2014 marca os 50 do golpe que jogou o Brasil em uma sangrenta ditadura, a partir de 31 de março (ou de 1° de abril, até a data é um engodo) de 1964. Seja qual for, é o dia da vergonha. Nos últimos dias, os jornais repercutem revelação do jornalista Elio Gaspari de um áudio em que, pouco antes de morrer, John Kennedy, então presidente dos Estados Unidos, levanta a possibilidade de uma intervenção armada no Brasil (a intervenção "civil" já estava em curso há muito tempo com maciças verbas, financiamentos de "institutos de pesquisa", cooptação de grande parte da imprensa, de instituições de classe, de lideranças militares, políticas, empresariais e católicas). A possível invasão era fato conhecido, a participação de Kennedy, apesar da imagem "democrática", era óbvia: a novidade é a gravação. Até aqui muitos analistas preferiam atribuir decisão de preparar uma invasão do Brasil, caso Jango resistisse, muito mais ao sucessor de JFK, Lyndon Johnson, que assumiu em novembro de 1963, do que ao marido de Jaqueline. Kennedy morreu mas a frota veio, ficou de plantão no Atlântico Sul, provavelmente acompanhando os acontecimentos e esperando o sinal verde dos generais brasileiros, caso fosse necessário. Este é, aliás, um capítulo igualmente vergonhoso a ser estudado: comandantes das Forças Armadas nacionais prontos para receber de braços abertos uma tropa invasora estrangeira? Não aconteceu, não foi necessária a intervenção militar, e dessa lama extra na história da ditadura o Brasil se livrou. Coincidentemente, os Estados Unidos precisam agora se livrar de um dos símbolos de quase intervenção. O porta-aviões USS Forrestal, que comandava a força invasora e estava pronto para enviar sues aviões para bombardear focos de eventual resistência, vai virar sucata. Por um centavo de dólar, a empresa All Star Metals ganhou o direito de desmontar e vender o navio como ferro-velho. Quando foi enviado ao Brasil, em 64, era o maior porta-aviões americano, o que demonstra que os Estados Unidos vinham preparados para a guerra. A frota da Operação Brother Sam, como foi batizada, incluía ainda seis navios contratorpedeiros, um porta-helicópteros e quatro petroleiros. A operação foi batizada de "Brother Sam". Com um "irmão" como aquele, quem precisaria de inimigo?.
Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
quarta-feira, 8 de janeiro de 2014
50 anos depois... e la nave va: o porta-aviões USS Forrestal, que apoiou o golpe de 1964, vira sucata
2014 marca os 50 do golpe que jogou o Brasil em uma sangrenta ditadura, a partir de 31 de março (ou de 1° de abril, até a data é um engodo) de 1964. Seja qual for, é o dia da vergonha. Nos últimos dias, os jornais repercutem revelação do jornalista Elio Gaspari de um áudio em que, pouco antes de morrer, John Kennedy, então presidente dos Estados Unidos, levanta a possibilidade de uma intervenção armada no Brasil (a intervenção "civil" já estava em curso há muito tempo com maciças verbas, financiamentos de "institutos de pesquisa", cooptação de grande parte da imprensa, de instituições de classe, de lideranças militares, políticas, empresariais e católicas). A possível invasão era fato conhecido, a participação de Kennedy, apesar da imagem "democrática", era óbvia: a novidade é a gravação. Até aqui muitos analistas preferiam atribuir decisão de preparar uma invasão do Brasil, caso Jango resistisse, muito mais ao sucessor de JFK, Lyndon Johnson, que assumiu em novembro de 1963, do que ao marido de Jaqueline. Kennedy morreu mas a frota veio, ficou de plantão no Atlântico Sul, provavelmente acompanhando os acontecimentos e esperando o sinal verde dos generais brasileiros, caso fosse necessário. Este é, aliás, um capítulo igualmente vergonhoso a ser estudado: comandantes das Forças Armadas nacionais prontos para receber de braços abertos uma tropa invasora estrangeira? Não aconteceu, não foi necessária a intervenção militar, e dessa lama extra na história da ditadura o Brasil se livrou. Coincidentemente, os Estados Unidos precisam agora se livrar de um dos símbolos de quase intervenção. O porta-aviões USS Forrestal, que comandava a força invasora e estava pronto para enviar sues aviões para bombardear focos de eventual resistência, vai virar sucata. Por um centavo de dólar, a empresa All Star Metals ganhou o direito de desmontar e vender o navio como ferro-velho. Quando foi enviado ao Brasil, em 64, era o maior porta-aviões americano, o que demonstra que os Estados Unidos vinham preparados para a guerra. A frota da Operação Brother Sam, como foi batizada, incluía ainda seis navios contratorpedeiros, um porta-helicópteros e quatro petroleiros. A operação foi batizada de "Brother Sam". Com um "irmão" como aquele, quem precisaria de inimigo?.
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