domingo, 12 de novembro de 2017

Madame Trumpadour

Essa foto do Trump publicada na Folha é sensacional. O topete torna-se a representação estilizada das ondas tortuosas (e tempestuosas) que se movimentam nos grotões do cérebro do homem mais poderoso do mundo. 

Aliás, uma das palavras para topete usadas nos anos 20 nos EUA era "pompadour",

Scott Fitzgerald a usa em relação ao jovem Gatsby, livro de 1925. 

Elvis Presley foi um "pompadour" militante. 

James Dean, embora rebelde, tinha um pé ou a cabeça no salão de cabeleireiro da corte francesa. 

Reprodução Blogger

Claro, remete à figura de Madame de Pompadour, amante de Luís XV, a primeira loura burra da espécie, bem antes de Maria Antonieta. Pensando bem, por uma questão de igualdade de gêneros, por que não colocar o Trump na categoria de louro burro? Tem tudo a ver.


Celso Athayde revela no El Pais, que William Waack já era William Waack em 2000


por Celso Athayde (para El Pais) 

Nessa última quarta feira, mais precisamente às 16h45, minha timeline foi invadida com a expressão: “Isso é coisa de preto”. Conheço bem essa expressão, ela é a forma mais objetiva de apontar quem você acha ser uma pessoa menor, menos educada, menos capaz e menos humana. Para quem possui a pretensa superioridade étnica essa expressão é clássica, inconfundível e recheada de ódio, desprezo pelo outro, seja lá quem for. É preto e pronto. Para mim, era mais uma onda de racismo, como essas que vemos nas redes sociais toda hora. Só que não. Essa onda tinha um surfista famoso, essa onda era protagonizada por ninguém menos que um mestre da comunicação, era ele: William Waack. Na mesma hora um filme passou pela minha cabeça, minha experiência "Waack" foi em 2000 .


Quando o rapper MV Bill e eu apresentamos para os moradores da Cidade de Deus um videoclipe de 10 minutos chamado Soldado do Morro, fizemos um grande evento para cerca de 30.000 pessoas na favela. Era dia 25 de dezembro, noite de Natal. Levamos shows de Caetano, Djavan, Dudu Nobre, Cidade Negra, além do próprio Bill que começava sua carreira. No clipe apareciam algumas imagens de jovens armados, e como a TV Globo estava presente filmou o telão e o evento.

O senhor Waack, que na ocasião substituía a apresentadora Ana Paula Padrão, que estava de férias em Nova York, nos xingou em rede nacional. Ele destilou todo o seu preconceito e arrogância costumeira contra nós afirmando na tela que o que fazíamos era apologia ao crime. O episódio virou caso de polícia, que acabou requisitando uma cópia do videoclipe sob alegação de que faria, como disse Waack, apologia ao crime organizado. Nós não tínhamos dinheiro para pagar um advogado para processá-lo e, lógico, brigar com a TV Globo parecia suicídio.

Bill e eu resolvemos ir à Globo para acertar as contas com ele e acabamos num debate riquíssimo com o então diretor de comunicação, Luis Erlanger, que se tornou um dos nossos melhores amigos, e nos convenceu de que a opinião do moço não representava a opinião da emissora. A maior prova de que ele não mentia é que seis anos depois, aquelas mesmas imagens fora de contexto — que Waack usou para nos execrar nacionalmente —, foram reeditadas e transformadas no filme Falcão – Meninos do Tráfico, que recebeu prêmios em mais de 20 países. Mais que isso, foi considerado um filme que mudou a tevê brasileira. Foi um projeto costurado pelo próprio Erlanger e abraçado por seu gerente social na época, Luiz Roberto Ferreira.

Nossa posição em relação a Waack externamos em vários momentos, inclusive no próprio livro Falcão Meninos e Mulheres, onde contamos os bastidores do documentário.

Quando a noticia sobre Waack veio à tona, tenho certeza de que não surpreendeu ninguém, por tudo que ele já fez e faz. Pelas posições debochadas que ele tem em relação aos movimentos sociais e a qualquer movimento que não seja alinhado com sua postura elitista, ou mesmo com seus princípios estéticos.

Faço essa reflexão sem nenhum prazer, ao contrário. Fico triste de ver um homem tão culto, que prestou serviços tão relevantes ao jornalismo do país, manchar sua carreira com um fato tão grave. Triste também por ver que essas práticas estão aí e só conseguimos provar por acaso, pois os racistas negam que são racistas até a morte.

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sábado, 11 de novembro de 2017

Perdeu, Cabral! Essa privada-ostentação Louis Vuitton não é pra você...



por O.V.Pochê 
A artista plástica americana Illma Gore criou uma privada que faria inveja o Sérgio Cabral. O ex-governador, atualmente condenado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e chefia de organização criminosa, ostentava poder e riqueza à base de joias, mansão, grifes caras e iates. Mas o objeto que incendiou a imaginação dos contribuintes foi um achado da Polícia Federal no apartamento do Cabral: uma privada hi-tech, que mais parecia uma sala de comando da NASA. O aparelho fornecia água em três temperaturas, aquecia o assento de acordo com o freguês e tinha embutida a função bidê cujo fluxo podia ter sua pressão regulada para os mais sensíveis.

Na privada criada por Illma o valor não está na alta tecnologia, mas na sofisticação do material que reveste todo o conjunto, tudo em legítimo couro das caríssimas bolsas Louis Vuitton. Antes de sentar na preciosidade o interessado deverá desembolsar algo em torno de 100 mil dólares. O objeto é artístico, por enquanto, mas poderá ser oferecido em leilão.

Illma gosta de trabalhar com temas e materiais exóticos. No ano passado, ela criou um Donald Trump nu, com um bilau menor do que o de David, de Michelangelo, sob o título "Make America Great Again".

Memórias da redação - The winner is... Nos tempos da Blochwood, os indicados da lista de filmes anuais de Alberto Carvalho




Outro dia, Behula Spencer, que trabalhou na Manchete, Amiga e outras revistas da Bloch, comentou no Facebook Virou Manchete sobre uma relação de "filmes" que Alberto Carvalho divulgava a cada fim de ano. A lista era uma espécie de retrospectiva cinematográfica na qual as produções de destaque eram associadas a personagens da jornada do Russell.


O blog localizou uma cópia dos indicados de 1987, onde a própria Behula era a estrela de "Engraçadinha depois dos 30". Não rendia estatueta, mas garantia boas risadas. Alberto cuidava de alertar para o tradicional "qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas terá sido mera coincidência".  Em alguns casos, visto hoje, dilui-se o sentido mais evidente na época, com o enredo do filme ainda na tela. Havia também títulos de produções fictícias. O eventualmente e politicamente incorreto ficava por conta da época e da irreverência do diretor da "academia" que indicava os concorrentes. Os tempos eram menos mal-humorados.

Em todo caso, não há registro de que alguém tenha se incomodado ao entrar para o "cinema" naquela brincadeira que chegava às mesas e corredores já no clima de fim de ano.

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

A capa da Veja é o poder das redes sociais. William Waack sabe do que a revista está falando...


O afastamento do âncora William Waack da Rede Globo e da Globo News após um comentário racista que vazou nas redes sociais foi o destaque da semana.

A Veja põe uma lente de aumento no fato e vem com matéria de capa sobre a força da internet.

Um exercício que se pode fazer para comprovar o tsunami demolidor da web é imaginar se um fato como esse fosse revelado por um jornal, há 30 anos, apenas como uma notícia, sem o vídeo e o áudio chocantes, teria o impacto de provocar uma grave punição a um dos principais jornalistas da maior rede de televisão do país.

Naquele tempo, os leitores só teriam um canal, lento e improvável, para demonstrar indignação: a seção de cartas. No universo digital, sai debaixo, milhões de pessoas dão sua opinião instantânea.

A Globo viu imediatamente o tamanho da encrenca e o prejuízo à sua imagem e agiu rápido.

O lado positivo é que fica difícil ou impossível abafar fatos como esse.

Adeus tapete, não dá mais para esconder das visitas a sujeira da sala.

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Game over! Jovem Pan descobre quem vazou o vídeo de William Waack em cena de racismo explícito

Reproduçõa jovem Pan/Link abaixo

O operador de VT Diego Pereira e o designer gráfico Robson Ramos soltaram a "Bomba Waack" na internet. Os dois revelaram à Jovem Pan toda a história do video vazado. Inicialmente, as cenas foram divulgadas em um grupo de líderes do movimento negro. Tentaram divulgar na imprensa e não conseguiram. Um deles era funcionário da Globo. “Ele não foi repreendido depois. Ali estava cheio de gente, tinha coordenador, diretor de imagem, o próprio entrevistado poderia ter reclamado da ‘piadinha'”, recordou Diego.

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Globalizou... contaram pro Daily Mail...


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Flávia Oliveira, do Globo e da Globo News, faz palestra na ABL sobre raça e gênero

A Academia Brasileira de Letras promove o ciclo de palestras "Ideias para reconstruir o Brasil", coordenado por Rosiska Darcy de Oliveira.
Na próxima terça-feira, dia 14, a jornalista Flávia Oliveira (foto) colunista do Globo e comentarista da Globo News, falará sobre um tema mais do que oportuno: "Raça e gênero: a construção da igualdade no Brasil?". 
Às 17h30, no Teatro R. Magalhães Jr. (av. Presidente Wilson, 203, Centro - Rio de Janeiro), com entrada franca. 

O site da ABL transmitirá a conferência.

Imprensa: o assessor de comunicação que botava "pra dificultar"

Reprodução You Tube

Ontem foi o dia nacional de vazamentos. O clipe racista de William Waack foi o recordista, mas a equipe de João Dória também pegou carona na onda de "ataques de sinceridade" que as redes sociais turbinaram.

Um áudio inicialmente revelado pelo repórter Luiz Fernando Toledo, do Estadão, gravado em uma reunião da qual participava o jornalista Lucas Tavares da Silva Filho, assessor de Comunicação do prefeito de São Paulo, mostra claramente como se dá o jogo sujo para dificultar o trabalho de repórteres especialmente quando a pauta não interessa à política de comunicação e marketing oficiais.

Na prática, Tavares diz como faz para vencer jornalistas pelo cansaço - "botar pra dificultar", diz ele -  até que desistam. Impedir acesso a dados públicos fere  normas legais de transparência. O Ministério Público de São Paulo anuncia que vai investigar o que considera uma afronta aos direitos dos cidadãos.

Na sua falsa esperteza, Tavares nem é original. Apenas reproduz a tática confessada no famoso Escândalo da Parabólica, em 1994, quando Rubens Ricupero,  então ministro da Fazenda de Itamar Franco, entrevistado por Carlos Monforte, da Globo, não percebeu que o microfone estava ligado e pronunciou a máxima que revelou a linha-mestra da política de comunicação do seu ministério: "Eu não tenho escrúpulos; o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde".

Como Tavares, Rubens Ricupero foi rapidamente defenestrado da função.

Quanto a Doria, o fato é que ele adota nas relações com alguns veículos um certo estilo Trump para chamar de seu. O prefeito presidenciável já teve atritos com vários jornalistas que o desagradaram e a quem respondeu com posts irados nas redes sociais.

Você apostaria que o "estrategista" Tavares é uma exceção solitária em gabinetes acarpetados?

Internamente, houve quem quisesse saber porque diabos uma reunião daquelas estava sendo gravada.

OUÇA O ÁUDIO REPRODUZIDO PELO JORNAL DA GAZETA, CLIQUE AQUI 



Racismo em Washington, o "Watergate" de William Waack... E a verdade estava no vazamento


Ontem mesmo, quando um vídeo vazado com declarações racistas já passava de 1 milhão de visualizações apenas no You Tube, sem falar em outros milhões compartilhados no Twitter,  Facebook e sites, a Rede Globo afastou o âncora Willam Waack da bancada do Jornal da Globo e suspendeu o programa Globonews Painel.

Câmera e microfone abertos flagraram a demonstração de preconceito quando jornalista se preparava para entrar ao vivo, de Washington, a terra do Watergate, durante a cobertura das eleições americanas no ano passado.

Waack se incomodou e perdeu a linha com um carro que buzinava no trecho da rua bem abaixo do local onde fazia seu link. 

“Tá buzinando por que, seu merda do cacete? Você é um, não vou nem falar, eu sei quem é…”.  Em seguida, nomeia o alvo do seu piti: “É preto”. Tudo isso ao lado do também jornalista Paulo Sotero, que parece contribuir para a ofensa com um risinho levemente irônico. O vídeo devastador teria vindo a público a partir do WhatsApp de um grupo de editores de TV

Não que seja surpresa a postura do âncora da Globo e da Globo News. Pode-se dizer que é até coerente com algumas pensatas ultraconservadoras que o Waack anexa aos seus comentários. É apenas chocante comprovar que vazamentos como esse captam mais verdades do que o material editado. O episódio foi o mais comentado, ontem, no Twitter, e entrou para o trending topics mundial.

A Globo divulgou uma nota sobre o assunto onde afirma que "iniciará conversas" com o jornalista. Seja qual for o desfecho do episódio, não há duvidas de que William Waack colou no seu currículo uma etiqueta da qual dificilmente se livrará.  A Globo não informa se irá apurar a origem ou as circunstâncias do vazamento de um material que é claramente da própria emissora.

A Globo é visceralmente contra o racismo em todas as suas formas e manifestações. Nenhuma circunstância pode servir de atenuante. Diante disso, a Globo está afastando o apresentador William Waack de suas funções em decorrência do vídeo que passou hoje a circular na internet, até que a situação esteja esclarecida.

Nele, minutos antes de ir ao ar num vivo durante a cobertura das eleições americanas do ano passado, alguém na rua dispara a buzina e, Waack, contrariado, faz comentários, ao que tudo indica, de cunho racista. Waack afirma não se lembrar do que disse, já que o áudio não tem clareza, mas pede sinceras desculpas àqueles que se sentiram ultrajados pela situação.

William Waack é um dos mais respeitados profissionais brasileiros, com um extenso currículo de serviços ao jornalismo. A Globo, a partir de amanhã, iniciará conversas com ele para decidir como se desenrolarão os próximos passos.”
VEJA O VÍDEO, CLIQUE AQUI


Pesquisa: onde moram os sem-notícia de meio impressos ou on line


O Projor – Instituto para o desenvolvimento do Jornalismo em parceria com o Volt Data Lab publica no Observatório da Imprensa o “Atlas da Notícia – um panorama do Jornalismo local e regional no Brasil“, levantamento inédito com base em jornalismo de dados sobre a presença ou ausência da imprensa em todo o território nacional. 
Foram identificados, nessa primeira etapa do projeto, 5.354 veículos — entre jornais impressos e sites —, em 1.125 cidades de 27 unidades federativas. Um universo que compreende aproximadamente 130 milhões de pessoas, mais de 60% da população brasileira.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA, CLIQUE AQUI

Lixo vip? As câmeras não perdoam...



LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO JORNAL O DIA, AQUI

Folha de São Paulo atualiza seu Manual de Redação e inclui, pela primeira vez, normas para os meios digitais

A Folha de São Paulo prepara nova versão do seu Manual de Redação.

Criado  em 1984, o livro foi atualizado pela última vez em 2001. A  previsão é que a edição 2018 seja lançada até o mês que vem.

Como se pode constatar, os meios digitais exigem mudanças de padrões e favorecem estilos específicos de textos.

As novas rotinas jornalísticas introduzidas pela internet serão finalmente adicionadas ao manual.

A informação é do Comunique-se.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

"Confesso que perdi", o livro de memórias de Juca Kfouri vai muito além da bola...


por José Esmeraldo Gonçalves 

Juca Kfouri acaba de resumir 50 anos de carreira em pouco menos de 250 páginas.

Resumiu? Eu diria que ampliou.

Em "Confesso que perdi" (Companhia das Letras), livro de memórias do jornalista que dirigiu Placar, Playboy,  passou pelo Globo, Lance, TV Globo, SBT e é colunista da Folha de São Paulo, a paixão pelo futebol, a luta contra a ditadura, a pressão e os interesses da mídia, a Democracia Corintiana, a campanha pelas Diretas Já, as denúncias de jogadas corruptas da cartolagem e os escândalos - como o da máfia da Loteria Esportiva - trocam passes com o sonho de uma geração por um Brasil melhor e mais justo, mais ético, no campo e fora dele.

O título, que remete ao "Confesso que vivi", de Pablo Neruda, e à célebre frase de Darcy Ribeiro ("Na verdade, somei mais fracassos que vitórias em minhas lutas, mas isso não importa. Horrível seria ter ficado ao lado dos que nos venceram nessas batalhas"), certamente reflete a frustração do autor, compartilhada por muitos jornalistas que atravessaram esses mesmos 50 anos de profissão, mas não é um gol contra. Juca se considera derrotado e conclui: "porque nem o Brasil, nem o futebol brasileiro, nem o jornalismo tupiniquim são hoje a coroação dos meus sonhos de juventude". Contudo, diz-se um "derrotado feliz". No livro, contrapõe a tristeza do cidadão à carreira brilhante no jornalismo.

"Apesar de profissionalmente vitorioso, por jamais ter transigido nos meus princípios e de ter um padrão de vida que nem sequer sonhei ao começar a carreira de jornalista, e de vitorioso pessoalmente, por causa das pessoas que me cercam, vivo num país infeliz e injusto e que, no que se refere ao futebol, poderia ser a NBA desse esporte mas é apenas exportador de pé de obra" .

Ao fim da leitura de "Confesso que perdi" você concordará com o título. Ok, Juca perdeu. Mas verá que o jornalismo esportivo teria perdido muito mais se, nesse meio século, ele tivesse vestido a camisa dos vencedores.

Duvida? Faça uma boa ação: envie alguns exemplares para José Maria Marin, Ricardo Teixeira, João Havelange (in memoriam), deputados da "bancada da bola", J. Hawilla etc, entre outras figurinhas carimbadas do álbum de terror que Juca Kfouri há muito tempo ajudou a desmontar.

Sabia disso? Em 2018, Mickey Mouse original cairá em domínio público. Em janeiro de 2019 será a vez de Monteiro Lobato

Clique AQUI para ver o vídeo
por Ed Sá 
A versão antiga de Mickey Mouse, personagem lançado no desenho animado Steamboat Willie, em 18 de novembro de 1928, deveria ter caído em domínio público em 1998. Isso, segundo a lei de Direitos Autoriais nos Estados Unidos, que protege copyrights por 70 anos. Só que, naquele ano, um lobby da Disney conseguiu que o Congresso americano aprovasse uma prorrogação casuística por mais 20 anos - não por acaso passou a ser chamada de "Lei Mickey' - que beneficiava "obras que não tivessem ainda sob domínio domínio público", "coincidentemente", o caso do desenho de Walt Disney. Então é isso, em 18 de novembro de 2018, Mickey em versão original será de domínio público.

A lei brasileira de proteção aos direitos autoriais é diferente. Uma obra só cai em domínio público 70 anos após a morte do autor. O prazo começa a contar a partir do mês de janeiro subsequente ao falecimento do autor. Monteiro Lobato, por exemplo,. morreu em julho de 1948. Em janeiro de 2019 sua obra  será pública. Narizinho, Emília. Dona Benta, Cuca e Saci, entre outros, estarão soltos nas ruas.

Neste ano que está quase acabando foram liberadas as obras de H.G.Wells, André Breton e Gertrude Stein.

Se pretende usar uma dessas obras, consulte antes a legislação brasileira (Lei Federal 9.610/98).

Um serviço: há vários sites de organizações sem fins lucrativos que disponibilizam obras sem direitos autorais. Existem diversos sites onde você pode obter conteúdo já livre. Em vermelho, seguem-se alguns links. Experimente o Internet Archive. Lá você encontrará e-book, músicas e filmes à vontade. Project Gutenberg é outro portal útil. No Brasil, o Domíniopúblico.gov.br relaciona a  obra completa de Machado de Assis, entre outros clássicos brasileiros e lista milhares de fotos já liberadas.


terça-feira, 7 de novembro de 2017

Vítima de chantagem, cantora se antecipa ao criminoso e posta foto pirateada...

Reprodução Twitter


Vítima de fotos hackeadas, como tem acontecido com muitas celebridades, a cantora Sia adotou tática diferente. Ao saber que alguém estaria vendendo imagens suas aos fãs, ela se antecipou e divulgou no Twitter foto em que aparece nua. Um presente público. Na mensagem, ela alerta os fãs para não gastarem dinheiro: "aqui está a foto, de graça". A legenda "Everyday is Christmas" é uma irônica referência ao título do último álbum da cantora.

Reprodução
Sia é rigorosa quanto à própria privacidade e esconde o rosto ao se apresentar em shows e clipes. "Prefiro ser uma voz e não um rosto", já disse entrevista.

A cantora recebeu apoio dos fãs e sua mensagem já foi compartilhada milhares de vezes.

Mas houve quem deduzisse que um close do rosto de Sia talvez tivesse mais valor para o chantagista.


Memória da publicidade: Quando Lambretta ainda não era nome de drible...


Para as novas gerações, a palavra "lambreta" talvez seja conhecida apenas como o nome que se dá a um tipo de drible (quando o jogador puxa a bola com um calcanhar, levanta com o outro e faz a "gorduchinha" passar por cima da "vítima" adversária).

Mas Lambretta, a marca italiana que concorria com a Vespa, foi sonho de consumo de muitos jovens nas anos 1950/1960. Por aqui, virou até sinônimo de "motorino", como os romanos chamam as scooters que ainda agitam o trânsito já caótico da capital da "Bota".

A primeira Lambretta foi produzida em 1947, há 70 anos, na Itália. No Brasil, começou a ser montada em 1955. O anúncio acima foi publicado na Manchete, edição 369, de 1959.

Revista Estilo fora das bancas. Abril encerra edição impressa da publicação

Estilo acaba em dezembro.
Espelhada na americana In Style, a revista Estilo, da Abril, encerra sua edição impressa no mês que vem.

Na reprodução ao lado, a capa da edição atual, de outubro.

A empresa não confirmou ao Comunique-se se o site da publicação será mantido.

Demissões à vista.

Quando foi lançada, em outubro de 2002, a Estilo trazia na capa a beleza sofisticada de Carolina Ferraz. Naquele ano, a atriz atuava em "Quinto dos Infernos" e "Sabor da Paixão.

Carolina Ferraz na capa
número da Estilo, em 2002. 
No mesmo momento em que a revista anuncia seu fim, a estrela da capa número 1 também vive mudanças.

Demitida após 25 anos de Globo, Carolina (que estreou na antiga Rede Manchete em 1987, como apresentadora do Programa de Domingo e teve na novela Pantanal sua primeira participação com atriz) está processando a Rede Globo.

Motivo (segundo a coluna Radar, de Maurício Lima, na Veja): era contratada como "pessoa jurídica" e exige direitos trabalhistas não quitados.

Com Eduardo Cunha, a Lava Jato ganhou seu modelo fashion. Paletó, gravata, colarinho branco e sem japonês da Federal. É o preso yuppie

Eduardo Cunha rumo a um interrogatório em Brasília. Reprodução O Globo

Cunha desembarca para depor em Brasília. Foto Ag.Brasil. 

por O.V.Pochê

Está na memória dos brasileiros: presos antes poderosos e bem vestidos ganhavam visuais mais dramáticos ao passar pelos porões da Lava Jato. Cabeças raspadas, t-shirts dos estabelecimentos penais, mais magros graças à dieta menos calórica do xilindró, e peles mais claras em função do banho de sol regulado. Parecia um padrão estético comum aos alvos da força-tarefa do MPF.

Parecia.

Vários deles já estão em casa e recuperaram os respectivos visuais citadinos, principalmente os delatores premidíssimos como Alberto Yousseff e Paulo Roberto Costa, para os quais os dias de prisão já se desvanecem na memória.

Mas entre os presos, Eduardo Cunha é a exceção fashion desse modelito prisional que o Brasil se acostumou a ver no Jornal Nacional e na Globo News.

O ex-presidente da Câmara dos Deputados já tem uma condenação em primeira instância, além de toneladas de acusações nas costas, mas parece um alto executivo ao circular entre celas e salas, quando convocado para depor. Em outubro passado, completou um ano de cadeia. A Folha de São Paulo publicou em julho último uma matéria sobre a rotina de Cunha na prisão em Curitiba. Ele é o encarregado de distribuir marmitas aos demais presos. Cumprida a tarefa, senta-se em uma cadeira à saída da ala. Embora não seja advogado, Cunha, tido com inteligente e estrategista, é procurado por outros detentos para conversas ao pé do ouvido sobre andamento de processos. Ainda segundo a Folha, é tratado com reverência e mantém a formalidade. Com ele, nada de tapinhas nas costas. Um empreiteiro também preso tentou abraçá-lo cordialmente e foi afastado com um gesto brusco.

Eduardo Cunha, que já foi o terceiro na linha da sucessão presidencial tem sido fotografado a caminho de uma série de interrogatórios em Brasília, que o hospeda provisoriamente.

A foto do alto, publicada no Globo de hoje, foi feita no dia 27 de outubro último. Lembra uma autoridade conduzida por seu motorista para uma reunião no Palácio do Planalto.

Na outra imagem, da Agência Brasil, Cunha desembarca do avião da PF, em Brasília. Visto à distância, nem parece que está puxando cadeia: pode sr confundido com um CEO de uma multinacional chegando de ponte-aérea para negociar com Temer a compra de uma estatal.

A imaginação fértil das redes sociais chega a perguntar se Cunha está mesmo preso.

É a mais nova lenda urbana do país.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Humor Negro na Manchete

por Roberto Muggiati

A gente acaba lembrando sempre mais os bons momentos e esquecendo aquelas horas de crise aguda: os longos fechamentos por conta de acontecimentos externos (morte de JK, Ayrton Senna, Mamonas, impeachments, golpes de estado etc); as crises de venda e as pressões dos patrões para esgotarmos uma edição cada semana nas bancas (o Jaquito perguntava: “Onde é que está aquela matéria que vai me levar de madrugada ao Mercadinho Azul para comprar a revista?”); as sacanagens e punhaladas pelas costas de algum ‘coleguinha’ mau caráter (existiam, sim, mas, uma vez expostos, não escapavam à sanha justiceira da Turma do Bem; as revoadas cíclicas dos passaralhos; e mil outras situações de ameaça e conflito que fazem parte da vida de um jornalista e, às vezes, pareciam mais agudas na Bloch, no contraste com aquele belo décor de vidro e jacarandá com vista para a Baía, em que trabalhávamos e praticamente vivíamos.

Nestas horas, o humor surgia como a salvação.

Quero lembrar hoje uma peça que o Alberto de Carvalho (sempre ele) pregou num colega já entrado em anos, que antecipava já os corriqueiros oitentões e noventões imbatíveis dos nossos dias. Alberto distribuiu na redação um documento com toda a aparência oficial de coisa pública, mas com um texto fino e irônico que nenhum burrocrata dos nossos tempos seria capaz de reproduzir.

Publico esta peça em nome do humor redentor da Manchete – no caso uma especialíssima amostra de humor negro, que lembra Uma Modesta Proposta, de Jonathan Swift, em 1729, sugerindo que os irlandeses pobres amenizassem seus problemas de dinheiro vendendo suas criancinhas como comida para os ricos incluindo até receitas de como preparar a carne especialíssima. Mas publico esta peça com uma grande preocupação. E se de repente algum de nossos governantes (eles são capazes de tudo!) decidisse por em prática a brilhante ideia? Enfim, posso perder até a vida, mas não perco a piada. Vamos à convocação assinada pelo Subchefe Adjunto Substituto do Departamento de Controle de População.


domingo, 5 de novembro de 2017

Alunos de escola de elite provocam estudantes de instituição pública: "sua mãe é empregada da minha; "o meu pai come a sua mãe".

Na última terça-feira (31), durante jogo de basquete juvenil entre alunos do Instituto Federal de Educação e do Colégio Marista de Natal, torcida e parentes do jogadores deste último, que conquistou medalha de ouro, invadiram a quadra cantando gritos de guerra como: “1, 2, 3, 4, 5 mil. Queremos Bolsonaro presidente do Brasil”, “O meu pai come a sua mãe” e “Sua mãe é minha empregada”. O fato foi denunciado nas redes sociais. Sem comentários. Viu isso, Carmen Lúcia? (Pedro Juan Bettencourt)

Direitos humanos: o alvo da temporada...

por Pedro Juan Bettencourt
Bater em Direitos Humanos é o novo esporte nacional. Investidas contra a fiscalização do trabalho escravo, assassinatos de índios e de pequenos agricultores, demonstrações de racismo e preconceito, gangues invadindo exposições e teatros, ofensiva fundamentalista contra religiões afro-brasileiras, asA lista é longa e a cada semana um novo item é acrescentado.

A ministra Carmen Lúcia, do SFT, foi indicada por Lula, em 2006. Inicialmente discreta, pelo menos até assumir a presidência do tribunal, chamou a atenção durante o processo do Mensalão ao absolver 13 acusados de formação de quadrilha. Na época, foi criticada pelo ministro Joaquim Barbosa. Foi dela o voto contrário à censura de biografias.

Votou pela prisão de Delcídio do Amaral, algo inédito na história do Brasil, tratando-se de um senador, mas deu o voto que desempatou a favor de Aécio Neves, o que liberou o Senado para travar a investigação de corrupção que cercava o político mineiro  e criou uma lambança institucional. Na interpretação de Carmen Lúcia, só o Poder Legislativo pode autorizar a investigação ou prisão dos seus membros. O resultado era esperado: Aécio foi liberado e Assembleias e Câmara de Vereadores do país também adotaram a interpretação e já estão soltado algumas das suas excelências que estavam no xilindró.

Depois de liberar o ensino religioso confessional em escolas públicas, Carmen Lúcia deu há poucos dias outro voto polêmico. Ela negou pedido da PGR e da AGU para zerar nota em redação ou questão que fira os Direitos Humanos. A ministra manteve liminar nesses sentido obtida pelo movimento "Escola sem partido". Na prática, a decisão impede a nota zero para alunos que fizerem apologia de racismo, violência contra minorias, contra gêneros, intolerância religiosa, apoio ao neonazismo, condenação à Lei Maria da Penha etc.

De decisão em decisão, Carmen Lúcia, que chegou a ser cantada como presidenciável, saiu do mundo encantado da exaltação para o território da crítica. Ainda tem apoiadores, como colunista Merval Pereira, mas é apontada como omissa em questão imporantes como lembra o também colunista Elio Gaspari, no mesmo dia, hoje, e no mesmo jornal, O Globo.
Carmen Lúcia em pauta: enquanto Elio Gaspari critica...

Merval Pereira exalta. Para ele, agredir direitos humanos em redações do Enem
é "valorizar o pluralismo democrático". Reproduções O Globo


Fotografia: arte 2.0

No campo, a expressão de Marcos Jr e, na...

reprodução, o detalhe da pintura, "O Grito", de Edvard Munch

por Niko Bolontrin
O Globo de hoje destaca uma foto de Delmiro Junior/Raw Image. A cena é do jogo de ontem, Fluminense 2 X1 Botafogo, no instante em que o tricolor Marcos Jr. lamenta um passe errado ainda no primeiro tempo. No segundo tempo, ele faria um gol. Mas a imagem do jogo acabou sendo essa, publicada sob o título "O grito saiu". Arte em dobro.

sábado, 4 de novembro de 2017

Adolpho Bloch por Otto Lara Resende...



A Folha de São Paulo publica hoje uma matéria sobre o livro "O príncipe e o sabiá - e outros perfis", de Otto Lara Resende, agora relançado pela Companhia das Letras. O texto inclui um box sobre Adolpho Bloch. Na foto, que mostra "Abraxas" e o Pão de Açúcar a partir do prédio da Bloch, na Rua do Russell, o 'legendário' errando, acertou: a Manchete era a casa do Adolpho.

Virou fantasia de terror..

"Gilmau Mendes" em noite de Halloween. Reprodução
Entrou para a cena do terror. O ministro do STF Gilmar Mendes foi a fantasia escolhida por "uma parente" (segundo os organizadores) de um participante de um congresso da Associação de Procuradores (ANPR, em Porto de Galinhas (PE). A programação incluía uma festa de Halloween e "Gilmau Mendes" virou atração aterrorizante da noite de horror. A informação é da Folha de São Paulo. (Ed Sá)

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Fotomemória: no dia de hoje, há nove anos...

Os autores na Travessa, do Leblon: Jussara, Muggiati, Cony, Esmeraldo, Angela, Maria Alice e Barros. Sentados: Lincoln, Renato Sérgio, José Rodolpho e Daisy Prétola. 

O grupo revê o hall do antigo prédio da Manchete, então fechado após a falência. Foto. J.Egberto


Alberto, Lenira, Jussara, Bia, Daisy, Alice, Cony, Muggiati, Esmeraldo, José Rodolpho e, à frente, Barros. Foto: J.Egberto

No dia 3 de novembro de 2008, um grupo de ex-funcionários da Bloch lançou a coletânea "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou" (Desiderata), ao qual este blog dá uma sequência virtual.

O livro ainda pode ser encontrado em sites e sebos virtuais na Internet.

As fotos abaixo, recuperadas do baú do Panis, relembram os co-autores e uma visita que a turma fez no dia seguinte ao prédio da Manchete, então fechado, oito anos após a falência da empresa. A curiosidade se justificava.

A maioria voltava pela primeira vez ao local onde viveu parte da vida profissional.

Reality show "Arte na Fotografia" estréia hoje no canal Arte 1

Os fotógrafos que participam do reality show. Divulgação/Arte1
Estréia hoje, às 20h30, o primeiro reality show sobre fotografia. É  o "Arte na Fotografia", no canal por assinatura Arte 1.
Serão oito episódios apresentados pela atriz Thalma de Freitas onde seis fotógrafos amadores serão desafiados a realizar trabalhos autorais de esporte, retratos, dança, moda e fotojornalismo em geral.

Eder Chiodetto, curador de fotografia, Cláudio Feijó, fotógrafo e professor da Escola de Fotografia Imagem-Ação, além de nomes como Bob Wolfenson, Gal Oppido, Willian Aguiar Zé Takahashi e Juan Esteves avaliarão ou comentarão os trabalhos. O vencedor entre os participantes - Camila Kinker, Daniela Ometto, Luan Batista, Rafael Aguiar, Yve Louise e Julio Cesar (foto) - ganhará um conjunto de equipamentos fotográficos. O programa é produzido pelo Arte 1 em parceria com a produtora CineGroup.

Silvio Santos confessa que espionava bailarinas trocando de roupa...

por Clara S. Britto 
Ao ser entrevistado no SBT pelo you tuber Mateus Massafera, o apresentador Silvio Santos fez uma confissão: costumava espionar bailarinas do programa trocando de roupa.

Segundo ele, a diversão acabou porque elas descobriram a botaram um quadro no buraco onde o "patrão" podia exercer sua porção voyeur.

Mesmo no momento em que alguns poderosos são acusados de assédio no meio artístico, SS não se preocupou com as consequências da sua  polêmica revelação.  Alguém reclamou?
VEJA O VÍDEO, CLIQUE AQUI

Namoro de Fátima Bernardes quebra a Internet











por Clara S. Britto 

Esqueça a TV de Sergio Cabral, o entupimento de Temer, a ministra vítima de "trabalho escravo" e o "por fora" de Aloisio Nunes.
As redes sociais estão agitadas é desde que vazou uma foto de Fátima Bernardes, 54, com o seu novo namorado, o recifense Túlio Gadelha de Mello, 29, um professor de História que foi candidato não-eleito a deputado pelo PDT pernambucano.

Logo internautas vasculharam Facebook, Instagram e Twitter e estão se divertindo desde então.

Descobriram que Túlio costuma criticar a Globo e até William Bonner, ex-marido de Fátima Bernardes. A notícia, que uma leitora chama de "o verdadeiro Encontro de Fátima Bernardes", está gerando memes na web.

Capa da Piauí: a festinha da firma...


A capa da bêbada equilibrista...

por Flávio Sépia 

2018 está aí, quase na boca da urna. Será um ano rico de interpretações para os analistas da mídia. A corrida eleitoral é imprevisível, muitas variáveis estão em jogo.

No momento, para falar apenas dos ponteiros na última pesquisa do Ibope, Lula tem 35% e Bolsonaro 15%. São esses os contendores que ilustram a capa da Veja.

A mídia conservadora e seus principais colunistas já saíram do armário ao se engajarem na campanha que derrubou Dilma Rouseff e levou ao poder o PMDB de Michel Temer e parte do PSDB de Aécio.
À medida em que o governo Temer mostrou cara, voz, malas e bolsos em gravações de negociação de propinas e com a Palácio do Planalto mais parecendo a antessala de um presídio, de tantos investigados que abriga, chega a ser comovente ver o esforço de alguns desses colunistas para embutir críticas, por mínimas que sejam, em textos-exaltação sobre a "recuperação" da economia, que supervalorizam até beirar a fake news. O Grupo Globo chegou a abrir baterias contra Temer, por ocasião da primeira denúncia, seus colunistas idem, mas agora uns e outros recolheram as armas. Que fique claro: os apoiadores de Temer também são responsáveis pela institucionalização do trabalho escravo, pela imposição anticonstitucional do proselitismo religioso em escolas públicas, pelas ofensiva de milícias da direita contra a liberdade de expressão, pelo enterro das políticas do meio ambiente, pelo derretimento dos poderes, pela compra aberta de votos parlamentares, pelos lobbies setoriais à solta em Brasília, pelo fim das políticas sociais, pelo desmonte da saúde pública etc. Não dá para fingir que não têm nada a ver com as consequências. Por tudo isso, se deram os anéis ao subirem no trem da alegria do PMDB, poderão perder o que restou, os dedos, a depender das escolhas em 2018.

Por enquanto os mais prováveis candidatos da grande mídia estão no piso inferior das pesquisas. Sabe-se que Geraldo Alckmin, João Dória, Luciano Huck e Henrique Meirelles são opções à vista. Joaquim Barbosa, o "herói do Mensalão" e Carmen Lúcia, do STF, foram cogitados mas aparentemente perderam gás. Aécio, o "menino de ouro" da mídia nas eleições passadas foi moído nos processadores da JBS.

A capa da Veja já dá o sinal do play off político do ano que vem. A revista admite que ambos são assustadores e aponta, a menos de um ano do primeiro turno das eleições presidenciais, para uma terceira via. Bolsonaro estará com o seu nome no visor da maquininha do TSE. Lula é incógnita, e depende da Justiça. Mas, digamos que os dois sejam o confronto final de 2018? Em quem a mídia vai teclar? Para quem o poderoso mercado daria seu aval? Em quem apostaria? Na prorrogação do mandato de Michel Temer? Não seria inédito para o PMDB. Sarney, da mesma facção, esticou seu mandato em um ano até que o mídia encontrasse seu golden boy: Collor de Mello.

Fotomemória da redação: paparazzo de uma reunião de pauta...

Reunião de pauta na redação da Manchete. Foto; Acervo bqvMANCHETE
A redação da Manchete em 1972-73. Até 1980, só existia o prédio 804, da Rua do Russell. A sala que aparece ao fundo (ala leste) era do Adolpho; à direita, junto da janela, dá pra ver o Murilo Mello Filho, quase um reflexo, batucando o livro "Milagre Brasileiro"...  Acima da cabeça do contínuo Sammy Davis Junior, se não me engano, no canto direito da foto, ao fundo. Na ala oeste, que não aparece, ficava a sala do Arnaldo Niskier e do Jaquito.)
Pela ordem, a partir da esquerda, diante da mesa L: Alberto Carvalho, secretário de redação, o crítico de cinema Miguel Ângelo Alves (se não me engano); de pé, Maurício Gomes Leite (chefe de redação, seu apelido era Maurício Gomes Leiaute); Claus Meyer, Cícero Sandroni, Narceu de Almeida; junto ao telefone, Wilson Cunha. Dentro da mesa L: eu, Irineu Guimarães e Justino. Roberto Muggiati recorda outros fatos que orbitavam a famosa mesa "L" da Manchete.
"Em 1972 o Justino me guindou da redação do EleEla (onde eu era chefe de redação do Cony) para ser o "segundo" dele na Manchete. Quando Justino viajava em maio e se tornava o Cidadão Cannes eu editava a revista; assim foi em 1972, 1973, 1974 e 1975. Adolpho sentiu então que podia contar comigo na edição da Manchete e despachou o "Índio" com uma megafeijoada em 1975. O grande sonho dele sempre foi tirar o Justino da direção da "melhor da galáxia". Essa foto foi feita há 45 anos, que coisa! O mundo gira e a Lusitana roda!"