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sexta-feira, 16 de junho de 2017

Fotografia - Manchete 65 anos - A Exposição Impossível-7

A capa  da Manchete Esportiva, que produziu um
reality show fotográfico com Pelé em 1959

O script da fotonovela foi assinado por Benedito Ruy Barbosa.
As fotos são de José Castro

A fotonovela tornou-se um reality show fotográfico porque os personagens,
incluindo o Pelé, claro, eram reais. Dondinho e D. Celeste, pais de Pelé, o técnico Lula, do Santos, a dona da pensão onde Pelé morou, Dona Raimunda, viveram seus próprios papeis. 

Manchete Esportiva recriou a chegada de Pelé ao Santos.
Na foto, com o técnico Lula e o pai, Dondinho. 

O craque, tímido, diante dos ídolos do Santos.

Tensão antes de entrar em campo. 
O primeiro "treino" no Santos, segundo a fotonovela
da Manchete Esportiva
Com os demais jogadores estáticos, em pose para a foto, Pelé "domina" a bola e faz... 

...o primeiro gol (recriado) em treino no Santos

Depois da consagração no Mundial da Suécia, a volta ao Brasil. 

Em Bauru, recebeu seu primeiro presente: uma Romisetta. 

O herói da primeira Copa conquistada pelo Brasil desfila nas ruas. 
O expediente da edição especial da Manchete Esportiva.
Em 1959, Pelé era o ídolo que a Copa da Suécia revelou e o mundo consagrou.

Manchete Esportiva lançou na edição 191 um fotonovela sobre a vida de Pelé. Em cerca de 170 fotos, a revista fez, na verdade, uma superprodução com personagens reais, a maioria - já que a infância de Pelé é interpretada por pequenos figurantes -, recriando momentos decisivos da trajetória do jogador, até então.

Hoje, a fotonovela "Sua Majestade Pelé" seria chamada de reality show fotográfico. Provavelmente pioneiro na fórmula.  Estão lá os pais, Dondinho e Celeste, o irmão, Zoca, o treinador do Santos, Lula, jogadores do time, na época etc. Também foi utilizado material de fotojornalismo no trecho que mostra a chegada ao Brasil após a Copa da Suécia e um desfile em carro aberto.

A sequência de fotos publicada aqui e reproduzida de um raro exemplar da edição especial da Manchete Esportiva faz ou fazia parte do acervo fotográfico da extinta Bloch Editores, hoje desaparecido.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Fotografia - Manchete 65 anos - A Exposição Impossível-6


Manchete fotografava em cores as passeatas de 1968. Lembrando que...

... a TV era em preto e branco e os jornais idem. Há pouco material jornalístico colorido da época

Mais dinâmica, a Fatos & Fotos produzia no front do Centro do Rio um vasto material p&b.




Balas de borracha? Que nada... 

...a munição real deixou mortos e feridos nas ruas do Rio.

A policia se preparando para invadir o campus da UFRJ, na Praia Vermelha...

...em uma operação que prendeu centenas de estudantes. 

A silhueta em contraluz pode dar a impressão, mas touca ninja em passeata ainda não era moda. 
O gás era arma, mas ninguém usava as máscaras comuns nos protestos de hoje. 

Um dos acontecimentos dramáticos de 1968: a polícia ditadura assassina o jovem Edson Luís. 

O enterro do estudante assassinado se transformou em uma

comovente manifestação pública de indignação e revolta. 
A palavra de ordem

Barricadas na avenida

O líder estudantil Vladimir Palmeira discursa durante passeata

Em 2018, o mundo revisitará as revoltas estudantis. Serão os 50 anos do Maio de 68. Em Paris, Praga, Roma, Londres, nas universidades americanas, em inúmeras outras grandes cidades, os jovens montavam barricadas em nome das transformações comportamentais, políticas, sexuais e éticas.

No mundo desenvolvido, o furacão de 68 buscava o sonho de um nova realidade.

No Brasil, a juventude vivia um pesadelo real: a ditadura.

Em comum com os dias de hoje, o governo fazia baderna institucional e o povo respondia nas ruas com uma onda de protestos legítimos na forma e no conteúdo.

As cenas vistas acima, registradas pela Manchete e Fatos & Fotos, no Rio, são um breve trailer dos acontecimentos daquele ano. Sucessivas edições das duas revistas, especialmente da Fatos & Fotos, levaram aos leitores a onda revolucionária que ocupou as ruas. A cobertura do campo de batalha em que se transformava o Rio exigia a presença de várias equipes da Bloch. Na época, jornais eram em preto e branco, a TV idem, os jornais cinematográficos também, a Veja não existia e O Cruzeiro agonizava. Assim, os arquivos desaparecidos da Manchete guardam ou guardavam um material raro, quase único: as imagens das passeatas, incluindo a dos Cem Mil, em cores.

Adolpho Bloch, gráfico por origem e formação, preferia que os fotógrafos da revista Manchete, usassem filmes 6x6. O formato maior do cromo, segundo ele, "imprimia" melhor. Daí, no meio da guerra urbana, havia fotógrafos trabalhando com câmeras Hasselblad equipadas com o pouco prático (para fotojornalismo) visor de cintura (waist). Esses profissionais abasteciam a principal revista da editora com cromos coloridos 6x6.

Já as equipes da Fatos & Fotos, publicação bem mais ágil e dinâmica, percorriam as ruas fazendo fotos em 35mm. Se a Manchete fez história com a cor, a Fatos & Fotos produziu maior quantidade de material e registrou as cenas mais marcantes do período. As coberturas eram creditadas por equipe na maioria das edições. Mas em algumas delas destacam-se os nomes dos fotógrafos Antonio Trindade, Nelson Santos, Vieira de Queirós, José Martins, Gervásio Baptista, Milton Carvalho, Juvenil de Souza, Nicolau Drei, Jorge Aguiar. Armando Rozário e Moacir Gomes.

Além do que é visto aqui nessas poucas reproduções de exemplares disponíveis, haverá em algum lugar muito mais registros fotográficos de uma época de contestação feitos pelos fotojornalistas da Manchete e da Fatos & Fotos.

Mas é material tão sumido quanto os ideais das gerações de 1968.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Fotografia - Manchete 65 anos: A Exposição Impossível-5


Zagalo voltava a treinar em janeiro de 1958, após grave contusão.
Manchete Esportiva o fotografou no estádio do Botafogo na Rua General Severiano. Entrevistado, ele pediu que Feola
não o esquecesse ao convocar a seleção. Foi lembrado pelo treinador e voltou da  Suécia com a Jules Rimet.
Reprodução Manchete Esportiva.

Vavá no Atlético de Madri. Reprodução Manchete Esportiva

Coronel, lateral esquerdo do Vasco. Era um caçador "casca grossa', dizem que
na sua faixa de campo nem a grama nascia. Foi um dos mais duros
marcadores de Garrincha. Nessa foto, Dida é a caça Reprodução Manchete Esportiva

Dida, o lendário craque do Flamengo para nas mãos de Castilho, do Flu. Reprodução Manchete Esportiva

Pelé vence o goleiro do Peru. Copa de 1970. Foto de Orlando Abrunhosa. Reprodução Fatos & Fotos. 

Pelé, no Santos, Campeonato Paulista. Reprodução Manchete Esportiva.

Uma imagem rara de um gol famoso. Depois de percorrer todo o campo,
Nilton Santos desloca o goleiro da Áustria. Copa de 1958.
Foto de Jáder Neves. Reprodução Manchete Esportiva 

Pelé na Suécia. Foto de Jáder Neves. Reprodução Manchete Esportiva

O atleta Adhemar Ferreira da Silva.  Reprodução Manchete Esportiva

A nadadora Maria Lenk posa com os filhos para matéria da Manchete Esportiva

Em 1959, o duro embate entre Carlson Gracie e Valdemar.
Décadas antes do UFC, o vale-tudo atraia multidões ao Maracanãzinho

Uma lenda do jiu-jitsu,
Hélio Gracie, tio de Carlson, na plateia...

... observa a luta que ele definiu como "de gigantes".  Deu empate e Nicolau Drei fotografou
para a Manchete Esportiva. 


Manchete sempre teve no Esporte um editoria essencial. Com menos de três meses de existência, ainda com foco indefinido, a revista publicou com destaque a participação brasileira na Olimpíada de Helsinque, na Finlândia, em julho de 1952.  Dos anos 1960 até a década de 1980, outra semanal, a Fatos & Fotos também acompanhou  regularmente  Copas, Olimpíadas, campeonatos regionais e nacionais.
Junho de 1956: Leônidas,
o "tanque" do América,
na capa.

Mas foi na década de 1950 que a Bloch lançou a Manchete Esportiva, publicação semanal que testemunhou - e registrou fotograficamente - a ascensão irresistível da geração que conquistou a Copa de 1958. A revista gravou em imagens a vida e a bola de craques da seleção como Didi, Pelé, Garrincha, Nilton Santos, Zagalo, Zito, Gilmar, entre tantos outros que brilhavam em clubes.

Mas não apenas o futebol ocupava as páginas de Manchete Esportiva. Natação, atletismo, vale-tudo, basquete, automobilismo e outras modalidades tinham suas seções.

Neste capítulo de A Exposição Impossível, que reproduz imagens de um acervo perdido, fica o registro de uma mínima linha do tempo - extraída de apenas quatro edições entre cerca de 250 publicadas de 1955 a 1959  - de uma era brilhante do futebol brasileiro (em 1977, a Manchete Esportiva voltou às bancas (até 1979), a tempo de cobrir a trajetória de outros craques, como Zico, Roberto Dinamite, Leão, Reinaldo, Nelinho, Toninho Cerezzo, Edinho e Dirceu).

domingo, 30 de abril de 2017

Fotografia - Manchete 65 anos: A Exposição Impossível-4

Chico Mendes foi assassinado em dezembro de 1988. O atentado ao líder dos seringueiros chocou Brasil e o mundo. No ano seguinte, em setembro de 1989, Manchete lançou uma das maiores edições já realizadas sobre a Amazônia.

Ao longo da sua história, Manchete cobriu como nenhuma outra publicação as relações quase sempre destrutivas do Brasil com a Amazônia. Os repórteres e fotógrafos da revista testemunharam contatos com tribos que jamais haviam visto um homem branco, registraram a ocupação predatória dos anos 1970 - embora, na época do regime militar, a revista exaltasse as obras da ditadura, como a Transamazônica que rasgava a selva e até a construção da hidrelétrica de Balbina, depois reconhecida com um dos maiores desastres ecológicos da região -, a exploração madeireira, os garimpos que poluíram os rios  com mercúrio, as queimadas, a ocupação de áreas virgens com pastos para gado e a inevitável, naquele contexto e até hoje,  e dramática adaptação dos índios à civilização.

A morte de Chico Mendes, em 1988, e a indicação do Rio, pela ONU, como sede da Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92, deram à Manchete a motivação para um extenso check up jornalístico da Amazônia.

Roberto Muggiati, diretor da revista, escreveu na "Conversa com o Leitor" daquela Manchete Especial - Amazônia - Desafio para o Futuro: "Foram oito meses de trabalho, em que nossos repórteres e fotógrafos somaram 374 dias de viagem, em todo tipo de aviões e helicópteros, em automóveis, caminhões, tratores e até carroças ou atravessando a selva a pé, para percorrer mais de 112.000km e documentar o transe que está vivendo uma das mais importantes regiões do planeta".  

Veja impressões de parte da equipe e, na sequência, algumas reproduções daquela edição, que se não traduzem a qualidade fotográfica original cumprem o objetivo de registro histórico de um material que pertencia ao acervo fotográfico da Manchete, hoje desaparecido.




Foto de J.L. Bulcão

Foto de J. L. Bulcão

Foto de Carlos Humberto TDC

Foto de J.L.Bulcão

Foto de J.L.Bulcão

Foto de Marco Antonio Rezende

Foto de Marco Antonio Rezende


Foto de Marco Antonio Rezende

Foto de Carlos Humberto TDC


Foto de Carlos Humberto TDC

Manchete acompanhou a expedição que conquistou o Pico da Neblina, na fronteira da Amazônia brasileira
com a Venezuela. Foto de Nilton Ricardo.


Foto de J.L.Bulcão


Foto de Cristiana Isidoro



Foto de Ricardo Funari

Foto de Ricardo Funari

Sting na Amazônia. Foto de Carlos Humberto TDC.

Jane Fonda em defesa da Amazônia. Foto de Orípedes Ribeiro

O senador americano Timothy Wirth chega à Amazônia para conhecer os
problemas da região, junto com o senador Al Gore (de camisa azul, na mesa) que depois
se tornou um militante global da preservação do Meio Ambiente. Fotos de Cristiana Isidoro.


Milton Nascimento e o índio Benke na aldeia Kampa. Foto de Marcos Muzi


A última foto de Chico Mendes, no Rio, três semanas antes do atentado
(ele aparece ao lado de Alfredo Sirkis). Foto de Carlos Humberto TDC.


As equipes que percorreram a Amazônia para a edição especial: J.L. Bulcão e Miriam Malina, Ricardo Beliel e Kathia Pompeu, Carlos Humberto TDC, Maria Alice Mariano e Cristiana Isidoro, Anna Muggiati, Deborah Berman, Ricardo Funari e Cristiane Ramalho, Marco Antonio Rezende e Beatriz Cardoso. E, abaixo, o expediente da Manchete Amazônia.