quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Em “Passione” uma discussão importante, mas quase inútil

por Eli Halfoun
A TV Globo está veiculando anúncio institucional para lembrar ao público a importância de suas novelas na discussão de questões sociais e que provocam uma necessária e ampla mobilização da sociedade. Não dá para negar que esse é um importante trabalho. Nem sempre o serviço é completo. Agora, por exemplo, a discussão sobre a ação devastadora do crack na juventude não aprofundou o debate. Danilo, o viciado personagem interpretado por Cauã Raymond só está conseguindo enfrentar a doença porque sua rica família tem condições financeiras de pagar o caríssimo tratamento em luxuosa clínica, o que de certa forma expõe outra devastadora ação do crack e outras drogas: só consegue atenção e quem tem família rica para bancar o tratamento de uma doença de difícil, muito difícil recuperação. Pobre acaba mesmo ficando na sarjeta simplesmente pela inexistência de programas governamentais que ofereçam ajuda. A própria novela mostra isso: nos lugares freqüentados por Danilo antes de ser resgatado pela família os companheiros de “cachimbo” continuaram ali jogados e morrendo simplesmente porque não lhes é oferecida nenhuma alternativa saudável.

A discussão proposta pela novela deveria incluir participação e comprometimento público de autoridades. Do jeito que foi e é só resta a certeza de que viciados pobres morrerão e os mais bem sucedidos tem como sempre uma real possibilidade de melhorar.

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