terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Ôba! Chegou a hora de privatizar a febre amarela, a zika, as ciclovias, as prisões, os transplantes, as bolsas de colostomia, as praias...

por Omelete

Um dos principais argumentos dos privatistas se baseia na ideia de que aliviar o Estado de administrar empresas e serviços públicos acaba com a corrupção. Desligando-se os governos dessas atividades, restam fechadas as portas para roubos e desvios, é a pregação messiânica dos neoliberais. Se o Estado não tem empresas, promove concessões. E nessa modalidade, como se vê, o cofre público continua provedor e generoso. Em nome da "eficiência", espalhou-se a terceirização e a privatização disfarçada de escolas, hospitais públicos, parques, serviços essenciais etc transferido para "ongs", "organizações sociais", "igrejas" e "entidades não-lucrativas". Várias delas são alvo de denúncias e de investigações por superfaturamento, desvio de recursos e corrupção "social'.

Foi preciso uma explosão de sangue em um presídio de Manaus para vir a público a privatização dos porões que são as prisões brasileiras. Aquele mundo cão dá lucro para uns e outros. E mesmo presídios que ainda não foram privatizados fazem dos fornecedores de comida terceirizados alguns dos milionários do país.

Vai ver a solução está aí.

Aparentemente, não falta muito para o Brasil privatizar: redes de esgotos, Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica... que mais?

A privatização de presídios já é um indício de que a bocada está chegando ao fim e, digamos, é hora de raspar o tacho. Serviços exóticos como administrar o submundo das prisões entram na lista do empresariado nacional. Se um preso dá lucro, porque um doente de zika não pode ser um ativo, como se diz no mercado?

Porque criminalizar o trabalho escravo? Pode estar aí uma boa fonte de lucro como o governo já percebeu. é hora de acabar com a CLT ou qualquer regra, permitir a contratação por hora e até minutos sem maiores burocracias, pagamento em vale, o trabalhador vai estar "empregado" que é o que importa e o empresário não precisa se preocupar com frivolidades como férias, segurança no trabalho etc.

Já há "organizações sociais" faturando com abrigos para cracudos. Devem vir aí, transporte e comércio de órgãos para transplante, cemitérios já são terceirizados, mas pode vir aí o pedágio para movimentação do caixão do defunto entre o IML e a cova. Estádios já estão privatizados, mas os campos de pelada ainda não. Falta cobrar pedágio das ciclovias. A orla está privatizada, mas a areia não. Que tal um empresa para cuidar das vítimas da zika? O governo repassa a verba e a empresa passa a ganhar um bom percentual por sobrevivente e uma indenização por doente que passar desta para outra. Faz sentido. Veja, como tudo está terceirizado acabaram esquecendo da febre amarela, que há muito tempo não dava as caras em forma epidêmica. No vazio da órgão público para cuidar disso, a amarela está de volta. Privatizem já!.

O governo fornece bolsa de colostomia de graça? Assim não dá. Tem empresa privada aí que agilizaria esse serviço cobrando um jabazinho de  responsa.

Vamos lá, Temer! Imaginação no poder.

Analisem o caso do Congresso. Já é um clube fechado, praticamente privatizado, e o custo ainda é por conta do governo. Um modelo ideal seria o do Hippopotamus. Deputados e senadores seriam escolhidos por concessionários do Congresso e pagariam uma mensalidade. Seriam tratados como sua excelência sócio, deputado-sócio etc. O governo sairia no lucro e economizaria em verbas de campanha e o custo dos tribunais eleitorais.

Pra finalizar, resolva esse enigma. Se o Brasil privatiza desde os anos 90, se Lula e Dilma seguiram a mesma cartilha e se tantas empresas e serviços que davam prejuízo já estão nas mãos eficientes de empresários porque a corrupção só cresce e os impostos idem?

Peçam para os seus bisnetos começarem a pensar na resposta que eu vou ali oferecer a minha avó em licitação publica para um concessionário em previdência privada.

6 comentários:

Stella disse...

Destacar o absurdo é uma maneira de denunciar. E o Brasil está regredindo e cometendo absurdos nas questões sociais. Mais do que absurdo, estão cometendo crimes que custarão vidas.

Rian disse...

São muitas em todo o país as OS, organizações sociais da picaretagem, e nos próximos anos vão gerar várias Lava jato

Ouvidor do Brasil disse...

A privataria tah dando merda, Maracanã caindo aos pedaços, barcas com serviço ruim e o concessionario que devolver e ainda levar uma grana do estado, aeroportos concessionários não querem pagar mais as outorgas ou querem pagar a perder de vista, telefônicas querem a mamata de bilhões de reais em bens que são do governo e que não estavam nos contrato de concessão, concessionários não cumprem obrigação de construir estrada na serra e quer ajudinha federal. Tah moleza ou quer mais???????

Paulo Brandão disse...

A privatização pura e simples sem concorrência torna-se o chamado capitalismo de compadrio. Cabe ao Governo zelar pelo atendimento da saúde e educação dos mais necessitados via voucher, ou seja, um vale que será utilizado no hospital ou escola que a pessoa bem entender. Com isso eliminamos funcionários públicos incompetentes, fomentamos a concorrência e facilitamos a fiscalização destes serviços.

Aloysio David disse...

Concordo com muitas privatizações, de um CSN, por exemplo, que cumpriu seu papel na época, mas houve também muita corrupção nesse programa, como demonstrou o livro Privataria.
A observação sobre falta de concorrência é oportuna. Porque não duas empresas dividindo a concessão das barcas, do Rio? Porque a lina 4 do metrô do Rio não foi licitada para outra empresa? Porque não dividir a Supervia? O monopolio privado é tão danoso quanto o estatal em alguns setores.

Corrêa disse...

O que acontece aqui não é privatização é uma doação. E depois as tais agências de regulamentação defendem as empresas e não dão a mínima para usuários e consumidores. Vejam o caso da Odebrecht que está em todo tipo de negócio, do Maracanã a aeroporto, metrô, sem falar nas obras superfaturadas. Isso aí foi também um subproduto da privataria