Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
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domingo, 8 de dezembro de 2019
Performance de chilenas contra abusos viraliza no mundo
Performance do coletivo chileno Las Tesis se espalha no mundo e já foi adaptada para vários idiomas. O ato de protesto contra abusos, assédio e até agressões sexuais por parte de agentes do governo durante as manifestações no Chile viraliza na internet. O objetivo do grupo é levar a uma grande audiência, em formato de espetáculo, teses de autoras feministas sobre a violência que atinge mulheres de todos os países.
Veja a letra da canção"Un violador en tu camino", que Las Tesis protagonizam e já foi replicada como hino de luta em Buenos Aires, Córdoba, San José, Porto Alegre,Cidade do México, Londres, Istambul e Madri.
El patriarcado es un juez
Que nos juzga por nacer
Y nuestro castigo
Es la violencia que no ves
El patriarcado es un juez
Que nos juzga por nacer
Y nuestro castigo
Es la violencia que ya ves
Es femicidio
Impunidad para mi asesino
Es la desaparición
Es la violación
[Coro]
Y la culpa no era mía, ni donde estaba, ni cómo vestía
Y la culpa no era mía, ni donde estaba, ni cómo vestía
Y la culpa no era mía, ni donde estaba, ni cómo vestía
Y la culpa no era mía, ni donde estaba, ni cómo vestía
El violador eres tú
El violador eres tú
VEJA O VÍDEO DA PERFORMANCE DAS TESIS, AQUI
quarta-feira, 4 de julho de 2018
Até o Olé admite: Neymar é caçado em campo. E olha que o jornal é argentino..
Apesar da história rivalidade, prevalece no Olé o respeito ao futebol.
O jornal argentino publicou uma matéria especial com fotos e vídeos sobre a caça a Neymar. "Neymar sofre um jogo bruto sistemático", denuncia. Ao terminar o jogo contra o México, o brasileiro detinha um recorde: o de jogador que mais sofreu faltas (23) desde a fase de grupos.
O Olé admite que Neymar às vezes exagera, mas defende que as imagens dos vários jogos são provas claras da caçada. Enquanto a mídia argentina ainda sob o impacto da desclassificação de Messi& Cia abre espaço para reconhecer o que não pode ser desmentido, uns poucos jornalistas esportivos brasileiros (é só zapear a TV por assinatura) promovem uma ofensiva contra o craque - em tom que lembra 'haters' de rede social - em outro campo: o das mesas redondas.
VEJA A MATÉRIA NO OLÉ, CLIQUE AQUI
segunda-feira, 7 de maio de 2018
Childish Gambino em "This is America": um clipe denuncia racismo, violência e os estereótipos do rap. Tudo isso junto quebra a internet e agita o país do Tio Trump
Reproduções You Tube |
Em pouco mais de 24 horas, um vídeo lançado pelo rapper, cantor de soul e comediante Childish Gambino (nome artístico de Donald Glover) acumulou mais de 18 milhões de visualizações. O clipe "This is America" ganhou elogios da crítica, é considerado um dos melhores de 2018, e há quem o veja tão antológico quanto o célebre "Thriller", mas ao contrário da fantasia de Michael Jackson este é uma guerrilha satírica bem real com um certo clima de Black Panther, não o filme, o movimento revolucionário dos anos 1960.
Gambino detona a violência armada, o racismo, a ostentação de carrões e correntes de ouro por artistas blacks e outros estereótipos do rap. Tudo isso em um grande cenário - um armazém onde acontece um motim - e embalado por vistosa coreografia.
O rapper abusa das poses grotescas, caretas, gestos caricaturais e estereotipados e, para quem vê o clipe, é bom não se distrair com isso: ao fundo acontecem cenas que compõem a fuzilaria irônica em tempos fascistas do tipo "America Great Again".
O rapper também atira contra a forma como a polícia vê os negros - o que seria uma referência ao assassinato de Stephon Clark, morto por um "cop" que viu uma arma na mão da vítima quando era apenas um iPhone -, remete ao movimento Black Lives Matter e lança frases como "Você é apenas um homem negro neste mundo / Você é apenas um código de barras".
Donald Glover é um artista multimídia: além de rapper, é roteirista do seriado 3D Rock e criou e atuou no seriado Atlanta, com o qual ganhou dois Emmys, de Melhor Diretor e Melhor Ator.
VEJA O VÍDEO DE "THIS IS AMERICA", CLIQUE AQUI
quinta-feira, 15 de março de 2018
Marielle Franco: uma voz em defesa dos direitos humanos. A reação da ONU e a repercussão no mídia internacional
Quinta vereadora mais votada nas eleições municipais de 2016, Marielle era um dos marcos da renovação da participação política das mulheres, diferenciando-se pelo caráter progressista em assuntos sociais no contexto da responsabilidade do Poder Legislativo local.
O Sistema das Nações Unidas no Brasil expressa solidariedade aos familiares e amigos da vereadora e do motorista Anderson Pedro Gomes. Tem expectativa de rigor na investigação do caso e breve elucidação dos fatos pelas autoridades, aguardando a responsabilização da autoria do crime.”
O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) divulgou nesta quinta-feira (15) uma nota sobre o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Pedro Gomes. O comunicado é assinado pela porta-voz do ACNUDH, Liz Throssell.
“Condenamos o profundamente chocante assassinato no Brasil da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco e de seu motorista. Marielle foi uma reconhecida defensora dos direitos humanos que atuava contra a violência policial e pelos direitos das mulheres e das pessoas afrodescendentes, principalmente nas áreas pobres”, afirma a nota.
Negra, mãe e socióloga, Marielle Franco (PSOL) atuava desde 2000 dentro das instituições da Maré, complexo de favelas do Rio de Janeiro, trabalhando com cultura e educação. Suas propostas abordavam questões de gênero, raça e cidade. Foto: Mídia Ninja (CC)
Negra, mãe e socióloga, a vereadora Marielle Franco (PSOL) foi uma reconhecida defensora dos direitos humanos que atuava contra a violência policial e pelos direitos das mulheres e das pessoas afrodescendentes, principalmente nas áreas pobres, lembrou o ACNUDH. Foto: Mídia Ninja (CC)
O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) divulgou nesta quinta-feira (15) uma nota sobre o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Pedro Gomes. O comunicado é assinado pela porta-voz do ACNUDH, Liz Throssell.
Leia a nota na íntegra:
"Condenamos o profundamente chocante assassinato no Brasil da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco e de seu motorista. Marielle foi uma reconhecida defensora dos direitos humanos que atuava contra a violência policial e pelos direitos das mulheres e das pessoas afrodescendentes, principalmente nas áreas pobres.
Entendemos que as autoridades se comprometeram a realizar uma completa investigação dos assassinatos ocorridos no Rio de Janeiro na quarta-feira à noite. Apelamos para que essa investigação seja feita o quanto antes, e que ela seja minuciosa, transparente e independente para que possa ser vista com credibilidade. Os maiores esforços devem ser feitos para identificar os responsáveis e levá-los perante os tribunais."
ACNUDH
Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos
Fonte: ONUBR
The Guardian |
Democracy Now |
Amnesty International |
Reuters |
domingo, 9 de julho de 2017
Futebol: facções, e não torcidas, tocam o terror nos estádios
O Vasco vai comemorar em 2018, 120 anos.
O mínimo que o torcedor pode esperar é que o clube festeje a data na primeira divisão do futebol brasileiro.
Em um século de existência, talvez os anos mais difíceis do Vasco sejam esses últimos 20. Embora nesse período tenha sido campeão brasileiro e do Mercosul, em 2000, da Copa do Brasil de 2011 e Carioca de 2015 e 2016, além da Série B de 2009, o clube e o time nunca foram tão instáveis.
O maior adversário do Vasco na luta pela permanência na elite do futebol brasileiro não está no campo, mas nos corredores, nas salas e nas arquibancadas de São Januário. Com o fim da era do presidentes realmente beneméritos como Manuel Joaquim Lopes, João Silva, Agathyrno da Silva Gomes e Antônio Soares Calçada, a política interna do clube tornou-se predatória.
As eleições vascaínas acontecerão em novembro desse ano, mas a campanha já incendeia São Januário. Ontem, o briga de torcidas, que pode custar ao Vasco a interdição do estádio, com enorme prejuízo para a equipe que luta em campo, tem por trás essa disputa eleitoral. Um fato que se evidencia nos últimos conflitos. E é difícil encontrar puros nessa guerra suja. Situação e oposição vão lutar corpo a corpo até jogar o Vasco de volta à Série B.
A consequência será acelerar a corrida do Vasco rumo ao triste destino de outro querido clube carioca, o America? Possivelmente. Nos últimos anos, sucessivas diretorias e a ação da oposição estão arrastando o Gigante da Colina ladeira abaixo, tal qual aconteceu com o tijucano America.
São vários os problemas que afetam os clubes, hoje. Dos financeiros aos morais e éticos. Sem administradores competentes, que deixem de lado interesses e vaidades pessoais, fica difícil. E, digamos, o mundo corporativo do futebol atual não ajuda.
Quando se fragilizam, os times ficam ainda mais expostos às pressões e interesses do empresários. Muitos jogadores já nem pertencem aos clubes, estão ali na vitrine enquanto aguardam uma "janela" para pular fora, com intermediários e atravessadores pegando carona nos valores.
E há questões ainda mais críticas. Tradicionalmente, entre os grandes clubes, dirigentes, de oposição e situação, não importa, apoiam e são apoiadas por algumas torcidas organizadas. Facilidades como ingressos, passagens etc entram no pacote de bondades. Acontece que, atualmente, o quadro de violência e de criminalidade urbanas se reflete em certas facções (a maioria nem merece mais o nome de torcidas). Grupos oriundos de comunidades dominadas pelo tráfico brigam não pelo futebol mas pela rivalidade entre as quadrilhas organizadas, veem no "inimigo" uniformizado o "alemão" vinculado a um sigla criminosa adversária. Caso ainda fossem controladas, em tese, pelos dirigentes que as apadrinham, até mesmo essa mínima porção "ordem" foi pro brejo. As facções estão desembestadas. O torcedor autêntico, aquele que leva o filho ao estádio, cada vez mais, e com razão, foge das arquibancadas transformadas em arenas de conflitos. Em dia de jogos, até vestir a camisa para ir ao botequim da esquina, mesmo longe dos estádios, é ato de coragem, e se "uz alemão" passarem em um ônibus lotado e descerem pro pau? Já aconteceram vários casos assim, recentes, envolvendo torcedores dos grandes clubes do Rio, de São Paulo, de Coritiba, de Porto Alegre etc. Por isso, facções de um mesmo clube brigam entre si.
O poder publico geralmente se omite e atua apenas em momentos críticos. Investigar, identificar, prevenir e punir os integrantes das facções que aterrorizam estádios e ruas seria pedir demais?
O conflito de ontem, que começou nas arquibancadas de São Januário entre supostos vascaínos e continuou nas ruas próximas, fez mais uma vítima fatal.
Para encerrar esse post deprê, um pequeno detalhe histórico: ironicamente, as torcidas organizadas surgiram nos anos 1950, sob a inspiração do jornalista Mário Filho, como um instrumento de paz nos estádios. Com instalações maiores construídas, ampliadas ou reformadas para a Copa do Mundo de 1950, como Maracanã, Pacaembu, Durival de Brito, em Curitiba, Ilha do Retiro, em Recife, o Eucaliptos, em Porto Alegre, o Independência, em Belo Horizonte, este, como o Maracanã, erguido especialmente para o Mundial, imaginou-se que torcidas organizadas, com líderes carismáticos, ajudariam a conter os excessos dos demais torcedores, além de ilustrar a festa com charangas e bandeiras. Afinal, estádios como o Maracanã e o Pacaembu, podiam receber, respectivamente, 200 mil e 50 mil espectadores. Eram torcidas únicas, só nos anos 70 começaram a se desmembrar e surgiram as organizadas de bairros, cidades etc.
No Rio, havia uma exigência para um torcedor liderar uma torcida: ter ficha limpa na chefia de polícia do então Distrito Federal.
Dois dos mais famosos foram Jaime de Carvalho, da organizada do Flamengo, e Dulce Rosalinda, do Vasco.
Pode ser lenda urbana, mas contavam antigos cronistas que foram as organizadas, especialmente as do Vasco e do Flamengo, que evitaram um quebra-quebra no Maracanã e contiveram torcedores revoltados em um certo e trágico domingo, 16 de julho de 1950.
Aquele mesmo, o dia em que o Brasil perdeu a Copa para o Uruguai.
O mínimo que o torcedor pode esperar é que o clube festeje a data na primeira divisão do futebol brasileiro.
Em um século de existência, talvez os anos mais difíceis do Vasco sejam esses últimos 20. Embora nesse período tenha sido campeão brasileiro e do Mercosul, em 2000, da Copa do Brasil de 2011 e Carioca de 2015 e 2016, além da Série B de 2009, o clube e o time nunca foram tão instáveis.
O maior adversário do Vasco na luta pela permanência na elite do futebol brasileiro não está no campo, mas nos corredores, nas salas e nas arquibancadas de São Januário. Com o fim da era do presidentes realmente beneméritos como Manuel Joaquim Lopes, João Silva, Agathyrno da Silva Gomes e Antônio Soares Calçada, a política interna do clube tornou-se predatória.
As eleições vascaínas acontecerão em novembro desse ano, mas a campanha já incendeia São Januário. Ontem, o briga de torcidas, que pode custar ao Vasco a interdição do estádio, com enorme prejuízo para a equipe que luta em campo, tem por trás essa disputa eleitoral. Um fato que se evidencia nos últimos conflitos. E é difícil encontrar puros nessa guerra suja. Situação e oposição vão lutar corpo a corpo até jogar o Vasco de volta à Série B.
A consequência será acelerar a corrida do Vasco rumo ao triste destino de outro querido clube carioca, o America? Possivelmente. Nos últimos anos, sucessivas diretorias e a ação da oposição estão arrastando o Gigante da Colina ladeira abaixo, tal qual aconteceu com o tijucano America.
São vários os problemas que afetam os clubes, hoje. Dos financeiros aos morais e éticos. Sem administradores competentes, que deixem de lado interesses e vaidades pessoais, fica difícil. E, digamos, o mundo corporativo do futebol atual não ajuda.
Quando se fragilizam, os times ficam ainda mais expostos às pressões e interesses do empresários. Muitos jogadores já nem pertencem aos clubes, estão ali na vitrine enquanto aguardam uma "janela" para pular fora, com intermediários e atravessadores pegando carona nos valores.
E há questões ainda mais críticas. Tradicionalmente, entre os grandes clubes, dirigentes, de oposição e situação, não importa, apoiam e são apoiadas por algumas torcidas organizadas. Facilidades como ingressos, passagens etc entram no pacote de bondades. Acontece que, atualmente, o quadro de violência e de criminalidade urbanas se reflete em certas facções (a maioria nem merece mais o nome de torcidas). Grupos oriundos de comunidades dominadas pelo tráfico brigam não pelo futebol mas pela rivalidade entre as quadrilhas organizadas, veem no "inimigo" uniformizado o "alemão" vinculado a um sigla criminosa adversária. Caso ainda fossem controladas, em tese, pelos dirigentes que as apadrinham, até mesmo essa mínima porção "ordem" foi pro brejo. As facções estão desembestadas. O torcedor autêntico, aquele que leva o filho ao estádio, cada vez mais, e com razão, foge das arquibancadas transformadas em arenas de conflitos. Em dia de jogos, até vestir a camisa para ir ao botequim da esquina, mesmo longe dos estádios, é ato de coragem, e se "uz alemão" passarem em um ônibus lotado e descerem pro pau? Já aconteceram vários casos assim, recentes, envolvendo torcedores dos grandes clubes do Rio, de São Paulo, de Coritiba, de Porto Alegre etc. Por isso, facções de um mesmo clube brigam entre si.
O poder publico geralmente se omite e atua apenas em momentos críticos. Investigar, identificar, prevenir e punir os integrantes das facções que aterrorizam estádios e ruas seria pedir demais?
O conflito de ontem, que começou nas arquibancadas de São Januário entre supostos vascaínos e continuou nas ruas próximas, fez mais uma vítima fatal.
Para encerrar esse post deprê, um pequeno detalhe histórico: ironicamente, as torcidas organizadas surgiram nos anos 1950, sob a inspiração do jornalista Mário Filho, como um instrumento de paz nos estádios. Com instalações maiores construídas, ampliadas ou reformadas para a Copa do Mundo de 1950, como Maracanã, Pacaembu, Durival de Brito, em Curitiba, Ilha do Retiro, em Recife, o Eucaliptos, em Porto Alegre, o Independência, em Belo Horizonte, este, como o Maracanã, erguido especialmente para o Mundial, imaginou-se que torcidas organizadas, com líderes carismáticos, ajudariam a conter os excessos dos demais torcedores, além de ilustrar a festa com charangas e bandeiras. Afinal, estádios como o Maracanã e o Pacaembu, podiam receber, respectivamente, 200 mil e 50 mil espectadores. Eram torcidas únicas, só nos anos 70 começaram a se desmembrar e surgiram as organizadas de bairros, cidades etc.
Dulce Rosalinda, a torcedora-símbolo do Vasco |
Jaime de Carvalho, o chefe da Charanga do Flamengo |
Dois dos mais famosos foram Jaime de Carvalho, da organizada do Flamengo, e Dulce Rosalinda, do Vasco.
Pode ser lenda urbana, mas contavam antigos cronistas que foram as organizadas, especialmente as do Vasco e do Flamengo, que evitaram um quebra-quebra no Maracanã e contiveram torcedores revoltados em um certo e trágico domingo, 16 de julho de 1950.
Aquele mesmo, o dia em que o Brasil perdeu a Copa para o Uruguai.
quarta-feira, 3 de maio de 2017
Rio (e Brasil) sob ataque. Bandidos lançam hastag #vemprosaque
O Rio está dominado. De um lado os bandidos, do outro os efeitos da corrupção somados ao ajuste fiscal do governo Temer.
Difícil dizer qual é o fator pior.
No caso da violência, fica PM em situação curiosamente dúbia. No momento em que faltam recursos para o combustível das rondas e do patrulhamento, para a manutenção das UPPs, pagamento de salários, gratificações etc, em função da "crise" do Estado - de quem o governo federal bloqueia recursos ao mesmo tempo em que deve outros - sobra dinheiro para botar tropas na rua, bem armadas de bombas de gás e de efeito moral, com muito combustível nas viaturas e balas de borracha na agulha.
E não só no Rio. A violência bem equipada das PMs explodiu em várias cidades, produziu feridos e fez vítima até agora internada em estado grave.
O ajuste fiscal virou cláusula única do fanatismo neoliberal sob encomenda do mercado financeiro. É um rolo compressor que atropela as populações. 'Banalidades" como saúde, educação, fiscalização do meio-ambiente, investigação e combate aos massacres que fazendeiros promovem contra índios, obras de infraestrutura, criação de empregos não são contempladas nem com recursos nem com atenção. Já isenções fiscais, renegociação de dívidas do patronato, um ajuda aqui outra ali à turma das bancadas fortes, transferências de verbas públicas para o setor privado através de PPPs, finaciamento de concessões etc, tudo isso vai em frente sem turbulências.
Com o policiamento fragilizado por falta de recursos, os bandidos estão deitando e rolando, e não só no Rio. Fortaleza, Porto Alegre, Recife também registraram tumultos nas últimas semanas. Assaltos nas ruas, ataques a caixas bancários, roubo de cargas, e homicídios em alta ocupam as páginas dos jornais.
Não demora muito, bandido irão às ruas pedir mais ajuste fiscal, com faixas em defesa da atual política econômica. Pra eles corte de verbas em setores essenciais é mamão com açúcar, parceiro, hastag #vemprosaque
O ajuste fiscal brasileiro talvez fosse a arma de destruição em massa que os americanos procuraram e não encontraram no Iraque
Difícil dizer qual é o fator pior.
No caso da violência, fica PM em situação curiosamente dúbia. No momento em que faltam recursos para o combustível das rondas e do patrulhamento, para a manutenção das UPPs, pagamento de salários, gratificações etc, em função da "crise" do Estado - de quem o governo federal bloqueia recursos ao mesmo tempo em que deve outros - sobra dinheiro para botar tropas na rua, bem armadas de bombas de gás e de efeito moral, com muito combustível nas viaturas e balas de borracha na agulha.
E não só no Rio. A violência bem equipada das PMs explodiu em várias cidades, produziu feridos e fez vítima até agora internada em estado grave.
O ajuste fiscal virou cláusula única do fanatismo neoliberal sob encomenda do mercado financeiro. É um rolo compressor que atropela as populações. 'Banalidades" como saúde, educação, fiscalização do meio-ambiente, investigação e combate aos massacres que fazendeiros promovem contra índios, obras de infraestrutura, criação de empregos não são contempladas nem com recursos nem com atenção. Já isenções fiscais, renegociação de dívidas do patronato, um ajuda aqui outra ali à turma das bancadas fortes, transferências de verbas públicas para o setor privado através de PPPs, finaciamento de concessões etc, tudo isso vai em frente sem turbulências.
Com o policiamento fragilizado por falta de recursos, os bandidos estão deitando e rolando, e não só no Rio. Fortaleza, Porto Alegre, Recife também registraram tumultos nas últimas semanas. Assaltos nas ruas, ataques a caixas bancários, roubo de cargas, e homicídios em alta ocupam as páginas dos jornais.
Não demora muito, bandido irão às ruas pedir mais ajuste fiscal, com faixas em defesa da atual política econômica. Pra eles corte de verbas em setores essenciais é mamão com açúcar, parceiro, hastag #vemprosaque
O ajuste fiscal brasileiro talvez fosse a arma de destruição em massa que os americanos procuraram e não encontraram no Iraque
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017
Revezamento de facções organizadas nos estádios: o futebol é a vítima, não o problema
A Justiça acaba de determinar que os clássicos envolvendo Botafogo, Vasco, Fluminense e Flamengo serão realizados no modo torcida única. Apenas os torcedores do clube mandante serão admitidos nos estádios.
É uma pena.
O futebol brasileiro já sofre com a exportação de seus melhores craques. Os clubes não resistem à força do euro e, já há alguns anos, estão nas mãos de empresários que vendem não apenas os jogadores formados como as promessas que se destacam nas divisões de base, até nas sub-sub 17.
A ausência de nomes identificados com as torcidas enfraquece o espetáculo.
Não por acaso, as crianças estão dando preferência a camisas de clubes europeus, assim como a audiência na TV dos jogos das ligas da Alemanha, Inglaterra e Espanha é crescente.
Mas o maior problema dos estádios são as torcidas organizadas. Especialmente aquelas que nem merecem mais o nome de torcidas: são facções organizadas. Muitos daqueles adeptos dessas facções que se envolvem em assassinatos e brigas violentas estão ligados a organizações de traficantes, mesmo que por tabela. A polícia está careca de saber disso. O fato de a torcida de apenas um clube ter permissão para ir ao estádio não necessariamente acabará com a violência. Torcedores violentos de um mesmo clube mas moradores de comunidades pertencentes - a palavra é essa, eles são donos - a facções criminosas diferentes vão continuar se enfrentando, provocando mortes entre os beligerantes ou entre inocentes que ainda se arriscam a ir aos estádios.
Para eles, o que menos importa é o jogo e a bola rolando. Provavelmente muitos não sabem sequer a escalação dos jogadores dos seus time. Passam o jogo olhando para o "inimigo", não para o gramado. Estão ali para demonstrar força, como "soldados" que representam territórios e seus chefes.
Anos atrás, foi rejeitada e sofreu críticas uma iniciativa do governo federal para cadastrar os integrantes das facções de torcedores. A identificação permitiria não só investigação em casos de crimes como levaria aos grupos de bandidos infiltrados.A Inglaterra consegui reduzir a ação dos seus hooligans implantando controles semelhantes e investigando a bandidagem. Mas aqui apenas planejar algo assim foi considerado uma ameaça aos direitos desses elementos.
Ao condenar qualquer limitação aos criminosos, as críticas só ajudaram a acelerar a contabilidade de vítimas fatais e a afastar dos estádios os verdadeiros torcedores.
É uma pena.
O futebol brasileiro já sofre com a exportação de seus melhores craques. Os clubes não resistem à força do euro e, já há alguns anos, estão nas mãos de empresários que vendem não apenas os jogadores formados como as promessas que se destacam nas divisões de base, até nas sub-sub 17.
A ausência de nomes identificados com as torcidas enfraquece o espetáculo.
Não por acaso, as crianças estão dando preferência a camisas de clubes europeus, assim como a audiência na TV dos jogos das ligas da Alemanha, Inglaterra e Espanha é crescente.
Mas o maior problema dos estádios são as torcidas organizadas. Especialmente aquelas que nem merecem mais o nome de torcidas: são facções organizadas. Muitos daqueles adeptos dessas facções que se envolvem em assassinatos e brigas violentas estão ligados a organizações de traficantes, mesmo que por tabela. A polícia está careca de saber disso. O fato de a torcida de apenas um clube ter permissão para ir ao estádio não necessariamente acabará com a violência. Torcedores violentos de um mesmo clube mas moradores de comunidades pertencentes - a palavra é essa, eles são donos - a facções criminosas diferentes vão continuar se enfrentando, provocando mortes entre os beligerantes ou entre inocentes que ainda se arriscam a ir aos estádios.
Para eles, o que menos importa é o jogo e a bola rolando. Provavelmente muitos não sabem sequer a escalação dos jogadores dos seus time. Passam o jogo olhando para o "inimigo", não para o gramado. Estão ali para demonstrar força, como "soldados" que representam territórios e seus chefes.
Anos atrás, foi rejeitada e sofreu críticas uma iniciativa do governo federal para cadastrar os integrantes das facções de torcedores. A identificação permitiria não só investigação em casos de crimes como levaria aos grupos de bandidos infiltrados.A Inglaterra consegui reduzir a ação dos seus hooligans implantando controles semelhantes e investigando a bandidagem. Mas aqui apenas planejar algo assim foi considerado uma ameaça aos direitos desses elementos.
Ao condenar qualquer limitação aos criminosos, as críticas só ajudaram a acelerar a contabilidade de vítimas fatais e a afastar dos estádios os verdadeiros torcedores.
quinta-feira, 12 de janeiro de 2017
O martelo da intolerância: Evangélica bota pra quebrar e arrebenta imagem de Nossa Senhora Aparecida
Deu na Fórum: "Uma mulher apontada como pastora evangélica aparece em um vídeo destruindo uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. O caso aconteceu em Botucatu (SP) e gerou indignação ao ser postado na internet na terça-feira (10). Posteriormente, a gravação feita por membros da igreja foi retirada do ar, mas acabou salva e compartilhada por meio do aplicativo WhatsApp e das redes sociais. “Oh, senhor, meu Deus pai. Quebra toda a obra contrária. Oh, glória. Seu nome seja glorificado, senhor. Essa obra que foi feita pelas mãos do inimigo agora está sendo quebrada em nome de Jesus”, diz um dos obreiros enquanto a mulher destrói a santa católica com um martelo e o grupo entoa várias orações".
LEIA A MATÉRIA COMPLETA E VEJA O VÍDEO NA FÓRUM, CLIQUE AQUI
sábado, 19 de novembro de 2016
The Intercept Brasil sobre o esculacho contra os ex-governadores: "Ao celebrar as prisões de Cabral e Garotinho, você fortalece o estado policial"
"Se a esquerda não conseguir se diferenciar no clamor público por violência – patrocinada pelo Estado ou não –, como método para resolver conflitos, provavelmente em nada contribuirá para que o fortalecimento do estado penal nos atinja de maneira brutal e violenta."
CABRAL E GAROTINHO foram politicamente feridos de morte esta semana com a decretação de suas prisões preventivas – aquelas que acontecem sem uma condenação, mas enquanto o sujeito ainda é réu. Não foi nas urnas que viram ruir seus projetos políticos de poder. Pelo contrário, foram derrotados por esse superpoder de nossa República, o intocável Poder Judiciário.
Contando com nosso maniqueísmo de costume, o Judiciário aumentou sua capacidade de formar mocinhos e bandidos em velocidade recorde e com limites cada vez mais tênues ou inexistentes. Conta para isso com sua mais fiel aliada, nossa mídia monopolista.
Com as prisões dos dois ex-governadores do Rio de Janeiro, vimos na rede uma realidade preocupante. O ranço punitivista e violento que permeia nossa sociedade não é um monopólio de políticos e cidadãos que se colocam como conservadores no jogo político cotidiano. Não está limitado a programas policiais na TV ou a pessoas que abertamente pregam a eliminação física de seus adversários. A violência por aqui foi se tornando tão banalizada, cotidiana e suscetível de indiferença, por um lado, e a população foi se vendo tão cada vez mais abandonada, por outro, que o caminho para o fortalecimento de ideologias repressivas, de clamor por fortalecimento dos aparelhos repressivo do Estado, ganha coro forte em todas as camadas da nossa sociedade.
O cidadão não se sente seguro e se sente saqueado. Respostas precisam ser dadas rápida e enfaticamente à população. O caminho está aberto cada vez mais para o fortalecimento do Estado policial como resposta.
Se a esquerda não conseguir se diferenciar no clamor público por violência – patrocinada pelo Estado ou não –, como método para resolver conflitos, provavelmente em nada contribuirá para que o fortalecimento do estado penal nos atinja de maneira brutal e violenta.
Quem ganhou foi o estado policial, cada vez mais fortalecido e insuportável.
Quão preocupante é a esquerda que comemora e vibra vendo Garotinho, um ser humano, sendo carregado apenas com o avental na ambulância para Bangu?
LEIA A MATÉRIA COMPLETA EM THE INTERCEPT BRASIL. CLIQUE AQUI
segunda-feira, 11 de julho de 2016
Fotos dos distúrbios raciais nos Estados Unidos viralizam na web. Uma das cenas mais acessadas é a da enfermeira Ieshia Evans que desafiou a polícia
Os atuais conflitos raciais nos Estados Unidos já produziram pelo menos duas fotos que estão viralizando na rede mundial. Uma é a da enfermeira Ieshia Evans que enfrentou o aparato repressivo em Baton Rouge, na Louisiana. A imagem da manifestante solitária e determinada diante da ferocidade policial remete à cena do estudante que tentou parar uma coluna de tanques em Pequim, em 1989. A foto registra o momento em que dois policiais blindados correm para algemá-la. Evans foi mantida presa por 24 horas. Outra imagem, a de um manifestante imobilizado no asfalto sob o joelho de um policial também é compartilhada na rede. Em várias cidades americanas, a tensão racial atinge níveis preocupantes. As fotos acima estão no Mail On Line
segunda-feira, 20 de junho de 2016
JORNALISTAS DO ESPORTE INTERATIVO SOFREM ATAQUE VIOLENTO EM PARIS DURANTE A EURO.
Bibiana Bolson e Isabela Pagliari. Reprodução Instagram |
Bibiana postou em seu Facebook e Instagram, compartilhado por Isabela, um desabafo do que passaram na França, onde relata que torcedores foram para cima delas: “Enquanto gravávamos nosso material, uma MANADA de torcedores nos atacou, saímos correndo e um deles inclusive puxou o lenço que eu usava, para que pudesse me livrar do monstro, tive que usar a força física, uma violência absurda, um constrangimento terrível e um pânico de ser obrigada a fazer algo”, comenta a Jornalista.
E ainda fala sobre o total despreparo da polícia local: “Como de costume, eles esvaziam a área ao final do evento e nem quiseram ouvir o que havia acontecido, nos tiraram praticamente a força, com palavras em tom agressivo e já segurando nosso material. De um jeito violento, seguiu segurando nosso material, abusando do poder que tinha no momento e aproveitando o fato de sermos duas ESTRANGEIRAS E MULHERES”, afirma.
Demorei um tempo para processar tudo que vivemos (eu e Isabela Pagliari) na noite de ontem aqui na França. Estávamos na fanzone, local reservado para torcedores com inúmeras programações para acompanhar a Eurocopa). Durante toda a cobertura que estamos fazendo, tentamos sempre manter distância da grande massa, estar atentas a qualquer movimentação que possa nos colocar em risco. Mas ontem vivemos algo que vai ser difícil esquecer, nos sentimos humilhadas, impotentes e CRIMINOSAS.
Enquanto gravávamos nosso material, uma MANADA de torcedores nos atacou, saímos correndo e um deles inclusive puxou o lenço que eu usava, para que pudesse me livrar do monstro, tive que usar a força física, uma violência absurda, um constrangimento terrível e um pânico de ser obrigada a fazer algo. NINGUÉM AJUDOU, NINGUÉM PROTEGEU! ONDE ESTAVAM OS SEGURANÇAS? Pois poucos minutos depois, quando conseguimos nos livrar desses monstros, estávamos nos recuperando para regravar o material e pedimos ajuda para a segurança.
LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO SITE TORCEDORES.COM CLIQUE AQUI
domingo, 24 de abril de 2016
Ratinho dá um bico em caixa de papelão e constrange assistente de palco
Ninguém pode negar que a TV brasileira, embora seja uma concessão pública, é terra de ninguém, sem lei e nem ordem. Além dos programas policiais que abertamente instigam a violência e o preconceito, agora exibe cenas explícitas de humilhação de assistentes de palco. As imagens do apresentador Ratinho, do SBT, chutando uma caixa sob a qual trabalhava a atriz Miline Pavorô falam por sí. Nas redes sociais, foram milhares os comentários de internautas chocados com a violência, o constrangimento e as lágrimas da atriz.
Na história do SBT caixas de papelão já tiveram papel mais digno: dizem que o dono do canal, quando era um humilde camelô, alugava caixas na Av. Rio Branco, no Rio, para a galera que não podia ir para as arquibancadas poder ver melhor os desfiles das escolas de samba.
E ninguém chutava o pessoal.
Veja o video, clique AQUI
segunda-feira, 14 de março de 2016
Hillary Clinton e Bernie Sandres criticam violência dos apoiadores de Donald Trump
Trump se enfurece contra manifestantes. Reprodução |
Hillary Clinton e Bernie Sanders denunciaram a agressividade da campanha de Donald Trump no fim de semana. Segundo os pré-candidatos democratas, o republicano está incitando à violência em seus comícios.
"Ele está fazendo uma campanha cínica, de ódio e medo e encoraja seus apoiadores a brigar com quem não concorda com eles", disse Hillary. "Trump deve dizer que a violência na política é inaceitável", completou Sanders.
Apoiadores de Trump não admitem protestos contra o candidato por ocasião dos seus comícios. Foi o que aconteceu em Chicago. Um vídeo que circula na web mostra um adepto de Trump dando um soco em um negro, que protestava contra o republicano.
No vídeo, o agressor afirma que da próxima vez irar matar manifestantes contrários a Trump. O republicano, por sua vez, pede que a polícia prenda todos os manifestantes. "Se passaram a prender, eles não vão protestar contra mais nada", enfureceu-se Trump.
VEJA O VÍDEO EM QUE UM "COWBOY" PROMETE MATAR QUE FOR CONTRA TRUMP. CLIQUE AQUI
sábado, 12 de março de 2016
Nota oficial da Fenaj: Em defesa do Jornalismo e dos Jornalistas
A Federação Nacional dos Jornalistas novamente vem a público manifestar preocupação com a segurança, integridade e trabalho dos jornalistas brasileiros. Nesse momento em que novos atos de rua estão programados para os próximos dias, a FENAJ:
1 – Dirige-se ao ministro da Justiça, exigindo que garanta a integridade e o trabalho dos jornalistas; que respeitada a autonomia dos Estados, oriente às forças policiais a não só evitar agressões como salvaguardar aos jornalistas o livre exercício da profissão;
2 – Dirige-se às empresas de comunicação para que adotem o Protocolo de Segurança proposto pela Federação, no sentido de: a) constituir comissões de segurança para avaliar a pertinência das pautas que coloquem em risco a integridade dos profissionais; b) fornecer equipamentos de proteção individual e treinamento, a fim de capacitar os profissionais para coberturas de risco; e c) permitir aos jornalistas executar um trabalho com a qualidade que a sociedade merece, ou seja, pautado no interesse público;
3 – Dirige-se à sociedade para que reconheça na atividade jornalística e nos seus profissionais um elemento fundamental de sustentação da democracia;
A liberdade de imprensa é uma prerrogativa da atividade jornalística no cumprimento do seu dever maior, que é o de garantir a liberdade de expressão que pertence ao povo brasileiro.
O cidadãos têm todo o direito de protestar e criticar as instituições do país, inclusive a própria imprensa, mas, no entanto, os excessos devem ser evitados, pois só interessam aos inimigos da democracia.
Liberdade de imprensa e de expressão são pilares fundamentais do estado de Direito.
A verdade, o combate à corrupção e a liberdade conquistados com a redemocratização não devem ser destruídos por interesses autoritários e estranhos à soberania nacional;
A FENAJ e os Sindicatos dos Jornalistas dizem não à intolerância, ao autoritarismo, à prevalência de interesses privados em detrimento do interesse público no Jornalismo e a qualquer forma de violência contra a categoria.
Diretoria da FENAJ.
Brasília, 10 de março de 201
(site da Fenaj)
sexta-feira, 26 de junho de 2015
Defensoria Pública do Rio proíbe divulgação de imagens de presos. Como isso afeta a imprensa?
por Flávio Sépia
A Justiça exerce o questionável direito de impor uma restrição às coberturas da imprensa. A Defensoria Pública do Rio de Janeiro determina que a polícia do Estado não pode divulgar imagens de presos até que a condenação definitiva dos suspeitos tenha sido emitida, o que, evidentemente, pode levar décadas. Pessoas inocentes geralmente fazem até questão de mostrar a cara. A medida beneficia exatamente a turma com culpa no cartório, que puxa camiseta, abaixa a cabeça quase quebrando o pescoço, se cobre com papelão, tudo para não ser flagrado pelas câmeras. Exibir suspeitos no momento em que são presos tem ajudado telespectadores a, muitas vezes, identificar assaltantes, assassinos e estupradores, contribuindo para configurar processos que tiram das ruas muitos bandidos. Os bandidos escondem a cara exatamente por temer que vítimas de crimes anteriores os identifiquem. Pode-se dizer que mostra-los é quase um serviço público que a mídia presta às vítimas. Se o sujeito for preso, com a culpa configurada, e fugir da cadeia, a polícia não poderá fazer cartaz de procura-se já que o meliante não foi julgado. Não ficou clara uma coisa: a polícia não pode divulgar deliberadamente mas se um fotógrafo ou um câmera tiver a habilidade de flagrar o acusado pode levar a imagem ao ar ou publicar a foto? Significa que imagens dos acusados da Lava Jato jamais poderiam ser divulgadas no Rio? Ou a medida se estende à imprensa o que, no caso, configuraria censura prévia? E se um indivíduo comete um crime e foge, a polícia não poderá divulgar a imagem para tornar possível a captura? Hoje mesmo o site do disque Denúncia publica fotos de suspeitos capturados. Ás vezes divulga fotos de procurados. E aí? Uma instituição respeitada e que ajuda no combate ao crime vai ser impedida de fazer seu trabalho? A notícia foi publicada pelo jornal O Dia que acrescentou que a Justiça permite que imagens sejam divulgadas mas só com "justificativa prévia" da polícia. Dificilmente isso vai funcionar. Primeiro porque a burocracia usual vai fazer demorar a apreciação da tal justificativa; segundo, se aprovada, deverá chegar à delegacia muito depois dos habeas corpus que muitas vezes liberam os tais acusados. E, aí, o "invisível" estará livre para matar ou roubar. A intenção pode ser boa, mas o que vale é que a bandidagem está comemorado mais esse gol na goleada que impõe à sociedade.
A Justiça exerce o questionável direito de impor uma restrição às coberturas da imprensa. A Defensoria Pública do Rio de Janeiro determina que a polícia do Estado não pode divulgar imagens de presos até que a condenação definitiva dos suspeitos tenha sido emitida, o que, evidentemente, pode levar décadas. Pessoas inocentes geralmente fazem até questão de mostrar a cara. A medida beneficia exatamente a turma com culpa no cartório, que puxa camiseta, abaixa a cabeça quase quebrando o pescoço, se cobre com papelão, tudo para não ser flagrado pelas câmeras. Exibir suspeitos no momento em que são presos tem ajudado telespectadores a, muitas vezes, identificar assaltantes, assassinos e estupradores, contribuindo para configurar processos que tiram das ruas muitos bandidos. Os bandidos escondem a cara exatamente por temer que vítimas de crimes anteriores os identifiquem. Pode-se dizer que mostra-los é quase um serviço público que a mídia presta às vítimas. Se o sujeito for preso, com a culpa configurada, e fugir da cadeia, a polícia não poderá fazer cartaz de procura-se já que o meliante não foi julgado. Não ficou clara uma coisa: a polícia não pode divulgar deliberadamente mas se um fotógrafo ou um câmera tiver a habilidade de flagrar o acusado pode levar a imagem ao ar ou publicar a foto? Significa que imagens dos acusados da Lava Jato jamais poderiam ser divulgadas no Rio? Ou a medida se estende à imprensa o que, no caso, configuraria censura prévia? E se um indivíduo comete um crime e foge, a polícia não poderá divulgar a imagem para tornar possível a captura? Hoje mesmo o site do disque Denúncia publica fotos de suspeitos capturados. Ás vezes divulga fotos de procurados. E aí? Uma instituição respeitada e que ajuda no combate ao crime vai ser impedida de fazer seu trabalho? A notícia foi publicada pelo jornal O Dia que acrescentou que a Justiça permite que imagens sejam divulgadas mas só com "justificativa prévia" da polícia. Dificilmente isso vai funcionar. Primeiro porque a burocracia usual vai fazer demorar a apreciação da tal justificativa; segundo, se aprovada, deverá chegar à delegacia muito depois dos habeas corpus que muitas vezes liberam os tais acusados. E, aí, o "invisível" estará livre para matar ou roubar. A intenção pode ser boa, mas o que vale é que a bandidagem está comemorado mais esse gol na goleada que impõe à sociedade.
quinta-feira, 23 de abril de 2015
Austrália critica Olimpíada no Rio... Mas as observações poderiam ser mais construtivas e menos intolerantes
A secretária-geral do Comitê Olímpico Australiano, Fiona de Jong, critica a Olimpíada no Rio. Para ela, a cidade não oferece segurança. O alerta é válido, orientar turistas é um dever das autoridades, mas o tom ultrapassou limites. A crítica poderia ser mais construtiva e menos intolerante. Dona Fiona tem duas alternativas: primeiro, se está tão temerosa, não deve vir, vai ficar insone, paranoica e transmitir insegurança à sua delegação; segundo, baixar a bola e lembrar que a Austrália tem graves episódios de insegurança para os brasileiros. Nos últimos anos, um brasileiro foi espancado até à morte pela polícia; outro foi encontrado morto em circunstâncias suspeitas; há casos de espancamento de estudantes em agressões de natureza racista; sem falar em atentado terrorista que, no centro de Sidney, vitimou várias pessoas e feriu gravemente uma brasileira. Mas lá, como aqui, a generalização pode ser injusta. O episódio mais triste e sangrento já registrado em uma Olimpíada aconteceu em uma nação desenvolvida (Alemanha, Munique, 1972). Um segundo caso com ocorrência de fatalidades abalou Atlanta, nos Estados Unidos, em 1996. Então, dona Fiona, violência não é, infelizmente, exclusiva de nações "subdesenvolvidas".
Quanto a mais segurança, no Rio, é uma revindicação dos cariocas e para o dia a dia e não apenas em função de grandes eventos. O Brasil, com o Rio recebendo quase dois milhões de turistas, promoveu uma Copa do Mundo irrepreensível, segundo reconhecimento de organizações internacionais ligadas ao futebol e ao turismo. Os visitantes foram festivamente recebidos. Não houve registro de agressões a etnias. Se vierem, os aborígenes, por exemplo, tão perseguidos e discriminados na Austrália, verão in loco esse clima de confraternização sem preconceito. Aliás, seu Comitê Olímpico trará algum atleta aborígene?
A cidade, como muitas cidades grandes, tem sérios problemas. Há certas áreas perigosas? Sim. Mas se dona Fiona for a Paris assistir ao Roland Garros deve ter cuidado se resolver passear no banlieu, na periferia, correndo o risco de sair depenada. Se tivesse ido à Olimpíada de Los Angeles botaria o pezinho nos blocks barra-pesada? E, nos Jogos de Londres, visitou, por exemplo, um bairro "aprazível" chamado Brent? Poderia perder até a peruca lá.
Ou seja, que os visitantes tenham cuidado, como em qualquer lugar, mas não se deixem levar exageradamente pelo discurso preconceituoso da secretária-geral do Comitê Olímpico Australiano. Se dona Fiona não sabe, a seleção da Austrália veio para a Copa do Mundo de 2014, foi muitíssimo bem recebida, os jogadores deram entrevistas maravilhados com a recepção e o convívio com a população em Vitória, no Espírito Santos, onde se instalou e onde turistas australianos circularam pela cidade. Segundo os jornais publicaram, houve em toda a Copa registros oficiais de dois assaltos contra cidadãos australianos ocorridos em Porto Alegre. Lamentável. Mas de um modo geral o esquema de segurança na Copa funcionou, incluindo a vigilância nos aeroportos, portos e rodovias que barrou vários estrangeiros com histórico de violência. Os turistas e esportistas australianos são bem-vindos e aqui chegando devem procurar os postos de assistência aos visitantes e obter informações sobre a cidade, saber sobre lugares e horários adequados para visitar certas áreas. É o básico. Além dos centros de apoio aos turistas, a maioria dos cariocas é prestativa e não se nega a dar informações. Isso foi reconhecido igualmente durante a Copa.
E que todos se divirtam em paz.
Mas, por favor, sem os sinais de intolerância da Dona Fiona.
Quanto a mais segurança, no Rio, é uma revindicação dos cariocas e para o dia a dia e não apenas em função de grandes eventos. O Brasil, com o Rio recebendo quase dois milhões de turistas, promoveu uma Copa do Mundo irrepreensível, segundo reconhecimento de organizações internacionais ligadas ao futebol e ao turismo. Os visitantes foram festivamente recebidos. Não houve registro de agressões a etnias. Se vierem, os aborígenes, por exemplo, tão perseguidos e discriminados na Austrália, verão in loco esse clima de confraternização sem preconceito. Aliás, seu Comitê Olímpico trará algum atleta aborígene?
A cidade, como muitas cidades grandes, tem sérios problemas. Há certas áreas perigosas? Sim. Mas se dona Fiona for a Paris assistir ao Roland Garros deve ter cuidado se resolver passear no banlieu, na periferia, correndo o risco de sair depenada. Se tivesse ido à Olimpíada de Los Angeles botaria o pezinho nos blocks barra-pesada? E, nos Jogos de Londres, visitou, por exemplo, um bairro "aprazível" chamado Brent? Poderia perder até a peruca lá.
Ou seja, que os visitantes tenham cuidado, como em qualquer lugar, mas não se deixem levar exageradamente pelo discurso preconceituoso da secretária-geral do Comitê Olímpico Australiano. Se dona Fiona não sabe, a seleção da Austrália veio para a Copa do Mundo de 2014, foi muitíssimo bem recebida, os jogadores deram entrevistas maravilhados com a recepção e o convívio com a população em Vitória, no Espírito Santos, onde se instalou e onde turistas australianos circularam pela cidade. Segundo os jornais publicaram, houve em toda a Copa registros oficiais de dois assaltos contra cidadãos australianos ocorridos em Porto Alegre. Lamentável. Mas de um modo geral o esquema de segurança na Copa funcionou, incluindo a vigilância nos aeroportos, portos e rodovias que barrou vários estrangeiros com histórico de violência. Os turistas e esportistas australianos são bem-vindos e aqui chegando devem procurar os postos de assistência aos visitantes e obter informações sobre a cidade, saber sobre lugares e horários adequados para visitar certas áreas. É o básico. Além dos centros de apoio aos turistas, a maioria dos cariocas é prestativa e não se nega a dar informações. Isso foi reconhecido igualmente durante a Copa.
E que todos se divirtam em paz.
Mas, por favor, sem os sinais de intolerância da Dona Fiona.
terça-feira, 29 de abril de 2014
A Copa da discórdia. A quem interessa?
(da Redação)
A CBN, hoje, durante o bom programa comandado por Otávio Guedes, levantou uma questão interessante: a pouco mais de um mês da Copa não há sinais no Rio e, provavelmente, em outras capitais, de decorações nas ruas, sejam oficiais ou de iniciativas de torcedores. Enfeitar a cidade com bandeiras, faixas e galhardetes verde-amarelos não era moda corrente até a célebre campanha da seleção brasileira na Espanha, em 1982. Mas é bom lembrar que mesmo naquele ano, o torcedor foi se animando aos poucos. O Brasil ganhou da União Soviética (2x1), da Escócia (4x1) e da Nova Zelândia (4x0) e as bandeiras ganharam as ruas. A euforia chegou ao máximo com a vitória sobre a Argentina (3x1). Três dias depois veio o balde de água gelada: a derrota por 2x3 para a Itália, campeã daquele mundial. Nas Copas de 1986, 1990, 1998 as ruas foram decoradas, assim como nas vitórias de 1994 e 2002. Nos mundiais da Alemanha (2006) e África do Sul (2010) já não se viu tanta empolgação, embora a cidade tenha exibido as cores da seleção.
Legião estrangeira
Trinta e quatro anos depois, há várias razões para o até agora, pouco entusiasmo do torcedor brasileiro. Antes de falar de política, um motivo esportivo. Não se compara a identificação do país, hoje, com seus craques daquele época. A seleção de 1982 tinha jogadores do Flamengo, Corinthians, Vasco, Grêmio, Cruzeiro, São Paulo, Atlético Mineiro, Fluminense, Internacional, Botafogo e Ponte Preta. Apenas Falcão (Roma) e Dirceu (Atlético de Madri) eram "estrangeiros". O time do Felipão hoje é, ao contrário, de "emigrantes", com vários jogadores a quem o torcedor vê apenas pela TV. A paixão clubística, que incendiava a torcida, foi substituída por uma admiração à distância, como se fosse uma relação platônica. Claro que com a aproximação da estréia do Brasil na Copa, alguma empolgação vai surgir. Estão aí o Alzirão (a tradicional rua da Tijuca, Alzira Brandão), já se preparando, os Fifa Fest etc. Mas o povão irá às ruas, de fato, à medida que sentir firmeza na seleção. Vitórias incontestáveis, sim, devem colorir a cidade.
Torcida pelo caos
Agora, os fatores políticos. A Copa no Brasil virou, infelizmente, uma questão de política partidária. É considerada, por parte da opinião pública e pela maioria da mídia, como sendo um "projeto de governo". E como tal, é alvo da oposição acirrada, vista assim como um Bolsa Família, um Minha Casa, Minha Vida, Mais Médicos ou cotas raciais para universidades etc. Há uma clara torcida dos opositores para que a Copa não dê certo, quanto mais caos melhor e melhor ainda que o desastre seja coroado com uma derrota vexatória do Brasil, algo como Maracanazo de 1950, de preferência com a Argentina campeã.
Curiosamente, o país vê algo - uma condenação à Copa -, que não se viu, por exemplo, durante a ditadura, embora os generais tenham tirando amplo proveito do futebol, não apenas da seleção, com a Copa de 70 e a organização encomendada dos primeiros campeonatos nacionais de clubes (até com a Arena, um dos partidos oficiais da ditadura, o outro era o MDB, decidindo sobre número de clubes participantes e incluindo alguns por interesse político-eleitoral). As manifestações previstas, com a perspectiva de repetição de episódios de violência, também se encarregarão de esvaziar, em parte, a festa da torcida nas ruas.
Protesto na hora do gol
O medo é justificável, visto que manifestantes já provocaram saques, destruição, feridos e mortes por atropelamentos e bombas, como a que atingiu o cinegrafista da Band Santiago Andrade, e a repressão policial, por outro lado, contabiliza suas vítimas de agressão, de balas de borracha, gás e prisão. E há expectativa de conflitos. A palavra de ordem "Não Vai Ter Copa" e auto-explicável, não admite negociação e pressupõem que alguns grupos não vão apenas protestar contra a Copa mas tentar impedi-la. Ou não é? Tome-se o exemplo dos espaços com telões que serão instalados em várias cidades. Como fará a polícia para equilibrar o direito dos manifestantes com a proteção aos torcedores que estarão nas praias e praças dispostos a simplesmente ver um jogo de futebol? Uns têm direito de expressão, desde que não apelem para a violência, o que tem sido raro nessa temporada de protestos, e outros devem ter liberdade para torcer e ir aos estádios. Vai ser possível gritar gol sem levar uma pedrada?
É esse meio de campo que vai definir se haverá ou não paz nas ruas.
Imagens de outros tempos, outras Copas
A CBN, hoje, durante o bom programa comandado por Otávio Guedes, levantou uma questão interessante: a pouco mais de um mês da Copa não há sinais no Rio e, provavelmente, em outras capitais, de decorações nas ruas, sejam oficiais ou de iniciativas de torcedores. Enfeitar a cidade com bandeiras, faixas e galhardetes verde-amarelos não era moda corrente até a célebre campanha da seleção brasileira na Espanha, em 1982. Mas é bom lembrar que mesmo naquele ano, o torcedor foi se animando aos poucos. O Brasil ganhou da União Soviética (2x1), da Escócia (4x1) e da Nova Zelândia (4x0) e as bandeiras ganharam as ruas. A euforia chegou ao máximo com a vitória sobre a Argentina (3x1). Três dias depois veio o balde de água gelada: a derrota por 2x3 para a Itália, campeã daquele mundial. Nas Copas de 1986, 1990, 1998 as ruas foram decoradas, assim como nas vitórias de 1994 e 2002. Nos mundiais da Alemanha (2006) e África do Sul (2010) já não se viu tanta empolgação, embora a cidade tenha exibido as cores da seleção.
Legião estrangeira
Trinta e quatro anos depois, há várias razões para o até agora, pouco entusiasmo do torcedor brasileiro. Antes de falar de política, um motivo esportivo. Não se compara a identificação do país, hoje, com seus craques daquele época. A seleção de 1982 tinha jogadores do Flamengo, Corinthians, Vasco, Grêmio, Cruzeiro, São Paulo, Atlético Mineiro, Fluminense, Internacional, Botafogo e Ponte Preta. Apenas Falcão (Roma) e Dirceu (Atlético de Madri) eram "estrangeiros". O time do Felipão hoje é, ao contrário, de "emigrantes", com vários jogadores a quem o torcedor vê apenas pela TV. A paixão clubística, que incendiava a torcida, foi substituída por uma admiração à distância, como se fosse uma relação platônica. Claro que com a aproximação da estréia do Brasil na Copa, alguma empolgação vai surgir. Estão aí o Alzirão (a tradicional rua da Tijuca, Alzira Brandão), já se preparando, os Fifa Fest etc. Mas o povão irá às ruas, de fato, à medida que sentir firmeza na seleção. Vitórias incontestáveis, sim, devem colorir a cidade.
Torcida pelo caos
Agora, os fatores políticos. A Copa no Brasil virou, infelizmente, uma questão de política partidária. É considerada, por parte da opinião pública e pela maioria da mídia, como sendo um "projeto de governo". E como tal, é alvo da oposição acirrada, vista assim como um Bolsa Família, um Minha Casa, Minha Vida, Mais Médicos ou cotas raciais para universidades etc. Há uma clara torcida dos opositores para que a Copa não dê certo, quanto mais caos melhor e melhor ainda que o desastre seja coroado com uma derrota vexatória do Brasil, algo como Maracanazo de 1950, de preferência com a Argentina campeã.
Curiosamente, o país vê algo - uma condenação à Copa -, que não se viu, por exemplo, durante a ditadura, embora os generais tenham tirando amplo proveito do futebol, não apenas da seleção, com a Copa de 70 e a organização encomendada dos primeiros campeonatos nacionais de clubes (até com a Arena, um dos partidos oficiais da ditadura, o outro era o MDB, decidindo sobre número de clubes participantes e incluindo alguns por interesse político-eleitoral). As manifestações previstas, com a perspectiva de repetição de episódios de violência, também se encarregarão de esvaziar, em parte, a festa da torcida nas ruas.
Protesto na hora do gol
O medo é justificável, visto que manifestantes já provocaram saques, destruição, feridos e mortes por atropelamentos e bombas, como a que atingiu o cinegrafista da Band Santiago Andrade, e a repressão policial, por outro lado, contabiliza suas vítimas de agressão, de balas de borracha, gás e prisão. E há expectativa de conflitos. A palavra de ordem "Não Vai Ter Copa" e auto-explicável, não admite negociação e pressupõem que alguns grupos não vão apenas protestar contra a Copa mas tentar impedi-la. Ou não é? Tome-se o exemplo dos espaços com telões que serão instalados em várias cidades. Como fará a polícia para equilibrar o direito dos manifestantes com a proteção aos torcedores que estarão nas praias e praças dispostos a simplesmente ver um jogo de futebol? Uns têm direito de expressão, desde que não apelem para a violência, o que tem sido raro nessa temporada de protestos, e outros devem ter liberdade para torcer e ir aos estádios. Vai ser possível gritar gol sem levar uma pedrada?
É esse meio de campo que vai definir se haverá ou não paz nas ruas.
Imagens de outros tempos, outras Copas
Copa de 1950- O Globo Esportivop |
O Mundo Ilustrado - 1954 |
Revista dos Esportes - 1962 |
A Tarde - 1970 |
O Dia - 1982 |
Em 1966, em plena ditadura, derrota na Copa do Mundo da Inglaterra acaba em CPI. |
Jornal do Brasil - 1970 |
O Dia - 1994 |
O Globo - 1994 |
O Dia - 1994 |
O Globo 2002 |
sábado, 22 de fevereiro de 2014
Copa, manifestações, fezes e urina... Ô Governo, libera a máscara que a barra vai pesar
por Omelete
Algumas notas soltas sobre a Copa do Mundo:
* Já foram vendidos 2 milhões e 300 mil ingressos para a Copa. É mais gente do que o número de manifestantes que foram às ruas contra a Copa de junho do ano passado até hoje. Sete jogos já têm os ingressos esgotados.
* 57% dos ingressos foram vendidos para brasileiros. Os estrangeiros ficaram com 43% do total.
* Entre os países que mais compraram ingressos estão: Estados Unidos (com 125.465), Colômbia (60.231 ingressos). Alemanha (55.666), Argentina (53.809), Inglaterra (51.222), Austrália (40.446), França (34.971), Chile (32.189) e México (30.238). São torcedores que não lêem jornais brasileiros e nem sabem o que é e o que pensam os políticos de oposição e acreditam que vale a pena vir ao Brasil ver um bom futebol, apesar das "catástrofes" anunciada por políticos em campanha eleitoral. Essa turma que ver a bola rolar. Eu também.
* Esperava-se que os portugueses estivessem nessa lista dos dez mais que compraram ingressos, mas parece que os patrícios estão com pouca grana, ô pá.
* Mas isso pode mudar: há 3 milhões e meio de pedidos de ingresso na fila de atendimento.
* Ao todo, foram cerca de 10 milhões de pedidos de ingressos cadastrados no site oficial da Fifa.
* Pesquisa do Ibope/Estadão revelou 58% dos brasileiros apoiam a Copa. Cerca de 38% são contra.
* Já a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) divulgou pesquisa mostrando que 50,7% dos brasileiros não aprovam a Copa. Números contraditórios e que vão muito além da margem de erro.
* O levantamento do Ibope foi feito em 141 municípios e ouviu 2.002 pessoas.
* O levantamento divulgado pela CNT foi feito pelo Instituto MDA. Foram 2 mil entrevistados em 24 estados brasileiros. A CNT não informa em quantos municípios foi feita a pesquisa.
* Jornais noticiam que em Porto Alegre, durante protestos contra a Copa do Mundo, manifestantes jogaram fezes e urina na Prefeitura.
* Curiosa tática. Em históricos protestos, tanto na época da ditadura quanto nos tempos do "Fora Collor", a preparação das passeatas incluía fazer as faixas, providenciar carros de som, fazer uma lista de consenso de quem falaria ao microfone explicando as reivindicações e razões dos protestos, pintar a cara, fazer camisetas, ações para buscar o apoio da população etc. Hoje, a julgar pelo que aconteceu em Porto Alegre, tudo isso é dispensável, o que a turma tem que fazer é reunir antes para cagar e mijar.
* Os manifestantes de Porto Alegre eram poucos, não mais de 200, mas dotados de intestinos e retos poderosos como lança-granadas.
* Foi uma espécie de ensaio para a Copa. Há questões a serem discutidas em assembleias para aperfeiçoar a tática para futuros protestos. Imagina-se também que há uma estratégia para transportar a merda e o mijo ao alvo. Haverá um revezamento entre os "mulas" que levam a bosta? Ou a "honra" é um prêmio ao mais engajado?
*E como é escolhido o militante que põe a mão na massa e recolhe o material in natura para fazer as "bombas" de fabricação caseiras.
* É estabelecida um cota mínima? Ou seja, cada participante deve fornecer um determinada quantidade?
* São aceitas contribuições da população? Quero dizer, se um cidadão apoia os protesto e pretende contribuir como faz? Há um posto de coleta? Deve ser feita também "vaquinha" para comprar papel higiênico, espera-se.
* Outra dúvida, merda mole, a que resulta da popular caganeira, será aceita? Como são escolhidos os rapazes e moças que fornecem o material ? Depende do que comeram na véspera? E se a polícia gostar da ideia e passar a usar a mesma "arma"? A OAB vai permitir?
* A lei que o governo prepara para responsabilizar manifestantes responsáveis por mortes, depredação e saques vai tipificar jogar merda como crime inafiançável?
* Uma sugestão: para que a imagem dos manifestantes não fique comprometida entre a opinião pública, que pode ficar incomodada com o chamado odor característico, não é melhor que na última ala da passeata os participantes levam sprays de "bom ar"? Sei lá, algo que dê uma aliviada... Vai que na Copa as manifestações atraiam milhares de pessoas... Vai ser pior que do que um estouro do emissário submarino em um sexta-feira, dia de feijoada na maioria dos restaurantes.
* Em função do exemplo gaúcho, manifestantes cariocas e paulistas já estão incluindo no kit protesto (além de vinagre, máscara, rojões etc) estoques de laxantes para poder fornecer arsenais de merda em caso de emergência. Tudo certo, democracia é assim mesmo, falando sério direito de protesto é sagrado.
* Só tem um problema: o governo quer proibir máscaras na manifestações. Sou contra. Nada disso, com o avanço da tática fecal, agora é que vão ser mais do que necessárias não só para os manifestantes como para a população e os torcedores a caminho dos estádios.
Algumas notas soltas sobre a Copa do Mundo:
* Já foram vendidos 2 milhões e 300 mil ingressos para a Copa. É mais gente do que o número de manifestantes que foram às ruas contra a Copa de junho do ano passado até hoje. Sete jogos já têm os ingressos esgotados.
* 57% dos ingressos foram vendidos para brasileiros. Os estrangeiros ficaram com 43% do total.
* Entre os países que mais compraram ingressos estão: Estados Unidos (com 125.465), Colômbia (60.231 ingressos). Alemanha (55.666), Argentina (53.809), Inglaterra (51.222), Austrália (40.446), França (34.971), Chile (32.189) e México (30.238). São torcedores que não lêem jornais brasileiros e nem sabem o que é e o que pensam os políticos de oposição e acreditam que vale a pena vir ao Brasil ver um bom futebol, apesar das "catástrofes" anunciada por políticos em campanha eleitoral. Essa turma que ver a bola rolar. Eu também.
* Esperava-se que os portugueses estivessem nessa lista dos dez mais que compraram ingressos, mas parece que os patrícios estão com pouca grana, ô pá.
* Mas isso pode mudar: há 3 milhões e meio de pedidos de ingresso na fila de atendimento.
* Ao todo, foram cerca de 10 milhões de pedidos de ingressos cadastrados no site oficial da Fifa.
* Pesquisa do Ibope/Estadão revelou 58% dos brasileiros apoiam a Copa. Cerca de 38% são contra.
* Já a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) divulgou pesquisa mostrando que 50,7% dos brasileiros não aprovam a Copa. Números contraditórios e que vão muito além da margem de erro.
* O levantamento do Ibope foi feito em 141 municípios e ouviu 2.002 pessoas.
* O levantamento divulgado pela CNT foi feito pelo Instituto MDA. Foram 2 mil entrevistados em 24 estados brasileiros. A CNT não informa em quantos municípios foi feita a pesquisa.
* Jornais noticiam que em Porto Alegre, durante protestos contra a Copa do Mundo, manifestantes jogaram fezes e urina na Prefeitura.
* Curiosa tática. Em históricos protestos, tanto na época da ditadura quanto nos tempos do "Fora Collor", a preparação das passeatas incluía fazer as faixas, providenciar carros de som, fazer uma lista de consenso de quem falaria ao microfone explicando as reivindicações e razões dos protestos, pintar a cara, fazer camisetas, ações para buscar o apoio da população etc. Hoje, a julgar pelo que aconteceu em Porto Alegre, tudo isso é dispensável, o que a turma tem que fazer é reunir antes para cagar e mijar.
* Os manifestantes de Porto Alegre eram poucos, não mais de 200, mas dotados de intestinos e retos poderosos como lança-granadas.
* Foi uma espécie de ensaio para a Copa. Há questões a serem discutidas em assembleias para aperfeiçoar a tática para futuros protestos. Imagina-se também que há uma estratégia para transportar a merda e o mijo ao alvo. Haverá um revezamento entre os "mulas" que levam a bosta? Ou a "honra" é um prêmio ao mais engajado?
*E como é escolhido o militante que põe a mão na massa e recolhe o material in natura para fazer as "bombas" de fabricação caseiras.
* É estabelecida um cota mínima? Ou seja, cada participante deve fornecer um determinada quantidade?
* São aceitas contribuições da população? Quero dizer, se um cidadão apoia os protesto e pretende contribuir como faz? Há um posto de coleta? Deve ser feita também "vaquinha" para comprar papel higiênico, espera-se.
* Outra dúvida, merda mole, a que resulta da popular caganeira, será aceita? Como são escolhidos os rapazes e moças que fornecem o material ? Depende do que comeram na véspera? E se a polícia gostar da ideia e passar a usar a mesma "arma"? A OAB vai permitir?
* A lei que o governo prepara para responsabilizar manifestantes responsáveis por mortes, depredação e saques vai tipificar jogar merda como crime inafiançável?
* Uma sugestão: para que a imagem dos manifestantes não fique comprometida entre a opinião pública, que pode ficar incomodada com o chamado odor característico, não é melhor que na última ala da passeata os participantes levam sprays de "bom ar"? Sei lá, algo que dê uma aliviada... Vai que na Copa as manifestações atraiam milhares de pessoas... Vai ser pior que do que um estouro do emissário submarino em um sexta-feira, dia de feijoada na maioria dos restaurantes.
* Em função do exemplo gaúcho, manifestantes cariocas e paulistas já estão incluindo no kit protesto (além de vinagre, máscara, rojões etc) estoques de laxantes para poder fornecer arsenais de merda em caso de emergência. Tudo certo, democracia é assim mesmo, falando sério direito de protesto é sagrado.
* Só tem um problema: o governo quer proibir máscaras na manifestações. Sou contra. Nada disso, com o avanço da tática fecal, agora é que vão ser mais do que necessárias não só para os manifestantes como para a população e os torcedores a caminho dos estádios.
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014
Manifestações: a escalada da violência
Foto reproduzida da Folha de São Paulo on line |
Como previsto, as manifestações e passeatas "contra tudo o que está aí" entram em uma escalada de violência. Ontem, no Rio, além do quebra-quebra e destruição de equipamentos públicos, um grupo numericamente não muito expressivo (embora convocado para a hora de saída do expediente comercial, quando há um aumento natural do fluxo de pedestres, o protesto não reuniu, segundo informações de ambos os lados, mais do que mil pessoas). O número foi suficiente, contudo, para marcar presença no centro da cidade, não só em termos de reivindicações (o foco principal era o aumento do preço das passagens) mas em relação à destruição. Houve vários transeuntes feridos. O caso mais grave foi o de um cinegrafista da Band atingido por uma bomba. Segundo um repórter da BBC, a bomba foi lançada por manifestantes. Já um jornalista da Globo News garantiu no ar que a polícia lançou a bomba. Investigações reúnem vídeos do local. Um fotógrafo do jornal O Globo revelou que viu um homem de calça jeans, blusa preta e máscara tentando abrir um artefato. Em certo momento, ele conseguiu acionar o objeto e correu. A bomba ou foguete explodiu pouco depois atingindo cinegrafista. A polícia analisa vídeo e tenta identificar o homem. O fotógrafo será ouvido pelos investigadores. As roupas do cinegrafista, que está em estado grave, serão analisadas em busca de vestígios químicos. Um perito independente ouvido pelo RJTV afirmou que fogos de artifício atingiram o profissional. Foi levantada também a possibilidade de que era uma bomba caseira. Todas as hipóteses estão sendo consideradas. Independentemente do resultados das investigações, a violência está em alta nas ruas. O governador Sergio Cabral afirmou que a polícia fará todo o esforço para identificar quem lançou a bomba ou foguete. Se policial ou manifestante, será punido, diz ele. Se for caracterizado o uso de uma bomba por parte de um manifestante, o fato acionará mais um alerta nos setores responsáveis pela segurança durante a Copa. Nesse caso, a utilização de explosivos assusta e preocupa. Como está em curso a campanha "Não vai ter Copa", possíveis atos similares a terrorismo constituem um temor entre os órgãos nacionais e estrangeiros responsáveis pela segurança das suas delegações em grandes eventos.
Atualização: A TV Globo, na edição do Jornal Nacional de ontem (7/2), desmentiu a Globo News que havia afirmado categoricamente que o rojão havia sido lançado pela polícia. Profissionais de outros veículos testemunharam a cena em que um manifestante mascarado manipula a bomba. O sequência foi registrada em vídeo por pelo menos duas agências internacionais e a TV Brasil.
domingo, 23 de junho de 2013
Cenas do front das manifestações no Rio: Vídeo feito por Frederico Mendes, fotógrafo que cobriu guerras e conflitos para a revista Manchete, e Gabriel Mendes.
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