quinta-feira, 10 de março de 2016

O dia em que uma "meme" virou "jornalismo investigativo..."

Quando se imagina que há algum profissionalismo descobre-se que, se a deturpação interessa à linha político-partidária do veículo, vale tudo. Parece incrível, mas o Estadão de ontem correu para publicar uma frase "exclusiva" de Lula. "A partir de agora, se me prenderem, eu viro heroi. Se me matarem, viro mártir. E se me deixarem solto, viro presidente de novo".
Uma frase tão histórica, que lembra Getúlio. Talvez, quem sabe, outrossim, merecesse uma apuração digna desse nome. Afinal, Lula estaria ameaçado de morte?
Que nada, a frase foi pescada na internet, embrulhada e despachada como se fosse um grande feito jornalístico. Pois é: a declaração bombástica era uma 'meme', uma dessas correntes apócrifas que circulam na web desde a semana passada nos whatapps e emails da vida. Pior que a falsa reportagem foi reproduzida pela mídia e a ficção ganhou destaque em sites de todo o país.
Serviu, pelo menos, para revelar um peculiar método de apuração do Estadão: busca no Google?, no Sensacionalista?
O Estadão foi procurado por repórteres para explicar a matéria falsa mas não se pronunciou.
Deve estar pesquisando a resposta na rede social.

2 comentários:

Ebert disse...

Assim fica difícil. Um dos argumento da midia tradicional para desqualificar a web é de que na internet tudo vale. Mas aí os caras vão exatamente buscar ¨notícia" na internet. E com total incompetência para saber ir atras de jornalismo de dados quebraram a cara.

Wilson disse...

Quando não recebem documentos vazados seleteivamente é assim que eles fazem jornalismo investigativo entre aspas.