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quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Brasil nem um pouco cordial - Alunos de uma escola pública, médico da UPA e filha de Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank são vítimas de racismo...

Caso da professora racista foi há dez anos, 
em São Paulo: condenação saiu agora.

Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank fizeram registro policial
 do caso e vão processar racista ou racistas. 

Médico da UPA-Tijuca vai à polícia após ser
verbalmente agredido por paciente racista.


Manifestações públicas de racismo são cada vez mais comuns no Brasil. Não apenas nas redes sociais mas, o que é surpreendente, até em salas de aulas.

A Justiça, nesses casos, às vezes falta, tarda muito, mas ainda assim merece reconhecimento quando determina alguma punição ao crime.

O Globo noticia hoje que o Tribunal de Justiça de São Paulo acaba de condenar o governo do Estado de São Paulo e a professora Carla Marini a indenizar dois alunos por danos morais depois que a acusada fez comentários racistas em uma escola pública de Guarulhos.

"Você não está vendo que os meus anjinho brancos estão quietos, e só você que é negro está falando?", disse a professora segundo testemunhas.

No Dia da Consciência Negra, ela resolveu dar uma aula de racismo e "ensinou" aos alunos que que pessoas de pele negra "não são capazes", "são sujas, imundas" e que "as escolas deviam separar pessoas de pele negra das demais".

Apesar de o estado e a "mestra" terem sido condenados (ainda cabe recurso), há o que lamentar. O caso aconteceu em 2007, quanto demora!, e a professora foi condenada apenas por "danos morais".

É típico. Muitas delegacias de polícia e parte da justiça resistem tremendamente a aplicar a lei de racismo. Na maioria das vezes, quando o queixoso chega à autoridade, o crime de racismo é desqualificado já no Boletim de Ocorrência para ofensa, cuja pena é menor. E muitos juízes, ao final do processo, aplicam penas alternativas, melhor dizer, divertidas, do tipo cesta básica e prestação de levíssimos "serviços" sociais.  Por isso, apesar dos pesares e de a professora não ter sido presa, louve-se a decisão o TJSP.

No Rio, foram dois casos de racismo públicos apenas na última semana.

Em um deles,  o casal Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank foi vítima de comentários racistas contra a filha, Titi, de 2 anos. Ao publicar na rede social uma foto da menina adotada há alguns meses, Giovanna se deparou com comentários preconceituosos na sua página. Bruno e Giovanna deram parte à polícia. O caso já está sob investigação e as autoridades têm meios de identificar com precisão o autor ou autores do crime.

Na Unidade de Pronto-Atendimento da Tijuca, o médico Danilo Silva foi agredido verbalmente por um homem em crise de hipertensão. Ao se aproximar para fazer o atendimento, o profissional ouviu o paciente dizer aos funcionários que não queria se atendido por negros. Recusou a ajuda de um maqueiro porque era negro. Ao médico, segundo reportagem do jornal Extra, ele afirmou:

- "Eu não quero ser atendido por você porque não quero ser atendido por um crioulo".

O médico manteve a calma na atitude e na resposta.

- "Senhor, me desculpe, mas o senhor não está em condições de escolher a cor do médico. Quem está aqui contratado pelo Estado sou eu e quem vai te atender sou eu’. Na hora não passou pela minha cabeça chamar a polícia. Depois do plantão eu refleti e decidi prestar queixa".

E teve o cuidado de registrar no boletim que o paciente foi medicado e orientado. Formalizou igualmente a ocorrência da agressão racista. O médico já prestou queixa. O autor do crime de racismo será intimado. O nome do elemento não foi divulgado.

Provavelmente vai arrumar um mimimi (geralmente esse pessoal amarela diante da polícia e justiça) ou um advogado para alegar que não estava em plena consciência, embora soubesse distinguir raças no seu surto de hiperracismo.

O que se espera é que a professora não obtenha êxito no recurso e, mesmo quase dez anos depois, pague pelo seu crime.

Que Bruno e Giovanna tenham a Justiça ao lado das suas justas indignações.

Que o médico supere o choque e siga exercendo sua bela profissão, mas que obtenha resposta da polícia e da justiça e confie que a sociedade tem sim antídoto para a hidrofobia racista.


terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Na capa da revista do NY Times, o negro que combate, por dentro, o racismo da polícia branca

por Clara S. Britto
A capa da New York Times Magazine também merece destaque. Ela focaliza Edwin Raymond, do Departamento de Polícia de Nova York, um policial que luta internamente para mudar métodos e abordagens racistas da corporação. Raymond, cuja ficha mostra avaliações "negativas" por tentar mudar a prática diária de uma polícia majoritariamente branca em relação aos negros e latinos, usou um iPhone para gravar instruções de superiores, provar atitudes discriminatórias e, com isso, forçar mudanças na política de combate à violência.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Polícia começa a caçar grupos racistas. Alguns já amarelaram e abriram o bico sobre as quadrilhas que atuam na internet.

A simpatia de Maju. Foto TV Globo/Divulgação
O charme de Taís Araújo. Foto; Reprodução
O sorriso de Sheron Menezzes. Foto TV Globo/Divulgação
por Flávio Sépia
O Ministério Público de São Paulo deflagrou operação para recolher computadores, celulares e outras e provas de crimes de racismo contra a jornalista Maria Julia Coutinho, a Maju, do Jornal Nacional.
Em outros estados ocorrem diligências semelhantes. Finalmente, as autoridades acordam e efetivamente partem para engaiolar os racistas. Racismo é crime mas até aqui os racistas levavam boa vida já que, para muitos, os casos de intolerância resultavam apenas em "medidas educativas', que equivalem a impunidade, e, às vezes, nem isso. Alguns suspeitos já levaram um gancho e foram conduzidos para abrir o bico. Após a conclusão dos inquéritos, espera-se que a Justiça leve a sério o crime desses anormais. Durante os depoimentos, alguns desses criminosos, que parecem destemidos no Facebook, amarelaram e, suspeita-se, segundo testemunhas do odor, sujaram as calças. Cachorro latindo, criança chorando, vagabundo vazando, como dizem os homens de preto. Alguns racistas apagaram seus perfis, inclusive as contas falsas que criaram. Além de racistas, são ignorantes: apagar perfil não impede a exata localização do autor. O MP também avalia que há formação de quadrilha entre os racistas já que foram detectados grupos e gangues do gênero. Os últimos e mais notórios casos tiveram como vítimas Maju, Taís Araújo e Sheron Menezzes. Todas as vítimas merecem igual tratamento ao encaminhar suas denúncias. Mas que bom que a fama das três amplia o alcance dessas denúncias. Quando aos criminosos, ponto 1: fica óbvio que os racistas são agressivos, intolerantes e podem ser capazes de atos mais graves para externar o ódio aos negros. Ponto 2: e, é claro, não gostam de mulheres bonitas. Eu, hein?