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Ontem foi o dia nacional de vazamentos. O clipe racista de William Waack foi o recordista, mas a equipe de João Dória também pegou carona na onda de "ataques de sinceridade" que as redes sociais turbinaram.
Um áudio inicialmente revelado pelo repórter Luiz Fernando Toledo, do Estadão, gravado em uma reunião da qual participava o jornalista Lucas Tavares da Silva Filho, assessor de Comunicação do prefeito de São Paulo, mostra claramente como se dá o jogo sujo para dificultar o trabalho de repórteres especialmente quando a pauta não interessa à política de comunicação e marketing oficiais.
Na prática, Tavares diz como faz para vencer jornalistas pelo cansaço - "botar pra dificultar", diz ele - até que desistam. Impedir acesso a dados públicos fere normas legais de transparência. O Ministério Público de São Paulo anuncia que vai investigar o que considera uma afronta aos direitos dos cidadãos.
Na sua falsa esperteza, Tavares nem é original. Apenas reproduz a tática confessada no famoso Escândalo da Parabólica, em 1994, quando Rubens Ricupero, então ministro da Fazenda de Itamar Franco, entrevistado por Carlos Monforte, da Globo, não percebeu que o microfone estava ligado e pronunciou a máxima que revelou a linha-mestra da política de comunicação do seu ministério: "Eu não tenho escrúpulos; o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde".
Como Tavares, Rubens Ricupero foi rapidamente defenestrado da função.
Quanto a Doria, o fato é que ele adota nas relações com alguns veículos um certo estilo Trump para chamar de seu. O prefeito presidenciável já teve atritos com vários jornalistas que o desagradaram e a quem respondeu com posts irados nas redes sociais.
Você apostaria que o "estrategista" Tavares é uma exceção solitária em gabinetes acarpetados?
Internamente, houve quem quisesse saber porque diabos uma reunião daquelas estava sendo gravada.
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