copacabana e parte da equipe de repórteres e fotógrafos foi avisada da tragédia e deslocada para o cais do serviço de salvamento, em Botafogo.
O naufrágio ocorreu a aproximadamente 15 minutos antes da meia-noite. Só por volta de 1h da manhã, a notícia circulou em Copacabana e parte da equipe de repórteres e fotógrafos foi avisada da tragédia e deslocada para o cais do serviço de salvamento, em Botafogo.
De festivas, aquelas edições passaram a espelhar uma profunda tristeza.
Que as vítimas estejam em eterna paz.
Que as vítimas estejam em eterna paz.
Um comentário:
há muitos e muitos anos, a revista O Cruzeiro tinha um colaborador que divulgava e revelava passagens e até mesmo objetos de uso pessoal de intelectuais, escritores, pintores, músicos que ficaram famosos.
O nome de sua coluna era: "Os arquivos Implacáveis de João Condé ".
O Blog Panis Cum Ovum, de uma certa maneira, vem ocupando esse espaço vazio com revelações de fatos e de casos que ocorreram e por algum tempo ficaram esquecidos.
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