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segunda-feira, 14 de junho de 2021

Deu no Meio & Mensagem: o "leite da Moça" faz 100 anos de Brasil...

As sete brasileiras das latinhas comemorativas. Foto Divulgação


Desde 1890, o Brasil importava o Milkmaid. No rótulo vinha a estampa de uma camponesa com trajes típicos do século 19. 


Em 1921, foi produzida em Araras (SP) a primeira latinha nacionalizada do produto suíço, que o povão já apelidava aqui de "leite da moça". 

Pois o Leite Moça comemora 100 anos de Brasil, adoçando muitas gerações. 

Para festejar a data, a camponesa da Nestlê troca de lugar com sete mulheres brasileiras que ilustrarão série especial de latas comemorativas. Dona Sônia, Bia, Gabriela, Angela, Terezinha, Tia Bena e Amanda ainda vão contar nas redes sociais da marca histórias de como a marca "impactou" suas vidas. Segundo o Meio & Mensagem, que noticia a campanha “Leite Moça® 100 ano, a nova linha de latinhas cega aos pontos de venda ainda nesse mês de junho. Link para a matéria no Meio &Mensagem AQUI

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Depois de viral nas redes sociais, Ikea proibe masturbação no recinto das lojas

"Estatuto da Gafieira", de Billy Blanco apontava em um dos seus artigos a proibição de
"abusar da umbigada de maneira folgazã". Música inspirada nas regras existentes nas tradicionais gafieiras cariocas.

Pois a rede de lojas sueca Ikea também tem um livro de normas para orientar o comportamento dos fregueses. Recentemente, um novo item foi inserido, com urgência, no "estatuto" da Ikea. Motivo: viralizou nas redes sociais um vídeo que mostrava uma mulher se masturbando no interior de uma loja. O marketing de relacionamento com clientes se mexeu e as normas da Ikea pedem agora, encarecidamente, que o distinto público aguarde até voltar para casa. Segundo a AFP, o incidente teria ocorrido em das lojas da marca na China. Não se sabe o que excitou a freguesa. A Ikea vende mesas, cadeiras, estantes, sofás e camas. Talvez a cama.

quinta-feira, 19 de março de 2020

Coletivas: "pega na mentira, corta o rabo dela, pisa em cima, bate nela"

Foto de Marcos Corrêa/PR

Essa foto é, sem duvida, a mais ridícula da semana.

Bolsonaro e ministros fazem uma cenografia em rede nacional para mostrar suas "preocupações" com o vírus. O capitão inativo tem, na vida real, debochado da pandemia e dá a mínima para recomendações médicas, como evitar contato físico.

Isso depois de participar da comitiva presidencial mais contaminada do mundo. Ele diz, agora, que qualquer dia os brasileiros o verão no metrô lotado de São Paulo e na barca Rio-Niterói.

Mandetta foi o "rei das coletivas" antes de Bolsonaro tomar o seu papel. Foi elogiado pela "transparência". Sabe-se, agora, que o governo federal foi leniente em medidas mais restritivas (alguns os estados, como Rio e SP acabaram saindo na frente, mas a maioria ainda reluta em decisões mais rigorosas) e muito do que se falou naquelas coletivas não correspondia à realidade ou não estava em prática. O Brasil perdeu tempo em várias medidas, provavelmente por inspiração do chefe que achava que nada precisava parar e que a mídia espalhava pânico na população.

Foto de Gervário Baptista

Mas a coletiva do Bolsonaro e seus ministro bateu o recorde em encenação. Eles tiravam e botavam a máscara que o marketing governamental plantou para mostrar autoridades "conscientes". O mais desmiolado chegou a pendurar a máscara na orelha.

Talvez o reality show armado pelo Planalto só encontre semelhança com a foto dramaticamente ridícula de Tancredo Neves e sua equipe médica.  A foto foi feita no dia 25 de março, no Hospital de Base, de Brasília, pelo saudoso Gervásio Baptista, então convidado para ser o fotógrafo oficial do presidente "eleito" pelo Colégio Eleitoral da ditadura.

Não foi exatamente uma coletiva, mas teve o mesmo efeito. Armada para mostrar que Tancredo estava se "recuperando bem", a foto foi imediatamente distribuída para todos os veículos. Apenas três horas depois de ser fotografado, Tancredo sofreu forte hemorragia e foi transferido para um hospital em São Paulo, onde morreu em 21 de abril de 1985.

A imagens são ridículas, mas, por favor, os fotógrafos não têm culpa. Apenas focalizaram o show.

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Barrigas de merchan...


Sabrina Sato acena com o aparelho digital para teste de gravidez. Reprodução Instagram

Sheila Castro divulga o mesmo aparelho. Reprodução Instagram

por Ed Sá

Cada uma faz o que quer com a sua barriga, certo? Dito isto, sem julgamento moral, vamos ao comentário sobre um fenômeno no campo do merchandising. 

É quando um anúncio de gravidez se transforma em produto comercial. 

Prática nada nova no conteúdo, mas inovadora na forma com que chega, agora, às redes sociais.. 

Gravidez na família real britânica sempre foi, por exemplo, fato anunciado em grandes e bem montadas campanhas. Faz parte do marketing de sobrevivência da realeza, instituição quase ociosa e que precisa de mídia tanto quanto as Kardashians.

Por aqui, em uma mesma semana, duas celebridades, a apresentadora Sabrina Sato e a jogadora de vôlei Sheila Castro, anunciaram suas respectivas fecundações através das redes sociais. Com o detalhe, vídeos e fotos mostravam o Clear Blue, aparelho digital para testes de gravidez.  Sabrina teria faturado R$150 mil pelo merchan. Não foram divulgados valores em relação a Sheila. 


Era comum nas revistas de celebridades, quando estas tinham mais relevância e circulação, matérias sobre nascimentos de bebês com indicações de merchan. Maternidades chegam a disputar a oportunidade de receber famosas e se beneficiar da divulgação. Quando teve o seu primeiro filho, Wanessa Camargo foi capa da Caras. Ela e um pacote de fraldas Pampers, que aparecia na foto como se estivesse esquecido sobre uma mesinha de cabeceira. Nas fotos internas, o pacote mudava de lugar, mas continuava marcando presença. As redações das revistas frequentemente recebiam fotos sobre o quarto do bebê que celebridades preparavam para seus futuros. Decoração, brinquedos, berço, marcas etc eram elementos destacados nas imagens. 


Nos Estados Unidos, os números eram maiores e o jogo das revistas de celebridades mais aberto e transparente. Em 2008, a Ok pagou um milhão e meio de dólares pela capa exclusiva da atriz Jessica Alba e filha recém-nascida. A People bancou o mesmo valor para Christina Aguilera e filho e pagou 2 milhões de dólares a Angelina Jolie pelas fotos exclusivas da atriz com o seu terceiro filho adotivo. A brasileira Camila Alves, casada com Matthew McConaughey, ganhou 3 milhões de dólares para posar para a capa da OK ao lado do marido e do seu primeiro filho.


No Twitter, Mauricio Stycer confessou sua surpresa inicial diante do baby business nas redes sociais. O post do jornalista provocou divertidos comentários dos seus seguidores.  Veja alguns, a seguir:





sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Polêmica no futebol: rasgaram a fantasia dos clubes "campeões mundiais"

por Niko Bolontrin (*)

A polêmica sobre a validade das taças dos clubes campeões mundiais de futebol ainda ocupa as redes sociais.

Mas a discussão parte de uma premissa errada.

Muitos, até parte da mídia, embarcaram na versão de que a FIFA "cancelou" os títulos. Errado. A FIFA não "cancelou". A FIFA jamais reconheceu os títulos "mundiais" conferidos pelo amistoso disputado em Tóquio e patrocinado pela Toyota, assim como nunca oficializou outras taças intercontinentais nas décadas de 1950 e 1960. A mídia, especialmente a da América do Sul, é que compreensivelmente super valorizou tais eventos, que ajudam a movimentar o noticiário no recesso de fim de ano, após o encerramento dos campeonatos nacionais. A imprensa europeia sempre deu pouca bola para o assunto.

Em resumo: a FIFA considera campeões mundias de clubes apenas os vencedores do Mundial de Clubes organizado por ela, FIFA, a partir de 2000.

2000: Corinthians
2005: São Paulo
2006: Internacional
2007: Milan
2008: Manchester United
2009: Barcelona
2010: Inter de Milão
2011: Barcelona
2012: Corinthians
2013: Bayern de Munique
2014: Real Madrid
2015: Barcelona
2016: Real Madrid

A FIFA diz não desmerecer os torneios não-oficiais intercontinentais disputados entre clubes europeus e sul-americanos. Mas não são títulos de amplitude mundial, como é o atual Mundial de Clubes que reúne representantes de todos os continentes.,

Faz sentido. Claro que foram importantes e históricas a Copa Rio e a Copa Intercontinental nos anos 1950 e 1960.  Ocorre que, se fossem reconhecidas como títulos mundiais, qualquer outro torneio intercontinental, como a tradicional Copa Teresa Herrera, da Espanha, o Torneio de Paris ou essa modesta disputa de clubes de vários países, recentemente, em um come-e-dorme na Flórida, poderia revindicar o status de "mundial".

E a reação da FIFA nem novidade é. Nos anos 1960, quando europeus e sul-americanos disputavam um torneio intercontinental com jogos de ida-e-volta (o Santos, de Pelé, foi campeão em 1962 e 1963) a entidade impediu que os clubes e as confederações usassem o "mundial" para definir o título.

O jogo único em Tóquio, por exemplo, era uma ação de marketing de uma marca. Uma "festa da firma" em fim do ano esportivo. O nome era Troféu Toyota e assim está gravado na taça que o Flamengo guarda na sua sede.

Entre os brasileiros - Corinthians, duas vezes, Internacional e São Paulo são os únicos clubes brasileiros campeões do mundo - quem mais reclamou foi o Flamengo.

O "titulo" de 1982 era tido como "a maior conquista do clube da Gávea em toda a sua história". Exagero que uma taça de um jogo só não justificaria, mas assim foi feito e assim "entrou para a história".

No caso do rubro-negro, quem merece ganhar uma indenização por propaganda enganosa são jogadores como Zico, Junior, Raul, Adílio e outros. Zico, principalmente. Aquele de1981 seria seu único título "mundial".

(*) Niko Bolontrin é Flamengo mas nem por isso confunde jogada de marketing com campeonato de futebol.



terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Acha que tá fácil? Grupo editorial passa a vender energético, meias, snacks e barbeador


por Niko Bolontrin 

A notícia acima foi publicada no Meio & Mensagem. Isso mesmo, a Abril vai vender energético por assinatura.

Não só no Brasil, mas em todo o mundo, discute-se o futuro das revistas e dos jornais impressos. São muitos os caminhos e, por enquanto, pouca luz no fim do túnel. Alguns grupos partiram para a promoção de eventos patrocinados vinculados ao veículo, que fatura na vendas de ingressos de shows, feira gastronômica, debates, palestras e cursos sobre temas atuais os mais variados, exposições etc, publica a matéria sobre o acontecimento citando os apoiadores e recebe destes anúncios nas suas páginas. Grandes grupos de comunicação brasileiros estão praticando esse modelo de sobrevivência, além de buscar e receber consideráveis volumes de publicidade estatal em valores que registraram aumentos espetaculares no atual governo federal.

A venda de produtos é rota menos comum para sair do sufoco. Mas, pelo visto, está valendo tudo. É um novo modelo de negócios, como eles gostam de dizer.

Duro vai ser se, por exemplo, o Supermercado Guanabara, um "case" de sucesso em vendas no varejo, se irritar com a concorrência e resolver entrar no mercado editorial. Competência, ele já demonstraram que têm.

Há vários jornais em crise. Se essa fórmula der certo, quem sabe, outros possam seguir a tendência apontada aí pelo executivos de marketing, diversificar o ramo de negócios e vender sacolé na praia, sandália havaiana no aeroporto, camisa de time na porta do estádio, guarda-chuva em dia de temporal na saída do metrô etc. Se isso ajudar a manter os empregos, quem vai ser contra?

O GoBox também vende por assinatura meias, cervejas especiais, barbeador, cápsulas de café e snacks.

Uma perguntinha de um leigo: as pessoas compram meias por assinatura? Jura?

segunda-feira, 14 de março de 2016

Para ler ao som de Adoniram Barbosa: "SE VOCÊS PENSA QUE NOIS FUMOS EMBORA NÓIS ENGANEMOS VOCÊS FINGIMOS QUE FUMOS E VORTEMOS OI NÓIS AQUI TRAVEIS"



45 anos depois da Copa de 70, política e camisa da seleção voltam a jogar juntas. O uniforme da CBF foi
o preferido dos manifestantes que pedem o golpe. Foto Andre Tambucci/Fotos Públicas



Numa semana em que o verde e amarelo predominou, a Polícia Rodoviária Federal aprendeu ontem em SP  drogas "patrióticas".  A PRF não informou mas os jornalistas trabalham com várias hipóteses: os traficantes achavam, quem sabe, que assim seria mais fácil escapar das barreiras policiais dizendo que eram pacotes de camisetas para a manifestação; a polícia pintou a carga como uma forma de marcar sua posição no protesto; ou é apenas a reedição de um marketing que o tráfico utilizou na época da Copa quando o verde e amarelo indicava droga "padrão Fifa". Foto PRF.

por Flávio Sépia
Esse mar de gente de verde e amarelo pedindo a volta dos militares me dá pesadelo.

Golpe, segundo os velhos comentaristas políticos, é coisa que a gente sabe como começa mas ninguém sabe como acaba.

Multidões pedem o impeachment de Dilma Rousseff. Mas alguém sabe o que ou quem virá depois?

No início da década de 1960, a grande mídia se engajou no golpe para derrubar João Goulart. Editoriais, denúncias, reportagens forjadas, a difusão da "ameaça" comunista, valia tudo para levar o povo às ruas.

Até que os militares ligaram os motores do tanques "em socorro ao clamor público".

Políticos e empresários que se engajaram na conspiração imaginavam voltar ao poder tão logo as baionetas fossem recolhidas. A revista Manchete, por exemplo, que tinha notórias ligações com o ex-presidente Juscelino Kubitschek, acreditava tão piamente que o poder voltaria aos políticos que, na edição de 4 de abril de 1964, exaltava JK como candidato natural à sucessão.

Um trecho de um texto naquela edição da Manchete: "O que ele já fez antes faz de novo agora, ao pleitear que o Brasil lhe seja entregue para a execução do trinômio "Paz, Desenvolvimento e Reformas".

"Ele" era JK.

E JK, como Manchete, quebraram a cara. Castelo Branco que, segundo a mídia em geral, abriria uma "nova e brilhante" fase da República, seria apenas o primeiro de uma fila de ditadores por inacreditáveis 21 anos.

Mas esse atual exibicionismo verde-amarelo é preocupante. Ainda mais quando imagens desse domingo mostraram caminhões enfeitados pedindo a volta dos militares.

Há 45 anos, a propaganda do regime aliada à publicidade privada também se valeu dessas cores. No embalo da Copa de 70, essa mesma camisa amarela que inundou as ruas, ontem, deu o mote para a AERP dos militares (Assessoria Especial de Relações Públicas) surfar no "patriotismo".

Na época, nos Estados Unidos, era popular o slogan "Love It or Live It", uma "sugestão" para negros, estudantes ou jovens que se recusavam a lutar no Vietnã. O Brasil de Garrastazu Médici logo importou o "Ame-o ou Deixe-o". O conceito de Brasil Grande lançado a partir do Planalto ganhou força em jornais, revistas, TV e na publicidade.

Nessa semana, uma grife, a Reserva, da qual é sócio o apresentador da Globo, Luciano Huck, que pertence ao clã de amigos de Aécio Neves, lançou uma camiseta que também me lembrou a estética daqueles tempos. Trata-se de uma camiseta-exaltação a Moro.

Isso me fez teclar os anos 70 na máquina do tempo e fazer uma viagem às mensagens da época.

Por nada.

Apenas pelo desprazer de rever essa monótona onipresença dos símbolos como instrumentos de propaganda política.

Não por acaso, cores e dizeres geralmente associados ao autoritarismo.

2016: Camiseta da grife Reserva à venda 
para a manifestação de ontem.


Anos 70: O slogan autoritário do país dividido, 

As marcas aderiam ao marketing da ditadura e...

...adotavam a terminologia da repressão.
Mas um dos piores anúncio dos tempos dos militares foi este, publicado na Veja, em novembro de 1969: uma referência explícita e cruel às sessões de  torturas que aconteciam nos porões da ditadura. Isso para sensibilizar as famílias que marcharam "com Deus pela Democracia" a comprar um novo aparelho de TV.