sábado, 7 de maio de 2016

A chama olímpica, essa alegria popular...

A passagem da Tocha Olímpica por Caldas Novas (GO). Foto Ivo Lima/ME

Foto Ivo Lima/ME
Foto Ivo Lima/ME
A chama olímpica percorre o Brasil. A passagem da tocha atrai multidões. Infelizmente, nesses dias de crise, a turbulência política tenta respingar no espírito olímpico.

Os Jogos Olímpicos da era moderna foram idealizados por um aristocrata, o barão Pierre de Coubertin. Mas o pior da elite verde-amarela, a que se imagina "nobre", faz uma deplorável campanha nas redes sociais contra as Olímpíadas. É o Brasil partido. Nas ruas, crianças e adultos, morenos, louros, índios, pardos, mestiços, negros, eslavos, traços orientais, perfis árabes e judeus, a "gente diferenciada" que aplaude o clima olímpico; nos salões ou à frente da "lareira" imaginária, uns sujeitos 'haters' depreciam o fato de o Brasil, um "país desclassificado", ousar sediar um acontecimento tão valorizado no "primeiro mundo". É assim que o olho aculturado dessas pessoas, eternamente sem visão periférica, vê um acontecimento pacífico e apartidário. Ou, talvez, revele apenas a terrível angústia e a insuperável frustração de não haver nascido nos jardins - até na cocheira já seria um "honra" - do Balmoral.

No auge da Guerra Fria, aconteceram os Jogos Olímpicos de Moscou. Os Estados Unidos boicotaram o evento. Nem por isso, o mundo aderiu àquela demonstração de intolerância. Jimmy Carter, em campanha, achou que com o gesto atrairia votos conservadores. De nada adiantou, perdeu a eleição para Ronald Reagan. Aquele Olimpíada entrou para a história como uma das mais bem realizadas, em ambiente de paz e esportividade. Para o resto do mundo, não era coisa de comunista. Quatro anos depois, a União Soviética não foi à Olimpíada de Los Angeles. Outro erro. O jogo político mudou, a Olimpíada seguiu em frente. EUA e URSS ficaram com a medalha de lata e dividem na memória esse pódio da ignorância.

Aqui, a Rio 2016 parece ter que provar a todo momento diante dessa minoria versalheana que não é uma "convenção" do PT. Ocasionalmente, o Brasil conquistou o direito de sediar os Jogos durante o mandato de um presidente filiado ao PT. O Brasil merecia, como qualquer outro país da América do Sul, essa oportunidade. Do lado de cá do mapa, apenas Estados Unidos e México sediaram os jogos de verão. A Olimpíada não está no programa de governo do PT nem do PMDB carioca. Não lhes pertence. As autoridades apoiaram fortemente esse pleito desde o início e, ao lado do Comitê Olímpico do Brasil e das empresas patrocinadoras o viabilizaram, e teria sido um erro absurdo se não o fizessem.

Enquanto tais pessoas que abominam os Jogos, muitas movidas, talvez, pelo desconforto dos seus pijamas e camisolas úmidos, expressam todo o ódio contra um acontecimento simbólico - a condução da chama, as ruas não registraram  - e espera-se, sigam assim - tumultos ou agressões provocadas por motivos políticos ou por pura intolerância classista. Crianças, idosos, estudantes, trabalhadores, o chamado povão, aparentemente não embarcou na pregação fascista dos preconceituosos.

Que o Brasil deixe a chama olímpica circular e, em agosto, aplauda a festa mundial do Esporte e dos atletas e torcedores brasileiros.

O baixo jogo político se desclassifica, essa alegria popular, não.

A capa viral do Meia Hora, ontem...


Guina Ramos convida para lançamento do livro "Personagem cabal", no Lapalê, hoje, nos Arcos da Lapa


* Aguinaldo Ramos, escritor, pesquisador e fotógrafo que atuou na Manchete, JB, Veja, Folha de São Paulo e Estadão. É um dos ganhadores do Prêmio Marc Ferrez de Fotografia - Funarte, 2010. Publicou os seguintes livros: "2112 ...é o fim!" (2013) e “Rio Só de Amores” (2014), contos, e “A Outra Face das Fotos” (2014), memórias.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Orlandinho: retratos de um amigo

Orlandinho, nos anos 80: editor de fotografia da Manchete. Na foto, selecionando imagens. 

Essa é, provavelmente, uma das suas mais antigas fotos na Manchete, ainda na redação da Frei Caneca. Orlandinho, de paletó, nos anos 60, ao lado de Cordeiro de Oliveira, Nilo Martins, Nelio Horta, Laerte Moraes, Léo Schlafman, Paulo Henrique Amorim, Hedyl Valle, Robertinho, José-Itamar de Freitas e Ney Bianchi.



No Sindicato dos Jornalistas, com ex-fotógrafos da Manchete então preocupados com o desaparecimento do arquivo fotográfico da Bloch. Conduzidos por José Carlos Jesus, reuniram-se, entre outros, Orlandinho, Henrique Viard, João Miguel Jr., J. Egberto, Frederico Mendes e Aziz Filho, na época presidente do Sindicato.  

Com Ney Bianchi, durante a Copa de 90, na Praça de São Pedro, no Vaticano



por José Esmeraldo Gonçalves
Orlandinho, na redação da Manchete,
na Rua do Russell. Nos anos 80,
como chefe de reportagem de revista,
tive o privilégio de trabalhar com ele
.
Uma trajetória admirável. Assim foi a vida de Orlando Abrunhosa. Do menino que embarcou em um Ita, em Belém do Pará, no começo dos anos 50, ao fotógrafo premiado, ele construiu uma história de sucesso traduzida em imagens de rara beleza e sensibilidade.

Captava a notícia e seus personagens onde quer que estivessem, fosse em Copas, Olimpíada, viagens à China, Japão, Egito, Argentina, Estados Unidos, interior do Brasil ou logo ali na esquina, o palhaço, o sem-teto, o detento, o ídolo da música, o vendedor anônimo, entre tantas matérias marcantes que fez para as revistas Manchete e Fatos & Fotos.

Tostão, Pelé e Jairzinho. México, 1970. Foto de Orlando Abrunhosa
Orlandinho acreditava que cada fato guardava uma alma. Foi assim que fez sua foto mais famosa internacionalmente. Em um milésimo de segundo, ele encontrou em Pelé, Tostão e Jairzinho o símbolo perfeito da Copa de 70.

Nos últimos anos, o fotógrafo retomou um antigo ângulo, fora das lentes: o de compositor. Os amigos testemunharam o entusiasmo com que passou semanas em um estúdio, perfeccionista como sempre, gravando um sonhado CD de sambas ao qual deu o título de "Agora é minha vez". E registraram o justo e merecido orgulho que demonstrou ao ver sua vida e carreira reconhecidas no documentário "Três no Tri", do diretor Eduardo de Souza Lima, o Zé José.

Aos dois Orlandinhos descritos acima - o da fotografia e o da música - somavam-se mais dois: o que expressava sempre que podia a paixão pela família - sua amada d. Helena e os queridos filhos Fábio e Frederico  - e o amigo que reunia em torno de si metade do Rio de Janeiro. Os quatro eram, na verdade, um só: o mesmo Orlando, o bom caráter, a generosidade, a sensibilidade, a integridade, a inteligência, a sábia simplicidade.

Fará muita falta. O sentimento, hoje, é de imensa tristeza.

Aos poucos, seremos confortados pelas lembranças, os bons momentos, o bom humor e, principalmente, pelo grande privilégio de ter conhecido Orlando Abrunhosa.

Um grande abraço, amigo.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Orlando Abrunhosa: lembranças (e saudades) de um amigo

por NILTON RICARDO

Orlando Abrunhosa. Foto: Reprodução Facebook Hy Brazil Filmes
Toda a imprensa estava à espreita, havia uma semana, na tentativa de fotografar o Comandante Aragão, Chefe da Polícia Militar, detido na Embaixada da  Argentina. Vivia-se um regime duro, pós-golpe de 64. "Tempos difíceis, em que não existiam filmes de alta sensibilidade e as pesadas câmeras Rolleyflex acabavam com qualquer clima intimista que o fotógrafo desejasse imprimir", lembra o fotógrafo Orlando Abrunhosa. Em meio ao tumulto de máquinas fotográficas, laudas e flashes, lá estava ele, fotógrafo miúdo, com pouco mais de metro e meio de altura, à espera de uma oportunidade para fazer seu primeiro furo de reportagem.
— Eu era laboratorista da revista Manchete, mas precisei encarar muita gozação das pessoas quando disse que um dia seria um fotógrafo, recorda.
 — Precisamos de fotógrafos peitudos, que aguentem porrada, e não um cara pequenininho como você, porque todo mundo vai passar na sua frente, dizia o editor da revista. Não importava. Orlando queria o flagrante. Acabou encontrando um prédio que lhe permitiu observar o pátio da Embaixada da Argentina. De repente, apareceu o Comandante Aragão, que se sentou numa cadeira ao ar livre para ler um jornal.
— Ele virou o rosto na minha direção e eu não perdi tempo: fiz a seqüência inteira de fotos, furando toda a imprensa, entusiasma-se Orlando. Considerando-se um «fotógrafo de detalhes», Orlando se especializou em fotos que exigiam horas a fio de observação. Certa vez, ficou 48 dias fotografando um casal de rolinhas se movimentando sobre um pinheiro de Natal. O ensaio fotográfico foi publicado no Brasil e na Alemanha, em forma de diário, com texto e fotos acompanhando a seqüência de movimentos líricos dos passarinhos.
Orlandinho no México: cobertura da Copa de 1970.
Foto: Arquivo Pessoal de Orlando Abrunhosa
Gastando quase todo o seu salário na compra de substâncias químicas importadas — para aumentar a sensibilidade dos filmes —, Orlando também registrou a personalidade noturna do bairro de Copacabana, com seu vendedores de flores, pipoqueiros, futebol de praia e festivais de chope. Na década de 60, três matérias suas ganharam o Prêmio Esso: Porque o Homem Mata (uma série sobre detentos e cadeias, que se estendeu por oito números de revista); Os Frutos Proibidos (sobre o controle de natalidade); e A Verdade Sobre o Box, com textos do repórter Juvenal Portella. Mas uma das maiores alegrias de Orlando Abrunhosa foi mesmo ver uma foto sua (Pelé, Jairzinho e Tostão na Copa de 70) transformar-se em selo e entrar para a história.

Orlando Abrunhosa (1941-2016) : uma vida em busca da perfeição

por ROBERTO MUGGIATI

Orlando Abrunhosa. 
Conheci Orlando Abrunhosa — eu repórter, ele fotógrafo da revista Manchete, ainda na redação da Frei Caneca — no final de 1965, quando os Beatles lançaram Rubber Soul, comentávamos cada faixa. Nas inundações de 1966, fizemos uma reportagem maravilhosa que foi direto para a gaveta (ou cesta de lixo) do editor: um ensaio felliniano sobre um palhaço que ficou sozinho num circo mambembe naufragado na Baixada Fluminense.
Orgulho-me de ter sido o primeiro editor a publicar (na capa da Fatos&Fotos) a foto icônica que Orlando fez no primeiro jogo do Brasil na Copa do México de 1970: Pelé alçando vôo e socando o ar para comemorar seu gol, ladeado por Tostão e Jairzinho. Na redação, batizamos a foto de “Os Três Mosqueteiros”. Na semana seguinte, a foto saiu colorizada na capa da Paris-Match. E depois virou selo, pôster e continua rodando o mundo como uma das imagens mais significativas da nossa época.
Em tempo, um comentário técnico, que vai interessar principalmente aos fotógrafos: era uma foto horizontal, cortei radicalmente as laterais para que se transformasse numa foto vertical, um hino visual com Pelé simbolicamente subindo para o céu. (Uma subleitura: as telas verticais de El Greco com os píncaros escarpados de Toledo.)
Orlando Abrunhosa fez tudo o que podia fazer na fotografia, foi um caçador-de-imagens campeão. Mas soube também perseguir seu sonho de compor e cantar, de dar vazão à música que sempre morou no seu coração. Ouvi com imensa felicidade seu CD, com um título que diz tudo: "Agora é minha vez". Vocalista afinado e envolvente, autor de canções afetivas e atuais, Orlando traz uma nova dimensão ao samba. Sempre fiel a sua fórmula mágica de aliar, com perfeição, técnica e sensibilidade.

EM 1997, A EDIÇÃO ESPECIAL MANCHETE 45 ANOS CONTOU A HISTÓRIA DE UMA SÉRIE DE FOTOS QUE ORLANDO ABRUNHOSA FEZ DE EMERSON FITTIPALDI, NO AUTÓDROMO DE INTERLAGOS.

PARA OBTER A IMAGEM QUE CONSIDERAVA IDEAL, ELE DEITOU-SE SOBRE O CAPÔ DO CARRO. FITTIPALDI ACELEROU MAIS DO QUE O FOTÓGRAFO ESPERAVA E, NUMA CURVA, A CÂMARA ESCORREGOU E FOI LITERALMENTE ATROPELADA. 

ORLANDINHO, COMO ERA CHAMADO PELOS AMIGOS, NÃO  PERDEU O FOCO: PEGOU A CÂMERA RESERVA E, ANTES DA LINHA DE CHEGADA, CONSEGUIU AS FOTOS QUE PLANEJOU E EMPLACOU SEIS PÁGINAS NA EDIÇÃO DA MANCHETE DAQUELA SEMANA. 






Aproveitando a cortina da crise, políticos querem aprovar a PEC da terra arrasada. Ministério Público Federal mobiliza a sociedade contra desastre ambiental anunciado...

por Flávio Sépia
Entre os dias 16 e 20 de maio, o Ministério Público Federal promoverá uma mobilização nacional contra a Proposta de Emenda Constitucional que passa a dispensar licenciamento ambiental para obras. A tal PEC, na avaliação dos especialistas, resultará em maior degradação ambiental. Como parte da ação do MPF, haverá debates e audiências públicas em todo o país reunindo organizações ambientais, representações da sociedade e cidadãos preocupados com o futuro do país e a qualidade de vida.  A expectativa é que o Senado seja sensibilizado a derrubar a proposta que já foi aprovada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), embora juristas avaliem que é claramente inconstitucional.

O absurdo e a demonstração maior dos propósitos da Emenda é determinar que desde que o dono de um empreendimento apresente um relatório de impacto ambiental feito por ele mesmo nenhum órgão público, no caso, nem a Justiça, poderá suspender ou cancelar a obra. Nesse sentido, a PEC, que tem apoio de ruralistas, empreiteiras etc e ganha impulso no "baixo clero" suprapartidário tenta "engessar" até a Justiça.

Isso tudo depois do desastre da Samarco e sua barragem apocalíptica. Os autores da PEC devem achar que um dos maiores desastres ambientais do Brasil não passou de um festival de lama desses que acontecem em blocos de carnaval.

Projetos como esse, que lançam o Brasil na rota do atraso e privilegiam setores em detrimento do interesse público, estão, aos montes, nas pautas do Senado e da Câmara. Aproveitando a cortina da crise política, blocos conservadores, religiosos, corporativos etc estão agindo nas Comissões, nos corredores e no cafezinho do Congresso.

Para eles, é a revanche. Infelizmente, vem muito mais por aí.

Era só o que faltava na crise... Notícia de jornal provoca pânico, bomba na web e deixa suspeita de pegadinha...



por Niko Bolontrin 
A crise atual não se refletiu em falta de produtos, como na Venezuela, na Argentina e no Brasil do desastrado Plano Cruzado de Sarney. Por isso, o título de capa do Diário de Iguaçu, de Chapecó, Santa Catarina, provocou um certo pânico.

Com o "aval" de uma instituição pública, a matéria informava que determinado item deixaria de ser oferecido.

O texto não informava o motivo. Se a carência seria provocada por burocracia de importação, se a demanda estava maior do que a oferta, se era uma espécie de greve, se uma consequência de um mercado paralelo aquecido.

No fim, foi apenas um ato falho do digitador que trocou um C por um G certamente por confortado por uma do que imunizado pela outra.

O site E-farsas levanta outra hipótese:  alguém teria alterado alterou o C com uma pilot, fotografou a página, e jogou na rede. A preocupante "notícia" falsa se espelhou e saiu até em sites do exterior.

Acontece que a conta do jornal no Facebook assume o erro e acrescenta um comentário bem-humorado: "A gente entende que a vagina é importante. Mas a vacina é muito mais".

O caso, além de meme, tornou-se então um mistério. É tudo verdade? A página é fake e a conta do jornal foi invadida como parte da pegadinha? Foi uma jogada de marketing que tornou o Diário conhecido em todo o país?

Como evidência da falsificação da página, o site e-farsas aponta o traço que transformou o C, de vacina, em G, de vagina. De fato, comparando-se a tipologia com o G, de Gerência, verifica-se que a "perna" da letra é bem diferente. 

A página do Diário de Iguaçu, no Facebook, registra o caso como autêntico. 

quarta-feira, 4 de maio de 2016

El Pais comemora 40 anos e lança canal de reportagens em realidade virtual. A primeira é sobre Fukushima



Fukushima e as dramáticas consequências de um dos mais graves acidente nucleares da história são o tema da primeira reportagem em realidade virtual do jornal espanhol El País, que comemora 40 anos.

Segundo o jornal, uma equipe de seis pessoas viajou ao Japão em fevereiro e passou uma semana apurando os fatos e gravando os cenários de uma catástrofe na qual 20.000 pessoas morreram e outras 100.000 continuam desabrigadas. Através do Greenpeace, o El País Semanal comprovou  que os níveis de contaminação ainda são muito altos para que grande parte da população desabrigada volte às suas casas, completamente desabitadas desde 11 de março de 2011.

El Pais lançará outras reportagens em realidade virtual que poderão ser vistas no You Tube.

Mas para uma experiência completa, com todos os recursos do novo formato, o jornal recomenda que o leitor use fones de ouvido e baixe o aplicativo El Pais VR, que permite a utilização de óculos especiais e proporciona uma visão mais imersiva.

No link abaixo, você poderá ver um vídeo da matéria (no canto superior esquerdo da imagem, estão as setas que direcionam os ângulos do cenário em 360°).


LEIA A MATÉRIA E VEJA O VÍDEO, CLIQUE AQUI



VEJA  O MAKING OF DA REPORTAGEM, CLIQUE AQUI




terça-feira, 3 de maio de 2016

A intolerância religiosa fica a um passo do terrorismo religioso. Às vezes, nem isso... Família do pequeno fã de Messi foge do Afeganistão para não morrer


O Mashable publica hoje uma matéria sobre o drama do pequeno Murtaza Ahmadi, o garoto, 5 anos, que foi fotografado usando uma "camisa" de plástico que imitava a já lendária número 10, de Messi, do Barcelona.

A foto correu o mundo e Murtaza recebeu do craque uma camisa autêntica autografada.

O irmão mais velho de Murtaza fez a foto acima
que foi postada no Facebook e viralizou na web.
A Federação de Futebol do Afeganistão e a UNICEF, da qual Messi é Embaixador, pretendiam promover um encontro entre o menino e seu ídolo.

O encontro ainda pode acontecer, mas não poderá ser mais no Afeganistão.

Ameaçado de sequestro e até de morte por fundamentalistas que condenam reverência a "ídolos", o que contrariaria o Alcorão. Murtaza foi obrigado a deixar o país. Com a família, ele fugiu para o Paquistão. Segundo o pai do garoto, Mohammad Arif Ahmadi, desde que a foto da tosca "camisa" de plástico viralizou na rede, a vida da família foi afetada. Quando Murtaza recebeu a camisa de Messi, as ameaças tornaram-se mais sérias, ainda mais porque a família Ahmadi pertence à minoria xiita em um país que sofre o terror dos talibãs, que são sunitas.

Ahmadi contou que vendeu tudo o que possuía e deixou o país para salvar as vidas do garoto e da família.

Segundo ele, Murtaza ainda sonha em conhecer Messi.

Tocha Olímpica chega a Brasília


Fabiana Claudino, do vôlei. Foto Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Carlos Nuzman, a presidente da República Dilma Rousseff e a atleta Fabiana. Foto Marcelo Camargo/Agência Brasil

Paula Pequeno, do vôlei. Foto de Francisco Medeiros/ME

O ex-maratonista Vanderley Cordeiro de Lima. Foto Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto Elza Fiuza/Agência Brasil
A Tocha Olímpica chegou ao Brasil. Nos próximos 95 dias, percorrerá 327 cidades até chegar ao Rio, no dia 5 de agosto.

Como na Copa do Muindo de 2014, o país enfrentará muitos desafios para que tudo corra bem no campo esportivo.

Como na Copa, os mais de 4 milhões que irão aos estádios, quadras, ginásios, piscinas e demais espaços de competições e os mais de 100 milhões que estarão ligados na TV e na Internet (no mundo, serão bilhões de espectadores) aplaudirão o esporte, os medalhistas, os atletas em geral, as competições, os pódios .

O que não quer dizer que a política não estará presente.

Na chegada da tocha a Brasília, havia manifestantes contra e a favor do golpe. A própria Dilma Rousseff, na sua fala, citou a crise. “Sabemos das dificuldades políticas que existem em nosso país hoje. Conhecemos a instabilidade política. O Brasil será capaz de, mesmo convivendo com um período difícil, muito difícil, verdadeiramente crítico da nossa história e da história da democracia do nosso país, conviver porque criamos todas as condições para isso com a melhor recepção de todos os atletas e de todos os visitantes estrangeiros. Tenho certeza de que um país cujo povo sabe lutar pelos seus direitos e que preza e sabe proteger sua democracia é um país onde as Olimpíadas terão o maior sucesso nos próximos meses”, afirmou, no Palácio do Planalto.

A lanterna contendo a Chama Olímpica chegou ao aeroporto de Brasília no começo da manhã de hoje. Entre os primeiros condutores, estavam atletas consagrados em outros Jogos.

Eles, ao lado dos competidores da Rio 2016, do público e dos visitantes que aplaudirão o esporte olímpico, são os verdadeiros donos da festa.

Com o Whatsapp bloqueado, o rival Telegram ganha adeptos e decola no Brasil

Quando o Whatsapp foi bloqueado no Brasil pela primeira vez,  o Telegram, aplicativo que permite troca de mensagens, fotos, vídeos, documentos em pdf e outros formatos, ganhou mais de 5 milhões de novos usuários.
O fenômeno se repete agora: em menos de 24 horas, cerca de um milhão de brasileiros baixaram o Telegram. São tantos que o sistema de confirmação de códigos de verificação via SMS para novos adeptos está congestionado. O Telegram foi desenvolvido pelo russo Pavel Durov e é considerado a melhor alternativa ao Whatsapp.
CONHEÇA O SITE DO TELEGRAM, ONDE VOCÊ PODE, SE QUISER, BAIXAR O APLICATIVO. CLIQUE AQUI

Juiz desliga Whatsapp porque aplicativo criptografado não possibilita acesso a informações sobre traficantes. Mas antes do Whatsapp existir como é que a autoridade levantava provas contra bandidos?





Dizem que o Brasil tem uns 15 mil juízes espalhados aí pelo interior do país, fora os das capitais. Alguns desses juízes de primeira instância têm sido alçados a uma espécie de patamar de alta autoridade e tornaram-se protagonistas de casos de grande repercussão. É cada vez mais frequente que algumas dessas autoridades emitam decisões de impacto nacional. Muitas vezes, as instâncias superiores (Tribunais Regionais até o STJ e o STF) acabam acionadas para resgatar o bom senso e a lei.
Um juiz mandou prender um funcionário de uma companhia aérea que o impediu de embarcar porque quando chegou ao check in o avião já estava com porta fechada rumo ao taxiamento; outro foi com quatro policiais a uma agência bancária para prender um gerente sob a acusação de que faltavam 700 reais na sua conta; um outro mais mandou prender um advogado porque este quis exercer seu direito de acesso a um inquérito. Diz-se que não há censura prévia. Certo. Não mais a cargo da Divisão de Censura da Polícia Federal. Mas decisões de juizados regionais conseguem impedir que rádios, websites e jornais, especialmente de cidades menores, divulguem informações sobre determinados e rumorosas casos de suspeita de corrupção. É a censura prévia em vigor.

E você se surpreende com a decisão que mandou desligar o Whatsapp?

Vários dos juízes autores de mandados polêmicos foram punidos pela própria Justiça. Suas decisões são soberanas até que sejam eventualmente contestadas em instância superior. E isso, às vezes, demora. E aí, em muitos casos, os prejuízos já serão irrecuperáveis. Um juiz de São Bernardo e outro do Piauí também já bloquearam o aplicativo embora suas decisões tenham sido revistas.

Proibir o Whatsapp de operar no Brasil por três dias, prejudicando pessoas, empresas e instituições (com uma canetada, o juiz desconectou 100 milhões de usuários) é um fato que, desde ontem, deixa perplexa a mídia internacional. O mesmo juiz já o tirou da tomada há dois meses e mandou prender o vice-presidente do Facebook (dono do aplicativo) para a América Latina.

O juiz quer que a empresa repasse para uma investigação de quadrilha informações supostamente trocadas em mensagens. Essa operação foi divulgada pelos jornais no ano passado. Foram presas 27 pessoas, aprendida grande quantidade de drogas e armas. Pelo menos um preso teria confessado. É surpreendente que a prova que faz falta esteja no aplicativo. Em todo caso, o Whatsapp afirma que não tem essas informações. Em função de numerosos casos espionagem de governos e empresas, o tráfego de dados foi criptografado para proteger a privacidade dos usuários. Com isso, não apenas governos e empresas não têm acesso às conversas: a criptografia impede que o próprio Whatsapp possa decifrar conteúdos.

Obviamente, há muitos caminhos para se investigar tráfico de drogas sem que essa investigação afete uma país inteiro. Digamos que um traficante escreva uma carta para um cúmplice e um juiz queira que Correio localize e abra a carta. O gerente de uma agência diz que é impossível fazer isso simplesmente porque a carta está em uma montanha de sacos em qualquer lugar do país e a empresa não sabe o endereço do remetente nem do destinatário. E aí? Um juiz vai fechar os Correios?

E, por último: antes de o Whatsapp existir, como é que eram investigados, levantadas provas e finalmente condenados os traficantes?


LEIA A SEGUIR A NOTA OFICIAL DO WHATSAPP
"Depois de cooperar com toda a extensão da nossa capacidade com os tribunais brasileiros, estamos desapontados que um juiz de Sergipe decidiu mais uma vez ordenar o bloqueio de WhatsApp no Brasil. Esta decisão pune mais de 100 milhões de brasileiros que dependem do nosso serviço para se comunicar, administrar os seus negócios e muito mais, para nos forçar a entregar informações que afirmamos repetidamente que nós não temos."

ATUALIZAÇÃO ÀS 12:30

(Comunicado do TJSE)

Desembargador nega recurso do Whatsapp

"O Desembargador Cezário Siqueira Neto,, manteve, nos autos do Mandado de Segurança (MS) nº 201600110899, durante o plantão noturno, a medida cautelar, deferida pelo juízo criminal da Comarca de Lagarto, que suspende o aplicativo WhatsApp por 72 horas, em todo território nacional.
De acordo com o Desembargador Plantonista, para a concessão de liminar em MS, necessária se faz, além das condições gerais da ação, a existência concomitante do periculum in mora e do fumus boni iuris, nos termos do artigo 7º, III, da Lei nº 12.016/2009. “É regra comezinha do cabimento do mandado de segurança o disposto na Súmula nº 267 do STF: ‘Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição’. Entretanto, a jurisprudência dos Tribunais Superiores admite, excepcionalmente, a impetração de mandado de segurança contra ato jurisdicional, desde que esse seja flagrantemente ilegal ou teratológico, passível de causar dano irreparável à parte. Analisando o conjunto probatório dos autos, não visualizo teratologia ou ilegalidade na decisão combatida”, afirmou o magistrado.
Analisando o argumento trazido no MS sobre a desproporcionalidade da decisão cautelar da suspensão do aplicativo, o desembargador explicou que a empresa impetrante vale-se da alegação de que deve resguardar o direito à privacidade dos usuários do aplicativo para refutar a ordem judicial, encobrindo o interesse patrimonial da Empresa Facebook.
“Em verdade, o direito à privacidade dos usuários do aplicativo encontra-se em conflito aparente com o direito à segurança pública e à livre atuação da Polícia Federal e do Poder Judiciário na apuração de delitos, em favor de toda a sociedade. Neste primeiro momento, percebo que a impetrante, em verdade, minimiza a importância da investigação criminal de componentes de organização criminosa que utilizam o aplicativo em questão, escamoteando a gravidade do delito supostamente praticado (tráfico interestadual de drogas), sob a pecha de garantir o direito à intimidade de seus usuários. Ora, o uso do aplicativo por quem quer que seja e para qualquer fim não pode ser tolerado sem ressalvas. Deve, sim, sofrer restrição quando atinge outros direitos constitucionalmente garantidos, como no caso em comento”.
O magistrado ponderou ainda que, o caso em tela vai muito além do que a interceptação de “apenas 36 números de telefonia celular”. “Na hipótese dos autos, vejo que está em jogo a ordem social e o direito à segurança de toda uma sociedade. Convém ressaltar que outras medidas anteriores foram determinadas, visando ao acesso à interceptação da comunicação, em tempo real, pelo aplicativo, entre os investigados, a exemplo da aplicação de multas diárias, posteriormente majoradas, em desfavor da empresa reincidente, culminando com a ordem de prisão do seu Vice-Presidente na América Latina, Sr. Diego Jorge Dzordan, reformada em sede de liminar de habeas corpus, ainda pendente de julgamento definitivo. Porém, todas sem o êxito pretendido. Assim, está claro que o Poder Judiciário não pode ficar de mãos atadas frente à resistência de empresas internacionais, com atuação no território brasileiro, em cumprir ordens judiciais legitimamente emanadas”, completou.
No tocante à alegação de que inexiste previsão legal apta a autorizar a suspensão do Whatsapp, o Desembargador Cezário Siqueira Neto constatou que a decisão ora impugnada não ofende o Marco Civil da Internet. “Pelo contrário, a aludida legislação dá suporte à medida imposta. Por certo que a decisão ora impugnada vai desagradar a maioria dos brasileiros, que desconhecem os reais motivos de sua prolação. Porém, deve-se considerar que existem inúmeros outros aplicativos com funções semelhantes à do Whatsapp, a exemplo daqueles citados pelo julgador de primeiro grau (Viber, Hangouts, Skype, Kakaotalk, Line, Kik Messenger, Wechat, GroupMe, Facebook Messenger, Telegram etc). Além disso, o juiz não pode decidir contra a ordem jurídica, pensando apenas em agradar a determinados setores da sociedade. Deve, sim, pautar seu ofício no cumprimento do nosso ordenamento, nem que para isso seja preciso adotar medidas, à primeira vista, impopulares”.
Ao final, o magistrado, denegando a liminar, registrou que as possibilidades técnicas para o cumprimento da ordem judicial da quebra de sigilo das mensagens do WhatsApp são as mais diversas. “Há de ressaltar-se que o aplicativo, mesmo diante de um problema de tal magnitude, que já se arrasta desde o ano de 2015, e que podia impactar sobre milhões de usuários como ele mesmo afirma, nunca se sensibilizou em enviar especialistas para discutir com o magistrado e com as autoridades policiais interessadas sobre a viabilidade ou não da execução da medida. Preferiu a inércia, quiçá para causar o caos, e, com isso, pressionar o Judiciário a concordar com a sua vontade em não se submeter à legislação brasileira”, concluiu o desembargador plantonista.

É importante lembrar que o MS foi ingressado durante o plantão noturno, sendo o magistrado Cazário Siqueira Neto o desembargador plantonista. Porém, o MS foi distribuído, mediante sorteio eletrônico no sistema, para a Des. Osório de Araújo Ramos Filho, que será o relator da presente ação mandamental."


ATUALIZAÇÃO ÀS 13H
OS SITES DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SERGIPE, DA JUSTIÇA FEDERAL DE SERGIPE E DO GOVERNO DE SERGIPE FORAM TIRADOS DO AR EM AÇÃO PROMOVIDA POR HACKERS DO GRUPO ANONYMOUS BRASIL EM PROTESTO CONTRA O BLOQUEIO DO WHATSAPP.



ATUALIZAÇÃO ÀS 14H32

JUSTIÇA DE SERGIPE LIBERA WHATSAPP

O Desembargador Osório de Araújo Ramos Filho acaba de revogar a decisão de bloqueio do Whatsapp no Brasil, anulando decisão anterior do juiz platonista Cezário Siqueira Neto. 
O juiz Marcel Montalvão, de Lagarto (SE), havia tirado o aplicativo do ar, ontem, por 72 horas.

domingo, 1 de maio de 2016

Ku Klux Klan e neonazistas se juntam nos Estados Unidos no ano em que os Panteras Negras completam 50 anos

Reprodução/ADL (Anti-Defamation League)

por José Esmeraldo Gonçalves 
A imagem acima é chocante. Foi feita há poucos dias. Ativistas da Ku Klux Klan, na Geórgia (EUA), comemoram um acordo "operacional" com uma organização neonazista. A aproximação entre os dois grupos foi marcada pela queima de suásticas e cruzes. Trata-se de uma aliança inédita e que se efetiva em um momento em que a direita norte-americana está em franca ascensão.

Uma das razões para a fusão das duas organizações é o atual perfil das novas gerações de klansmen que, nesse ressurgimento, não diferem muito dos skinheads. A mídia americana analisa que a KKK se nazificou.

Há registros de fundação de novos grupos até em comunidades nas quais o problema racial não era crítico nas últimas décadas. Os métodos de divulgação também foram atualizados: a internet é agora o veículo preferencial para propagação de mensagens contra negros, judeus e imigrantes.

Coincidentemente, este 2016 mais conflituoso marca os 50 anos de fundação do revolucionário Black Panther Party, os lendários Panteras Negras. Ao longo do ano e até o dia 15 de outubro (a exata data de criação do BPP, em 1966), estão previstas referências à rebelião negra dos anos 60/70, além de debates, estudos, pesquisas acadêmicas, documentários de TV etc.
Os Panteras Negras, que defendiam a luta armada, envolveram-se em conflitos: 28 membros do grupo morreram em ações que também registraram algumas mortes de policiais e prisões de centenas de "panteras".

Apesar de passados tantos anos, as cicatrizes permanecem abertas. Os Estados Unidos elegeram seu primeiro presidente negro, Barack Obama, mas as tensões raciais não foram assim tão aliviadas. Ao contrário, em 2015, a cada nove dias a polícia branca americana assassinou um jovem negro. A matança provocou uma onda de violentos protestos em dezenas de cidades.
Beyoncé e suas "panteras".
Reprodução TV.
A cantora Beyoncé recebeu ameaças por ter feito o que os supremacistas brancos consideraram uma provocação. Convidada para cantar em um evento que é um símbolo ianque, o Super Bowl, em fevereiro último, ela ousou homenagear os Panteras Negras relembrando o visual  típico e dramatizando a lenda com uma impressionante coreografia. Um tapa na cara. Associações de policiais tentaram organizar um movimento de boicote à cantora, sem sucesso, e ativistas brancos, através de redes sociais e telefonemas de intimidação, prometeram revide. Em geral, as críticas foram histericamente fascistas, o que só mostra que a cantora estava certa ao cutucar os bolsões da intolerância.

Apesar dos protestos do ano passado contra os assassinatos de negros, não há indícios de um renascimento de organizações que sequer se aproximem do espírito de luta dos Panteras. Nem líderes que encarnem, digamos, um braço armado dos movimentos negros. Quando foi fundado na Califórnia por Huey Newton e Bobby Seale, o grupo pretendia ser um instrumento de autodefesa e patrulha dos bairros negros para impedir ações violentas da polícia contra as comunidades (não por acaso, um tema atual). Reivindicavam, entre outros pontos, empregos. educação, isenção de serviço militar, já que não se sentiam representados na sociedade, o fim da exploração capitalista, o fim da brutalidade policial, direito à habitação, e que negros acusados de crimes fossem julgados por juízes negros e júri formado por  negros etc. Os Panteras apoiaram o movimento Black Power, voltado para políticas culturais e sociais, e fizeram alianças com movimentos esquerdistas, mas foi principalmente em função do aumento da tensão racial na época - Malcolm X havia sido assassinado em 1965 e Martin Luther King fora morto em abril de 1968 -, que as alas revolucionárias dos Panteras passaram a predominar na organização e partiram para a luta armada.

Uma gigantesca operação de repressão do FBI que se estendeu até meados dos anos 1970 obteve êxito total e o grupo foi dizimado. Ainda atuou até o começo dos anos 1980, mas apenas como uma pacífica organização social de apoio a programas comunitários, que também se extinguiu.

Há poucas semanas, foi solto o último "pantera", Albert Woodfox, 69 anos, que passou 43 anos na solitária, condenado pela morte de um policial de Lousiana. Ele sempre negou o homicídio e foi condenado sem provas apenas com o depoimento de três outros presos. Tornou-se o detento americano a passar mais tempo em uma solitária.


Poucos meses após o atentado que vitimou Luther King, os atletas Tommie Smith e John Carlos fizeram um histórico protesto no pódio olímpico, no México, durante os jogos de 1968, com punhos fechados e luvas negras. Medalhistas dos 200 metros rasos, eles foram banidos das competições.

Em agosto, o Brasil recebe as Olimpíadas: não há previsão de que o pódio da Rio 2016 seja palco de gestos semelhantes.

O Black Panther Party compete, hoje, tão somente na categoria História.

Mas, nessa modalidade, jamais saiu do pódio.

Do Observatório da Imprensa: "Os jornais e a destruição criativa"

por José Tadeu Gobbi (para o Observatório da Imprensa)
A situação da indústria do jornal impresso é desalentadora. Sua cadeia de valor foi comprometida, produção, geração e distribuição de informação pelo modelo de negócios da plataforma impressa perdeu sustentabilidade e administra uma situação de tempestade perfeita com a recessão e crise econômica acentuando os efeitos da revolução digital que desestruturou o seu mercado e comprometeu o caixa.

Toda cadeia produtiva do jornal atravessa uma crise sem paralelo, não há mais sentido ter grandes e modernos parques gráficos. O impressor perdeu o emprego, a indústria de máquinas impressoras precisa se reinventar, o fabricante de filme, de tinta, a indústria de reflorestamento, o fabricante de papel, de equipamentos de pré-impressão, a destruição de valor em toda cadeia produtiva é incomensurável.

Joseph Schumpeter em 1942 descreveu o fenômeno da destruição criadora na economia de mercado. Em apertada síntese se caracteriza por um processo que tira o mercado de seu equilíbrio com inovações em produção, produtos e serviços. A incorporação destas inovações provoca a substituição de produtos e serviços e gera novo ciclo econômico.

Se considerarmos que a indústria do jornal impresso passa por um processo de destruição criadora cabe avaliar quais inovações estão provocando sua substituição e o que esta surgindo em seu lugar.

É preciso constatar um paradoxo. Num contexto em que o mercado mais demanda e consome informação de qualidade a crise estrutural pela qual passa o impresso mostra-se anacrônica.

A busca de soluções como assinatura digital, paywall poroso e outras precisam de escala para serem sustentáveis. Num país onde a cultura da gratuidade na rede esta arraigada isto é um desafio hercúleo mesmo para grandes e consolidados grupos de comunicação. Os pequenos e médios mal conseguem respirar.

Até agora o efeito de redações desmanteladas, estruturas reduzidas, jornais que alucinadamente enxugam editorias, cadernos, suplementos ou encerram suas operações produzindo somente para o digital é transformar em arremedo o jornalismo de qualidade. O resultado é acelerar a migração do leitor para o ambiente digital mais amigável e interativo onde encontra informação gratuita.

Se as empresas de tecnologia, beneficiárias desta migração, não produzem uma linha sequer de conteúdo, apenas indexam o conteúdo produzido por empresas jornalísticas, como será o futuro da imprensa quando as grandes usinas de informação tiverem sucumbido à destruição criadora?

Neste cenário até as marcas tradicionais do jornalismo perdem força em função dos novos modelos de publicidade no digital. A mídia programática, por exemplo, alcança o consumidor onde ele estiver seja no portal da Folha ou navegando pelas páginas do canal de entretenimento Porta dos Fundos fragilizando as marcas geradoras de tráfego e audiência na rede.

Junto com a indústria do impresso também a função do jornalista entra na equação. O que fazer com a grande reserva de profissionais qualificados descartados neste novo ecossistema da informação? Serão substituídos, como o foram no passado os pastups, por um novo software? Alguma inteligência artificial vai ser programada para apurar, checar, refletir, opinar, processar, fazer a curadoria e distribuir informação pela rede? O bom senso nos induz a pensar que em algum momento serão engajados pela indústria de tecnologia que, quando não mais tiverem fontes para indexar, terão que produzir informação de qualidade. Terá sido concluído o processo de substituição, resultado da destruição criadora. Tai o exemplo Netflix que de distribuidor passou a ser também produtor de conteúdo.

A questão é mais abrangente e transcende a sobrevivência da indústria do jornal impresso ou o destino dos profissionais que a mantém nestes dias heroicos. O que esta em jogo é a redefinição, pela revolução tecnológica, do papel da imprensa na manutenção da democracia em sociedades modernas.

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José Tadeu Gobbi é publicitário

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sábado, 30 de abril de 2016

Memórias da redação: há 30 anos, a imprensa esportiva já discutia se a seleção brasileira devia formar um time-base de "locais" ou se era melhor insistir nos "estrangeiros" não liberados pelos seus clubes para treinar

(do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou")
Em 2007, a imprensa esportiva debatia: a seleção brasileira deveria convocar os jogadores que atuavam na Europa e que raramente são liberados para um período mínimo de treinamento ou se seria melhor formar um time-base com os craques que estavam aqui e que, por isso, podem treinar mais?
A discussão não era nova. Às vésperas da Copa do México, em 1986, o colunista da Fatos, Sandro Moreyra, escreveu:
"Voltou, então, Telê, para dirigir as Eliminatórias e sob aplausos gerais convocou os "italianos", base do seu time em 1982: Zico, Falcão, Sócrates, Edinho, Cerezo, Júnior. 
Da convocação para a Copa do México em fevereiro e até agora, Telê só fez esperar que o joelho de Zico se comportasse bem, que Falcão, Oscar e Sócrates voltassem à forma. Como nada disso aconteceu, a seleção, a duas semanas da estréia, só tem um jeito: é apelar para um milagre".
Sandro Moreya estava certo na sua previsão: o milagre não veio e o Brasil perdeu a Copa nos pés da "geração perdida", na definição do cronista aquele grupo de craques que embora excepcional não foi campeão do mundo.

Jornalista que fez perfil de Melania Trump, candidata a primeira-dama da Casa Branca, é ameaçada

Apoiadores do republicano Ted Cruz, concorrente de Donald Trump nas primárias, usam a imagem da mulher do milionário:  "Conheça Melania Trump, sua próxima primeira-dama" e "Ou você pode apoiar Ted Cruz na próxima terça". 

Melania em matéria de promoção de sua linha de joias.

Em antiga matéria para a GQ, em 2000. Se chegar à Casa Branca, Melania será a primeira primeira-dama dos Estados Unidos a ter posado nua para uma revista. Jackie Kennedy não vale, pois foi fotografada nua por paparazzo e já não era first lady. 
por Ed Sá
Nos Estados Unidos, como aqui, a direita monta seus pelotões de intolerância e ameaça quem discorda dos seus agentes e mecanismos para chegar ao poder. A jornalista Julia Ioffe escreveu há poucos dias, para a GQ, um perfil da mulher de Donald Trump. Foi o que bastou para receber ofensas e até ameaças de morte por parte de pessoas que diziam saber dos seus passos, endereços, dados etc. Traçar o perfil de uma eventual primeira-dama não é invasão de privacidade mas interesse jornalístico. Melania Trump, uma ex-modelo eslovena que pode chegar à Casa Branca deve ser decifrada. Foi o que a jornalista fez.

Alguns tópicos que irritaram os Trump e seus seguidores:

* Melania afirma na entrevista que Jackie Kennedy, viúva de um democrata, será seu modelo de primeira-dama.
* O filho, Barron, veste ternos quase sempre. "Ele não é uma criança moleton", diz Melania.
* Uma das qualidades que Trump vê em Melania: ela não peida (!). Já ela afirma que a chave do sucesso para o casamento dos dois é manter banheiros separados. Deduz-se que Trump não seria modesto em gases e odores.
* Um repórter perguntou certa vez a Trump como ele reagiria se Melania sofresse um acidente e tivesse seu rosto atingido, um braço mutilado etc. "Ficaria com ela"? Trump respondeu: "Como é que ficaram os seios?". O repórter afirmou que os seios, um dos belos atributos de Melania, não foram atingidos no hipotético acidente."Então, sim, claro, ficaria com ela", concluiu Trump.
* A revista revela que um empresário de Melania, na sua época de modelo, costumava enviar suas contratadas, "com o intuito de promovê-las",  para festas que reuniam milionários e playboys. Foi em uma dessas que ela conheceu Trump. O empresário chegou ao local da festa acompanhado por outra jovem, mas foi imediatamente levado a conhecer Melania. Na época, segundo a matéria, a carreira de modelo de Melania declinava em função da idade, quase 30 anos.
* Ela admitiu na matéria que encontrou em Trump "poder e proteção". E confessa que o acha muito parecido com o seu próprio pai.

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Parou na "lei seca": menina tenta subornar policiais com nota de 100 e jogo de pernas. Não evita prisão mas vira musa na internet. Veja o vídeo...

Lorena Aguirre tenta subornar os policiais. 

Dá um jeito de mostrar o pernão

Abaixa a alça...

...do vestido, mas não tem jeito...
...uma policial feminina acompanhada de um colega que parece o Sarney não se sensibiliza e leva a menina em cana por dirigir alcoolizada. 
por Ed Sá
A internet pode fazer uma pessoa comum entrar em modo celebridade das maneiras mais surpreendentes possíveis. Dessa vez, fez a fama de uma bela estudante mexicana, Lorena Aguirre, 18 anos, que em poucos dias já obteve perto de 500 mil fãs e milhares de curtidas. 

Tudo porque ao sair de uma balada, em Guanajuato, fez um strike em dois carros estacionados. Visivelmente "borracha", ela primeiro tenta subornar os policiais com uma nota de 100 pesos. 

Sem sucesso - 100 pesos são pouco mais de 20 reais -, apela para a sedução: de vestido curto, exibe belas pernas, focaliza os olhos verdes nos homens da lei e, como último recurso, até abaixa as alças do vestido. 

Não deu sorte: aparece uma policial feminina jogo duro que a leva em cana por dirigir alcoolizada. Só que toda a cena foi filmada por mais de um celular. Os vídeos e memes bombam na web e o caso virou matéria até em jornais europeus.
Houve uma época em que Nelson Rodrigues escrevia crônicas a partir de pequena notícias de jornal. Era a seção "A vida como ela é" do antigo "Última Hora". Hoje, a internet produz esses mini docudramas a cada minuto.
Lorena foi globalizada, ganhou uma hastag - #lady100pesos -, passou nove horas detida e foi liberada após pagar uma multa de 500 pesos. Ela pediu desculpas pela confusão através do Facebook.



VEJA O VÍDEO, CLIQUE AQUI


Jornalistas processam diretores do New York Times por discriminação

Dois executivos do jornal The New York Times respondem na justiça por discriminar dois ex-funcionários. Em comunicado interno, Mark Thompson e Meredith Levien citaram o funcionário ideal como sendo "jovem, branco e solteiro".  Os autores da ação são Ernestine Grant, de 62 e Marjorie Walker, 61, que acusam a dupla de gestão prática para formar a "equipe ideal" baseada em princípios preconceituosos e racistas. Thompson, CEO no NYT, é ex-chefe da BBC onde também foi acusado de discriminação. Nas redes sociais, os executivos foram criticados por adotar um "estilo inspirado no nazismo", a partir de uma "purificação" genética, etária e civil.
No Brasil, tal prática é de certa maneira institucionalizada, sem grandes contestações. Há métodos formais e informais para esse tipo de procedimento seletivo. Mas pelo menos um grupo de comunicação estipula formalmente como data limite para seus funcionários na empresa os 60 anos de idade.

Chernobil: o drama e as sequelas dos fotógrafos que, há 30 anos, cobriram o acidente nuclear

Valery Zufarov e Volodymyr Repik em Chernobil, 1986. Foto UNC Museum 

por Jean-Paul Lagarride
Nos últimos dias, a mídia mundial publicou muitas matérias recordando a tragédia nuclear de Chernobil, em 26 de abril de 1986, há 30 anos. Foi quase que uma pauta obrigatória.

Coube ao Le Monde abordar um ângulo que a maioria dos veículos esqueceu: o drama dos poucos fotógrafos que conseguiram chegar ao local duas ou três horas após o acidente.

Um deles, Anatoly Rasskazov, sobrevoou em helicóptero o reator 4, com o núcleo ainda exposto. Outros três fotógrafos - Igor Kostin, Volodymyr Repik e Valery Zufarov - chegaram ao local no mesmo dia da explosão. Os quatro trabalhavam para instituições estatais.

A maioria das imagens foi recolhida pelas autoridades soviéticas, outras danificadas pela forte emissão de raios beta e gama que velava negativos. Uma das fotos de Rasskazov foi publicada doze dias depois da tragedia.

Foto de Anatoly Rasskazov/UNC Museum
Repik e Valery Zufarov também também fizeram fotos aéreas, a cerca de 25 metros de altura sobre o reator ainda com as placas de grafite fumegantes. Rasskazov foi exposto a uma radiação quase fatal e passou por processo de descontaminação.

Kostin desceu do helicóptero direto para um hospital. Ele foi o único a saltar do aparelho em pleno telhado da usina. Passou a sofrer de depressão e dizia sentir permanentemente um "gosto de chumbo" na boca. Até sua morte, em 2015, continuou voltando ao local do acidente e acompanhando a vida de sobreviventes contaminados.

Anatoly Rasskazov morreu em 2010, aos 66 anos, de câncer. Valery Zufarov também teve sequelas e morreu em 1993, sete anos depois de Chernobil.

Volodymyr Repik morreu em 2012 e foi o único a não sofrer sequelas provocadas pela cobertura fotojornalística da explosão do reator.