segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Em governo FHC, jornais defendiam participação estrangeira na mídia do Brasil

(do Jornal GGN 

A mesma Associação Nacional dos Jornais que entrou com uma ADIN contra a participação estrangeira na comunicação social aos portais de internet, como forma de sufocar o jornalismo produzido pela BBC Brasil, The Intercept Brasil, El País Brasil e Deutsche Welle Brasil, entre outros, em 2001 reunia-se com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para defender a participação de capital estrangeiro em jornais, revistas e emissoras brasileiras.

A informação é de notícia do Estado de S. Paulo, datada de 20 de novembro de 2001. O jornal anunciava que dirigentes da ANJ e também da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e da Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) defendiam a entrada de 30% do mercado estrangeiro na área.

"De acordo com o presidente da ANJ, Francisco Mesquita Neto, Fernando Henrique disse ser favorável à proposta e prometeu apoio na votação em plenário, na Câmara dos Deputados, prevista para a próxima semana. (...) Aos dirigentes da ANJ, Abert e Aner, o presidente disse que vai pedir a Aécio agilidade na votação", diz o jornal.

"As três entidades têm posição favorável à PEC, que altera o artigo 222 da Constituição. A atual redação impede grupos estrangeiros de terem participação na posse de jornais, revistas e emissoras de rádio e TV", seguia a reportagem.

Naquele encontro com FHC, participaram Francisco Mesquita Neto, então presidente da ANJ e diretor-superintendente do Grupo Estado; o presidente do Conselho de Administração das empresas Grupo Folha, Luiz Frias; e o então presidente do Grupo Abril, Roberto Civita.

Na época, Civita disse que a alteração com a PEC seria fundamental para permitir a capitalização das empresas via bolsa de valores. "Hoje o único jeito é tomando empréstimo", afirmava. "O artigo 222 é arcaico e vem prejudicando os meios de comunicação tradicionais", dizia Mesquita Neto.

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