sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

O ano da Covid também foi marcado por duas doenças sociais: o racismo e o feminicídio

A Revista Família Tupi incluiu o Feminicídio e o Racismo entre os temas do ano. Roberto Muggiati abordou a violência contra a mulher, a partir do assassinato de Ângela Diniz... 



...e a repórter Dani Maia registrou a reação da sociedade contra o avanço do preconceito. 


Feita por revisteiros (*) ex-Manchete  para a Rádio Tupi FM, a Revista Família Tupi Especial de Natal e Ano Novo apontou como Temas do Ano o racismo e o feminicídio. 

A publicação, que foi para a gráfica no dia 7/12 e está nas bancas desde o fim de semana seguinte, chama a atenção para a incidência de crimes com essas características ao longo de 2020. 

Infelizmente, na saideira do ano, novos fatos referendam as pautas. 

No dia 9/12, durante jogo do PSG contra o Istambul Basaksehir, pela Liga dos Campeões, o quarto árbitro Sebastião Coltescu proferiu ofensa racista contra Pierre Webo, ex-jogador e atualmente auxiliar técnico do time turco. Os demais jogadores se revoltaram, interpelaram o árbitro e se retiraram de campo. Pela primeira vez na história, um jogo de futebol foi suspenso em protesto contra o racismo. A partida só foi retomada no dia seguinte. E no dia 20/12, em jogo no Maracanã,o Brasil assistiu à indignação do jogador Gerson, do Flamengo, que denunciou em campo ter sofrido ofensa racial por parte de Ramirez, jogador do Bahia. Os dois acontecimentos reacenderam na mídia a discussão sobre o racismo e o feminicídio, crimes em alta no Brasil. 

A repórter Dani Maia, ex-Contigo! e colaboradora da Família Tupi, abordou o racismo a partir dos casos George Floyd, assassinado pela polícia nos Estados Unidos, e João Alberto, o soldador morto por seguranças do Carrefour, em Porto Alegre. A matéria registra a opinião de militantes do movimento negro que pedem união contra o racismo. 

O outro tema do ano apontado pela Família Tupi - o feminicídio - se evidenciou ontem de forma cruel. A juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi foi morta a facadas na frente das três filhas, na véspera do Natal. O suspeito, o ex-marido dela, o engenheiro Paulo José Arronenzi, foi preso em flagrante. Viviane estava antes sob proteção policial por ter sofrido lesão corporal e ameaças do ex-marido. A pedido de uma das filhas, que teria dito que o pai não era bandido, ela havia dispensado a escolta. 

Na noite de Natal, Thalia Ferraz, 23 anos, foi assassinada a tiros pelo ex-companheiro, que está foragido.. O crime aconteceu em Jaraguá do Sul, em Santa Catarina. O assassino enviou mensagem pouco antes avisando a Thalia que faria uma "surpresa".

Em Recife, o sargento Ademir Tavares de Oliveira matou a tiros, também na noite de Natal, a esposa Ana Paula dos Santos. O assassino foi preso em flagrante.

A revista registra o aumento dos casos de feminicídio em 2020, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública,  e pontua o tema através de matéria sobre um caso marcante: o assassinato de Ângela Diniz, em dezembro de 1976, em Búzios, alvo de tiros desfechados no rosto pelo empresário Doca Street. O texto, assinado por Roberto Muggiati, conta que no primeiro julgamento do assassino, o seu advogado, Evandro Lins e Silva, conseguiu livrá-lo da cadeia usando o odioso argumento de "legítima defesa da honra". Na época houve protestos. Só em segundo julgamento, Doca Street, que morreu no último dia 18, foi condenado a 15 anos de prisão. 

O Brasil vive dias em que a ultradireita se manifesta nas redes sociais invariavelmente tentando minimizar esses dois tipos de crimes, às vezes até depreciando as vítimas. Neste crítico 2020, a mídia em geral teve um papel importante ao aprofundar o debate sobre racismo e feminicídio, ao dar espaço aos protestos, denunciar os crimes e expor essas graves questões. Que 2021 se mostre mais civilizado.

(*) José Esmeraldo Gonçalves, Dirley Fernandes, Sidney Ferreira, Alex Ferro, David Júnior, Tânia Athayde e Roberto Muggiati.

2 comentários:

J.A.Barros disse...

Já pensaram se tudo fosse ao inverso? Existiria o racismo contra os brancos? Toda a Europa, os países do Norte e asiáticos fossem de predominância negra? E o mundo africano seria habitado por brancos selvagens? E a descoberta das Américas teria sido pelos exploradores negros? E a colonização desses novos países teria sido feito pelos imigrantes negros? Os grandes pensadores e intelectuais, os grandes generais com suas legiões negras conquistasse o mundo conhecido, os grandes gênios inventores da humanidade, fossem negros? Imaginaram um Napoleão negro, marchando por toda Europa, derrubando monarquia, usurpando coroas seculares, diante das Pirâmides do Egito, na frente de seus soldados negros, Napoleão lhes dizia: "40 séculos vos contemplam...". Conquistador da Itália e como troféu o manto de Marengo carregou nos seus ombros. Já imaginaram um Adolf Hitler negro, derramando fogo e morte por toda a Europa e seus aviões despejando a morte sobre a invicta Londres e o seu lendário ministro o negro Wiston Churchill, que num formidável discurso, na Câmara dos Comuns, declarou que a Inglaterra lutaria nas praias, nas ruas, lutaria nas colinas mas jamais se renderia. Já imaginou um America do Norte negra e um dos seus maiores presidente negros, Franklin D. Roosevelt, se tornasse o grande líder mundial? Enquanto o a América do Norte, racista, enforcasse brancos nas árvores nas beiras das estradas? Não, acho que nunca pensaram isso. Mas, poderia ter acontecido essa inversão nos fatos da vida? Nunca saberemos, mas...

Ludmila disse...

Foi brutal o assassinato da juíza. Chorei com essa notícia. Mais ainda por ver que aconteceram casos iguais na noite de Natal. É preciso dureza no combate a esses assassinos. E iniciativas como a do Rio de Janeiro que criou a Patrulha Maria da Penha. Por falar nisso, quando a Justiça vai punir o juiz que debochou da Lei Maria da Penha. Declarações iguais a essa incentivam a violência