sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Quem bate? É a crise... Versão impressa do The Wall Street Journal faz lipoaspiração jornalística para se tornar mais "digestível".

por Niko Bolontrin

O Wall Street Journal muda de formato na edição impressa. Com a queda das vendas, os jornais tentam medidas desesperadas para sobreviver.

Essa é mais uma.

Não está fácil. Mudar formato equivale ao caso do folclórico corno que surpreende a mulher com o Ricardão no sofá e e parte para um completo reposicionamento: tira o sofá da sala.

Tanto que a reforma, a julgar pelas declarações do editor do WSJ, claramente vai tornar o produto bem pior: seções serão fundidas, diminui o número de páginas, será reduzida a cobertura de cultura, notícias locais etc.

Ou seja: menos conteúdo.

Quando reformas são impostas por falta de dinheiro e não pela busca da excelência jornalística, o leitor sai perdendo.

O mais incrível nessa crise de identidade é que os anunciantes ainda parecem apostar mais no meio impresso do que as próprias editoras de jornais e revistas. Muitos jornais estão investindo em eventos como maneira de faturar verbas privadas e públicas. Só que a contrapartida é a publicação de páginas e páginas sobre o tal evento, que nem sempre será de interesse do leitor. O branded content, uma espécie de nova e pernóstica vestimenta da matéria paga, o jabá, também contamina o editorial.

Muitas marcas não abrem mão de ver suas mensagens em páginas duplas vistosas em vez de circular apenas no "mercado persa" da internet. É o que está sustentando ainda o impresso, mais do que as trôpegas soluções editoriais. É o caso de perguntar: a crise é do meio impresso? Do modelo? Do jornalismo? A indefinição e a busca enlouquecida de alternativas que levam a situações equivocadas como essa do WSJ, a de piorar para sobreviver, estão acelerando ainda mais a fuga dos anunciantes para o mundo digital.

Diz o editor do WSJ que o leitor quer hoje jornais mais "digestíveis".

Se é para fazer "digestível", melhor engarrafar limoncello amalfitano.

Quando o impresso de torna igual ao site, melhor eliminar o intermediário e ir de vez para o digital.

Ou para o limoncello.


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