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sexta-feira, 6 de maio de 2016

Orlandinho: retratos de um amigo

Orlandinho, nos anos 80: editor de fotografia da Manchete. Na foto, selecionando imagens. 

Essa é, provavelmente, uma das suas mais antigas fotos na Manchete, ainda na redação da Frei Caneca. Orlandinho, de paletó, nos anos 60, ao lado de Cordeiro de Oliveira, Nilo Martins, Nelio Horta, Laerte Moraes, Léo Schlafman, Paulo Henrique Amorim, Hedyl Valle, Robertinho, José-Itamar de Freitas e Ney Bianchi.



No Sindicato dos Jornalistas, com ex-fotógrafos da Manchete então preocupados com o desaparecimento do arquivo fotográfico da Bloch. Conduzidos por José Carlos Jesus, reuniram-se, entre outros, Orlandinho, Henrique Viard, João Miguel Jr., J. Egberto, Frederico Mendes e Aziz Filho, na época presidente do Sindicato.  

Com Ney Bianchi, durante a Copa de 90, na Praça de São Pedro, no Vaticano



por José Esmeraldo Gonçalves
Orlandinho, na redação da Manchete,
na Rua do Russell. Nos anos 80,
como chefe de reportagem de revista,
tive o privilégio de trabalhar com ele
.
Uma trajetória admirável. Assim foi a vida de Orlando Abrunhosa. Do menino que embarcou em um Ita, em Belém do Pará, no começo dos anos 50, ao fotógrafo premiado, ele construiu uma história de sucesso traduzida em imagens de rara beleza e sensibilidade.

Captava a notícia e seus personagens onde quer que estivessem, fosse em Copas, Olimpíada, viagens à China, Japão, Egito, Argentina, Estados Unidos, interior do Brasil ou logo ali na esquina, o palhaço, o sem-teto, o detento, o ídolo da música, o vendedor anônimo, entre tantas matérias marcantes que fez para as revistas Manchete e Fatos & Fotos.

Tostão, Pelé e Jairzinho. México, 1970. Foto de Orlando Abrunhosa
Orlandinho acreditava que cada fato guardava uma alma. Foi assim que fez sua foto mais famosa internacionalmente. Em um milésimo de segundo, ele encontrou em Pelé, Tostão e Jairzinho o símbolo perfeito da Copa de 70.

Nos últimos anos, o fotógrafo retomou um antigo ângulo, fora das lentes: o de compositor. Os amigos testemunharam o entusiasmo com que passou semanas em um estúdio, perfeccionista como sempre, gravando um sonhado CD de sambas ao qual deu o título de "Agora é minha vez". E registraram o justo e merecido orgulho que demonstrou ao ver sua vida e carreira reconhecidas no documentário "Três no Tri", do diretor Eduardo de Souza Lima, o Zé José.

Aos dois Orlandinhos descritos acima - o da fotografia e o da música - somavam-se mais dois: o que expressava sempre que podia a paixão pela família - sua amada d. Helena e os queridos filhos Fábio e Frederico  - e o amigo que reunia em torno de si metade do Rio de Janeiro. Os quatro eram, na verdade, um só: o mesmo Orlando, o bom caráter, a generosidade, a sensibilidade, a integridade, a inteligência, a sábia simplicidade.

Fará muita falta. O sentimento, hoje, é de imensa tristeza.

Aos poucos, seremos confortados pelas lembranças, os bons momentos, o bom humor e, principalmente, pelo grande privilégio de ter conhecido Orlando Abrunhosa.

Um grande abraço, amigo.