terça-feira, 7 de novembro de 2017

Com Eduardo Cunha, a Lava Jato ganhou seu modelo fashion. Paletó, gravata, colarinho branco e sem japonês da Federal. É o preso yuppie

Eduardo Cunha rumo a um interrogatório em Brasília. Reprodução O Globo

Cunha desembarca para depor em Brasília. Foto Ag.Brasil. 

por O.V.Pochê

Está na memória dos brasileiros: presos antes poderosos e bem vestidos ganhavam visuais mais dramáticos ao passar pelos porões da Lava Jato. Cabeças raspadas, t-shirts dos estabelecimentos penais, mais magros graças à dieta menos calórica do xilindró, e peles mais claras em função do banho de sol regulado. Parecia um padrão estético comum aos alvos da força-tarefa do MPF.

Parecia.

Vários deles já estão em casa e recuperaram os respectivos visuais citadinos, principalmente os delatores premidíssimos como Alberto Yousseff e Paulo Roberto Costa, para os quais os dias de prisão já se desvanecem na memória.

Mas entre os presos, Eduardo Cunha é a exceção fashion desse modelito prisional que o Brasil se acostumou a ver no Jornal Nacional e na Globo News.

O ex-presidente da Câmara dos Deputados já tem uma condenação em primeira instância, além de toneladas de acusações nas costas, mas parece um alto executivo ao circular entre celas e salas, quando convocado para depor. Em outubro passado, completou um ano de cadeia. A Folha de São Paulo publicou em julho último uma matéria sobre a rotina de Cunha na prisão em Curitiba. Ele é o encarregado de distribuir marmitas aos demais presos. Cumprida a tarefa, senta-se em uma cadeira à saída da ala. Embora não seja advogado, Cunha, tido com inteligente e estrategista, é procurado por outros detentos para conversas ao pé do ouvido sobre andamento de processos. Ainda segundo a Folha, é tratado com reverência e mantém a formalidade. Com ele, nada de tapinhas nas costas. Um empreiteiro também preso tentou abraçá-lo cordialmente e foi afastado com um gesto brusco.

Eduardo Cunha, que já foi o terceiro na linha da sucessão presidencial tem sido fotografado a caminho de uma série de interrogatórios em Brasília, que o hospeda provisoriamente.

A foto do alto, publicada no Globo de hoje, foi feita no dia 27 de outubro último. Lembra uma autoridade conduzida por seu motorista para uma reunião no Palácio do Planalto.

Na outra imagem, da Agência Brasil, Cunha desembarca do avião da PF, em Brasília. Visto à distância, nem parece que está puxando cadeia: pode sr confundido com um CEO de uma multinacional chegando de ponte-aérea para negociar com Temer a compra de uma estatal.

A imaginação fértil das redes sociais chega a perguntar se Cunha está mesmo preso.

É a mais nova lenda urbana do país.

3 comentários:

Corrêa disse...

esse é o homem-bomba, saber tudo, apavora Brasília

J.A.Barros disse...

Mas, são presos que fingem estar algemados, com as mãos para trás encenam uma palhaçada enganando a cidade de que estão presos. Isso precisa acabar, gente. Eles são criminosos com qualquer criminoso que alem de apanharem da polícia são algemados e acorrentado como na Polícia dos EUA. Bandido é bandido.

Rick disse...

Esse aí vai se dar bem no finalmente. Quer apostar?