por Niko Bolontrin
O Wall Street Journal muda de formato na edição impressa. Com a queda das vendas, os jornais tentam medidas desesperadas para sobreviver.
Essa é mais uma.
Não está fácil. Mudar formato equivale ao caso do folclórico corno que surpreende a mulher com o Ricardão no sofá e e parte para um completo reposicionamento: tira o sofá da sala.
Tanto que a reforma, a julgar pelas declarações do editor do WSJ, claramente vai tornar o produto bem pior: seções serão fundidas, diminui o número de páginas, será reduzida a cobertura de cultura, notícias locais etc.
Ou seja: menos conteúdo.
Quando reformas são impostas por falta de dinheiro e não pela busca da excelência jornalística, o leitor sai perdendo.
O mais incrível nessa crise de identidade é que os anunciantes ainda parecem apostar mais no meio impresso do que as próprias editoras de jornais e revistas. Muitos jornais estão investindo em eventos como maneira de faturar verbas privadas e públicas. Só que a contrapartida é a publicação de páginas e páginas sobre o tal evento, que nem sempre será de interesse do leitor. O branded content, uma espécie de nova e pernóstica vestimenta da matéria paga, o jabá, também contamina o editorial.
Muitas marcas não abrem mão de ver suas mensagens em páginas duplas vistosas em vez de circular apenas no "mercado persa" da internet. É o que está sustentando ainda o impresso, mais do que as trôpegas soluções editoriais. É o caso de perguntar: a crise é do meio impresso? Do modelo? Do jornalismo? A indefinição e a busca enlouquecida de alternativas que levam a situações equivocadas como essa do WSJ, a de piorar para sobreviver, estão acelerando ainda mais a fuga dos anunciantes para o mundo digital.
Diz o editor do WSJ que o leitor quer hoje jornais mais "digestíveis".
Se é para fazer "digestível", melhor engarrafar limoncello amalfitano.
Quando o impresso de torna igual ao site, melhor eliminar o intermediário e ir de vez para o digital.
Ou para o limoncello.
Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
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