sábado, 12 de novembro de 2016

A bolsa ou a mídia...

A eleição de Donald Trump e a surpresa do Brexit levaram a uma reflexão sobre a mídia comercial nos Estados Unidos e na Inglaterra.

A capa da Time que registrou a vitória de Trump.
Segundo os editores, foi escolhida a foto que "captou
a energia dos apoiadores do candidato".
Uma energia que dominou as redes sociais e que
a mídia convencional não percebeu.
Nos dois casos, a maioria dos jornais, os mais importantes, defenderam posições claras anti-Trump e anti-Brexit. Em ambas as situações, as redes sociais mostraram países divididos. Nem a mídia convencional, nem as pesquisas conseguiram captar opiniões onde, quer queiram ou não, a população se expressa sem intermediários.

Por outro lado, grandes corporações jornalísticas tentam, em proveito próprio, como o taxista que rejeita o Uber, desvalorizar o jornalismo independente que a rede carrega.
Vê-se, agora, que a mídia americana não enviou repórteres aos grotões do país, por exemplo, para detectar o sentimento do eleitor. Acreditou nas pesquisas e no clima visível em cidades liberais como Nova York e Los Angeles e outras regiões arejadas no país. Assim como a Londres multicultural jamais imaginou que a maioria da população queria dar uma voadora na União Europeia.

Nas questões locais brasileiras, a mídia convencional dominante reproduz comportamento semelhante. Mais grave ainda: está tão comprometida com os governantes com os quais conspirou para levar ao poder, aí incluídos os citados mas não ainda indiciados quem-saber-um-dia pela Lava Jato, que vê apenas o que quer ver.

Reprodução: Veja mais no Mídia Ninja
Quer um mero e grave exemplo? O Brasil tem hoje mais de mil instituições de ensino ocupadas pelos estudantes, em 19 Estados e no Distrito Federal. Há 82 universidades ocupadas e quatro Núcleos Regionais de Educação. Os estudantes protestam contra a Medida Provisória 746, que obriga a mudanças no ensino médio, e contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, de Temer, que limita por 20 anos os gastos públicos - incluindo a área de Educação, Saúde, programas sociais e previdenciários.
Nos últimos dias, houve protestos contra a chamada "PEC da Morte" em 18 estados e em Brasília, com forte repressão policial, presos e feridos. Mas, quando muito, você viu nos jornais e na TV apenas algumas cenas de manifestações de servidores do Rio de Janeiro que têm ido às ruas ameaçados pela crise financeira do Estado. No caso, um conflito que ganha espaço porque é politicamente tratado como um problema local herdado do país pré-golpe. A histórica e ampla ocupação de escolas promovida pelos estudantes e as manifestações que se espalham pelo país são abordadas apenas como "transtornos" em matérias com enfoque negativo que invariavelmente destacam cenas de suposto "vandalismo".

Não por acaso, em meio à distribuição de favores para setores que o levaram ao Planalto, o grupo que domina o governo federal abriu generoso duto de pixuleco para a mídia oligárquica, tão grande e poderoso que pintou de azul celeste as contas das empresas. Para determinados veículos, as verbas crescerem em valores que variam de quatro a três generosos dígitos, de 1000%, 600%, 500% etc, segundo números da própria Secom.

Nas redes sociais, o pixuleco ganhou o nome de Bolsa Mídia.

Um comentário:

Corrêa disse...

O quarto poder não é mais a imprensa mas a mídia social e isso é bom