sábado, 26 de março de 2016

Seleção Brasileira: sete minutos de puro pânico

No esperado duelo Neymar contra Suárez, deu o uruguaio, que marcou um gol e ajudou a arrancar um empate. Foto Rafael Ribeiro/CBF
por Onotonio Baldruegas
O jogo parecia sob controle: 2 x 0, com o Uruguai ameaçando relativamente pouco o gol do Brasil. Mas os torcedores já aprenderam a duras penas que nada disso é garantia de maré mansa. A bola virou. Já no começo do segundo tempo, a seleção brasileira parecia fora da tomada.

Mas o pior estava por vir, e não foi apena o empate, o frustrante resultado final. Foram os sete minutos de pânico após o gol marcado por Cavani.

Relembrando versos de Chico Buarque (mesmo correndo o risco de ser apedrejado pela SS das ruas),  "e do amor gritou-se o escândalo / Do medo criou-se o trágico /
No rosto pintou-se o pálido / E não rolou uma lágrima / Nem uma lástima / Pra socorrer...

"Meus amigos", como diria Nelson Rodrigues, "eu ví o pânico de chuteiras".

Durante intermináveis minutos, a seleção perdeu a linha, bateu cabeças, foi envolvida pela Celeste e recebeu cartões amarelos ( Neymar e David Luís do próximo jogo, contra o Paraguai, em Assunção). Muitos devem ter conferido o placar, no alto da imagem da TV, para ver se por acaso marcava #seteaum. Aquelas camisas amarelas descontroladas remeteram ao pesadelo da última Copa. Tá bom, a hastag é exagerada. Não houve um prejuízo daqueles, ao contrário, o Brasil saiu no lucro com o empate. O Uruguai esteve bem perto de marcar o terceiro gol graças a um inacreditável toque de cabeça de David Luis para Suárez. O jogo chegou ao fim com o Brasil olhando mais o relógio do que a bola.

A seleção abusou tanto da troca de passes pro lado que vale lembrar uma observação João Saldanha: se a trave fosse na lateral do campo, o Brasil tinha goleado. Saldanha dizia isso nos anos 80, uma década em que o Brasil não chegou a uma final de Copa (nos 50 foi vice e campeão, nos 60 bi, nos 70 tri, nos 90 campeão e vice, nos 00, campeão). Nos anos 30, o melhor resultado foi um terceiro lugar em 1938).

A maioria dos jornalistas esportivos diz que a seleção é dependente de Neymar. Pode ser. Mas se for, é melhor Dunga inverter os eletrodos. Até aqui, ele pensa no time com Neymar e improvisa quando Neymar se ausenta. Melhor fazer o contrário: montar um time sem Neymar e encaixar o jogador quando este não estiver suspenso, machucado ou não liberado pelo Barcelona. Vai fazer mais sentido.

Por volta dos 40 min do segundo tempo, a câmera enquadrou Suárez, em close. O uruguaio, que correu o tempo todo, estava ofegante, parecia até muito cansado. Em seguida, entrou Neymar no foco da TV. Talvez seja coincidência, mas o brasileiro parecia respirar com a serenidade de um monge budista. Vai ver estava com a consciência do dever cumprido e  já resignado por não precisar ir ao Paraguai. O que não o impediu de, ao fim do jogo, tentar tirar satisfações com o adversário
Para cobrir as ausências de Neymar, Dunga convocou Gabriel, do Santos, e o zagueiro Felipe, do Corinthians.

De imprevisto em imprevisto, ele vai acabar seguindo linhas tortas que podem levar a um melhor caminho.

4 comentários:

Rian disse...

Essa geração está perdida. Não tem estabilidade emocional. Nem o Neymar. O Brasil vai ter que esperar a próxima geração. Já era.

Peixoto disse...

Os brasileiros milionários que jogam na Europa estão cagando pra seleção. Ora eles e pé no saco. Não tem a garra de um Suarez. Se for inteligente Dunga usa mais jogadores daqui e um ou outro desses folgados e antes perguntando se estão a fim.

Mello disse...

Neymar tomou cartão e já caiu no samba no sábado. Cartaozinho que o coelhinho da páscoa deu de presente

Rossi disse...

Neymar é um craque. Mas está mais do que claro que prejudica a seleção. O treinador, seja quem for, treina em coletivos, explica táticas para um time com Neymar. Aí ele joga uma partida e sai fora seja por cartão ou contusão (na maioria causadas porque prende a bola demais). Não vale a desculpa de que joga no Barcelona e quando chega aqui tem desentrosamento. Messi e Suárez sofrem o mesmo problema e são muito mais úteis nas suas seleções.
Concordo com Mello, o Brasil pode desistir da geração 7x1 (sei que Neymar não estava naquele jogo mas lembro que o Brasil teve problemas sérios em todos os jogos daquela copa).