quinta-feira, 31 de março de 2016

O jornalismo, e outras atividades, como meros ativos financeiros...

por Flávio Sépia
Sites especializados em jornalismo há muito discutem a crise da mídia. O nó econômico e a busca de identidade diante dos novos meios são temas onipresentes em todos os debates. 

Juntas, as duas crises custaram empregos. 

Muitas dessas discussões apontaram indícios - com base em informações internas até de diretores que foram defenestrados -, de que grandes corporações estavam faturando mais com os seus operadores financeiros do que com a atividade fim. A política de alta dos juros, não por acaso defendida e exaltada por veículos da velha mídia e seus colunistas, tornou rentável às empresas cortar pessoal e liberar caixa para investimentos especulativos no Brasil e no exterior. 

Produzir pra que? 

Os balanços financeiros do setor, que começam a vir a público - e não por vontade dessas empresas mas por exigência da lei - revelam que essa mudança de foco está em vigor. Juros altos constroem a recessão e, ao mesmo tempo, fabricam fortunas. Trata-se de uma política que se exauriu na Europa, por exemplo, que hoje revisa o falso dogma para sair do modo "patinação" ao qual está presa desde 2008. 

Por aqui, o complexo político-especulativo não está feliz com o Conselho Monetário que tirou ligeiramente o pé do acelerador da taxa de juros que pune produtores e favorece traficantes de liquidez. 

Já ouviu falar no plano "Ponte para o Futuro"? Trata-se de uma pinguela para o passado neoliberal proposta pelo provável futuro governo do PMDB. Defende arrocho na Previdência, nas aposentadorias, no salário mínimo, elimina vinculações do orçamento para saúde e educação, retoma a privatização na bacia das almas, lança um rolo compressor sobre os recursos para programas sociais e prega a relativização da legislação trabalhista para fragilizar trabalhadores. Como consequência, a desigualdade social aumentará. Mas quem se preocupa com isso se a engrenagem especulativa vai girar mais rápido?

Não é surpresa, portanto, que grupos de vários setores, hoje beneficiários de taxas de juros astronômicas, conspirem para um golpe que, em seus fundamentos anunciados, tornará seus doces mundos financeiros em paraísos de delícias inenarráveis.

Infelizmente, a imensa maioria da população não terá acesso a esse universo encantado. 

O porteiro vai te barrar. 

E não adianta nem vestir a camisa amarela que você suou nas ruas. 
 

Um comentário:

Corrêa disse...

No tempo do over night e o crescimento era baixo. Só especulação. No tem de FHC, poucos lembram, a mídia não deixa, o crescimento era mínimo e a especulacao alta juros idem.