sexta-feira, 11 de março de 2016

E se o golpe se consumar?


Reprodução/Tijolaço
por Nilson Lage (no blog Tijolaço)
O golpe sai às ruas neste domingo - e já está tecnicamente dado.
Faltam detalhes e a certidão.
Se consumado, o Brasil voltará às mãos de quem sempre o infelicitou.
Doutores, bacharéis, sebosos letrados.
Picaretas provincianos.
Clérigos enriquecidos.
Mauricinhos e dondocas.
Mervais, Constantinos, Olavos e Ataulfos.
Radicais de esquerda.
Pelo que se vê na Argentina, a primeira medida será queimar os US$ 370 bi de reservas e pedir mais outro tanto emprestado, com juros elevados que ninguém no mundo paga.
Dólar barato, ponte aérea para Miami, Los Angeles e Nova York.
Campanhas de alerta quanto ao perigo do imperialismo chinês e do neocomunismo russo.
Encolher a Petrobrás até sumir. Entregar as reservas do pré-sal às empresas anglo-americanas.
Parar Belo Monte e qualquer obra que implique incorporação econômica da Amazônia ao Brasil.
Entregar para não integrar.
Alinhamento automático com a "pujante economia do Ocidente".
Forte transferência de recursos públicos para os oligopólios de mídia.
Concentração das acusações de corrupção em pessoas e empresas ligadas de alguma forma ao governo nos últimos anos.
Fim do emprego, corte dos "privilégios trabalhistas", regulação do trabalho pelo Código Civil. Toda força à negociação sindical por empresa. Congelamento do salário mínimo.
Aplicação dos recursos orçamentários para educação e saúde via empresas privadas do ramo, na forma desregulamentada de "organizações sociais". Fim da gratuidade no ensino superior.
Algumas coisas serão oferecidas à esquerda: expansão das áreas ocupadas por "nações" indígenas, reflorestamento de áreas agriculturáveis, combate aos agrotóxicos, contenção do agronegócio, subsídio a atividades culturais selecionadas (filmes, peças de teatro, festivais ), apoio às minorias culturais e tolerância com comportamentos incomuns - qualquer coisa, por mais crítica que seja, desde que não envolva conflitos de classe social. Dessa perspectiva, ampla liberdade.
As forças armadas poderão comprar, se quiserem, brinquedos bélicos de último modelo e talvez sejam admitidas em campanhas secundárias em guerras que virão em breve. Por ora, cuidarão do contrabando de fronteira.
Com o dinheiro dos empréstimos, haverá forte incentivo ao consumo e à importação de bens sofisticados, embelezamento das cidades e clima de euforia nos lugares mais visíveis.
Até se completar o ciclo.

2 comentários:

Wilson disse...

A lógica do golpe é a de sempre. Aconteceram as ditaduras militares na América Latina por4 política do Departamento de Estado em Washington. Em um curto período histórico, Brasil, Uruguai, Paraguai, Argentina, Peru, Chile foram tomados por militares. Quando esse regimes caíram, veio a ordem para implantar a eleição em dois turnos para facilitar o domínio da direita, isso tamb´wem valeu para vários países. Emendas de reeleição, privatização, agências de regulamentação, desmonte do Estado, detonar leis trabalhistas e previdenciárias, sucatear saúde pública, destruição de ensino público, medidas feitas peolos tucanos seguindo as regras do Consenso de Washington. A mais recente tática de derrotar políticas populares é o "golpe constitucional", com participação de qualquer pretexto Judiciário, com atuação da mídia e de empresários e especuladores. Washington deu a receita para Honduras, Paraguai, está em andamento na Venezuela, na Bolívia e no Brasil. Acho que fica fácil até para os panacas que batem panelas entenderem. Muitos desses otários que estão na rua vão ser prejudicados quando o golpe chegar.

Kat disse...

Uma vergonha alheia foi ver colunistas virando assessor de imprensa de famílias donas de imprensa e insinuar que está na hora de chamar os militares