sábado, 21 de março de 2015

Olimpíada: as obras, como na Copa, acabam ficando prontas. Mas a parte esportiva perde um tempo que parece irrecuperável

Por mais incrível que pareça, a preparação do Brasil para os Jogos Olímpicos, apesar de nunca ser o que os atletas precisam e merecem, foi melhor nas duas últimas edições do que está prometendo nesta que vem aí, a de 2016, logo no Rio de Janeiro. Privatizações com critérios imprecisos e regras idem, sem obrigações claras dos concessionários, tiraram dos atletas vários equipamentos públicos desde o Pan 2007. Ginásios foram transformados em casas de show e, como cobram valores altos, quase não recebem eventos esportivos; um complexo aquático está inoperante e outro, no Maracanã, seria demolido, o que aparentemente foi evitado, mas está em ruínas, sem sinais de obras e já estamos a menos de 500 dias da Olimpíada. Pistas de ciclismo foram demolidas. Pistas de atletismo idem. As raias do remo, na Lagoa, também estão críticas. Os atletas não dispõem de instalações adequadas e, na água, o partidor está em estado deplorável. O Estádio de Remo, também privatizado, virou complexo de restaurantes e cinemas. E ainda ameaçam construir arquibancadas provisórias no espelho d'água mesmo com ambientalistas alertando sobre os riscos que a Lagoa correrá ao ter o lodo do fundo revolvido com as obras. A Baía da Guanabara é um mar de poluição e lixo. Há confederações em crise. Já no segundo semestre acontecerão eventos-testes no Rio. Com relação à algumas modalidades não haverá o que testar já que várias instalações não estarão nem perto de concluídas.
Em alguns esportes, o Brasil deve levar atletas, digamos, de idades avançadas e, nesses casos, são favorecidos por patrocinadores que preferem investir nos conhecidos. Nada contra os atletas master - vários são campeões - mas isso é apenas sinal grave falta de renovação. Basta ligar no canal SporTV para constatar que competições de esportes olímpicos estão acontecendo em vários países, a grande maioria sem a presença de atletas brasileiros. Diz-se que o COB organiza um congresso de técnicos todo mês para debater a preparação para os jogos. Acrescentaria que esses seminários deveriam ter acontecido há dois anos. Agora não é hora de debater mas de preparar. O tempo que os técnicos perdem ouvindo teorias seria melhor gasto, agora, nas pistas e quadras. Fala-se que estão preocupados com a "pressão psicológica" de ter de vencer em casa. Parece um filme trágico que vimos no ano passado em uma certa seleção Brasileira chorosa e instável, com um cúpula igualmente desnorteada. Lembram que a seleção se cercou de psicólogos na Granja (acho que deviam mudar esse nome que remete a...) e com o bode que rolou quase desmoraliza a Psicologia? Curiosamente, futebol é o único esporte entre as modalidades da Olimpíada com o qual o COB tem nada a ver. A preparação é responsabilidade da CBF. Para mostrar que futebol não é seu ramo, o COB chamou para palestrar ninguém menos do que Carlos Alberto Parreira, cujas duas últimas passagens pela seleção foram críticas: na Alemanha, a polêmica das alegres folgas depois de cada jogo e a invasão de celebridades e apresentadores de TV nos treinos e na concentração; aqui, o show de terrir da Copa passada, em Teresópolis e nos estádios desses Brasis. Qualquer criança que hoje veste a camisa do Barcelona, do Bayern, do Chelsea, sabe que o futebol praticado pela seleção é um "jogo" bem diferente do que se vê nos campeonatos europeus. A não ser que o Parreira vá ensinar como o time conseguiu tomar aqueles 7 x 1.
 

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