quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Mídia - Vale tudo por dinheiro? Até fake news de bolsomédicos? Jornais recebem críticas por veicular matéria paga mentirosa sobre "tratamento precoce" contra a Covid-19.


por José Esmeraldo Gonçalves

O Brasil assistiu ontem a um derrame de fake news, provavelmente um dos maiores já registrados na grande mídia. A mentira foi levada aos leitores em forma de matéria paga. Os jornais O Globo, Folha de São Paulo, O Povo, Jornal do Commércio (PE), Estado de Minas, Correio Braziliense, Correio (BA), e Zero Hora (RS) publicaram o anúncio assinado por bolsomédicos de Pernambuco, que provavelmente seguem os ensinamentos do "Dr. Bolsonaro", representados por uma certa "Associação Médicos Pela Vida", pregando o uso de remédios como hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina no combate à Covid-19. 

A ineficácia desses medicamentos para o combate à Covid-19 está exaustiva e cientificamente comprovada por cientistas e institutos de pesquisa em níveis nacional e mundial, além da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). 

O estranho anúncio tem muito de ideologia e nada de ciência.  

A publicação do material comprovadamente mentiroso levantou uma questão; se os jornais apregoam "código de conduta" para o conteúdo jornalístico, como não exigir ética e honestidade das matérias pagas? Basta pagar que o jornal veicula? 

A repercussão foi péssima e hoje alguns jornais, como a Folha e O Globo, caíram na real é publicam matérias demonstrando a falsidade das alegações dos bolsomédicos. Melhor que essa contestação tivesse sido publicada na mesma edição da fake news paga. O material circulou por 24 horas e certamente ajudou a disseminar perigosas "informações" sobre a pandemia. 

De qualquer, forma, mesmo tardia, desmascara a informação falsa. Agências de checagem também desmentiram o tosco e suspeito "manifesto".


ATUALIZAÇÃO EM 25/02/2021 - O Centro Knight de Jornalismo, ligado à Universidade do Texas, fez matéria em português e nas versões internacionais do site sobre a repercussão da polêmica matéria paga publicada em jornais brasileiros. A reportagem é assinada por Julio Lubianco, Leia a seguir: 


"Pelo menos oito jornais brasileiros publicaram na terça-feira, dia 23, um informe publicitário em que uma obscura associação de médicos defende a adoção do chamado ‘tratamento precoce’ da COVID-19, cujo benefício não é cientificamente comprovado. A decisão das empresas jornalísticas de abrir espaço, ainda que publicitário, para a veiculação de informações falsas sobre a pandemia gerou críticas.

“Folha de S. Paulo e O Globo erraram feio em aceitar anúncio de tratamento precoce no caderno principal. Não dá para criticar as mídias sociais por difundirem desinformação e fazerem igual num meio com controle editorial. Às vezes os princípios precisam valer mais do que o dinheiro,” escreveu Pablo Ortellado, coordenador do laboratório interdisciplinar Monitor do Debate Político no Meio Digital da Universidade de São Paulo (USP), no Twitter.

Além de Folha e Globo, os dois maiores do Brasil, outros seis jornais estamparam o informe publicitário: Jornal do Commercio, Estado de Minas, Correio Braziliense, Correio, O Povo e Zero Hora. A organização que assina o anúncio é a Associação de Médicos pela Vida, cujo site esteve indisponível ao longo de terça e em parte de quarta-feira. "

A matéria completa está no link AQUI

Um comentário:

J.A.Barros disse...

Essa insistência, do governo, para o uso de remédios condenados pela sua ineficácia no tratamento do Covid–19, por órgãos institucionais de medicina no mundo e no brasil, se torna suspeito o que nos leva a acreditar que por trás dessa insistência, algo de muito grave pode estar acontecendo