Mercosul: nasceu há 30 anos de uma conversa entre Sarney e Alfonsín e foi formalizado depois por Collor e Menem. Podia dar certo?

Quando perguntarem sua nacionalidade
lá fora diga: "Sou mercosuleiro".

Uma das coisas mais ridículas do Brasil é o passaporte. Numa imitação risível da União Europeia, botaram lá um Mercosul no alto da capa. Começa que Mercosul não chega a ser uma comunidade, não tem moeda única, é uma união aduaneira que não deu certo e prejudica vários setores exportadores brasileiros ao travar acordos bilaterais. A Argentina, aliás, muy amiga, vive passando a perna no Brasil. Recentemente firmou tratado bilateral com a China, o que contraria as regras do Mercosul. O Brasil poderia estar muito mais integrado aos Brics, com mais vantagens, se não fossem essas amarras. Já poderia ter assinado tratados comerciais com a Europa, coisa que o Mercosul torna quase impossível. Na verdade, lá fora ninguém leva muito a sério a tal "comunidade" que tem na origem uma conversa em portunhol entre Sarney e Alfonsín, dois presidentes cujas políticas detonaram as respectivas economias.

Pouca gente sabe, mas o Mercosul tem uma bandeira.
Na próxima passeata, ou no próximo jogo
Brasil  x Argentina, leve a sua. E grite "Mercosul, sul, sul!"

Em 1985, em Foz do Iguaçu. pomposamente, a dupla assinou um papelucho chamado "Declaração de Iguaçu". Foi o documento que abriu as negociações que levaram depois a formalização, por Collor e Menem, outra dupla de figuraças, do Mercado Comum do Sul. Aliás, em 1986, Sarney foi autor de uma imitação. Mandou gravar nas cédulas, embora o Brasil seja constitucionalmente laico, a expressão "Louvado Seja Deus". Outra papagaiada que ele quis cometer desde que viu em uma nota de dólar que guardou no bolso do jaquetão a frase "In God we trust". Agora a palavra Mercosul vai estar nas placas dos carros. O que só vai facilitar o trânsito de carros roubados no Brasil e que vão parar no Paraguai. A propósito, quem nasce no Mercosul é o que? Mercosuleiro? Mercosulista? Mercolense? Isso Sarney, Alfonsin, Collor e Menem não resolveram. Ainda dá tempo de Dilma e Christina decidiram o que somos.