segunda-feira, 14 de março de 2016

Para ler ao som de Adoniram Barbosa: "SE VOCÊS PENSA QUE NOIS FUMOS EMBORA NÓIS ENGANEMOS VOCÊS FINGIMOS QUE FUMOS E VORTEMOS OI NÓIS AQUI TRAVEIS"



45 anos depois da Copa de 70, política e camisa da seleção voltam a jogar juntas. O uniforme da CBF foi
o preferido dos manifestantes que pedem o golpe. Foto Andre Tambucci/Fotos Públicas



Numa semana em que o verde e amarelo predominou, a Polícia Rodoviária Federal aprendeu ontem em SP  drogas "patrióticas".  A PRF não informou mas os jornalistas trabalham com várias hipóteses: os traficantes achavam, quem sabe, que assim seria mais fácil escapar das barreiras policiais dizendo que eram pacotes de camisetas para a manifestação; a polícia pintou a carga como uma forma de marcar sua posição no protesto; ou é apenas a reedição de um marketing que o tráfico utilizou na época da Copa quando o verde e amarelo indicava droga "padrão Fifa". Foto PRF.

por Flávio Sépia
Esse mar de gente de verde e amarelo pedindo a volta dos militares me dá pesadelo.

Golpe, segundo os velhos comentaristas políticos, é coisa que a gente sabe como começa mas ninguém sabe como acaba.

Multidões pedem o impeachment de Dilma Rousseff. Mas alguém sabe o que ou quem virá depois?

No início da década de 1960, a grande mídia se engajou no golpe para derrubar João Goulart. Editoriais, denúncias, reportagens forjadas, a difusão da "ameaça" comunista, valia tudo para levar o povo às ruas.

Até que os militares ligaram os motores do tanques "em socorro ao clamor público".

Políticos e empresários que se engajaram na conspiração imaginavam voltar ao poder tão logo as baionetas fossem recolhidas. A revista Manchete, por exemplo, que tinha notórias ligações com o ex-presidente Juscelino Kubitschek, acreditava tão piamente que o poder voltaria aos políticos que, na edição de 4 de abril de 1964, exaltava JK como candidato natural à sucessão.

Um trecho de um texto naquela edição da Manchete: "O que ele já fez antes faz de novo agora, ao pleitear que o Brasil lhe seja entregue para a execução do trinômio "Paz, Desenvolvimento e Reformas".

"Ele" era JK.

E JK, como Manchete, quebraram a cara. Castelo Branco que, segundo a mídia em geral, abriria uma "nova e brilhante" fase da República, seria apenas o primeiro de uma fila de ditadores por inacreditáveis 21 anos.

Mas esse atual exibicionismo verde-amarelo é preocupante. Ainda mais quando imagens desse domingo mostraram caminhões enfeitados pedindo a volta dos militares.

Há 45 anos, a propaganda do regime aliada à publicidade privada também se valeu dessas cores. No embalo da Copa de 70, essa mesma camisa amarela que inundou as ruas, ontem, deu o mote para a AERP dos militares (Assessoria Especial de Relações Públicas) surfar no "patriotismo".

Na época, nos Estados Unidos, era popular o slogan "Love It or Live It", uma "sugestão" para negros, estudantes ou jovens que se recusavam a lutar no Vietnã. O Brasil de Garrastazu Médici logo importou o "Ame-o ou Deixe-o". O conceito de Brasil Grande lançado a partir do Planalto ganhou força em jornais, revistas, TV e na publicidade.

Nessa semana, uma grife, a Reserva, da qual é sócio o apresentador da Globo, Luciano Huck, que pertence ao clã de amigos de Aécio Neves, lançou uma camiseta que também me lembrou a estética daqueles tempos. Trata-se de uma camiseta-exaltação a Moro.

Isso me fez teclar os anos 70 na máquina do tempo e fazer uma viagem às mensagens da época.

Por nada.

Apenas pelo desprazer de rever essa monótona onipresença dos símbolos como instrumentos de propaganda política.

Não por acaso, cores e dizeres geralmente associados ao autoritarismo.

2016: Camiseta da grife Reserva à venda 
para a manifestação de ontem.


Anos 70: O slogan autoritário do país dividido, 

As marcas aderiam ao marketing da ditadura e...

...adotavam a terminologia da repressão.
Mas um dos piores anúncio dos tempos dos militares foi este, publicado na Veja, em novembro de 1969: uma referência explícita e cruel às sessões de  torturas que aconteciam nos porões da ditadura. Isso para sensibilizar as famílias que marcharam "com Deus pela Democracia" a comprar um novo aparelho de TV.

6 comentários:

Diogo disse...

Aécio, Alkimin, Serra o povo já disse que não quer. É se o Bolsonaro ganhar um gás como parece. É esse o objetivo desses manifestantes?

Peixoto disse...

A impressão é que o Brasil dá um passo para frente e dois para trás. Não falo de um partido ou de outro mas dessa medíocre classe política.

J.A.Barros disse...

Gente, não consigo entender por que essa confusão toda em volta do ex-presidente Lula ter a posse ou não de um triplex e um sítio em atibaia. Esse triplex não chega a 2 milhões de reais e o sítio menos de 1 milhão de reais. Ora, o ex-presidente trabalhou 8 anos como presidente da república ganhando um bom salário sem gastar um centavo, porque nós pagávamos até o cafezinho que tomava na padaria e deve ter economizado muito dinheiro. Por que ele não se declara dono dessas duas propriedades e diz que comprou sim com o salário que ganhou como presidente e vire-se para seus inquisidores e diga:
– Comprei sim e com meu dinheiro que ganhei como presidente . E daí? O que vocês querem saber mais?
Com essa declaração essa perseguição idiota terminaria e deixaria esses babacas com cara de bobos.

Guerreiroblack disse...

Os golpistas com Aécio com vão quebrar a cara porque os coxinhas na rua querem é Bolsonaro

Xman disse...

BOLSONARO, BOLSONARO, BOLSONARO, BOLSONARO, BOLSONARO, BOLSONARO!!!!!!!!!! jÁ!!!!!!!!!!!

Unknown disse...

Você já se perguntou ou pesquisou qual é o salário de um presidente da republica. Com certeza não compraria nem um nem outro.