A Revista Família Tupi incluiu o Feminicídio e o Racismo entre os temas do ano. Roberto Muggiati abordou a violência contra a mulher, a partir do assassinato de Ângela Diniz...
...e a repórter Dani Maia registrou a reação da sociedade contra o avanço do preconceito.
Feita por revisteiros (*) ex-Manchete para a Rádio Tupi FM, a Revista Família Tupi Especial de Natal e Ano Novo apontou como Temas do Ano o racismo e o feminicídio.
A publicação, que foi para a gráfica no dia 7/12 e está nas bancas desde o fim de semana seguinte, chama a atenção para a incidência de crimes com essas características ao longo de 2020.
Infelizmente, na saideira do ano, novos fatos referendam as pautas.
No dia 9/12, durante jogo do PSG contra o Istambul Basaksehir, pela Liga dos Campeões, o quarto árbitro Sebastião Coltescu proferiu ofensa racista contra Pierre Webo, ex-jogador e atualmente auxiliar técnico do time turco. Os demais jogadores se revoltaram, interpelaram o árbitro e se retiraram de campo. Pela primeira vez na história, um jogo de futebol foi suspenso em protesto contra o racismo. A partida só foi retomada no dia seguinte. E no dia 20/12, em jogo no Maracanã,o Brasil assistiu à indignação do jogador Gerson, do Flamengo, que denunciou em campo ter sofrido ofensa racial por parte de Ramirez, jogador do Bahia. Os dois acontecimentos reacenderam na mídia a discussão sobre o racismo e o feminicídio, crimes em alta no Brasil.
A repórter Dani Maia, ex-Contigo! e colaboradora da Família Tupi, abordou o racismo a partir dos casos George Floyd, assassinado pela polícia nos Estados Unidos, e João Alberto, o soldador morto por seguranças do Carrefour, em Porto Alegre. A matéria registra a opinião de militantes do movimento negro que pedem união contra o racismo.
O outro tema do ano apontado pela Família Tupi - o feminicídio - se evidenciou ontem de forma cruel. A juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi foi morta a facadas na frente das três filhas, na véspera do Natal. O suspeito, o ex-marido dela, o engenheiro Paulo José Arronenzi, foi preso em flagrante. Viviane estava antes sob proteção policial por ter sofrido lesão corporal e ameaças do ex-marido. A pedido de uma das filhas, que teria dito que o pai não era bandido, ela havia dispensado a escolta.
Na noite de Natal, Thalia Ferraz, 23 anos, foi assassinada a tiros pelo ex-companheiro, que está foragido.. O crime aconteceu em Jaraguá do Sul, em Santa Catarina. O assassino enviou mensagem pouco antes avisando a Thalia que faria uma "surpresa".
Em Recife, o sargento Ademir Tavares de Oliveira matou a tiros, também na noite de Natal, a esposa Ana Paula dos Santos. O assassino foi preso em flagrante.
A revista registra o aumento dos casos de feminicídio em 2020, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e pontua o tema através de matéria sobre um caso marcante: o assassinato de Ângela Diniz, em dezembro de 1976, em Búzios, alvo de tiros desfechados no rosto pelo empresário Doca Street. O texto, assinado por Roberto Muggiati, conta que no primeiro julgamento do assassino, o seu advogado, Evandro Lins e Silva, conseguiu livrá-lo da cadeia usando o odioso argumento de "legítima defesa da honra". Na época houve protestos. Só em segundo julgamento, Doca Street, que morreu no último dia 18, foi condenado a 15 anos de prisão.
O Brasil vive dias em que a ultradireita se manifesta nas redes sociais invariavelmente tentando minimizar esses dois tipos de crimes, às vezes até depreciando as vítimas. Neste crítico 2020, a mídia em geral teve um papel importante ao aprofundar o debate sobre racismo e feminicídio, ao dar espaço aos protestos, denunciar os crimes e expor essas graves questões. Que 2021 se mostre mais civilizado.
(*) José Esmeraldo Gonçalves, Dirley Fernandes, Sidney Ferreira, Alex Ferro, David Júnior, Tânia Athayde e Roberto Muggiati.