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quinta-feira, 9 de junho de 2022

Há cerca de 30 anos a Amazônia foi ameaçada por guerrilheiros colombianos. Manchete foi lá. Agora a região está sob o cerco do crime organizado

 


por José Esmeraldo Gonçalves 

Em 1991, uma dupla da Manchete - o jornalista e escritor Edilson Martins e o fotógrafo Ricardo Beliel - percorreu uma conturbada região da tríplice fronteira amazônica. É área explosiva desde sempre. Na época, as ameaças vinham através da invasão de guerrilheiros colombianos. Manchete acompanhou uma operação militar na selva em busca de invasores que mataram soldados brasileiros. Pouco mais de 30 anos depois, a área, dessa vez no Vale do Javari, está novamente na mídia. O desaparecimento do indigenista Bruno Araújo e do jornalista inglês Dom Phillips repercute no mundo inteiro. Os dois foram ameaçados pelo crime organizado que domina a região, mata ambientalistas e permanece impune: uma mistura de pescadores ilegais, garimpeiros idem, madeireiros criminosos, invasores de terras indígenas e o narcogarimpo, uma perigosa e lucrativa fusão de exploradores de ouro e contrabandistas de drogas e armas. Naquela época, a tropa defendia o território e a soberania do Brasil na região. Hoje, essa soberania parece em risco: o país está perdendo a região para o crime. A política do governo Bolsonaro para a Amazônia incentiva o garimpo ilegal, o desmatamento, estimula o avanço não apenas da destruição como das organizações criminosas que atuam na região, e agrava a impunidade. O desestímulo à fiscalização e o afastamento de indigenistas como o próprio Bruno, que denunciou criminosos, são, na ponta, um indutor da ocupação predatória do narcogarimpo. 

A reprodução dessa matéria circula nas redes sociais. A propósito, Edilson Martins, que fez grandes e memoráveis reportagens para a Manchetepostou o texto que se segue. 

TRÍPLICE FRONTEIRA - BARRIL DE PÓLVORA 
"Sonhos são a noite de gala. A realidade é o luto do mundo."

Este meu texto abria uma reportagem de 8 páginas na revista Manchete. Corria o ano de 1991 e tropas do Exército brasileiro foram atacadas por 45 guerrilheiros das FARCS na região da tríplice fronteira onde agora desapareceram o jornalista inglês Dom Plillips e o indigenista Bruno Pereira da Funai. Três militares foram assassinados e 17 ficaram feridos, nas margens do rio Traíra, na fronteira com a Colômbia, parte da bacia do Solimões.  Foi o único episódio, durante todo o século 20 em que o Exército brasileiro teve seus soldados abatidos por tropas de outro país. Fazia-me acompanhar do fotógrafo Ricardo Beliel, cujas fotos foram premiadas. A região é um barril de pólvora, onde os ingredientes explosivos são ouro, cocaína, cobiça de terras indígenas, madeireiros, e disputas internacionais da geopolítica da região. É uma região conflagrada, envolvendo amaldiçoadas disputas e cobiças internacionais. Vivemos dias de terror.

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Bruno Barbey (1941-2020): "Foi no Brasil que descobri a cor". O fotógrafo da Magnum, que trabalhou para a Manchete nos anos 1970, morreu na última segunda-feira em Vincennes , onde morava, perto de Paris.


Reprodução de matéria de Bruno Barbey para a Manchete.

O rosto e as esperanças dos brasileiros que foram atraídos para a exploração da Amazônia. Sonhos desfeitos anos depois. Reprodução de foto de Bruno Barbey publicada em Manchete. 

Bruno Barbey captou para a Manchete as máquinas que chegavam na Amazônia como parte da ocupação promovida pela ditadura. Ali começava, na verdade, o processo de destruição da floresta, 
hoje brutalmente acelerado. 

O texto de apresentação da reportagem de Bruno Barbey e...


...a chamada de capa d matéria. 


Bruno Barbey em foto de 1967,  da Magnum, publicada hoje no site da agência.


Para quem cobria guerras e revoluções, o Carnaval carioca e a Amazônia devem ter sido uma explosão de cores para as lentes de Bruno Barbey. Fotógrafo da Magnum desde 1964, ele percorreu campos de batalha em Suez, no Vietnã, Bangladesh, Camboja, Nigéria, Irlanda do Norte, Kuwait e Iraque. Registrou como poucos as manifestações de Maio de 68, em Paris. No começo dos anos 1970, Barbey fez uma série de reportagens para a Manchete. Foi integrado à equipe que cobriu os desfiles das escolas de samba, em 1973. No mesmo ano, percorreu a Amazônia com o repórter Joel Silveira. foi à Bahia e fez Iemanjá em Copacabana. A parceria com a revista se repetiu nos anos seguintes. "Foi no Brasil que descobri a cor", é a frase que O Globo reproduz hoje. Bruno Barbey sofreu um enfarte ao 79 anos. Deixa inconclusos um livro e uma exposição sobre o Brasil.

terça-feira, 22 de setembro de 2020

O Projeto Brasil para destruição da Amazônia e do Pantanal



Reproduções Twitter

Se há um projeto que o Brasil está realizando com espantosa e extraordinária competência é o da destruição da Amazônia. 

É uma típica iniciativa público-privada

Acelerou-se dramaticamente, mas teve o seu marco zero no anos 1970. Curiosamente, nas duas pontas, a do começo, naquela época, e a explosão das queimadas e do desmatamento, agora, estão militares. Na primeira etapa, a ditadura assumida; no atual governo, a infiltração fardada que Bolsonaro promove através da farta distribuição de "boquinhas" em todos os escalões do poder. 

Circulam no twitter reproduções de anúncios e reportagens que mostram e exaltam a ofensiva dos governos da ditadura militar para a ocupação da Amazônia. A gorilada no poder temia focos de guerrilhas no imenso e então praticamente inacessível território. A tentativa de instalação de um núcleo revolucionário no Araguaia ligou o alerta para o regime. Aquela guerrilha frágil e incipiente foi logo reprimida, menos com combates e mais com execuções a sangue frio, seguindo-se o projeto de "ocupação" da Amazônia. A Transamazônica,  as vilas rurais, o desmatamento para plantações e projetos agropecuários e de mineração, a represa de Balbina -  que configurou o maior desastre ecológico da época - a tentativa de instalação de fábricas poluentes, como uma, de papel, à beira de rios, tudo isso foi, de forma caótica e desordenada desconstruindo e depredando a floresta. 

O entusiasmo dos empresários, a euforia da mídia e a afluência de "colonizadores" eram exaltados nos jornais, nas revistas e na TV, no programa chapa-branca "Amaral Neto,o Repórter", em forma de anúncios, matéria pagas ou colaborativas distribuídas pela Assessoria de Relações Públicas da ditadura, a famosa AERP. 

Para falar de um tema próprio deste blog, a revista Manchete foi um desses veículos beneficiados, e muito, na divulgação da ocupação da Amazônia. Desde que a Manchete começou a ganhar importância, a partir dos últimos anos da década de 1950, a Amazônia foi um tema recorrente na revista. Foram publicadas centenas de reportagens memoráveis sobre os povos indígenas, os rios e os ribeirinhos, os sertanistas desbravadores e as belezas naturais que, hoje, vistas na coleção digitalizada da revista na Biblioteca Nacional, compõem uma valiosa história da região. Na década de 1970, embora repórteres e fotógrafos abnegados e até apaixonados pela Amazônia continuassem a mostrar e essência da floresta e os riscos que começava a correr, o ecojornalismo da Manchete foi contaminado por interesses comerciais impulsionados pelas verbas do governo e das empresas que disputavam obras na região. A Bloch certamente ganhou dinheiro, mas a submissão ao "Brasil Grande" da ditadura deixou marcas na imagem da revista.

É o que as redes sociais recordam no momento em que a Amazônia arde em fogo.

Por uma questão de justiça, registre-se que após o fim da ditadura a revista voltou à Amazônia (e ao Pantanal, agora também em chamas) com olhar mais crítico. Rios poluídos por mercúrio, ataques de posseiros, fazendeiros e garimpeiros contra índios, fiscais e líderes ambientalistas, como Chico Mendes, ocupação desordenada pelo agronegócio voraz, queimadas e desmatamentos em larga escala foram denunciados pelos repórteres e fotógrafos da Manchete. 

O que acontece nesse momento é. infelizmente, um capítulo ainda mais dramático - apoiado pelo atual governo por omissão, incentivo e ação -, do projeto predatório que o Brasil mantém para a Amazônia. 

Provavelmente até o fim.

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Documentário do Financial Times focaliza a destruição da Amazônia




Após o impacto das queimadas na Amazônia e a cobertura factual da tragédia, a mídia internacional entra na fase dois, a das matérias mais analíticas, aprofundadas, e os documentários jornalísticos como esse, do Financial Times, lançado há poucos dias.

Você pode ver  "How crime drives deforestation in Brazil's Amazon (Como o crime impulsiona o desmatamento na Amazônia brasileira)  AQUI

O Portal Imprensa publica matéria sobre o assunto AQUI

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Amazônia: a política do fogo

Nove entre dez matérias sobre as queimadas na Amazônia destacam que "os incêndios sempre existiram".
É verdade, mas isso não os legitima, claro.
Esquecem de dizer que jamais houve queimadas na intensidade atual e com poder tão grande de devastação. Entre outros motivos está o fato de que até uma década atrás parte expressiva das queimadas era realizada por pequenos ou médios agricultores ou pecuaristas em menores áreas. Atualmente, a maioria dos incêndios é corporativa, por trás estão grandes empresas do agronegócio detentoras de latifúndios em expansão em áreas de florestas nativas. Da mesma forma, embora passivos, nenhum governo ou autoridade teve antes ousadia de apoiar em declarações, medidas e estímulo, a destruição da Amazônia. Bolsonaro, sim. E não está sozinho. Como se viu: governadores do Norte estão fechado com o incendiário na devastação da floresta, consideram o fogo algo sazonal, querem mineração sem restrições e garimpos adoidados, mesmo sabendo que não conseguem combater nem mesmo a mercurização mortal dos rios amazônicos. .

sábado, 24 de agosto de 2019

Mídia - O fogo amazônico demorou a chegar à mesa dos editores...

O jornal Folha do Progresso noticiou a decisão dos fazendeiros de botar fogo na Amazônia.
O "Dia do Fogo", em 10 de agosto, foi o gatilho da devastação. A floresta já queimava havia mais de uma semana quando o Brasil e o mundo despertaram para o crime ambiental que corria solto. 

No dia 10 de agosto, fazendeiros celebraram no sudoeste do Pará o "Dia do Fogo". Foi o gatilho para milhares de focos da maior queimada que a Amazônia já sofreu. Cinco dias antes, o jornal paraense Folha do Progresso noticiou que fazendeiros organizavam a "comemoração". O jornal afirmava que o grupo se sentia "estimulado" pelo discurso de Bolsonaro. As queimadas efetivamente começaram em intensidade inédita e a Amazônia queimou quase em silêncio por mais de uma semana.  No dia 19 de agosto, São Paulo escureceu, fotos da cena apocalíptica foram publicadas em jornais de vários países, e a mídia conservadora brasileira despertou. O gravíssimo crime ambiental saiu do campo de decisão dos editores e se espalhou pelo mundo.

A Época estacionou no sequestro na Ponte Rio-Niterói,
bem longe da Amazônia. Mas a versão digital está cobrindo bem
as consequências das queimadas.


A Veja ainda procura nexo em Bolsonaro, quando lógica é tudo o que o
representante da ultra direita demonstra. Tem, por exemplo, um claro projeto ambiental,
destruidor, mas bem coordenado e articulado há mais de seis meses. 

A Istoé especula sobre uma "rebelião" na tropa bolsonariana. Não há novidade nesse front,
outros ensaios de dissidência aconteceram sem abalar os rumos de ultra direita da nave palaciana.
Amazônia não foi capa da versão impressa e, na digital, a revista tentou provar que os incêndios "estão na média dos últimos 15 anos". Para isso, incluiu Mato Grosso e Pará, onde os focos teriam diminuído e "compensado" aumento expressivo
no Estado do Amazonas, onde fica a porção maior da floresta.

Curiosamente, as versões impressas das três revistas semanais brasileiras ainda parecem inebriadas pela fumaça. Veja, Época e Istoé não escalaram o assunto para capa. Alegar prazos de fechamento é inútil. Cada uma delas teve mais de 48 horas, geralmente o prazo estipulado pelas gráficas para imprimir as edições (em casos de fatos relevantes esse limite pode até ser encurtado). Não dimensionar adequadamente um acontecimento mundial foi decisão editorial. Veja, Época e Istoé impressas saem do episódio com algumas queimaduras.

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Das cinzas da Amazônia...

* O mundo quer saber como os brasileiros foram capazes de eleger anomalias boçais para governar o país. É preciso explicar aos gringos que Bolsonaro teve cerca de 57,8 milhões de votos, Haddad recebeu 47.038.963 milhões.  Acontece que 21,3% se abstiveram, 5,8% anularam o voto e 1,7% teclaram em branco. Bolsonaro foi eleito por uma minoria de desorientados: teve exatos 57.797.466 contra um total de 89.508.828 de votos em Haddad, brancos, nulos e abstenções. Ou seja, Europa, não generalize, por favor. A maioria dos brasileiros está igualmente indignada com a destruição da Amazônia.

* A coluna de Merval Pereira no Globo, hoje, sobre o fogo na Amazônia, poderia perfeitamente ser assinada por Jair Bolsonaro. Merval cita Pequim e Tóquio como exemplos de cidades poluídas com "chuva negra", o que é uma forma de banalizar os efeitos da devastação da Amazônia. Tática aliás, muito usada por Bolsonaro, quando alega que a Europa também destruiu suas florestas. São argumentos do tipo "lá fora também é assim". Merval afirma que Bolsonaro está certo ao dizer que uma reunião do G7 para tratar das queimadas "evoca mentalidade colonialista". Merval faz acrobacias com estatísticas para afirmar que as queimadas estão próximas da média dos últimos 15 anos. Diz que embora no Amazonas e Rondônia os incêndios tenham aumentado, diminuíram no Mato Grosso e Pará. Esquece de dizer que o estado do Amazonas é o maior do país em extensão territorial e é todo ocupado pela floresta amazônica. Merval diz que "o governo brasileiro não se mostra tão avesso à proteção ambiental. O jornalista ignora o desmonte da fiscalização, coisa que nem o governo esconde, o corte de verbas e a ameaça às reservas e a rejeição a verbas internacionais para conservação da floresta. Nada disso é "retórica". Para não passar vergonha total, o colunista encaixa algumas críticas sob aspectos inegáveis do desastre. Mas se até Bolsonaro está apontando fazendeiros como "culpados" e agora chama as queimadas de "criminosas" não é nada demais. O saldo geral do artigo é governista. Carlos Bolsonaro também deve ter gostado.

* Possibilidades de sanções e boicote comercial ao Brasil estão na mesa há vários meses. O governo Bolsonaro criou essa ameaça. Só agora deu medinho nos ruralistas. Pode ser tarde. Supermercados europeus começam a rejeitar produtos brasileiros, a Finlândia estuda proibir importação de carne brasileira. O divulgação dramática do fogo sobre a Amazônia terá grande impacto entre os consumidores.  Se a crise persistir, resistirão os produtos com selos que atestem que sua produção não implicou em destruição de florestas.

* Mas a crise se agravará se a reação do Brasil for apenas chamar líderes de outros países de "idiotas".

* Retórica também não vai ajudar. O mundo exige medidas efetivas contra os criminosos incendiários. O jogo foi jogado.

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Amazônia sobreviverá? Provavelmente apenas nas fotos da Manchete, Realidade, Veja, O Cruzeiro...

Amazônia: o desafio perdido. 
Durante 48 anos, Manchete e Amazônia mantiveram uma intensa relação jornalística.

O interesse e o tipo de cobertura que a revista realizou da maior floresta tropical do mundo passaram por várias fases de abordagem. Nos anos 1950, a Amazônia teve menos espaço na Manchete, talvez porque lançada em 1952 não ousasse  concorrer com O Cruzeiro que fazia matérias antológicas sobre a região, os índios, os desbravadores.

Na primeira década de existência Manchete via o "planeta verde" como "exótico". Mais ou menos a visão que os colonizadores ingleses projetavam sobre a  África.

Nos anos 1960 o tom ainda era de "aventura", com um enfoque nas riquezas e no potencial econômico da região.

Na década de 1970 a cobertura foi ufanística, na maioria das vezes, no embalo dos projetos desenvolvimentistas da ditadura. Manchete aderiu com entusiasmo ao "Brasil Grande", com reportagens muitas vezes mais vexatórias do que jornalísticas.

Na década de 1980 aparecem na revista sinais de consciência ecológica. As reportagens denunciam o drama nas aldeias indígenas e se tornam mais críticas. Agrava-se a destruição provocada pela invasão "desenvolvimentista" do regime militar e pelo avanço indiscriminado do agronegócio, queimadas que consomem imensas áreas da floresta chocam o mundo. Às vésperas da Eco-92, Manchete intensifica as denúncias embutidas em reportagens fotojornalísticas, a marca da revista. O ufanismo é contido pela dura realidade da agressão à floresta. Mesmo as edições especiais geralmente patrocinadas, que ainda tendiam a passar alguma visão otimista, já não escondiam os crimes ambientais.

Na década de 1990, a última da sua existência regular, Manchete abrigou com  ênfase a defesa do meio ambiente.

Nos anos 2000, após a falência da editora, foram publicadas algumas edições sob a responsabilidade de uma cooperativa de ex-funcionários que abordavam a nova e cada vez mais dramática situação da floresta.

Toda essa trajetória foi documentada em milhares de fotos que desapareceram junto com o arquivo que pertenceu à extinta Bloch Editores. Felizmente, essas imagens preciosas, pelo menos aquelas que foram publicadas, podem ser consultadas na coleção digitalizada da Manchete por obra da Seção de Periódicos da Biblioteca Nacional.

É verdade que desde a ditadura militar, a destruição é uma espécie de projeto diabólico de Brasil executado por todos os governos. Houve avanços na era Lula, mas é inegável que o PT também cedeu ao agronegócio e à construção de hidrelétricas sem projetos ambientais efetivos. Lula fazia piadas com a biodiversidade, caso, por exemplo, de um dos argumentos que usava ao ironizar sobre pererecas que interrompiam obras em nome da preservação da espécie. O novo Código Florestal aprovado durante o governo Dilma é desastroso. Mas nesse item de debochar das políticas ambientais, Bolsonaro é imbatível. Principalmente porque, ao contrário das ironias de Lula, suas falas se transformam em ações efetivas de governo atingindo instituições de pesquisa, cientistas, fiscais, áreas de preservação e reservas indígenas. Agora, a guerra do governo contra a Amazônia é total e o mundo começa a reagir com mais força, com corte de verbas internacionais, ameaças de boicotes comerciais à vista e até os primeiros pedidos de futuras sanções reivindicados por grupos ecológicos.

Manchete já não existe para documentar o atual estágio de extinção da Amazônia. No ritmo acelerado de extermínio da sua biodiversidade, a floresta, em um futuro não muito distante, sobreviverá apenas no trabalho de dezenas de fotojornalistas da Manchete, Realidade, O Cruzeiro, Jornal do Brasil, O Globo e Veja.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Em Paris: exposição "Povos da Floresta" reúne fotos de J.L.Bulcão



(do Facebook de J.L.Bulcão)

"Chico Mendes e Frans Krajcberg já não estão mais entre nós. Porém suas idéias pelo direito dos povos da Amazônia e preservação da natureza resistem e são temas cotidianos. Assim sendo, convido a todos que estiverem em Paris a visitarem a minha exposição "POVOS DA FLORESTA" em lembrança dos 30 anos do assassinato de Chico Mendes. O lugar da exposição não poderia ser mais significativo, visto que o Espace Krajcberg é um centro cultural de resistência ecológica. CONFERÊNCIAS + PROJEÇÕES + ATELIERS são organizados pelo Centre Culturel du Brésil, com apoio do Espace Krajcberg e contando ainda com a parceria dos amigos da GUAYAPI, NOSSA!, AUTRES BRÉSILS, MULHERES DO BRASIL e FORNO DE MINAS ! 
Conto com a presença de todos! Compartilhem entre seus amigos!
Vernissage dia 29 de Novembro de 2018 entre 18 e 22hs"

domingo, 10 de setembro de 2017

Ministério Público Federal confirma chacina de tribos na Amazônia

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O Ministério Público Federal confirma que mais de 20 indígenas que viviam isolados no estado do Amazonas foram assassinados por garimpeiros em agosto último. Em maio desse ano, outros 20 indígenas foram mortos no Vale do Javari, no oeste do mesmo estado. O governo federal permanece em processo de letargia diante dessas chacinas.

A cada dia fica mais claro que o Brasil permite e contribui para a acelerada destruição de um patrimônio natural universal.

Governos se sucedem e são incapazes de enfrentar queimadas, máfias ruralistas, de madeireiros, de mineradores e de garimpeiros que infernizam tanto as vidas e a sobrevivência dos indígenas quanto o modo de vida das populações pobres locais. Nada disso parece ser problema para os governos, como esse agora do Temer que, ao contrário, atua para desmontar a legislação que ainda buscava proteger a floresta e seus povos.

O que está acontecendo na Amazônia é genocídio. É crime contra a Humanidade.

Os governos brasileiros e os interesses econômicos e corruptos que os sustentam já provaram repetidas vezes que em poucas décadas completarão sua missão de destruir a Amazônia.

O mundo não pode mais ficar de olhos fechados apenas assistindo a essa imensa tragédia.

A Amazônia tem que ser protegida sob tratados internacionais que obriguem o Brasil a cuidar do maior ecossistema do mundo. Que apoiem com recursos financeiros a preservação, a sustentabilidade e o combate aos criminosos e corporações que destroem a floresta, mas que sujeitem o país a sanções caso insista no seu "programa" de extermínio de povos e espécies da floresta.

Recentemente, diante de comprovação do aumento acelerado do desmatamento, a Noruega cortou metade da verba que destinava para políticas ambientais na região. É um sinal. Qual o país que botará mais dinheiro na mão de políticos brasileiros sem que monitore a aplicação dos recursos para não correr o risco de ver a verba acondicionada em malas em um bunker qualquer?

Você ainda acha que Amazônia pertence aos brasileiros?

Vá lá e diga isso a garimpeiros armados, aos invasores de reservas, aos madeireiros ilegais, aos grileiros.

Você não terá tempo nem de cantar que é brasileiro com muito orgulho e com muito amor.

Nesse ritmo, para ver como era a Amazônia, as próximas gerações terão que recorrer a bibliotecas físicas ou virtuais.

Ou, quem sabe, folhear velhas edições de revistas.





domingo, 16 de abril de 2017

New Scientist: Pesquisadores estudam uso do ayahuasca contra depressão...


Segundo a revista New Scientist On Line, o chá alucinógeno ayahuasca, usado por séculos em rituais religiosos na Amazônia, pode ajudar pessoas com níveis de depressão resistentes aos antidepressivos. Países como Brasil e Peru recebem a cada dia mais turistas em busca de alívio. A revista cita uma pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,que envolveu um grupo de pessoas com depressão. Cerca de metade tomou o chá, enquanto os outros receberam placebo. Os depressivos que tomaram ayahuasca mostraram expressiva melhora. Os pesquisadores alertam que precisam de mais estudos e acompanhamento de mais pacientes para verificar se os efeitos se sustentam por períodos mais longos. O estudo foi compartilhado com a Universidade da Califórnia. A ayahuasca não é a única droga psicodélica que está sendo investigada como um tratamento potencial para a depressão. Os pesquisadores também têm visto benefícios com cetamina e psilocibina, extraídos de cogumelos mágicos, embora psilocibina ainda está para ser testado contra um placebo.
LEIA A MATÉRIA COMPLETA EM NEW SCIENTIST ON LINE, CLIQUE AQUI

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Fogo na mata

Começou a temporada de queimadas. Alguns deputados já tentaram aprovar projetos com pesadas multas, desapropriação de fazendas (como está na lei para terras utilizadas para produção de drogas), corte de crédito. São mecanismos possíveis para combater um duplo crime: destruir a floresta e lançar vastas cargas de CO2 na atmosfera. Mas cadê que os políticos ruralistas, essa estranha aglomeração que tem rumo privado e interesses particulares, nem é governo nem é oposição, vai deixar passar? (Foto: Reprodução/Inpe). Veja mais no site do Inpe. Clique AQUI

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Amazônia


Por falar em Amazônia, post abaixo, visite o site do fotógrafo Ricardo Azoury, que integrou as equipes das revistas Manchete e Fatos & Fotos, e veja imagens de garimpos com esta acima e outros temas. Clique aqui

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A Amazônia é nossa. Ainda


por Eli Halfoun
O Brasil orgulha-se da ainda nossa Amazônia e, embora a Amazônia Legal concentre dez estados, não é neles que a União mais gasta com seu pessoal (os que trabalham, a minoria, e os que não trabalham, a maioria – e bota maioria nisso). Os maiores gastos (77%) da União com pessoal acontecem em Brasília com 60%, seguida do Rio com 17,5%. Apenas 3,98% são “aplicados” em pessoal da Amazônia. Alguns dados importantes: a Amazônia é a região compreendida pela bacia do Rio Amazonas (a mais extensa do mundo), formada por 25 mil km de rios navegáveis em cerca de 6.9 % de km quadrados, dos quais 3,8 milhões de km estão no Brasil. A chamada Amazônia Legal abrange os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, parte do Maranhão e cinco municípios de Goiás. Representa 59% do território brasileiro, distribuído por 775 municípios, onde viviam, segundo o censo de 2002, 20,3% milhões de pessoas (12,32% da população nacional). No tamanho a Amazônia é nossa. Resta saber até quando. Ou seja: o Brasil não pode bobear. Os estrangeiros estão com os olhos cada vez mais compridos. E gulosos.