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segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Mídia - Tite errou e, agora, é criticado. Mas grande parte do jornalismo esportivo também falhou. Tornou-se devoto da "igreja" do toque de bola lateral e da posse de bola infinita. Pregou que o drible é pecado e transformou o futebol tecnocrata em dogma. Resultado: o Brasil perdeu competitividade e faz figuração na grama há cinco Copas

Tite se despede. Foto de Lucas
Figueiredo/CBF/Divulgação


A CBF deverá conduzir o processo de reestruturação da seleção brasileira. Há muita coisa a fazer. Os chamados ciclos para as Copas de 2018 e 2022 foram, na prática, inúteis. Talvez não totalmente, porque expõem que a seleção não é competitiva há muito tempo. É fato que surgiu uma nova geração promissora, alguns dos jovens jogadores Tite nem utilizou como devia. Resta saber se continuarão evoluindo, se superarão a derrota e chegarão inteiros e maduros à Copa de 2026. 

São muitos os fatores das nossas sucessivas derrocadas em Copas. O mais grave é, nas últimas edições, verificar que o Brasil chegou  à fase de grupo, repetidamente, sem que o seu futebol tenha sido testado diante de seleções fortes. 

No caso, a CBF e a Conmebol precisarão agir junto à FIFA.  A Europa, comandada pela poderosa UEFA, se fechou para amistosos contra seleções de outros continentes. Eliminatórias, a própria Copa da UEFA, disputada nos moldes da Copa do Mundo e, agora, a Liga das Nações ocupam as chamadas datas FIFA. Resta, por exemplo, a Brasil, Uruguai, Argentina, Chile, Colômbia etc contratarem amistosos entre si ou buscarem adversários na Ásia e África. Em Copas recentes o Brasil caiu diante da França (2006) Holanda (2010), Alemanha (2014), Bélgica (2018) e Croácia (2022). Perdeu a capacidade de competir com a primeira divisão do futebol mundial? A preparação para a Copa do Catar entra para a história como aquela em que o Brasil menos jogou amistosos, seja lá com quem fosse. Nem com a elite, nem com o baixo clero. O Brasil poderia ter marcado um amistoso contra a bem treinada seleção do Marrocos. Sim, mas os olheiros e analistas da CBF, Tite etc, aparentemente nem sabiam que o Marrocos existia. 

A mídia tem sua parcela de responsabilidade. Nunca um treinador foi tão exaltado. Colunistas esportivos, no gênero tecnocrata da bola, como Tite gosta de parecer, até imitavam a linguagem rebuscada do treinador. Quando falavam da seleção e davam os números de invencibilidade passavam a impressão que se referiam ao escrete húngaro de 1954. Poucos faziam a ressalva de que os números escondiam a fragilidade da grande maioria dos adversários. 

Hoje, depois de muito tempo, li alguém falando no valor do drible que os adeptos da troca de passes pela troca de passes tanto minimizaram nos últimos anos. Pois bem, o Brasil passou a imitar a tendência para transformar o futebol em handebol com os pés e deixou de ser competitivo. Muitos desses jornalistas são devotos da 'igreja' da posse de bola quase interminável. Um deles, também um tecnocrata da bola, escreveu trocentas colunas de análises rebuscadas sem usar a palavra drible. No Catar, a seleção brasileira, segundo estatísticas, foi uma das que menos usou o recurso do drible para furar defesas fechadas e o pouco que fez foi graças a Vini e Neymar. Li hoje que faltou ao Brasil um meio de campo criativo, alguém como Modric, Griezmann. Mas o futebol de troca de passes geralmente curtos e de posse de bola que praticamos no Catar não precisa de um jogador muito habilidoso. Passe de três metros? Se aindo fossem os 40 metros de Gerson e Didi . E quem viu os treinos da seleção no Catar deve ter observado que se formavam rodas de jogadores que passavam horas treinando... troca de passes. Lembrando aqui que o Brasil praticamente desprezou não só recurso do drible. Agradecemos aos juízes que marcaram faltas nas proximidades da grande área dos adversários da seleção brasileira. Valeu. Obrigado, mas fica para outra. O Brasil não soube aproveitar uma falta sequer. Jogadores brasileiros ainda treinam bater faltas como Zico fazia da Gávea, depois dos treinos coletivos, até escurecer?


sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Fotografia - O premiado fotógrafo esportivo Justin Setterfield imortalizou o gol de Richarlison. É o instante globalizado que mais viraliza desde ontem na internet


Justin Setterfield (Getty Images) fez a foto perfeita do voleio de Richalison. 

Justin Setterfield
Reprodução
por José Esmeraldo Gonçalves

O inglês Justin Setterfield fez a foto mais bonita da Copa do Mundo do Catar. A fabulosa imagem do atacante Richarlison no ar, em pleno voleio, a bola que parece pousada no pé direito no exato instante em que ele marca o segundo gol da seleção brasileira, ontem, contra a Sérvia. É uma obra de arte. 

Se Richarlison ao acordar hoje puxasse o Google para ver todos os jornais, revistas, veículos digitais, sites, todas as redes sociais de quem ama o futebol, levaria anos para acessar todas as suas fotos e todos os vídeos que eternizam o instante globalizado. A maior parte, sem o devido crédito como quase sempre acontece nos virais da rede. 

Pois Justin Setterfield também é um conhecido craque do esporte na modalidade "atrás da câmera". Justin estava no estádio Lusail, em Doha, a serviço da agência Getty Images, para a qual trabalha desde 2013. Em 2019 e 2020, ele ganhou o Sports Journalist Awards, uma espécie de "bola de ouro" para os fotógrafos especializados em esportes. Em 2016, venceu o Football Picture of the Year e o Getty Images European Photography Awards; em 2021 o Motor Sports category World Sports Photography Award




VOCÊ PODE VER MAIS IMAGENS NO INSTAGRAM DE JUSTIN SETTERFIELD

AQUI 

     

terça-feira, 30 de março de 2021

Jogadores europeus protestam contra o Catar. Construção de estádios da Copa custou a vida de milhares de imigrantes. Seleção brasileira, pra variar, ignora o assunto

Com alguns jogos das Eliminatórias de Copa 2022 em andamento na Europa, seleções protestam contra o Catar, que sediará o torneio e não é país que respeita direitos humanos, algo comum aos países islâmicos. Para construir os estádios, o Catar utiliza mão de obra de imigrantes em condições degradantes. Quase sete mil trabalhadores já morreram desde o começo das obras. Só isso já vai determinar que a Copa de 2022 estará manchada pela morte. A FIFA e a CBF não se pronunciaram sobre os protestos dos europeus. E, provavelmente, não precisarão se preocupar com possíveis manifestações dos jogadores brasileiros. A grande maioria ignora até o que seja a expressão direitos humanos. 

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Seleção Brasileira está jogando na Liga Chapolin...

por Niko Bolontrin

Tite sobre o ridículo amistoso de ontem da seleção brasileira, que goleou El Salvador por 5X0.

-  "Um dos aspectos que mais gostei foi a retomada de uma equipe que é alegre e agressiva para jogar, que produz, desempenha e toma iniciativa independentemente do nível técnico do adversário. Às vezes, você pode ficar moroso e achar que um só está bom, mas o time tem o DNA do gol, de agredir e pressionar".

O DNA que não foi à Rússia e só aparece na hora da moleza. Vai entrar em campo de novo contra a Arábia Saudita,  outra galinha morta, no dia 12 de outubro. Já no dia 16, o jogo é contra a Argentina, que também está na segundona ou terceirona do futebol mundial e até isso, junto com a tradição, vai garantir um jogo mais equilibrado. O DNA dos hermanos também anda em baixa.

A verdade é que o Brasil está jogando na Liga Chapolin

Enquanto isso, a Europa, hoje inegavelmente na primeira divisão, transforma as "datas Fifa" reservadas para simples amistosos em um novo torneio - a Liga das Nações - com jogos mais competitivos.

Fica a pergunta: quem é gênio que escolhe os adversários da seleção brasileira?  O cara pesquisa no Google?

Avisem a ele que Guam, Mongólia, Sri Lanka, Bahamas, entre outros, querem enfrentar o time de Tite.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Até o Olé admite: Neymar é caçado em campo. E olha que o jornal é argentino..




Apesar da história rivalidade, prevalece no Olé o respeito ao futebol.

O jornal argentino publicou uma matéria especial com fotos e vídeos sobre a caça a Neymar. "Neymar sofre um jogo bruto sistemático", denuncia. Ao terminar o jogo contra o México, o brasileiro detinha um recorde: o de jogador que mais sofreu faltas (23) desde a fase de grupos.

O Olé admite que Neymar às vezes exagera, mas defende que as imagens dos vários jogos são provas claras da caçada. Enquanto a mídia argentina ainda sob o impacto da desclassificação de Messi& Cia abre espaço para reconhecer o que não pode ser desmentido, uns poucos jornalistas esportivos brasileiros (é só zapear a TV por assinatura) promovem uma ofensiva contra o craque - em tom que lembra 'haters' de rede social - em outro campo: o das mesas redondas.
VEJA A MATÉRIA NO OLÉ, CLIQUE AQUI

terça-feira, 3 de julho de 2018

Copa do Mundo - Dançando pagode russo... os laterais que não entraram numa fria


Tite e o banco de reservas observam Fagner trabalhando na lateral. Foto de Lucas Figueiredo/CBF

Felipe Luís dá adiós aos mexicanos. Foto de Lucas Figueiredo/CBF

Faltava sal grosso contra mau-olhado. O Brasil perdeu Daniel Alves e Marcelo, os dois laterais que mais atuaram na Era Tite, e Danilo, substituto do jogador do PSG. Para segurar a onda, Felipe Luís e Fagner vestiram as camisas de titulares e se tornaram xerifes do campo minado que costuma ser aquela estratégica faixa de terreno. O  Estadão já falava em "maldição da lateral". Pai Santana e Mário Américo, massagistas que serviram à Seleção e respeitavam as energias, devem ter trabalhado no Além para aparar a ziquizira que rondava a beira do gramado. .     

Rússia 2018 - Neymar tira da Alemanha o posto de maior goleador em todas as Copas

No jogo Brasil 2 X 0 México, Neymar comemora  o gol que faz o Brasil
o recordistas de gols em todas as Copas. Foto de Lucas Figueiredo/CBF

(do site da CBF) 

Única seleção que participou de todas as edições de Copas do Mundo, a maior campeã, com cinco títulos, e agora a recordista de gols. O gol de Neymar que abriu o placar para a Canarinho diante do México pelas Oitavas de Final da Copa do Mundo FIFA 2018 colocou o Brasil como o país que mais vezes balançou as redes em Mundiais. No total, a Seleção Brasileira balançou as redes 228 vezes nos 21 Mundiais que participou.

Eram 227 gols. Mas, aos 42 minutos da etapa final, Firmino fez o segundo da Seleção Brasileira e ampliou o recorde para 228. Na Primeira Fase, Philippe Coutinho (2), Neymar, Paulinho e Thiago Silva também deixaram as suas marcas com a Amarelinha. Até o jogo desta segunda-feira (2), o Brasil estava empatado com a Alemanha, com 226 gols.

Já o camisa 10 se isolou como o quarto maior artilheiro da história da Canarinho com 57 gols. O seleto grupo é liderado por Pelé, o maior jogador de todos os tempos, com 95 bolas na rede. No segundo lugar, vem o fenômeno Ronaldo, com 67 gols marcados, uma a mais do que Zico, com 66, no terceiro lugar.
LEIA A MATÉRIA COMPLETA N SITE DA CBF, CLIQUE AQUI

domingo, 10 de junho de 2018

Partiu Rússia!

Neymar cabeceia e Philippe Coutinho escapa de quatro austríacos. Foto Lucas Figueiredo/CBF

por Niko Bolontrin

Na última escala antes da Copa do Mundo da Rússia, a seleção brasileira derrotou hoje a Áustria no Estádio Ernst Happel, em Viena, com boa atuação: vitória por 3 a 0, com gols de Gabriel Jesus, Neymar e Philippe Coutinho. Este com atuação exemplar e um belo gol, daqueles que antigamente davam direito a um Motorádio. A seleção parte para Sochi, local de concentração do time durante toda a competição. Que venha a Suíça, no próximo domingo (17), em Rostov.

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Russia 2018 - Por enquanto, é só alegria. Brasil quer deixar para trás a "realidade" das três últimas Copas e ficar com a "expectativa" do hexa...



Fotos de Lucas Figueiredo/CBF

Não e só pelos 7 x 1. Nas últimas três Copas do Mundo, o Brasil pisou feio na bola antes mesmo de entrar campo. Vacilou ainda na tumultuada rotina de concentração.

Em 2006, na Alemanha, alguns treinos da seleção pareciam um parque de diversões de celebridades tantas eram as figuras que cercavam os jogadores e com eles dividiam os holofotes. Diretores de veículos e alguns jornalistas foram até bem recebidos em Königstein e Bergisch Gladbach, no Castelo Lerbach, para noite de vinhos e acepipes com cartolas e comissão técnica. Vários programas de TV, e não exatamente esportivos, mas de entretenimento, mobilizavam os jogadores. Patrocinadores, idem. A política de folgas era perigosamente generosa. Weggis, o vilarejo suíço onde a seleção fez os últimos treinos antes de ir para a Alemanha jamais esqueceu a passagem do furacão seleção+torcedores. O que aconteceu nas baladas noturnas não ficou em Weggis - como diz o código não escrito de Las Vegas -, já que agências internacionais contaram em fotos e fatos o que a mídia brasileira, na ocasião, preferiu fingir que não viu, provavelmente para não ter obstáculos imprevistos no acesso aos jogadores. Durante a Copa, algumas folgas de pelo menos três dos mais animados jogadores foram bem aproveitadas em Düsseldorf. Quem viu, viu.

Em 2010, criou-se o fator Dunga. A CBF quis corrigir os excessos registrados na Alemanha e apertou a disciplina. Dunga foi o "xerife" escalado. O temperamento do treinador e as pressões da mídia formaram a tempestade que pairou sobre a seleção. Restrições ao acesso aos jogadores e atrito com jornalista durante uma coletiva abriram uma temporada de caça a Dunga e o clima na África do Sul tornou-se quase insuportável.

Em 2014, Copa no Brasil, não havia mesmo qualquer possibilidade de privacidade para a seleção. Enquanto os alemães se recolheram ao sul da Bahia, os brasileiros se concentraram no point da temporada, a Granja Comary. Se alguém computasse no relógio veria que alguns jogadores gastaram muito mais tempo com selfies, ações de marketing de patrocinadores, participações em programas de TV do que em treino com bola. Deu no que deu.

Rumo à Copa da Rússia, Tite está, por enquanto, segurando a onda externa. Aparentemente, não vai tornar a concentração uma obra aberta nem um bunker intransponível. Um sinal de que procura preservar os jogadores foi sua intervenção em uma ação de marketing do patrocinador Mastercard. A empresa divulgava uma promoção de doação de alimentos para pessoas carentes baseada em gols marcados por Neymar (e Messi). Tite achou que a publicidade não favorecia o espírito de jogo coletivo que ele quer na seleção. Sem falar que podia ter impacto no ambiente e no jogo. A empresa mudou a campanha e doará 1 milhão de refeições independentemente dos gols exclusivos de Neymar.

A atitude do treinador mostra sua atenção ao entorno do campo e a tudo que possa respingar nos jogadores e lhes tirar a concentração na Copa.

Jornalistas que cobrem a seleção notam que a convivência, o ambiente e o foco dos jogadores em nada lembram as três últimas campanhas da seleção. As fotos acima são um bom sinal. 

Só há um elemento que Tite não pode controlar: a intensidade dos jogadores nas suas redes sociais. Como qualquer jovem, eles estão conectados. Concentração ganhou esse nome porque era uma bolha. Afastava o time do mundo exterior com o objetivo de focalizar o treinamento para o jogo seguinte. Não é mais. Críticas, especulações, problemas de família, de namoradas, de empresários, de patrocinadores, de amigos, assédio, tudo está ao alcance de um clique.  Só os jogadores podem administrar isso.

Há bons motivos para confiar que a Rússia 2018 não reeditará Alemanha 2006, África do Sul 2010 e Brasil 2014. 

Recentemente, Luís Fernando Veríssimo deu mais uma razão para a esperança. Em crônica no Globo, o escritor lembrou que a seleção brasileira fez uma péssima Copa em 1966 e foi campeã em 1970; foi mal em 1990 e venceu em 1994; entrou em convulsão em 1998 e ganhou em 2002. A Copa de 2014 é pra esquecer. Que 2018 confirme a numerologia do Veríssimo. 

domingo, 3 de junho de 2018

Rumo à Copa da Rússia: contra a Croácia deu pro gasto...

Neymar; a volta e a comemoração. Foto Lucas Figueiredo/CBFa

"Bobby" Firmino. Foto Lucas Figueuredo/CBF

A Croácia tem um time forte. Talvez melhor do que os nossos três primeiros adversários da Copa: Suíça, Costa Rica e Sérvia. O Brasil mostrou defeitos e virtudes. Teria sido bom que o time de Tite provasse, no primeiro tempo, que não depende de Neyamr. Infelizmente, precisou o craque entrar, no segundo tempo, para decidir. Mas isso não que dizer que Philippe Coutinho, Marcelo, Firmino, Casemiro e William não tenham mostrado valor.

Entre as virtudes, a segurança da defesa. Entre os defeitos, a timidez para tentar o drible como solução individual de ataque, indispensável às vezes e arma poderosa para jogadores habilidosos. Apenas posse de bola e o às vezes irritante tiki-taka europeu, com prioridade para a troca de passe excessiva. que lembra a nossa "roda de bobo" ou um futebol a la handebol, não basta.

O Brasil trocou centenas de passes no primeiro tempo e não furou a defesa da Croácia. Apenas Philippe Coutinho arriscou um drible por baixo da perna do adversário.

A Neymar, no segundo tempo,  bastou apenas um drible para fazer o esperado e demorado gol.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Fotos que falam - O respeito ao Velho Lobo...




Fotos Lucas Figueiredo/CBF

por Niko Bolontrin 

Em meio ao caos de ontem, coube ao futebol dar um toque de emoção ao noticiário.

Zagallo visitou a concentração da seleção brasileira, em Comary, Teresópolis.

Boleiros respeitam boleiros. Mas no caso do velho treinador, havia muito mais do que respeito na expressão dos jogadores enquanto ouviam o Velho Lobo falar. Zagallo ganhou duas copas como jogador (1958-1962), uma como treinador (1970) e outra como assistente técnico (1994). Não é pouca coisa. Aliás, é um feito único na história do futebol.

A fragilidade do corpo, aos 86 anos, não abalou a alma de vencedor, um armador pela esquerda, o jogador inovador e incansável que ganhou o apelido de Formiguinha por atacar e voltar para a defesa como reforço na lateral.

Zagallo ganhou dos jogadores a camisa 13 - seu número de sorte - autografada. Elogiou Tite por trazer de volta a esperança no Hexa e procurou motivar o time.

- "Já está no meu pensamento e no deles. Vamos trazer essa Copa''.

Pé quente o Lobo é.

sábado, 19 de maio de 2018

Copa do Mundo 2018: ao contrário da Copa passada, seleção brasileira não vai mais morar na psicologia...

por Niko Bolontrin 

A Folha de São Paulo publica hoje um texto de Eduardo Geraque sobre a relação - que ele define como conturbada - entre a psicologia e a seleção brasileira.

Recorrer a psicólogos para avaliar e ajustar cabeças de boleiros foi prática que começou em 1958. O Brasil vinha de um derrota traumática, a de 1950, e de uma participação sofrível na Copa de 1954, quando a seleção foi desclassificada nas quartas de final. Ainda nos treinamentos, o psicólogo João Carvalhaes reprovou Garrincha em um teste psicológico. O "conflito" começou aí. Felizmente, a comissão técnica que via Mané em grande forma, fazendo chover no Botafogo, não deu bola para o diagnóstico. Em 1962, Copa do Chile, de onde o Brasil trouxe o bi, a psicologia não entrou em campo. Aparentemente, não há registro de motivadores psicológicos no tri, no tetra e no penta. Devem ter achado melhor deixar como estavam as cucas de Pelé, Tostão, Rivelino, Jairzinho, Romário, Bebeto, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho, etc.

Em 1998, vai ver fez falta. Na crise do Ronaldo Fenômeno talvez ele e toda a comissão técnica precisassem de ajuda no vestiário do Stade de France. Ninguém escapou daquele vexame.

Em 2014, a psicóloga Regina Brandão foi convidada a monitorar cabeças na Granja Comary.
Se os seus métodos foram ou não eficientes não nos cabe dizer, mas aquele seleção deve ter sido a mais chorona que já representou o Brasil. Lágrimas de esguicho, como diria Nélson Rodrigues já rolavam antes mesmo do desastre do 7X1 contra a Alemanha. Talvez fossem um prenúncio do colapso. 

Escaldado, Tite não vai levar psicólogo nem divã para a Rússia. Para ele, segundo a Folha, "a Copa do Mundo é curta e não há tempo hábil para um trabalho mais profundo".

Os jogadores vão se concentrar em outra esfera: a bola

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Foi armação! Michel Platini confessa que manipulou sorteio dos grupos na Copa de 1998.

A Copa de 1998, a da França, já entrou para a história da seleção brasileira como uma das mais controversas. A mídia esportiva jamais conseguiu explicar claramente tudo o que aconteceu na concentração poucas horas antes da final e no vestiário do Stade de France, a minutos da bola rolar.

Talvez só Arséne Lupin, do escritor Maurice Leblanc, fosse capaz de desvendar o mistério.

O choro e a convulsão de Ronaldo, os relatos dramáticos do seus companheiros de quarto, o atendimento de urgência em hospital, sistema de som do estádio anunciando a escalação de Edmundo, os jogadores que não aparecem em campo para o aquecimento, Ronaldo surpreendentemente confirmado e, finalmente, a apatia do camisa 9 e o apagão do time em campo.

Claro que Zidane & Cia jogaram muito naquele 12 de julho, mas o jornalista italiano Stefano Barbetta definiu a postura de Ronaldo em campo como a de um "ectoplasma ambulante" e escreveu no livro "La Biblia dei Mondiale" que patrocinadores da seleção o constrangeram a jogar. Barbetta ainda registra o que chamou de "alheamento" dos demais jogadores brasileiros, preocupados com as condições de Ronaldo.

Pois 20 anos depois a Copa do "mistério" acaba de ganhar mais uma controvérsia. O ex-jogador Michel Platini, que era co-presidente do Comitê Organizador da Copa de 1998, confessou hoje que manipulou o sorteio dos grupos para impedir que a França cruzasse com o Brasil antes da final. "Quando organizamos o calendário, fizemos um pequeno truque", disse. A notícia está no Diário de Notícias, de Lisboa.

Platini não detalha o método usado para falsificar o sorteio. Uma pista: em 2016, o ex-presidente da Fifa Joseph Blatter deu uma entrevista ao "La Nacion", da Argentina, confirmando o uso bolas quentes e frias em sorteios de competições de futebol. Não convenceu quando afirmou que na Fifa isso não acontecia, mas revelou a jogada. "As bolinhas são colocadas antes na geladeira. A mera comparação entre umas e outras com o toque determina as bolas frias e quentes. Quando tocamos, sabemos o que é".

Com a manipulação de Platini, a França acabou campeã - mereceu, apesar da ajuda. Pena que o Brasil foi à final para ganhar a "taça" do vexame. Melhor seria ter sido eliminado com dignidade uma semana antes, quando ficou no 1x1 contra a Holanda e foi salvo na decisão por pênaltis.

O Brasil é penta, vai tentar o hexa, mas é tri em vexames em Copas: o maracanazzo de 1950, a desastrada escalação de um jogador que praticamente saiu da emergência de um hospital para calçar as chuteiras, em 1998, e o time-zumbi massacrado pela Alemanha no pastelão do 7X1 de 2014.

Que a Rússia poupe a seleção de Tite dos "dribles da vaca" da história... 


segunda-feira, 14 de maio de 2018

Copa da Rússia: a hora é Hexa...

Arte CBF/Divulgação


por Niko Bolontrin

Aí estão os 23 jogadores da seleção de Tite com passagem comprada para Moscou. Sem surpresas. Como o próprio treinador afirmou na coletiva de hoje na sede da CBFa, é o grupo que se encaixa na sua concepção de jogo.

Na próxima segunda-feira, eles se apresentam em Teresópolis, onde treinam até no dia 26. Em 27 embarcam para Londres, para mais uma etapa de preparação que inclui dois amistosos: contra  a Croácia, no dia 3 de junho e Liverpool; e a Áustria, em Viena, no dia 10. Em seguida, o time parte para Sochi, na Rússia, para os ajustes finais antes da estréia na Copa, dia 17, contra a Suíça, em Rostov, às 15h, horário do Brasil.

Depois disso, é o Hexa ou o Nada.


Confira a lista:

GOLEIROS:
Alisson – AS Roma (ITA)

Cássio – Corinthians-SP

Ederson – Manchester City (ING)

DEFENSORES:

Danilo – Manchester City (ING)

Geromel – Grêmio-RS

Filipe Luís – Atlético de Madrid (ESP)

Marcelo – Real Madrid (ESP)

Marquinhos – Paris Saint Germain (FRA)

Miranda – Internazionale de Milão (ITA)

Fagner – Corinthians-SP

Thiago Silva – Paris Saint Germain (FRA)

MEIO CAMPISTAS:

Casemiro – Real Madrid (ESP)

Fernandinho – Manchester City (ING)

Fred – Shakhtar Donetsk (UCR)

Paulinho – Barcelona (ESP)

Philippe Coutinho – Barcelona (ESP)

Renato Augusto – Beijing Guoan (CHI)

Willian – Chelsea (ING)

ATACANTES:

Douglas Costa – Juventus (ITA)

Firmino – Liverpool (ING)

Gabriel Jesus – Manchester City (ING)

Neymar – Paris Saint Germain (FRA)

Taison – Shakhtar Donetsk

segunda-feira, 30 de abril de 2018

Presidente argentino quer Carlitos Tévez jogando na seleção ao lado de Messi. Caso lembra a convocação de Dario, em 70, imposta por Médici

Reprodução El Destape

por Niko Bolontrin 

Uma informação divulgada ontem no programa "Fútbol al Horno", do canal 26, de Buenos Aires, agita a Argentina. Ainda sem um time formado, o técnico da seleção dos hermanos, Jorge Sampaoli, ganhou mais um problema: o presidente Mauricio Macri quer impor a escalação do atacante Carlitos Tévez, 34 anos.

Macri, ex-cartola do Boca Juniors, é amigo do jogador. Além disso, planejaria fazer uma média com a torcida do clube já que no ano que vem tentará sua reeleição para a Casa Rosada. Tévez, que disputou as copas de 2006 e 2010, é atualmente jogador do Boca. Macri tem sido vaiado nos estádios argentinos e Tévez costuma defender o presidente em entrevistas.

A pressão de Macri lembra o caso do jogador Dadá Maravilha.

Em setembro de 1969, jogando pela seleção mineira, que foi montada com o time do Atlético, Dario fez o gol que derrotou a seleção brasileira, por 2x1, em jogo-treino. O técnico era João Saldanha, comunista de carteirinha, o que, em plena ditadura, provocava urticárias nos militares. Um mês depois, em outubro, Médici assumiu o plantão da ditadura. Tempos depois, deu uma entrevista na qual elogiava Dadá Maravilha que, apesar de trombar com a bola, era um dos maiores goleadores da época.

Nos meses seguintes, o elogio se transformou em pressão. Médici não escondia a preferência: "Dario tem que ser convocado", dizia. O cordão dos puxa-sacos, como Jarbas Passarinho, então ministro da Educação, levava o recado cada vez mais insistente. No auge da pressão, ao ser indagado por jornalistas se chamaria o "Peito de Aço", Saldanha respondeu com uma frase que ao longo do tempo ganhou várias formas, mas que era mais ou menos o seguinte: "O senhor organiza o seu ministério que eu organizo o meu time". Em março de 1970, o treinador foi demitido. Na verdade, a seleção já estava ocupada por militares como supervisores e preparadores físicos fardados e o João Sem Medo desagradava à ditadura por denunciar torturas e prisões sempre que dava entrevistas à imprensa internacional e algum jornalista levantava a questão.

Zagalo assumiu. Dario foi convocado, foi para o México e virou tricampeão sem entrar em campo. Mesmo  submetido à exigência do Planalto, Zagalo não teve como escalar Dadá Maravilha. Simples: quem ele botaria no banco? Pelé, Tostão, Rivelino, Jairzinho, mesmo Roberto (o atacante do Botafogo, que era reserva), Edu, Paulo César? Ficou difícil pro Dadá.

Quanto a Tévez, Sampaoli tem até 14 de maio, data da lista final de convocados para a Copa da Rússia, para fingir que não ouviu o presidente argentino ou ceder a Maurício Macri e botar o parça Carlitos na aba de Lionel Messi.

quinta-feira, 30 de março de 2017

Um drible na tradução...


Com a seleção brasileira classificada para a Copa de 2018, o Globo publica hoje uma matéria sobre o assunto e comenta os primeiros planos da CBF para a busca do Hexa em Moscou. O título é "Partiu Rússia", em corpo menor. Mas a mesma expressão supostamente em russo destacada na página ficou na boa intenção. O Google Tradutor não ajudou. As duas palavras, juntas, não têm o significado da expressão brasileira e não fazem sentido, segundo russos residentes no Rio. Alguns acharam o título confuso e até engraçado, dizem que a palavra "partiu" como foi traduzida tem o sentido de "dividiu".

O pequeno erro lembra uma falha da Manchete em uma edição em russo, sobre o Brasil, que foi distribuída na então União Soviética.

O livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou" (Desiderata) relatou o episódio.

"O processo de transformação econômica e social da União Soviética, incentivado pela glasnost e a perestroika, em 1988, repercutiu no mundo ocidental e também no coração do velho Adolpho. Ele, que chegara ao Brasil em 1922, fugindo da Revolução Russa, exultava com a perspectiva de volta a sua terra natal, em grande estilo. Programou a viagem na qual levaria em mãos, para ser entregue ao líder soviético Mikhail Gorbachev, a revista Manchete. Número especial, escrito em russo, mostrando as riquezas do Brasil. Problemas decorrentes da língua e da tipologia marcaram a elaboração da edição. Foi necessário recorrer à embaixada da URSS. Adolpho Bloch só recebeu os exemplares da revista em Paris. Verificou-se, então, que havia um erro na terceira página, exatamente no título de uma mensagem do então presidente José Sarney, que faria visita oficial a Moscou.

Por uma  falha do funcionário da embaixada soviética encarregado da revisão final, havia um erro. Onde deveria estar escrito "Mensagem ao Povo Russo" foi impresso o título "Mensagem ao Povo Brasileiro". Um susto e um corre-corre. O erro acabou sanado artesanalmente, em um quarto de hotel de Paris. Parte do grupo que acompanhava Adolpho Bloch na viagem passou uma noite colando adesivos, com o título correto, sobre a falha russa.

ATUALIZAÇÃO - O Globo de hoje, 31/3/2017 -  publica Correções a propósito da matéria "Partiu Rússia", de ontem. Veja na reprodução abaixo:



segunda-feira, 8 de agosto de 2016

No ranking das vaias olímpicas, Temer, Luciano Huck e a seleção lideram com folga até aqui a briga pela medalha de papelão...

Temer curtindo as vaias. Foto de Beto barata/PR
por Omelete 
A praça é do povo e o direito à vaia também. A cada dia, a Rio 2016 abate uma vítima. Primeiro foi o presidente do golpe, Michel Temer, o ponto fora da curva na espetacular noite de abertura dos Jogos.
Figura já nos anais da Lava Jato, na mira da milionária delação da Odebrecht e  citado por vários caguetas premiados, o interino não devia ter ido lá nem por efeito de computação. Resultado: apesar de tentar ficar quase invisível, não ser citado e nem focalizado pelas câmeras do telão e só aparecer na hora de dizer duas palavras protocolares abrindo os Jogos, foi devidamente vaiado. Nem os efeitos sonoros encomendados para dissimular o repúdio disfarçou a manifestação da multidão.

O Brasil poderia ter inovado também nesse ponto: melhor seria chamar uma representação de atletas consagrados para representar o pais. Dignidade em vez da política infame.

Depois de Temer, vem a seleção brasileira masculina de futebol, que recebe das arquibancadas o tratamento que inspira em campo.
Neymar. Foto de Marcelo
Camargo/Ag.Brasil

Abaixo da crítica até aqui e com poucas chances de virar o jogo. Um terceiro empate despacha o Brasil e libera os jogadores para curtir a badalação olímpica como meros espectadores.

Quanto ao terceiro candidato à medalha de papelão, Luciano Huck, não foi bem um surpresa. O rapaz já enfrenta um rejeição expressa nas redes sociais. Ele atribuiu a vaia a "crise". Pretensão. Perguntado sobre a segunda hipótese - a sua proximidade e até a participação em campanhas políticas de figuras tucanas citadas nos dossiês da Lava Jato - ele mesmo achou que pode ser por aí.
Luciado Huck.
Reprodução Facebook
Mas há motivos mais factuais como o envolvimento em uma suposta infração ambiental ao construir uma praia artificial na sua mansão em Angra, e críticas ao bom mocismo explícito, coisa falsa na opinião de muitos internautas e por aí vai.

Seja lá qual for o motivo, o Maracanãzinho foi seu caldeirão de rejeição.

terça-feira, 21 de junho de 2016

Começa a Era Tite na seleção brasileira. Vamos torcer. Uma boa ideia seria levar os futuros convocados para ver de perto a histórica sala de troféus da CBF. Alguns podem morrer de vergonha. Mas a maioria vai ganhar moral para, quem sabe, botar mais uma taça naquelas estantes...

Tite no Museu da Seleção Brasileira, na sede da CBF. Foto de Rafael Ribeiro/CBF

Diante da taça do Penta, que já vai longe... Foto de Rafael Ribeiro/CBF


A Jules Rimet é réplica, mas um símbolo histórico que Tite reverenciou. Foto de Rafael Ribeiro/CBF


Vai começar a Era Tite. O gaúcho Adenor Leonardo Bacchi é, oficialmente, o novo treinador da seleção brasileira.

O ex-técnico do Corinthians, campeão brasileiro de 2015, é qualificado, ninguém duvida. E é oportuna a renovação em um momento crítico, com o Brasil ameaçado de não ir a Moscou 2018. Mas Tite vai ter que se superar para resolver o maior problema dos treinadores que assumem as seleção: encontrar tempo para treinar.

O novo treinador deu pistas de que vai tentar novos caminhos. Sinalizou que gostaria de assistir a treinos de clubes brasileiros. Tudo mundo sabe que é avassaladora a ofensiva de empresários e clubes estrangeiros sobre jogadores de base no Brasil. Muitos seguem para a Europa sem sequer serem percebidos pelos nossos clubes. Outros o são, claro e, muitas vezes, ainda adolescentes se rendem à força dos euros.

Equações difíceis para a prancheta do professor resolver.

Mas a sua intenção de olhar mais para promessas em ação no Brasil é elogiável. Daí talvez saia, quem sabe, um fórmula para treinar alguns convocados fora do calendário europeu restrito. Tite tocou, nos últimos dias, em um ponto sensível: os amistosos inúteis que, por contrato, patrocinadores armam para a seleção. Se as oportunidades para treinar o grupo já são raras que, pelo menos, sejam decentes os adversários nesses amistosos e não apenas frutos de jogadas de marketing.

Tite já fez uma espécie de estágio no Real Madri, observou o futebol europeu, mas voltou convencido de que o futebol brasileiro deve recuperar suas características, absorver evoluções e desenvolver seu próprio modo de jogar. Demonstrou, também, que quer escapar da armadilha de montar um time que seja Neymar+dez. Pretende igualar tratamentos, citou Philippe Coutinho como um jogador que terá especial interesse em treinar. No fundo, pode neutralizar o discurso da mídia de "seleção de um craque só" que desvaloriza outros jogadores e nem é real: Neymar mais faltou do que compareceu a momentos decisivos da seleção nos últimos anos.

Uma tarefa inadiável para Tite é fazer com que os jogadores, especialmente aqueles que atuam no futebol europeu, voltem a ter prazer em jogar pela seleção. Nos últimos anos, fossem quais fossem os treinadores, vestir a camisa pentacampeã passou a ser, por incrível que pareça, uma "roubada" para vários deles levados a trocar os times ajustados em que jogam por uma seleção que muitas vezes parecia estava mais perdida em campo do que chinelo de bêbado.

Mais significativos do que a opinião de jornalistas, que é sabidamente volúvel e pode mudar em poucos meses, Tite ganhou, ontem, apoio e incentivo de alguns craques campeões. Deve ter pensado neles quando percorreu a sala de troféus do Museu da Seleção Brasileira, na sede da CBF. Aquelas centenas de taças ali enfileiradas foram conquistadas por algumas lendas do futebol brasileiro, de várias gerações, que sabiam o que fazer em campo e sabem do que estão falando.

Taí, uma boa ideia seria Tite levar os próximos convocados para ver de perto aquela sala.

Por trás daqueles canecos há sangue, suor e lágrimas.

Para uns e outros, o risco é morrer de vergonha. Mas a maioria vai ganhar moral ao ver o que bola pode proporcionar quando é bem tratada.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

A seleção triste



por Flávio Sépia 

Está difícil voltar a inflar a bola murcha da seleção. Dunga - agora pendurado no paredão, quase sem a escada - tentou investir em jogadores que não participaram do trágico sete-a-um.  Ontem, contra o Peru, assim como ao enfrentar o Equador (Jamaica não valeu), o time mostrou inicialmente algum avanço, boa movimentação, toques rápidos, mas apenas nos respectivos primeiros tempos de ambas as partidas. E, mesmo assim, com falhas repetitivas no penúltimo passe ou no chute a gol. No segundo tempo dos dois jogos, caiu o padrão de jogo ou as jogadas se repetiram monotonamente, sem mais surpreender o adversário.

O Peru ganhou ontem com um gol de mão, claramente. Mas, se o Brasil tivesse se classificado com um mero empate, isso também seria um vexame.

Se bem que um empate teria poupado o torcedor de assistir àqueles minutos pós-gol do Peru, quando a seleção perdeu-se em campo e lembrou muito o apagão do fatídico sete-a-um.

Em plena campanha das Eliminatórias, onde já não está confortável, a seleção corre o risco de ter que começar tudo do zero. Caso o Dunga caia, quem virá? Saldanha, para chamar as "feras", não há mais. E qualquer outro treinador sem o básico, o tempo para treinar, terá dificuldades em tirar o time do atoleiro que vai enfrentar na estrada para a Rússia 2018.

Outro dia, uma matéria de jornal falava que a seleção tem um "motivador". Fico imaginando, o mesmo e saudoso Saldanha acharia de jogadores que precisam de "motivadores". Caramba, se jogar na seleção não for um motivo forte o suficiente, "motivador" algum vai dar um jeito nessa depressão. Se vários jogadores dessas novas gerações já apelam pra fé quando entram em campo e nada disso tem funcionado, como um mortal comum vai consertar o caos? Tá difícil.

Recorrer ao além ou a "fazedores de cabeça" talvez seja reflexo de um um fato real, este sim, ainda mais preocupante. Muitos dos jovens jogadores brasileiros estão bem nos seus clubes europeus. Bons contratos, títulos, reconhecimento, boas atuações, boa estrutura etc. Convenhamos: para eles, vir dos seus clubes, onde sofrem as críticas e pressões normais, para cair direto no sufoco e na instabilidade da seleção brasileira, atualmente, é como trocar um resort na Riviera por aldeia na Síria.

A mensagem irada que Neymar enviou aos jogadores é um indício desse estado de ânimo. A seleção parece ter se tornado um peso, um fardo. Ao mesmo tempo, é a vitrine que tem sistematicamente mostrado que os jovens craques que atuam em clubes milionários da Europa têm seus dias de vexame. Acho que não tem ninguém feliz com isso.

Em meio a tudo , estranho uma coisa: a Argentina, com ótima geração de jogadores nos últimos anos, não ganhou títulos (é forte candidata a ficar com o caneco dessa Copa América Centenário), mas os hermanos demonstram mais vontade e aparentam ter mais prazer em entrar em campo. Até Messi, que até a Copa de 2014 era visto por muitos torcedores argentinos como não muito vibrante ao vestir a camisa da sua lendária seleção, está se divertindo, e divertindo a audiência, com suas fantásticas exibições.

Na mensagem,o próprio Neymar diz que "ninguém sabe o que vocês sofrem". Se os caras "sofrem" para estar ali, sabe quando vai dar certo? Nunca. Neymar também fala em "orgulho". Acho isso meio "patriótico" demais.

Preferia que os jogadores voltassem a demonstrar o prazer e a alegria de jogar, que tem mais a ver com a arte da bola. Claro que não depende só deles. Só que a atual seleção nem orgulhosa é. Parece apenas triste.

sábado, 30 de abril de 2016

Memórias da redação: há 30 anos, a imprensa esportiva já discutia se a seleção brasileira devia formar um time-base de "locais" ou se era melhor insistir nos "estrangeiros" não liberados pelos seus clubes para treinar

(do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou")
Em 2007, a imprensa esportiva debatia: a seleção brasileira deveria convocar os jogadores que atuavam na Europa e que raramente são liberados para um período mínimo de treinamento ou se seria melhor formar um time-base com os craques que estavam aqui e que, por isso, podem treinar mais?
A discussão não era nova. Às vésperas da Copa do México, em 1986, o colunista da Fatos, Sandro Moreyra, escreveu:
"Voltou, então, Telê, para dirigir as Eliminatórias e sob aplausos gerais convocou os "italianos", base do seu time em 1982: Zico, Falcão, Sócrates, Edinho, Cerezo, Júnior. 
Da convocação para a Copa do México em fevereiro e até agora, Telê só fez esperar que o joelho de Zico se comportasse bem, que Falcão, Oscar e Sócrates voltassem à forma. Como nada disso aconteceu, a seleção, a duas semanas da estréia, só tem um jeito: é apelar para um milagre".
Sandro Moreya estava certo na sua previsão: o milagre não veio e o Brasil perdeu a Copa nos pés da "geração perdida", na definição do cronista aquele grupo de craques que embora excepcional não foi campeão do mundo.