Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
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quinta-feira, 5 de outubro de 2017
Investigação que começou na França leva Carlos Nuzman à prisão sob acusação de compra de voto de delegado do COI para garantir a Rio 2016. Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 também estão sob suspeita
Repercute na França a prisão, hoje, no Rio, do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Nuzman, suspeito de participar de um suposto esquema de compra de votos para favorecer o Rio de Janeiro na escolha da sede para os Jogos Olímpicos de 2016.
O Le Monde digital noticia o caso. A investigação começou na França a partir da denúncia de um ex-presidente da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo, Eric Maleson, um desafeto de Nuzman que foi demitido das funções em 2012 sob acusação de gestão temerária, falsificação de documentos e desvio de verbas. Na época, a Justiça brasileira afastou o dirigente, que mora nos Estados Unidos. Maleson nega ter cometido irregularidades
A suposta manobra para compra de votos para a Rio 2016 teria a participação de Laminine Diack, filho do um ex-dirigente senegalês do COI Massata Diack e envolveria a articulação do ex-governador Sergio Cabral e do empresário Arthur Soares Filho, que teria subornado Lamine Diack e conquistado o voto de Massata Dick.
O caso deve ter outros desdobramentos já que o Rio ganhou o direito de sediar os Jogos por 66 a 32, uma ampla vantagem de 34 votos, superando Madri, Chicago e Tóquio. Entre os quatro finalistas, o Brasil era o único que representava um continente, a América do Sul, que jamais havia recebido os Jogos. Espanha já foi sede com Barcelona, Tóquio também recebeu uma Olimpíada e Los Angeles foi premiada duas vezes.
Os advogados de Nuzman, Sergio Mazzillo e Nélio Seidl Machado, afirmaram em nota que a escolha do Rio como sede olímpica foi feita "dentro da lei".
O COI faz sindicância interna e aguarda as provas que as autoridades brasileiras dizem ter. Embora admita que deva tomar medidas preventivas - Nuzman é membro do comitê de organização dos Jogos de Tóquio - a entidade internacional divulgou nota em que afirma ter pedido às autoridades brasileiras acesso a todas as informações para que possa agilizar sua investigação. O COI diz, ainda, que respeitará a presunção de inocência e o direito de Nuzman de apresentar sua defesa.
A mídia brasileira destaca no escândalo apenas a Rio 2016, mas, segundo o Le Monde, a investigação que começou na França em 2015, também apura suspeitas sobre a candidatura de Tóquio, que voltou a se apresentar após perder para o Rio e conquistou o direito de sediar os Jogos Olímpicos de 2020. Em 2013, Tóquio derrotou Istambul e, novamente, Madri.
Em julho de 2017, em Lima, depois de acordo entre os delegados e voto aberto, Paris foi escolhida a sede dos Jogos de 2024. Na mesma ocasião, o COI anunciou Los Angeles como anfitriã, pela terceira vez na história, das Olimpíadas de 2018.
ATUALIZAÇÃO EM 6/10/2017 - O Comitê Olímpico Internacional (COI) acaba de anunciar que afastou Carlos Nuzman das suas funções na entidade. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) também está suspenso. O COI acrescenta que os atletas brasileiros não serão prejudicados e poderão participar normalmente de competições internacionais.
segunda-feira, 19 de setembro de 2016
Rio 2016-Tóquio 2020: o último ato e a próxima parada
quarta-feira, 24 de agosto de 2016
Atletas, ontem e hoje. Eles continuam os mesmos, mas os seus uniformes... Site compara fotos de Olimpíadas do passado com as imagens da Rio 2016...
Você viu centenas ou milhares de imagens da Rio 2016. O site Distractify resolveu comparar algumas fotos da atual Olimpíada com cenas dos Jogos de 1908 e de de 1896. Veja como os atletas mudaram...
Ginasta versão 2016 |
A mesma modalidade em 1908 |
Arqueiro do Século 21 e... |
... "colega" no começo do século passado |
O estádio dos Jogos do Rio e... |
.... a "arena" de 1896, na Grécia. Fotos: Reproduções do Distractify/Link abaixo |
VEJA A MATÉRIA COMPLETA NO SITE DISTRACTIFY, CLIQUE AQUI
terça-feira, 23 de agosto de 2016
Rio 2016: Valeu, Time Brasil !
Montagem; Fotos Públicas (*) |
Em um balanço da participação dos atletas brasileiros na Rio 2016, o saldo é positivo.
Inegavelmente, foi a melhor performance do Brasil em Olimpíadas. Ficou em um inédito 13° lugar, com 19 medalhas (7 de ouro, seis de prata e seis de bronze). À frente de países como Espanha, Dinamarca, Suécia, Canadá, Suiça, Bélgica, Noruega etc.
Além disso, com as 19 medalhas da Rio 2016, o Brasil avançou do 33° lugar para o 29° no ranking de toda a história das Olimpíadas, com um total de 128 pódios.
Havia a meta de o país ficar entre as dez grandes potências do esporte. Faltou pouco e fez muito. Em Londres e Pequim foram três ouros; agora, sete. E o Brasil subiu nove posições no quadro de medalhas em relação ao desempenho em Londres 2012, quando ficou no 22° lugar.
É possível que a ausência das equipes russas de atletismo tenha, de certa maneira, atrapalhado o ingresso do Brasil no raking dos dez primeiros, visto que alguns países ganharam ouro em certas modalidades que dificilmente conquistariam com a presença de favoritos russos.
Mas registre-se o fato de, apesar de ter conquistado algumas medalhas não previstas - o Time Brasil tenha ficado abaixo do esperado em modalidades como natação, judô, vela, vôlei feminino de quadra e futebol feminino. Tais esportes, com tradição de bons desempenhos, normalmente teriam levado o Brasil ao Top 10.
O resultado final configura um passo importante rumo ao posto de potência olímpica. E permanece a constatação de que o caminho até o pódio passa por questões sociais, como uma distribuição de renda mais justa, e pelo incentivo à prática de esportes assistida por instrutores nas escolas e universidades, apoio ao clubes formadores de talentos e a implantação de centros de treinamentos em todo o país.
Um país mais justo vai revelar naturalmente seus talentos hoje perdidos ou jamais descobertos.
O Comitê Olímpico Brasileiro desenvolve um programa pouco conhecido do público e da mídia. É o Projeto Vivência Olímpica, que visa antecipar a experiência olímpica de alguns talentos. Quatro dos atletas que foram a Londres levados pelo Vivência conquistaram medalhas na Rio 2016. São eles: Thiago Braz, Martine Grael, Felipe Wu e Isaquias Queiroz. Outros, como Hugo Calderano, Rebeca Andrade, Bernardo Oliveira e Lais Nunes tiveram bons desempenhos. O COB informou que a bem-sucedida experiência do Vivência Olímpica de Londres foi repetida no Rio de Janeiro. Vinte atletas com potencial de participação nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 ganharam experiência olímpica na Olimpíada. Um bom exemplo.
A expectativa é que sejam mantidos os recursos provenientes de Lei Agnelo/Piva e sustentadas outras estruturas de apoio como o Bolsa Atleta, Bolsa Pódio e o Programa de Alto Rendimento das Forças Armadas, que mostraram resultados na Rio 2016.
O Time Brasil deixou sua marca na Rio 2016 e está de parabéns.
(*) Os medalhistas brasileiros da Rio 2016:
Ouro Thiago Braz (atletismo – salto com vara), Robson Conceição (boxe), Alisson e Bruno Schmidt(vôlei de praia), Rafaela Silva (judô), Kahena Kunze e Martine Grael (vela – 49er FX), Seleção masculina de futebol e seleção masculina de vôlei.
Prata: Isaquias Queiroz (canoagem velocidade – C1 1000), Isaquias Queiroz e Erlon Souza (canoagem velocidade C2 1000), Arthur Zanetti (ginástica artística – argolas), Diego Hipólito (ginástica artística – solo), Felipe Wu (tiro esportivo – pistola de ar 10m) e Agatha e Barbara (vôlei de praia).
Bronze: Isaquias Queiroz (C1 200), Arthur Nory (ginástica artística – solo), Rafael Silva (judô - acima de 100kg) e Poliana Okimoto (maratona aquática), Mayra Aguiar (judô – até 78kg) e Maicon Siqueira (taekwondo – mais de 80k
Brasil Olímpico: esperanças e diferenças no futebol...
Por oferecer medalhas e não taça, o torneio de futebol olímpico não deixa a famosa foto-logotipo que celebrizou os cinco títulos em Copas do Mundo. Reprodução |
por José Esmeraldo Gonçalves
O ouro olímpico foi uma importante conquista do futebol. O troféu que faltava. Mas passada a euforia é bom baixar a poeira.
O ouro olímpico foi uma importante conquista do futebol. O troféu que faltava. Mas passada a euforia é bom baixar a poeira.
A seleção olímpica penou pra chegar lá. Teve notórias dificuldades para realizar um fundamento do futebol: o gol. Mostrou alguma evolução em marcação coletiva mas errou no excesso de passes laterais, concentrou o jogo em Neymar, exibiu nervosismo em certos momentos, falhou demais na ultima bola.
Positivo foi o poder de recuperação depois de quase não se classificar em um torneio que reuniu adversários medianos. Contaram pontos a disposição e uma disciplina em absorver o estilo de jogo pretendido por Rogério Micale.
O Brasil aplaudiu a conquista e Tite, o novo treinador da seleção principal, também vibrou. Justo. Tanto que convocou sete jogadores do campeão olímpico.
Entende-se que diante da proximidade de jogos pelas Eliminatórias Tite quis aproveitar jogadores em atividade, tanto os olímpicos quanto os que atuam no Brasil ou na China, onde o campeonato está em curso, preterindo os "europeus" que voltam de férias, sem ritmo de jogo.
É uma aposta compreensível, mas é uma aposta.
O Brasil, que tem 9 pontos e duas vitórias, pega o Equador - que está com 13 pontos e quatro vitórias - e em seguida a Colômbia, com 10 pontos e três vitórias. São jogos decisivos para uma recuperação da seleção que, no momento, está fora da zona de classificação.
O ouro olímpico tem, além do ineditismo, o mérito de dissipar algumas nuvens que pesam sobre o futebol brasileiro. Antes, durante e depois do fatídico 7x1.
Nelson Rodrigues diria maktub: o título estava reservado para o Maracanã, o estádio-lenda de tantas glórias e de tantos craques.
Foi o primeiro título mundial de uma seleção brasileira que o Maraca recebeu ao longo de 66 anos (é o segundo se o leitor quiser incluir a Copa das Confederações de 2013, um torneio menos emblemático também vencido pelo Brasil). Aquelas quatro linhas e aquele anel - que foram anfitriões orgulhosos de Ademir, Zizinho, Pelé, Garrincha, Gilmar, Nilton Santos, Didi, Gerson, Vavá, Rivelino, Romário, Ronaldo e tantos outros mágicos do futebol - mereciam essa honra.
Pena que, no ritual olímpico, não houve espaço para a foto-logotipo que marcou os cinco títulos de Copa do Mundo: a taça erguida pelo capitão.
Primeiro, a imagem que simboliza a conquista olímpica é a dos vencedores no pódio. Segundo, o capitão do título é Neymar. Que não será um "eterno capitão", como Carlos Alberto, porque já "pediu as contas" do posto.
Como capitão, sem taça para levantar mas com medalha para se orgulhar, Neymar será lembrado na Rio 2016 pelos gols, pelos passes e por dois momentos destacados: a frase rancorosa "vão ter que me aturar" e a faixa "100% Jesus". O segundo poderia resultar em punição formal ao Brasil, já que o regulamento olímpico acertadamente rejeita manifestações políticas e religiosas. Teoricamente, a seleção poderia até perder a medalha. Diz-que que o COI, contudo, fará apenas uma advertência oficial ao COB. Em um evento associado à paz e à convivência respeitosa entre os povos, a pluralidade, a harmonia, a ostentação religiosa pode ser desagregadora.
A frase "vão ter que me aturar" embute um duplo sentido perturbador para quem a pronuncia.
Muitos ídolos que pisaram no Maracanã, como os citados acima, foram "aturados" na boa por gerações de torcedores.
É muito cedo para falar o mesmo de Neymar.
Falta um detalhe chamado Copa do Mundo. No mínimo.
Falta um detalhe chamado Copa do Mundo. No mínimo.
domingo, 21 de agosto de 2016
Bastidores da Rio 2016: as milhares de camisinhas que quase provocaram uma catástrofe ambiental na Vila Olímpica e o manifesto furado dos cientistas que queriam adiar os Jogos
Muito besteirol foi escrito sobre a Rio 2016. Além da universidade gaúcha que produziu um "estudo" sobre"abóboras assassinas" virais na Baía de Guanabara, tem sido lembrado o manifesto de cientistas - a maioria sequer conhecia o Rio - que pediram à Organização Mundial de Saúde que adiasse as Olimpíadas por causa da zika. O documento, que teve a assinatura de uma única brasileira, foi criticado na época como exemplo de pressa e leviandade e agora é visto como uma piada de dimensões olímpicas. A OMS negou o pedido. Na época, o vírus estava presente me mais de 60 países. Continua. O manifesto não fala em pedir o trânsito de pessoas por tais nações. Nem se manifestou ainda quanto ao avanço da zika na Flórida ou interditou Mickey e o Pato Donald.
Faltam poucas horas para o encerramento da Rio 2016. Vamos bater na madeira!
Até aqui não houve ataque de zumbis, o tubarão branco não devorou iatistas, capivaras sanguinárias não lancharam os golfistas, abelhas psicopatas não picaram maratonistas, o monstro da Lagoa não comeu remadoras e uma frota de piranhas afim de de carne alva não se infiltrou nas piscinas e tanques de salto.
E quase entupiram conexões do sistema de esgoto dos apartamentos dos competidores.
Reprodução o Globo |
Reprodução Fox |
sábado, 20 de agosto de 2016
Rio 2016, modalidade sexo ao vivo em Copacabana. Pra inglês ver...
A matéria saiu no The Sun e o vídeo já teve mais de 300 mil acessos no You Tube. O apresentador Dan Walker entrava ao vivo na BBC, direto de Copacabana, quando foi avisado que a câmera captava um casal disputando uma modalidade bem mais antiga do que qualquer esporte olímpico.
O repórter não perdeu o ritmo e, bem-humorado, avisou ao telespectadores que tratava-se apenas de um casal "lendo um livro em uma posição diferente".
VEJA O VÍDEO, CLIQUE AQUI
Ryan Lochte: um lugar na história...
O americano Ryan Lochte garantiu o seu lugar na história das Olimpíadas. É o maior mentiroso desde os Jogos de Olímpia, há 3.500 anos. A palavra "mentiroso" na internet remete agora para centenas de links dedicados ao nadador.
Lochte é medalhista olímpico, só que se ele contar ninguém acredita. Vai ter quer andar com as medalhas, os diplomas e testemunhas. Vídeos e fotos não valem porque podem ser adulterados.
Na capa do New York Post, o reconhecimento oficial da balela, peta, potoca, embuste, burla, logro, pulha, caraminhola, caô e embromação.
sexta-feira, 19 de agosto de 2016
Vaias. Por que não?
por Flávio Sépia
Muita besteira foi escrita por aí como "análise" dos episódios de vaias da torcida. A maior parte das abordagens era de um colonialismo gritante, pra não dizer de um viralatismo crônico.
Por isso, vale ler enfoques de mentes menos "coxinhas", que desprezam as manifestações autênticas das arquibancadas. Um exercício popular aqui, que faz parte da cultura local, e a Olimpíada acontece aqui, não no Palácio de Buckingham ou em uma Versalhes ressuscitada.
Talvez a Rio 2016 tenha sido aquela que mais promoveu a integração entre o grande evento e a vida local, sem artificialismos, em meio às qualidades e defeitos do povo e da cidade. Isso inclui o momento, o ânimo, o desânimo, a satisfação, a insatisfação. Os gatilhos das vaias podem ser esportivos ou não. Temos o direito de vaiar tanto o presidente da República de plantão quanto o francês que nos compara a nazistas, o adversário, o juiz, os americanos que mentiram etc.
Vaia não é crime. Agressão sim, mas aí é outra história.
O que se viu em Copacabana, que virou um point internacional com milhões de pessoas circulando entre uma e outra competição, é inédito. É do Rio 2016. Tóquio 2020, com certeza, será diferente. Os japoneses têm sua cultura, igualmente respeitável, diga-se, e imprimirão aos seus Jogos seu estilo, provavelmente mais reservado, com menor integração ou interferências na rotina.
A propósito das vaias, a BBC Brasil ouviu o sociólogo americano Peter Kaufman. Leia, a seguir.
________________________________________________________________________________
por Fernando Duarte (para a BBC Brasil)
Assim como muitos observadores internacionais acompanhando os Jogos Olímpicos do Rio, o sociólogo americano Peter Kaufman ficou espantado com o episódio das vaias ao atleta francês do salto com vara Renaud Lavillenie. No caso do acadêmico, porém, o que pareceu incomodá-lo mais foi a reação contrária ao comportamento da torcida.
Para o professor da Universidade Estadual de Nova York, que escreve sobre sociologia do esporte e estudou as reações do público ao comportamento de atletas, houve exagero na condenação das manifestações, sobretudo depois do "pito" público dado nos brasileiros pelo presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), o alemão Thomas Bach.
Após as vaias a Lavillenie no pódio, Bach usou a conta do COI no Twitter para dizer que o comportamento do público foi "chocante" e "inaceitável nas Olimpíadas".
"O COI certamente tem questões bem mais importantes para lidar do que vaias de torcedores", disse Kaufman, em conversa com a BBC Brasil, por telefone.
Veja abaixo, trechos da entrevista:
BBC Brasil - O senhor acompanhou a polêmica das vaias no Brasil?
Peter Kaufman - Sim, porque houve um repercussão considerável de alguns incidentes envolvendo o público na Olimpíada do Rio. O comportamento de torcedores é algo interessante, porque estão em jogo fatores culturais.
BBC Brasil - Por que as pessoas vaiam?
Kaufman - É uma questão de expressão, uma forma de interação social e participação. E isso varia de lugar para lugar. Se um alienígena chegasse aqui hoje e fosse assistir a uma competição esportiva, possivelmente teria outra maneira de se comportar de acordo com sua realidade. E, óbvio, sabemos que não é apenas esporte. As Olimpíadas têm um significado muito maior. O público brasileiro pode estar vaiando em desafio às autoridades, ao governo brasileiro e até mesmo ao dinheiro gasto na Olimpíada.
BBC Brasil - É injusto com os atletas?
Kaufman - Alvos de vaias podem se sentir ofendidos, tristes e até ameaçados por uma torcida mais ruidosas. Não os culpo por pensarem apenas na qualidade de seu desempenho em vez de analisar aspectos culturais ou políticos. É perfeitamente compreensível que o atleta francês tenha ficado bastante chateado com as vaias que recebeu até no pódio. Mas ele estava competindo contra um atleta brasileiro e em casa. Pelo que tenho lido sobre a torcida brasileira, era inevitável que ele fosse alvo dessas manifestações.
LEIA A MATÉRIA COMPLETA NA BBC BRASIL, CLIQUE AQUI
Muita besteira foi escrita por aí como "análise" dos episódios de vaias da torcida. A maior parte das abordagens era de um colonialismo gritante, pra não dizer de um viralatismo crônico.
Por isso, vale ler enfoques de mentes menos "coxinhas", que desprezam as manifestações autênticas das arquibancadas. Um exercício popular aqui, que faz parte da cultura local, e a Olimpíada acontece aqui, não no Palácio de Buckingham ou em uma Versalhes ressuscitada.
Talvez a Rio 2016 tenha sido aquela que mais promoveu a integração entre o grande evento e a vida local, sem artificialismos, em meio às qualidades e defeitos do povo e da cidade. Isso inclui o momento, o ânimo, o desânimo, a satisfação, a insatisfação. Os gatilhos das vaias podem ser esportivos ou não. Temos o direito de vaiar tanto o presidente da República de plantão quanto o francês que nos compara a nazistas, o adversário, o juiz, os americanos que mentiram etc.
Vaia não é crime. Agressão sim, mas aí é outra história.
O que se viu em Copacabana, que virou um point internacional com milhões de pessoas circulando entre uma e outra competição, é inédito. É do Rio 2016. Tóquio 2020, com certeza, será diferente. Os japoneses têm sua cultura, igualmente respeitável, diga-se, e imprimirão aos seus Jogos seu estilo, provavelmente mais reservado, com menor integração ou interferências na rotina.
A propósito das vaias, a BBC Brasil ouviu o sociólogo americano Peter Kaufman. Leia, a seguir.
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por Fernando Duarte (para a BBC Brasil)
Sociólogo americano diz que vê legitimidade no comportamento da torcida brasileira na Rio 2016
Para o professor da Universidade Estadual de Nova York, que escreve sobre sociologia do esporte e estudou as reações do público ao comportamento de atletas, houve exagero na condenação das manifestações, sobretudo depois do "pito" público dado nos brasileiros pelo presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), o alemão Thomas Bach.
Após as vaias a Lavillenie no pódio, Bach usou a conta do COI no Twitter para dizer que o comportamento do público foi "chocante" e "inaceitável nas Olimpíadas".
"O COI certamente tem questões bem mais importantes para lidar do que vaias de torcedores", disse Kaufman, em conversa com a BBC Brasil, por telefone.
Veja abaixo, trechos da entrevista:
BBC Brasil - O senhor acompanhou a polêmica das vaias no Brasil?
Peter Kaufman - Sim, porque houve um repercussão considerável de alguns incidentes envolvendo o público na Olimpíada do Rio. O comportamento de torcedores é algo interessante, porque estão em jogo fatores culturais.
BBC Brasil - Por que as pessoas vaiam?
Kaufman - É uma questão de expressão, uma forma de interação social e participação. E isso varia de lugar para lugar. Se um alienígena chegasse aqui hoje e fosse assistir a uma competição esportiva, possivelmente teria outra maneira de se comportar de acordo com sua realidade. E, óbvio, sabemos que não é apenas esporte. As Olimpíadas têm um significado muito maior. O público brasileiro pode estar vaiando em desafio às autoridades, ao governo brasileiro e até mesmo ao dinheiro gasto na Olimpíada.
BBC Brasil - É injusto com os atletas?
Kaufman - Alvos de vaias podem se sentir ofendidos, tristes e até ameaçados por uma torcida mais ruidosas. Não os culpo por pensarem apenas na qualidade de seu desempenho em vez de analisar aspectos culturais ou políticos. É perfeitamente compreensível que o atleta francês tenha ficado bastante chateado com as vaias que recebeu até no pódio. Mas ele estava competindo contra um atleta brasileiro e em casa. Pelo que tenho lido sobre a torcida brasileira, era inevitável que ele fosse alvo dessas manifestações.
LEIA A MATÉRIA COMPLETA NA BBC BRASIL, CLIQUE AQUI
quarta-feira, 17 de agosto de 2016
Na maratona da cobertura da Rio 2016, a mídia internacional acumula algumas desclassificações... jornalismo "bizarro" no Le Monde, o assalto que parece fantasia, a polêmica do biscoito Globo, o repórter do Daily Beast expulso dos Jogos, o diplomata russo que não era russo nem diplomata...
Lavillenie no Le Monde: "licença literária" |
Quando o brasileiro Thiago Braz surpreendeu Renaud Lavillenie e cravou 6.3m no salto com vara, o francês, campeão olímpico, se posicionou, já no desespero, para tentar superar a marca. Antes mesmo de ecoarem vaias no Estádio Olímpico, a expressão dele era de derrota. A reação da plateia em apoio ao brasileiro desestabilizou de vez o assustado Lavillenie. E não deu outra. Falhou na tentativa e viu Thiago Braz comemorar sua merecida medalha de ouro.
O francês criticou as vaias e se recusou a cumprimentar o brasileiro. Depois, aparentemente desnorteado, comparou a torcida aos alemães que vaiaram o negro Jesse Owens, campeão nos Jogos Olímpicos de Munique, em 1936, sob o olhar de Hitler.
Uma comparação que não fez sentido. Lavillenie deve saber que os brasileiros que foram ao estádio ver esporte com paixão têm, com certeza, muito menos a ver com o nazismo do que os apoiadores do marechal Pétain e os colaboracionistas franceses que, em plena ocupação alemã, subordinaram a França aos nazistas tentando dar uma aparência "legal" à sangrenta invasão. E muitos não os vaiaram
Mas o besteirol pós-Thiago Braz não parou aí. O repórter Anthony Hernandez, do Le Monde, descreveu a derrota de Lavillenie depois de supostamente ouvir o treinador do francês, Philippe d'Encausse, dizer que o Brasil é um país " bizarro" e que Thiago vencera "com ajuda do candomblé".
O repórter admitiu depois que o treinador jamais disse essa frase e que talvez nem conheça o candomblé. Hernandez confessou que a polêmica declaração foi inserida no texto por ele como uma "licença literária".
Isso sim é jornalismo bizarro.
The New York Times: culinária carioca é o fim da picada. |
A crítica de Segal irritou os cariocas que usaram as redes sociais para responder ao americano. Um citou a mania dos gringos por hamburger feito de "minhoca" e de sobras de carne de quinta categoria. Outro lembrou a fixação dos americanos por pasta de amendoim, ingrediente que eles usam até no sexo oral.
Repórter prepara armadilha para gays e é expulso dos Jogos |
Hines publicou dados dos usuários do aplicativo revelando nacionalidades, altura, peso, idioma etc. Atletas que vieram de países onde o homossexualismo é crime e, em alguns caso, punido com pena de morte, relataram que suas vidas podem correr perigo.
O COI baniu o jornalista, cassou sua credencial, e o Daily Beast retirou a reportagem do ar.
Polícia investiga suposto assalto sofrido por atletas americanos. |
Logo no começo da Olimpíada houve outra trapalhada. Essa, com a ajuda da mídia brasileira que divulgou, sem mínima apuração, o caso de um "diplomata russo", um "vice-cônsul", que teria sofrido um assalto na Barra da Tijuca, reagido, e eliminado o assaltante a tiro. A notícia correu o mundo.
O assalto aconteceu, segundo a polícia, o ladrão foi mesmo morto pelo homem que não era russo, muito menos diplomata, não se chamava Komarov e nem morava em Moscou. O sujeito era mineiro e, na carteira de identidade, estava lá o nome da figura: Marcus Cezar. O consulado russo desmentiu, mas aí a "notícia" já estava correndo o mundo.
Coisa do folclore jornalístico em ação na cobertura da Rio 2016.
Os cariocas agradecem a atenção dispensada, mas dizem que já têm muito problemas reais e não precisam de reportagens incrementadas por "licenças literárias".
ATUALIZAÇÃO em 18/8/2016:
MENTIROSOS
Vídeo e depoimentos de testemunhas divulgados ontem desmoralizaram de vez a versão mentirosa dos atletas norte-americanos.
Um dos atletas confessou que não houve roubo.
Representantes da comitiva dos Estados Unidos apresentaram desculpas oficiais à Rio 2016.
Os americanos mentiram com o objetivo de ocultar a prática de vandalismo em um posto de gasolina e, por motivos pessoais, minimizar eventuais consequências da animada noitada e da bebedeira.
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segunda-feira, 15 de agosto de 2016
Nas ruas do Rio, uma crônica visual...
Soldados do Exército que cuidam da segurança da Rio 2016 são atração para os visitantes. Grupos de turistas pedem para fazer fotos ao lados dos militares e seus fuzis. |
No Boulevard Olímpico da Praça Mauá. |
TV estrangeira entrevista a Velha Guarda... |
No Porto Maravilha que junto com a Praça Mauá reformada é uma espécie de nova sala de visitas do Rio. . |
Show na Praça Mauá. entre uma música e outra um refrão popular faz sucesso : "Fora Temer". |
O logo Cidade Olímpica, na Mauá, é disputado para fotos |
Na Mauá, Jacozinho faz embaixadinhas. O alagoano sobe até em árvores sem deixar a bola cair... |
Hip Hop na praça e réplica do 14 Bis ao fundo |
Não é um novo condomínio... Navio cruzeiro é "casa" de turistas |
Os painéis Etnia, de Eduardo Kobra... |
.representam rostos de cinco continentes e... |
...ficarão como um colorido legado cultural na nova alameda do Porto. |
Se a Princesa Isabel aparecesse na janela do Paço onde morou... |
...veria a Rio 2016 em um telão instalado bem em frente à residência real. |
Quer pular de bungee jump? A Praça XV tem... |
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quarta-feira, 10 de agosto de 2016
Mídia estrangeira reclama da vibração da torcida brasileira na Rio 2016. Relaxem... melhor o barulho da galera do que o silêncio diante de manifestações racistas contra atletas. Coisa comum em muito estádios da Europa e dos Estados Unidos...
Brasil na torcida. Foto: Ministério do Esporte |
A mídia internacional tem criticado o comportamento do público pelo que considera "excessos" ao demonstrar seu apoio aos competidores brasileiros. Vamos com calma. Torcer, cantar e vaiar são atitudes absolutamente normais em esportes que mexem com a emoção.
No calor das disputas, pode acontecer um ou outro exagero. Nada que não possa ser contido.
Durante a largada das provas de natação, que pedem silêncio, o público tem respondido sem problemas ao pedido da fiscal que aciona o alarme de partida. Vaias fazem parte da perfomance dos torcedores no futebol (a seleção brasileira tem sido merecidamente vaiada), do võlei, handebol etc.
Segundo um texto da Reuters, os brasileiros estão vendo os Jogos "como se fosse um Fla X Flu".
É isso mesmo Reuters, estamos em um Fla X Flu. Somos assim. Vibramos, reclamamos, rimos, choramos. Não somos robôs.
Talvez as Olimpíadas na Alemanha nazista tenham sido silenciosas. Mas aqui é Brasil.
Outro repórter reclamou que a torcida faz barulho até durante lutas de boxe. Cara, você já assistiu a uma luta de boxe do MGM, em Las Vegas?
Pra encerrar: é bem melhor o barulho da torcida do que as manifestações de racismo comuns e pouco combatidas em ginásios e estádios europeus.
Ou agressões como certa vez a tenista Serena Williams sofreu na Califórnia.
Ou as manifestações racistas de espanhóis contra Lewis Hamilton, em Barcelona, em 2007, se não me engano.
Ou o recente episódio de racismo vivido pelo campeão de golpe Tiger Woods em turnê europeia.
Portanto, calma aí.
Gringos, curtam o Brasil como ele é e rasguem a fantasia do elitismo.
segunda-feira, 8 de agosto de 2016
Um incrível making of do mural de Eduardo Kobra no Boulevard Olímpico
Foto de Fernando Frazão/Agência Brasil |
VEJA O VIDEO, CLIQUE AQUI
sexta-feira, 5 de agosto de 2016
Rio 2016; Estádio Olímpico Nilton Santos (Engenhão) em dia de Portugal 2 X 0 Argentina
Na Estação de Engenho de Dentro: chegada tranquila. |
A fila para entrar: tempo para o Raio-X e a revista de bolsas e mochilas. |
No primeiro jogo de futebol masculino, no Engenhão, os torcedores atenderam para pedido de chegar cedo. Voluntários, muitos, informavam sobre acesso dentro e fora do estádio. |
A torcida argentina compareceu com faixas e bandeiras |
Um pequeno grupo de "hermanos" provocou brasileiros e... |
... houve reação e uma rápida briga na arquibancada. Argentinos foram detidos. E deixaram o estádio com mais uma decepção. Com o time que trouxeram, dificilmente chegam às finais |
FOTOS BQVMANCHETE
As estrelas não vieram. Messi e Cristiano Ronaldo bem que poderiam dar um brilho ao futebol olímpico. Faltou também, no time de Portugal, o meia Renato Sanchez, o jovem de 18 anos que se destacou na recente Eurocopa vencida pelos patrícíos.
O futebol é, aliás, um evento quase secundário nos Jogos. A FIFA permite que as seleções participem do evento do COI, mas tem o cuidado de não estimular muito a coisa para não criar um sério concorrente à sua exclusiva Copa do Mundo. Daí, não obriga os clubes a cederem seus craques e impõe o limite de idade. Não faz muito tempo, concedeu a convocação de até três jogadores com mais de 23 anos.
No jogo de ontem Portugal pareceu bem mais entrosado do que a Argentina. Depois de um primeiro tempo equilibrado, na verdade, chato, os gols saíram no segundo tempo.
Aos 21 minutos, Paciência fez o primeiro. Mas o gol que fez a festa do brasileiros aconteceu aos 39, quando Pite meteu a bola por baixo das pernas do goleiro argentino Rulli. Um frangaço.
A Argentina tentou reagir - colocou em campo Lo Celso, do Paris Saint-Germain e o atacante Simeone, filho do ex-jogador e técnico do Atlético de Madri, Diego Simeone. Não deu.
Na preliminar, Honduras, próximo adversário de Portugal, ganhou da Argélia - que vai jogar com a Argentina -, por 3X2.
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