Manchete fotografava em cores as passeatas de 1968. Lembrando que... |
... a TV era em preto e branco e os jornais idem. Há pouco material jornalístico colorido da época |
Mais dinâmica, a Fatos & Fotos produzia no front do Centro do Rio um vasto material p&b. |
Balas de borracha? Que nada... |
...a munição real deixou mortos e feridos nas ruas do Rio. |
A policia se preparando para invadir o campus da UFRJ, na Praia Vermelha... |
...em uma operação que prendeu centenas de estudantes. |
A silhueta em contraluz pode dar a impressão, mas touca ninja em passeata ainda não era moda. |
O gás era arma, mas ninguém usava as máscaras comuns nos protestos de hoje. |
Um dos acontecimentos dramáticos de 1968: a polícia ditadura assassina o jovem Edson Luís. |
O enterro do estudante assassinado se transformou em uma |
comovente manifestação pública de indignação e revolta. |
A palavra de ordem |
Barricadas na avenida |
O líder estudantil Vladimir Palmeira discursa durante passeata |
Em 2018, o mundo revisitará as revoltas estudantis. Serão os 50 anos do Maio de 68. Em Paris, Praga, Roma, Londres, nas universidades americanas, em inúmeras outras grandes cidades, os jovens montavam barricadas em nome das transformações comportamentais, políticas, sexuais e éticas.
No mundo desenvolvido, o furacão de 68 buscava o sonho de um nova realidade.
No Brasil, a juventude vivia um pesadelo real: a ditadura.
Em comum com os dias de hoje, o governo fazia baderna institucional e o povo respondia nas ruas com uma onda de protestos legítimos na forma e no conteúdo.
As cenas vistas acima, registradas pela Manchete e Fatos & Fotos, no Rio, são um breve trailer dos acontecimentos daquele ano. Sucessivas edições das duas revistas, especialmente da Fatos & Fotos, levaram aos leitores a onda revolucionária que ocupou as ruas. A cobertura do campo de batalha em que se transformava o Rio exigia a presença de várias equipes da Bloch. Na época, jornais eram em preto e branco, a TV idem, os jornais cinematográficos também, a Veja não existia e O Cruzeiro agonizava. Assim, os arquivos desaparecidos da Manchete guardam ou guardavam um material raro, quase único: as imagens das passeatas, incluindo a dos Cem Mil, em cores.
Adolpho Bloch, gráfico por origem e formação, preferia que os fotógrafos da revista Manchete, usassem filmes 6x6. O formato maior do cromo, segundo ele, "imprimia" melhor. Daí, no meio da guerra urbana, havia fotógrafos trabalhando com câmeras Hasselblad equipadas com o pouco prático (para fotojornalismo) visor de cintura (waist). Esses profissionais abasteciam a principal revista da editora com cromos coloridos 6x6.
Já as equipes da Fatos & Fotos, publicação bem mais ágil e dinâmica, percorriam as ruas fazendo fotos em 35mm. Se a Manchete fez história com a cor, a Fatos & Fotos produziu maior quantidade de material e registrou as cenas mais marcantes do período. As coberturas eram creditadas por equipe na maioria das edições. Mas em algumas delas destacam-se os nomes dos fotógrafos Antonio Trindade, Nelson Santos, Vieira de Queirós, José Martins, Gervásio Baptista, Milton Carvalho, Juvenil de Souza, Nicolau Drei, Jorge Aguiar. Armando Rozário e Moacir Gomes.
Além do que é visto aqui nessas poucas reproduções de exemplares disponíveis, haverá em algum lugar muito mais registros fotográficos de uma época de contestação feitos pelos fotojornalistas da Manchete e da Fatos & Fotos.
Mas é material tão sumido quanto os ideais das gerações de 1968.
7 comentários:
Não sei se é saudosismo ou consiste em verdade mas, vendo essas fotos e me lembrando dessas passeatas e comparando com as atuais me parece que as antigas eram mais verdadeiras, tinham mais sentido e lutavam por um ideal democráticos. As de hoje me parecem muito manipuladas.
Não vejo diferença. Era a luta contra a ditadura é agora contra um governo corrupto, flagrado com a mão na massa, que rouba direitos. Fora Temer, Diretas Já!!!!!!!!
Bem, nas passeatas daqueles tempos não existiam "black blocks "e sabemos quem comanda e financia esses arruaceiros fantasiados de ninjas quebrando lojas e agências bancárias. Os vândalos dos tempos modernos. Eles tiram a autenticidade e o propósito das manifestações populares.
Quando fui passar minhas férias com a família em Copacabana,estávamos no Castelinho,eu Elizabeth ,meu primo Renato Polli ,minha irmã Heloisa e suas amigas Eliane e Regina,quando fomos abordadas pela fotógrafa da Fatos e Fotos Zulema Rida,e texto de Antonio Texeira Junior, para uma reportagem.Fomos inúmeras vezes clicadas,eu estava tomando um suco de laranja e fui então fotografada e minha foto ocupou a metade da página 46,com o tema "Esquerda Festiva se diverte",a foto ficou linda,guardo até hoje a revista "Fotos e Fotos"com a Leila Diniz na capa.
Na época tinha acabado de completar 18 anos e também descontentes com a política que atravessava o Brasil,conversávamos distraídas,alegres sobre os acontecimentos,meu pai, tinha loja de armas em Florianópolis,nossa família não poderia ser da esquerda de jeito nenhum,causou saia justa, meu pai foi chamado para dar esclarecimentos ao exército. Tenho a Revista inteira e a reportagem vou comentar no meu blog com a foto. hoje vou postar a foto e falar da reportagem,meu endereço : http//betinhathomaselli.com.br
A data da reportagem 15 de fevereiro de 1968 .Fatos e Fotos . Tema :O que há de novo na Esquerda Festiva
No final ela não era de esquerda nenhuma, era apenas uma turista passeando no Rio de Janeiro. Essa mania da imprensa – diga-se esquerdista – de rotular pessoas como militantes de esquerda acaba de uma maneira ou de outra um dia sendo desmascarada.
Elizabeth Lebarbenchon, o blog agradece o comentário e o adendo à matéria que revisita a Fatos & Fotos. Att Editor bqvMANCHETE
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