Reprodução de charge de Mariano publicada na revista Fatos, em 1985. |
O STF discute, no momento, a legalidade ou não do financiamento de campanhas políticas por empresas. É tema vital para a democracia. Há décadas, faz-se necessária um ampla reforma política que nunca avança, seja qual partido esteja no poder, porque a maioria dos políticos, especialmente os políticos profissionais, não quer. A charge acima, de Mariano, foi reproduzida da revista Fatos, de 1985. Referia-se às denúncias de compra de compra de votos por parte de candidatos que recebiam "doações" milionárias de grande empresas. O dinheiro corria solto e farto. Com o tempo, o "sistema" foi aperfeiçoado. O alvo a controlar com mais "eficiência" passou a ser a própria Câmara dos Deputados e não o eleitor em sim. A estratégia de doar dentaduras foi ultrapassada. Hoje, o buraco é mais em cima e megamilionário. As empresas, através de grandes e seletivas doações, formam suas poderosas "bancadas". Há várias no Congresso, difícil é encontrar uma bancada do cidadão brasileiro. O STF está sob pressão de certos grupos para deixar como está a festança do financiamento de campanhas por pessoas jurídicas. Imprensa, marqueteiros, empresas e, obviamente, os políticos comprometidos com o tal "economocracia" estão agitados e nem querem pensar no fim da bocada, que torna as campanhas milionárias, ao alcance de poucos, e porta escancarada para a corrupção. Claro que as empresas não doam dinheiro apenas impressionadas pela beleza e charme do candidato. É um toma-lá-dá-cá que é cobrado em seguida, naturalmente. Especialistas avaliam que o sistema funciona como uma espécie de "adiantamento" de "jabá". Seria um "mensalão" ou "propinoduto" institucionalizados. Um candidato de orgiem comunitária, honesto, disposto a representar a sociedade legitimamente, tem poucas chances diante do poder econômico daqueles políticos "terceirizados" pelos milhões de reais - ou dólares - despejados por grandes empresas. O que pretendem os defensores do financiamento de eleições "privadas" é que a Câmara permaneça como está, sob controle, funcionando à base de "bancadas" pautadas pelos grupos que bancam o mandato dos seus representantes particulares. Vê-se, agora, diante da pressão sobre o STF, porque uma verdadeira reforma política permanece empacada. É por não interessar à maioria dos políticos, marqueteiros, empresas e imprensa. A única reforma que eles querem é aquela que puxa a brasa para suas milionárias sardinhas. O brasileiro comum tem outra idéia de reforma política para melhorar o Congresso. Mas o povo, deixa pra lá, não é "financiado".
4 comentários:
Aqui é Brasil, quem manda é o dinheiro
O dinheiro manda em todo o mundo. Não é por aí caro Anônimo.
Um dos problemas é que o brasileiro não vota em partido, vota em pessoas. Nessa reforma política que não virá enquanto os políticos profissionais não quiserem. A primeira reforma a se fazer é mudar a mentalidade do povo fazendo-o a acreditar em programas de partido e não em promessas de cínicos e desavergonhados políticos que vem se reelegendo há 30 anos. E o mais importante seria limitar o número de partidos acabando com partidos nanicos e partidos sem expressão política.
Um politico pré-candidato a Governador, chega na TV e critica o Governador atual dizendo o que tem que ser feito para melhorar a saúde, a educação, enfim tudo que está errado. Acontece que esse mesmo político já esteve no poder e não fez nem de longe o que sugere. É subestimar demais a inteligência do leitor, não é? O pior é que ele poderá ser eleito às custas da grana desses empresários.
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