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sábado, 21 de setembro de 2019

CNN Brasil: o que tem dentro dessa caixa preta jornalística?

O canal CNN Brasil está em construção desde o ano passado. A data de estreia ainda é um mistério. Fala-se em novembro próximo, outros rumores marcam o lançamento para o começo de 2020. Estará na TV paga e em plataforma digital.

Por enquanto, o que chama atenção são as contratações de apresentadores. Na lista estão Monalisa Perrone, Evaristo Costa, Reinaldo Gottino e William Waack. Este último, assumidamente alinhando com a direita, pode ser a pista de um segundo mistério que envolve a chegada do canal: é neoliberal, é ultradireita, é bolsonarista? É isentão?

A CNN americana vende a licença de uso da marca mas aparentemente não se preocupa muito com o que o adquirente fará dela em termos de linha editorial. Isso significa que o jornalismo da CNN original não necessariamente será espelhado pela franqueada. A CNN turca, por exemplo, é chapa branca e apoia o polêmico Tayyip Erdogan.

Há alguns meses, a Agência Pública publicou uma matéria razoavelmente esclarecedora sobre o dono da CNN Brasil e suas conexões políticas. O DNA está lá à vista. Pode ser um pista. Infelizmente os controladores da CNN Brasil não costumam dar entrevistas. E desde a reportagem da Pública nada mais aprofundado foi publicado sobre o novo canal.

Seu jornalismo é caixa preta ainda.

Veja a reportagem da Pública AQUI

sábado, 20 de julho de 2019

Mistério: imagens originais da chegada do homem à Lua desapareceram...



por Flávio Sépia

O Brasil tem fama merecida de não preservar imagens da sua memória. Museus se incendeiam, negativos de filmes se deterioram e arquivos de fotográficos desaparecem. O que existe é graças a abnegados que se dedicam conservar acervos preciosos. Até as pedras lunares que o país recebeu de Richard Nixon sumiram.

Os Estados Unidos, ao contrário, preservam seus arquivos. Mas não todos. Nos últimos dias, você deve ter visto como parte das celebrações dos 50 anos da chegada do homem à Lua a célebre cena de Neil Armstrong descendo a escada do módulo lugar Eagle. É uma reprodução. A site Mashable publica hoje uma matéria sobre o sumiço do tape original. A Nasa designou uma equipe para vasculhar arquivos em busca do material. Não o localizou e concluiu que pode ter se perdido definitivamente ou se deteriorou por ter sido guardado de forma inadequada.

Outra revelação do vídeo do Mashable: as imagens vistas nas televisões do mundo inteiro naquele dia 20 de julho de 1969 não eram, pelo menos diretamente, aquelas captadas pela câmera do módulo Eagle. Por problemas de resolução e codificação na transmissão, a Nasa teve que filmar com uma câmera comum a tela de um dos monitores da sala de comando que recebiam as imagens e assim repassá-la para as televisões.

Acrescento algo que não está no Mashable: as duas Hasselblad que registraram a chegada do homem à Lua, há 50 anos, estão lá até hoje. Logo após Armstrong e Aldrin pisarem no solo lunar, eles retiraram as câmeras do suporte para as filmagens da caminhada. Uma dessas tinha um rolo de filme Kodak fotográfico. Concluído o tour na Lula, os astronautas retiraram filmes e tape e jogaram fora os equipamentos para diminuir o peso da Eagle.

As sete missões da Apollo que foram à Lua largaram 10 Hasselblad na poeira lunar. Se nenhum ET as recolheu, estarão lá à disposição das futuras missões.

É de quem chegar primeiro. 

VEJA O VÍDEO DO MASHABLE SOBRE O DESAPARECIMENTO DAS IMAGENS ORIGINAIS DA CHEGADA DO HOMEM À LUA,
CLIQUE AQUI

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Foi armação! Michel Platini confessa que manipulou sorteio dos grupos na Copa de 1998.

A Copa de 1998, a da França, já entrou para a história da seleção brasileira como uma das mais controversas. A mídia esportiva jamais conseguiu explicar claramente tudo o que aconteceu na concentração poucas horas antes da final e no vestiário do Stade de France, a minutos da bola rolar.

Talvez só Arséne Lupin, do escritor Maurice Leblanc, fosse capaz de desvendar o mistério.

O choro e a convulsão de Ronaldo, os relatos dramáticos do seus companheiros de quarto, o atendimento de urgência em hospital, sistema de som do estádio anunciando a escalação de Edmundo, os jogadores que não aparecem em campo para o aquecimento, Ronaldo surpreendentemente confirmado e, finalmente, a apatia do camisa 9 e o apagão do time em campo.

Claro que Zidane & Cia jogaram muito naquele 12 de julho, mas o jornalista italiano Stefano Barbetta definiu a postura de Ronaldo em campo como a de um "ectoplasma ambulante" e escreveu no livro "La Biblia dei Mondiale" que patrocinadores da seleção o constrangeram a jogar. Barbetta ainda registra o que chamou de "alheamento" dos demais jogadores brasileiros, preocupados com as condições de Ronaldo.

Pois 20 anos depois a Copa do "mistério" acaba de ganhar mais uma controvérsia. O ex-jogador Michel Platini, que era co-presidente do Comitê Organizador da Copa de 1998, confessou hoje que manipulou o sorteio dos grupos para impedir que a França cruzasse com o Brasil antes da final. "Quando organizamos o calendário, fizemos um pequeno truque", disse. A notícia está no Diário de Notícias, de Lisboa.

Platini não detalha o método usado para falsificar o sorteio. Uma pista: em 2016, o ex-presidente da Fifa Joseph Blatter deu uma entrevista ao "La Nacion", da Argentina, confirmando o uso bolas quentes e frias em sorteios de competições de futebol. Não convenceu quando afirmou que na Fifa isso não acontecia, mas revelou a jogada. "As bolinhas são colocadas antes na geladeira. A mera comparação entre umas e outras com o toque determina as bolas frias e quentes. Quando tocamos, sabemos o que é".

Com a manipulação de Platini, a França acabou campeã - mereceu, apesar da ajuda. Pena que o Brasil foi à final para ganhar a "taça" do vexame. Melhor seria ter sido eliminado com dignidade uma semana antes, quando ficou no 1x1 contra a Holanda e foi salvo na decisão por pênaltis.

O Brasil é penta, vai tentar o hexa, mas é tri em vexames em Copas: o maracanazzo de 1950, a desastrada escalação de um jogador que praticamente saiu da emergência de um hospital para calçar as chuteiras, em 1998, e o time-zumbi massacrado pela Alemanha no pastelão do 7X1 de 2014.

Que a Rússia poupe a seleção de Tite dos "dribles da vaca" da história... 


segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Mistério: Eike Batista não se separa de um travesseiro branco. Conforto? Insegurança? Mensagem cifrada? Lembra o Linus, dos quadrinhos de Charlie Brown, com seu cobertor-amigo




Foto/Reprodução EXTRA


Foto/Reprodução NOTÍCIAS AO MINUTO

Reprodução Web

Reprodução Web

por O.V.Pochê 

A mídia agitou-se nessa manhã de segunda-feira com a chegada de Eike Batista ao Brasil e sua prisão pela Polícia Federal. Repórteres de todos os veículos estão ralando em um dia de muito trabalho. Além da cobertura profissional, fotos e vídeos feitos por passageiros começam a aparecer nas redes sociais.

Há um detalhe misterioso que me intriga desde o desembarque do empresário até sua chegada ao presídio. E não são os cabelos raspados, procedimento rotineiro nessas ocasiões.

É um travesseiro, do qual o detento não se separa em todas as imagens.

Linus e seu cobertor-amigo. Reprodução
Pode haver várias explicações. Ele estaria se precavendo para o desconforto dos beliches de cimento das celas brasileiras? Compreensível. O fato de abraçar a almofada branca poderia ser uma busca de um amparo psicológico, como o cobertor do personagem Linus, dos quadrinhos de Charlie Brown?

Ou Eike está querendo passar uma mensagem cifrada, a de que vai se defender e justificar seus atos e, até lá, está tranquilo a ponto de deitar a cabeça no travesseiro e dormir, apesar das duras circunstâncias? Ou quer sugerir aos demais envolvidos que consigam seus próprios travesseiros para os dias difíceis que virão?

A psicologia tem um nome para o apego de certas crianças ou adultos a paninhos, cobertores ou o travesseiro-amigo. São chamados de objetos transicionais. Eles podem amenizar a insegurança diante de um ambiente novo, por exemplo. É como se você tivesse a ilusão de que está levando para o desconhecido um pouco da sua própria zona de conforto.

As imagens de hoje dão o que pensar. O homem dos jatinhos, dos iates, dos Porsches e Lamborghinis, das mansões e dos milhões, parece ter hoje em um simples travesseiro, no momento, o seu bem mais precioso.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Memórias da redação: Há 40 anos, morria JK. Ficaram a história e dois grandes mistérios ligados à Manchete...

Há 40 anos, no dia 22 de agosto de 1976, um domingo, todos os repórteres da Manchete e Fatos & Fotos foram convocados às pressas para ir às redações, na Rua do Russell, onde diretores e editores das revistas iriam distribuir pautas para a cobertura da morte, velório e enterro de Juscelino Kubitscheck. Tudo era urgente, estavam previstas edições especiais que deveriam ir para as bancas em cerca de 48 horas.
Com o país sob o impacto da morte do ex-presidente em um acidente na Via Dutra, as tiragens se esgotaram. Quatro décadas depois, em tempo de Rio 2016 e turbulências políticas, a data não foi registrada pela mídia. JK é história, seu legado político já foi visto e revisto.
O que não se desvendou foram certas e misteriosas circunstâncias que cercaram seu velório no antigo prédio da Manchete. Os jornalistas Carlos Heitor Cony e José Esmeraldo Gonçalves descrevem, abaixo, os estranhos e insondáveis compassos da marcha fúnebre do ex-presidente na madrugada de 23 de agosto no hall do prédio da Manchete. São dois os mistérios: um envolve um surpreendente terceiro caixão que chega à rua do Russell mas se perde na madrugada. O outro levanta a suspeita de uma inesperada troca de caixões.


A edição especial da Fatos & Fotos e as equipes que cobriram o acidente, velório e enterro de JK.
(Clique na imagem para ampliar)



JK: O MISTÉRIO DO RABECÃO SEM RUMO

por Carlos Heitor Cony (*)


No dia 22 de agosto de 1976, fui com o Murilo Melo Filho ao Instituto Médico Legal no Rio de Janeiro, levar o recado de Sarah Kubitscheck, que desejava que  o velório do seu marido acontecesse no hall do edifício da Manchete, uma vez que o Museu de Arte Moderna, no Aterro do Flamengo, fora o local prévia e e apressadamente escolhido. No carro da empresa, ao passarmos pelo MAM, Murilo e eu vimos pessoas varrendo o enorme hall do térreo e cuidando dos primeiros preparativos para o velório.
Chegamos ao IML O carro com o logotipo da Manchete chamou a atenção da reportagem. Queriam saber o que dois diretores da revista estariam fazendo ali. Evidente que não estávamos ali como jornalistas, mas como emissários de Sarah às autoridades do Instituto sobre as últimas providências a respeito do velório e do traslado no corpo de JK para Brasília.
O repórter Tarlis Batista, o mais furão e devastador que conheci, valeu-se da condição de colega, afastou-se dos demais repórteres e quis saber o que nos levara até lá. Pertencendo a uma revista semanal, não furaria ninguém, nem rádio, TV e jornais que sairiam no dia seguinte. Se fôssemos raptar o corpo de JK ou verificar se ele havia mesmo morrido, Tarlis só poderia dar o furo depois de toda a mídia ter furado o furo dele.
Para resumir, disse que Sarah pedira que o corpo de JK e do motorista, Geraldo, fossem levados ao hall da Manchete, apenas isso. Até aí, a responsabilidade desse relato é minha, Carlos Heitor Cony, brasileiro, portador da carteira de identidade número tal etc.
Entra agora o espírito de porco do vidente cego Allan Richard Way. Ao ouvir o que lhe comunicara, Tarlis disse o famoso "deixa comigo", expressão generalizada em todo o mundo ocidental, mas que parece ter sido inventada por ele. E sumiu na multidão que se espremia na calçada do IML.
Subimos, Murilo e eu, atravessamos corredores sinistros, embaciados por lâmpadas mortiças que iluminavam corpos e pedaços de corpos. Fomos à sala onde estavam o genro do ex-presidente, Rodrigo Lopes, e o médico Guilherme Romano, cuja presença ali me causou tamanha estranheza que, anos depois, me levaria a escrever um livro com a repórter Anna Lee (O Beijo da Morte, Objetiva, 2004). Neste livro, colocamos em questão as diversas versões sobre a morte de JK, embora não assumindo nenhuma delas por falta de provas realmente comprovadas.
Demoramos no IML cerca de 15 ou 20 minutos.Ao sairmos e entrarmos no carro da Manchete que nos esperava, notei que o rabecão do próprio IML descia por uma das rampas laterais que dão para a Avenida Mem de Sá. Espantei-me ao ver Tarlis na boleia, ao lado do motorista. Com largos e enérgicos gestos, batendo com a mão na lataria da porta do veículo, como se marcasse o compasso imaginário de uma ordem policial, ele mandava que o pessoal ali aglomerado abrisse passagem para a viatura, tinha pressa: ele só realizava grandes missões e todas elas tinham pressa.
Na manhã de 23 de agosto de 1976, filas se formam
em frente ao prédio da Manchete para
o adeus a JK.
Reprodução da edição especial de Fatos & Fotos.
Nâo dei importância a Tarlis estar na boleia do rabecão. Já o vira em condições e situações mais transcendentes. Conhecia todo mundo em todos os lugares, diziam que ele comera a atriz Bo Derek e que o Julio Iglesias só fazia o que ele mandava, fora o único jornalista brasileiro que tivera acesso a Frank Sinatra na suíte ocupada pelo cantor no Rio Palace, hoje da rede de hotéis Sofitel. Nada demais que arranjasse carona num rabecão que ia para onde ele desejava ir naquela noite.
Murilo e eu voltamos a Copacabana para dar conta a d. Sarah de que havíamos transmitido sua vontade ao genro, que ali representava a família de JK. Ao passarmos pela Manchete, cerca de 3 horas da manhã, mesmo estando numa pista distante da portaria, vi que havia um rabecão e movimento de caixões. Confesso que não vi Tarlis, mas o adivinhei nas proximidades, ele sempre se anunciava à distância, como os tornados e as baterias das escolas de samba.
Confesso também que tive uma suspeita cruel, uma suspeita formidável, mas nada disse ao Murilo, que estava tenso e comovido com os últimos acontecimentos, que mexiam tão de perto com ele, amigo íntimo de longa data de JK.
Horas depois, voltei sozinho para a Manchete, levando dinheiro para comprar panos pretos a fim de montar no hall alguma coisa parecida com aquilo que os franceses chamam de les pompes funèbres. Dei o dinheiro ao Marechal, continuo especial do Adolpho, que percorreu as lojas da Rua do Catete, que esgotaram todos os estoques de panos pretos.
Armaram duas urnas simples, sem qualquer suntuosidade, cobriram com os panos pretos, que também foram espalhados aleatoriamente pelo hall, e o velório já estava em processo, com pessoas chorando junho aos caixões, inclusive Tarlis, que a lenda garante que estava chorando no caixão errado (era o único que não podia fazer isso).
Por volta das 5 ou 6 horas da manhã, o dia amanhecendo já com bastante gente espremida no hall e outras chegando, inclusive Elio Gáspari, vi entrar, em marcha lenta, um rabecão do IML Por Júpiter! Poucas vezes vi tamanhas caras de estupefação. Tanto o motorista quanto o ajudante que ia ao lado dele olhavam pasmos o velório em marcha, os dois caixões sendo pranteados, tudo nos modos e cômodos de um velório pungentemente sofrido e chorado.
O rabecão quase parou na porta principal, mas os funcionários do IML vendo, como Cristo, que tudo estava consumado, decidiram ir embora, levando a carga não sei para onde - acredito que nem eles sabiam. Pegaram o retorno da Rua Silveira Martins com a praia, junto ao Palácio do Catete, passaram em marcha lenta do outro lado da pista, vi ainda a cara pasmada do motorista olhando para o hall e não querendo acreditar no que via. Como os motoristas de ônibus que atropelam transeuntes e se evadem. O rabecão tomou rumo ignorado.
Não ouso acrescentar mais nada, tampouco concluir. Perdi contato com o vidente cego Allan Richard Way, de maneira que no momento em que lembro esses fatos não posso consultá-lo.


Os caixões de JK e Geraldo Ribeiro eram absolutamente iguais. Reprodução da edição especial de Fatos & Fotos


SURGE A DÚVIDA: QUEM GARANTE QUE O CAIXÃO 
DA ESQUERDA É MESMO  O DE JK? 


por José Esmeraldo Gonçalves (**)


Morre Juscelino Kubitschek no famoso acidente de carro da Rodovia Dutra. Domingo, fim de tarde, João Luiz Albuquerque, chefe de Reportagem da Manchete, convoca todos os repórteres. A notícia acabara de ser confirmada. Estavam previstas edições especiais da Manchete e da Fatos&Fotos. Cheguei à Redação, ouvi as instruções e logo fui às ruas conversar com políticos, gente que trabalhou com JK e alguns dos seus melhores amigos, como Oscar Niemeyer. Creio que já passava da meia-noite quando voltei ao Russell. Era madrugada de 23 de agosto de 1976. Havia uma agitação no hall do prédio. Tudo estava sendo preparado para o velório de JK e de seu motorista, Geraldo Ribeiro, que também morreu ao volante do Opala, mas logo ouvi que tinha uma pedra no meio do caminho. Niomar Muniz Sodré queria que o velório fosse no Museu de Arte Moderna, instituição que presidia. Briga de foice na madrugada pela honra de sediar as exéquias de JK. A Manchete tinha um repórter que, em campo, era um trator. Era Tarlis Batista, que tinha uma característica: era “entrão” e, pelo seu temperamento, desempenhava as missões mais difíceis. Se o acesso a determinado evento era proibido, melhor escalar Tarlis. Ele dava um jeito de furar esquemas e resistências. Era brigão também. Bom repórter. Claro que o saudoso Tarlis foi enviado ao IML, onde o corpo de Juscelino era preparado. Àquela altura, a disputa pelo velório já chegara às portas do Instituto Médico Legal. Pressões políticas, uma palavrinha de amigos influentes, valia de tudo. Murilo Melo Filho, então um dos mais importantes diretores da Bloch, contou recentemente ao repórter Timóteo Lopes do antigo site No Mínimo, que naquela madrugada teve até que subornar funcionários para apressar a liberação do corpo de JK. Adolpho Bloch que, no período em que JK era persona non grata dos poderosos, o recebeu e o abrigou no prédio do Russell, montando um gabinete onde o ex-presidente pudesse se dedicar a escrever e receber amigos, fazia questão de se despedir do velho amigo na casa que foi sua referência derradeira. Tinha razão. Se Murilo e Cony, que também foi ao IML, se encarregavam do trabalho, digamos, diplomático, usando luvas e persuasão para resolver o impasse, cabia a Tarlis meter o pé na porta. E foi o que ele fez, atropelando os procedimentos e convencendo uns e outros a queimar etapas no ritual legal. Na madrugada, com o Russell ainda com pouca gente, praticamente só os funcionários da Bloch, uma Kombi estaciona na porta principal do prédio. Sentado ao lado do motorista, Tarlis dava as ordens. “Encosta mais e vai mais à frente, meu irmão, assim fica melhor para desembarcar o caixão”, comandava. Esse era Tarlis. Na Kombi, vinha o corpo de JK. Não sei se havia um segundo veículo trazendo o caixão do Geraldo ou se os dois vinham juntos. Sob as ordens de Tarlis, os caixões de pinho envernizado, absolutamente iguais, foram desembarcados e dispostos lado a lado. JK à esquerda, seu motorista e fiel amigo à direita. O impacto atingira bastante a parte superior dos corpos. Os dois caixões estavam cobertos de cravos vermelhos que formavam desenhos idênticos. A Fatos&Fotos publicou uma foto de d. Sarah e de Márcia Kubitschek ao lado do caixão fechado. As fotos, na época, não mostram os rostos, nem de JK nem de Geraldo. A manta de flores que cobria os caixões também tinha um detalhe semelhante: uma cruz de cravos brancos. Aparentemente, não havia como distingui-los. A dúvida era pertinente. Quem garantia que o caixão da esquerda era mesmo o de JK e o da direita, do Geraldo? Só o afoito e competente Tarlis, que comandara a ruidosa expedição de resgate desde o IML. Daí nasceram a hipótese e a especulação jamais esclarecidas. O próprio Cony já levantou essa bola em uma das suas crônicas na Folha de S.Paulo sob o título Coisas que Acontecem, publicada em 4 de junho de 2005.
Estou levantando outra. O posicionamento dos caixões semelhantes e sem clara identificação foi aleatório? Apenas convencionou-se, na pressa, ali no Russell ou à saída do IML, qual era o ataúde que abrigava JK? Do prédio da Manchete, o corpo de JK foi levado ao Aeroporto Santos Dumont, de onde, com escala no Galeão para troca de avião, foi transportado ao Campo da Esperança, em Brasília. Anos depois, os restos mortais tidos como os de JK foram exumados e levados para o Memorial, onde permanecem em uma urna de mármore negro. Curiosamente, nenhum membro da família Kubitschek, segundo apurou o jornalista Timóteo Lopes, esteve presente à exumação. Já o corpo de Geraldo foi enterrado no Cemitério São João Batista, no Rio, e, depois, exumado e levado para Belo Horizonte. Eis o mistério. Como diz Cony na sua crônica, “quem quiser que acredite”. Quem cobriu ou acompanhou o enterro de JK sabe que a pressa e o afobamento marcaram a cerimônia.
À ditadura não interessava que o enterro de um líder cuja influência já parecia ter sido contida pelas fórmulas autoritárias - incluindo-se aí o exílio, a cassação e as ameaças de morte - se transformasse em manifestação política contra o regime. De fato, policiais fardados e à paisana, infiltrados no meio da multidão no percurso entre o prédio da Manchete e o Aeroporto Santos Dumont apressavam ostensivamente o cortejo. A ordem, assim parecia, era fazer o séquito bater algum tipo de recorde de velocidade e chegar logo ao aeroporto rumo a Brasília. Para os militares, o perigo era o Rio, o tambor que repercutiria bem mais que qualquer protesto político na capital federal. Foi tamanha a pressa que não foi permitido aos funcionários da Manchete estender sobre o caixão a Bandeira Nacional. Acabei tendo uma participação casual nesse episódio. O cortejo saiu, ou disparou, e à altura do Hotel Glória um dos motoristas da Manchete me pediu que entregasse ao sobrinho de Adolpho, Pedro Jack Kapeller, o Jaquito, um envelope pardo.
Cortejo de JK. Reprodução

Era a bandeira. Por várias vezes, tentei me aproximar do caixão. Um cordão policial e a multidão compacta me impediram. Além disso, era impossível naquelas condições localizar Jaquito.
Quando o cortejo já se aproximava do Aterro do Flamengo, decidi furar o cordão de policiais de qualquer jeito ou JK chegaria ao aeroporto desbandeirado. Foi o que fiz. Rasguei o envelope, desdobrei a auriverde e lancei-a sobre o caixão. O que era para ser um simples favor ganhou pompa e circunstância. O cortejo parou e a multidão cantou o Hino Nacional.
A cena virou notícia dos jornais O Globo e O Estado de S.Paulo. Para quem tem uma biografia que cabe em poucas linhas, como este que vos fala, o episódio já é alguma coisa. É isso: se a História não me registra, nem deve, eu deixo registrado aqui esse episódio. A morte e o enterro de JK resultaram em uma edição especial da Fatos&Fotos que nos custou pouco mais de vinte e quatro horas de trabalho ininterrupto. Saímos cansados do Russell, com a satisfação de colocar uma revista nas ruas, e fomos parar no bar do Novo Mundo, point de incontáveis happy hours.

(*) (**) Textos extraídos do livro Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou - Desiderata, 2008)

terça-feira, 24 de maio de 2016

História: o mistério da Sala de Âmbar, o tesouro imperial de 500 milhões de dólares que os nazistas roubaram da União Soviética


A revista National Geographic já fez um documentário sobre o mistério do Sala de Âmbar. E, há pouco dias, o Daily Beast abordou o assunto.

Historiadores, pesquisadores caçadores de obras de arte perdidas não desistem e há décadas tentam localizar um tesouro artístico avaliado em mais de 500 milhões de dólares. Até agora, em vão.

Não há pistas sobre o paradeiro da Sala de Âmbar, uma obra criada pelo escultor Andreas Schlüter e instalada em 1709 no palácio do rei da Prússia, Frederico I, após oito anos de trabalho. Logo depois da Segunda Guerra Mundial, especialistas em arte reviraram os escombros da Alemanha em busca do conjunto de esculturas e revestimentos em ouro, mosaicos em âmbar e pedras preciosas, em um total de seis toneladas, que cobria a sala do chão ao teto.

Em 1716, ao subir ao trono, Frederico II doou a Sala a Pedro, o Grande, da Rússia, como um símbolo da paz entre os dois países e para comemorar a aliança de ambos contra a Suécia. O tesouro foi, então, transferido para o Palácio de Inverno do czar, em São Petersburgo. Em 1755, a família real o levou para o Palácio Catarina, em Pushkin, a 20 quilômetros da então capital do império russo. A Sala de Âmbar ali permaneceu por quase dois séculos.

Em 1941, os nazistas invadiram a União Soviética. Os soviéticos tentaram desmontar a sala para escondê-la. Fizeram isso, com sucesso, com vários dos tesouros artísticos do país. No caso da Sala, tiveram que interromper o trabalho diante do risco de destruir os delicados painéis. Na pressa - as tropas de Hitler se aproximavam - apenas forraram as paredes com papel e  madeira em uma tentativa desesperada de salvar o tesouro histórico.

Como aconteceu em outras invasões, os nazistas tinham brigadas encarregadas de recolher peças de arte públicas e particulares e levá-las para a Alemanha. Da URSS, eles queriam, principalmente, a Sala de Âmbar, que foi desmontada, embalada e enviada para o Castelo Königsberg, onde foi vista pela última vez, no começo de 1944.  Em abril de 1945, as tropas soviéticas invadiram o castelo, que sediava um quartel, mas já não encontraram as peças de âmbar e ouro, que estariam encaixotadas no subsolo da antiga fortaleza.

O mundo perdeu o rastro da Sala de Âmbar. Restaram apenas algumas teorias sobre o seu desaparecimento: teria sido destruída em bombardeios da aviação aliada; estaria escondida em um túnel ou mina abandonados; soterrada nas ruínas de um antigo bunker nazista; ou jaz no fundo do mar, desde o naufrágio do navio que transportava o tesouro para um local seguro, às vésperas do fim da guerra..

Para aumentar o mistério, um dos mosaicos da Sala apareceu durante um leilão na Europa, há dez anos. O fato animou os pesquisadores. Mas, supostamente, a peça havia sido roubada por um soldado nazista, quando a caminho da Alemanha, e estava em poder de sua família.

Em 1979, os soviéticos começaram a reconstruir a Sala de Âmbar, com base em fotos. O projeto levou 24 anos, foi concluído já após a queda do comunismo graças a doações milionárias da Alemanha. A réplica é fiel, apesar da enorme dificuldades para localizar artesãos capazes de reconstituir as peças em âmbar, um arte quase esquecida, talvez não seja tão rica quanto a original mas, pelo menos, está à vista em Pushkin.
LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO DAILY BEAST, AQUI


VEJA O DOCUMENTÁRIO DA NATIONAL GEOGRAPHIC SOBRE A SALA DE ÂMBAR, CLIQUE AQUI

segunda-feira, 2 de março de 2015

Mistério: as luzes do planeta Ceres



A Nasa liberou fotos do planeta Ceres que mostram brilhos e reflexos até agora não explicados. Segundo a agência, os cientistas estão "perplexos" com o fenômeno. As fotos foram feitas pela sonda Dawn em órbita de Ceres. Fotos: NASA