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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Preta Gil e Maria Rita em guerra de posts sobre Karol Koncá

 


A cantora Preta Gil, assim como quem não quer nada, fez um comentário fofo sobre a polêmica Karol Conká. Nada de mais, afinal, quase que o Brasil inteiro se manifestou nas redes sociais sobre a participantes mais tóxica do BBB, que acabou eliminada na última terça-feira. Só que o post de Preta Gil, como se vê nas hastags que a própria adicionou ao comentário, era patrocinado pela Amstell. Ou seja, a cantora faturou algum com o comentário.


Sem citar Preta Gil, a cantora Maria Rita criticou quem negocia publi para dar opinião sobre "questões éticas". "Estão colocando preço em empatia? Eu não canso de me chocar, real, real, real"

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Mídia - Vale tudo por dinheiro? Até fake news de bolsomédicos? Jornais recebem críticas por veicular matéria paga mentirosa sobre "tratamento precoce" contra a Covid-19.


por José Esmeraldo Gonçalves

O Brasil assistiu ontem a um derrame de fake news, provavelmente um dos maiores já registrados na grande mídia. A mentira foi levada aos leitores em forma de matéria paga. Os jornais O Globo, Folha de São Paulo, O Povo, Jornal do Commércio (PE), Estado de Minas, Correio Braziliense, Correio (BA), e Zero Hora (RS) publicaram o anúncio assinado por bolsomédicos de Pernambuco, que provavelmente seguem os ensinamentos do "Dr. Bolsonaro", representados por uma certa "Associação Médicos Pela Vida", pregando o uso de remédios como hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina no combate à Covid-19. 

A ineficácia desses medicamentos para o combate à Covid-19 está exaustiva e cientificamente comprovada por cientistas e institutos de pesquisa em níveis nacional e mundial, além da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). 

O estranho anúncio tem muito de ideologia e nada de ciência.  

A publicação do material comprovadamente mentiroso levantou uma questão; se os jornais apregoam "código de conduta" para o conteúdo jornalístico, como não exigir ética e honestidade das matérias pagas? Basta pagar que o jornal veicula? 

A repercussão foi péssima e hoje alguns jornais, como a Folha e O Globo, caíram na real é publicam matérias demonstrando a falsidade das alegações dos bolsomédicos. Melhor que essa contestação tivesse sido publicada na mesma edição da fake news paga. O material circulou por 24 horas e certamente ajudou a disseminar perigosas "informações" sobre a pandemia. 

De qualquer, forma, mesmo tardia, desmascara a informação falsa. Agências de checagem também desmentiram o tosco e suspeito "manifesto".


ATUALIZAÇÃO EM 25/02/2021 - O Centro Knight de Jornalismo, ligado à Universidade do Texas, fez matéria em português e nas versões internacionais do site sobre a repercussão da polêmica matéria paga publicada em jornais brasileiros. A reportagem é assinada por Julio Lubianco, Leia a seguir: 


"Pelo menos oito jornais brasileiros publicaram na terça-feira, dia 23, um informe publicitário em que uma obscura associação de médicos defende a adoção do chamado ‘tratamento precoce’ da COVID-19, cujo benefício não é cientificamente comprovado. A decisão das empresas jornalísticas de abrir espaço, ainda que publicitário, para a veiculação de informações falsas sobre a pandemia gerou críticas.

“Folha de S. Paulo e O Globo erraram feio em aceitar anúncio de tratamento precoce no caderno principal. Não dá para criticar as mídias sociais por difundirem desinformação e fazerem igual num meio com controle editorial. Às vezes os princípios precisam valer mais do que o dinheiro,” escreveu Pablo Ortellado, coordenador do laboratório interdisciplinar Monitor do Debate Político no Meio Digital da Universidade de São Paulo (USP), no Twitter.

Além de Folha e Globo, os dois maiores do Brasil, outros seis jornais estamparam o informe publicitário: Jornal do Commercio, Estado de Minas, Correio Braziliense, Correio, O Povo e Zero Hora. A organização que assina o anúncio é a Associação de Médicos pela Vida, cujo site esteve indisponível ao longo de terça e em parte de quarta-feira. "

A matéria completa está no link AQUI

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Livro sobre a Vaza Jato expõe as tripas da grande mídia...

por José Esmeraldo Gonçalves
O livro "Vaza Jato - Os Bastidores das Reportagens que Abalaram o Brasil", de Letícia Duarte (Mórula Editorial), revisita irregularidades da operação Lava Jato, de resto confirmadas em espantoso fluxo de mensagens, traz capítulos inéditos e revelações que atingem alguns jornalistas e veículos. 

Na verdade, ficam expostos, como em uma fétida mesa de autópsia, as tripas de uns e outros e os desvios éticos que cometeram.  

A jornalista Letícia Duarte entrevistou a equipe do Intercept Brasil, responsável pela série de reportagens sobre os delírios de poder da força-tarefa dos rapazes curitibanos, além de ouvir outras fontes. 

São, contudo, duas reportagem inéditas que atingem do ponto de vista jornalístico algumas figuras da Rede Globo e revelam mensagens trocadas com os procuradores ou as conversas destes dando conta de aproximações, encontros, "consultorias" com os jornalistas. São citados João Roberto Marinho, um dos donos do grupo, Merval Pereira, colunista do Globo e comentarista da Rede Globo e Globo News e Wladimir Neto, este filho de Miriam Leitão, também funcionária dos Marinho. Cabia a Neto, segundo as mensagens, dar "orientações" ao procurador Deltan Dalagnol. Prestaria uma espécie de "consultoria" graciosa a uma suposta estratégia política e de mídia da força-tarefa paranaense. No mínimo, a coisa toda se configura como um caso de relações perigosas de jornalistas com as suas fontes. 
O livro já está à venda no site da Mórula Editorial  AQUI

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

A melhor arma do jornalismo profissional contra fake news é a velha e boa honestidade aliada a uma antiga lição: apurar antes de publicar. Parece básico, mas não é...

por José Esmeraldo Gonçalves

Em tempo de fake news - fenômeno impulsionado por redes sociais, mas ao qual a grande mídia nunca esteve imune -, uma tentativa de fazer com que o Washington Post caísse em uma armadilha apontou para uma antiga lição: nunca dispensar a apuração rigorosa dos fatos antes da publicação.

É norma básica do jornalismo, até "cláusula pétrea", como se diz da Constituição, mas é muitas vezes desprezada pela pressa (nos sites dos veículos é grande a pressão para volume de cliques), por engano ou por interesses políticos, corporativos e até pessoais dos veículos, dos seus editores e colunistas.

A maior parte das fake news que circula em redes sociais, os fatos mais absurdos e até inverossímeis, é compartilhada e passada adiante por pessoas que "querem muito" acreditar naquele conteúdo que "combina" com suas ideias ou opiniões sobre determinados fatos ou pessoas. Não seria exagero dizer que o mesmo sentimento ou interesse pode levar um jornalista a ser, digamos, receptivo, a uma notícia falsa. Os bons profissionais devem resistir a esse impulso e deixar permanentemente ligado o alerta de fake news.   

O Veritas Project, organização americana de extrema direita, enviou um email à repórter Beth Reinhard com um "dica" explosiva sobre Roy Moore, candidato ao senado do Alabama. Segundo a "fonte", o político teria se envolvido com adolescentes no fim dos anos 1970 e obrigado uma delas a fazer um aborto. A repórter entrevistou a "fonte" duas vezes, percebeu lacunas do relato, incoerências, recusa em dar detalhes precisos sobre a suposta vítima. O Washington Post não publicou a história e optou corretamente por apurar e denunciar o grupo especializado em produzir fake news.

O Washington Post admite o uso eventual de "fonte" não identificada. Mas os editores exigem, nesse caso, que os repórteres investiguem seus informantes, suas ligações e, principalmente, suas motivações. Qual o interesse em passar adiante determinada informação? Em quais circunstâncias teve acesso à informação? A quem será útil? Quem se beneficiará daquela revelação, o leitor ou a "fonte'?

A grande mídia brasileira está longe de ser assim tão rigorosa. Claro que já foi pior. Aqui, há um flagrante excesso no uso da figura de "um interlocutor", "uma pessoa próxima" e "fontes ligadas ao fulano" etc, não como uma indicação para a apuração de uma informação, mas como a própria informação pronta e acabada e assim levada ao público. Nos anos 1950 e 1960, algumas reportagens eram peças de ficção, como seus próprios autores revelaram anos depois. Na década de 1970, a mídia ratificava as versões oficiais sobre fatos que envolviam a guerrilha urbana, crises econômicas e omitia, por exemplo, tragédias ambientais e o extermínio de tribos cometidos em obras como a Transamazônica e a instalação de agrovilas em plena floresta. Nem sempre sob veto da censura, quando esta estava ao lado dos mesmos e corporativos interesses. Houve depois o Caso da Escola Base, do programa de TV entrevistando falso líder do PCC, outro que exaltou falso filho do dono de uma companhia aérea, além de pós-verdades e omissões deliberadas de determinados escândalos de corrupção. Há pouco meses, o caso do reitor Luiz Carlos Cancellier, da Universidade Federal de Santa Catarina, mostrou a passividade da grande mídia diante da versão oficial de uma operação contra suposto desvio de recursos na instituição. O reitor foi enfaticamente citado como envolvido nos roubos, quando estes, se efetivamente provados, aconteceram antes da sua gestão. Cancellier era alvo da operação apenas por uma também até aqui suposta "interferência nas investigações". O reitor, como se sabe, se suicidou e, em bilhete, atribuiu o gesto à injustiça sofrida, o que nenhuma agência de checagem ajudaria a corrigir.

O aparecimento de agências de checagem de notícias, especialmente sobre fatos ou declarações que têm origem nos discursos e números que autoridades divulgam, é bem-vindo. Mas não basta, até porque a checagem é feita a posteriori. Se a notícia publicada for falsa, os seus efeitos já terão se realizado. Muito antes da onda das fake news alguns colunistas já eram criticados por publicar a notinha recebida de uma "fonte", não checa-la (sob a alegação de "falta de tempo") e, no dia seguinte, publicar o desmentido. Com se fosse legítima essa espécie de efeito suspensivo da fake news por 24 horas. E os danos às vítimas da informação inverídica?

No ano que vem, prevê-se, no Brasil, tsunamis de fake news, robôs e algoritmos como elementos de  campanhas eleitorais. A participação das agências e sites de checagem será essencial. E o rigor na apuração dos fatos e notinhas, antes da publicação e não como suíte de matérias e colunas, é o que os leitores merecem esperar da grande mídia.

Há alguns meses, The New York Times - precisamente em função dos efeitos das polêmicas sobre a cobertura das últimas eleições presidenciais nos Estados Unidos -, lançou uma grande campanha publicitária cujo tema seria bem aplicado aqui no complicado ano que vem: “The Truth Is Hard to Find”.

Fácil não é, mas deveria se obrigatória.

sábado, 10 de dezembro de 2016

Grupo RBS cria núcleo de jornalismo investigativo. Se será investigativo e não fará rima com seletivo, você tem o direito de duvidar...



por Flávio Sépia
O Grupo RBS foi ao cinema, gostou do que viu em Spotlight, e anunciou em grande estilo o lançamento de um Grupo de Investigação nas suas redações. Tem até logotipo (aí ao lado).

O modelo de um núcleo de repórteres para apurar matérias investigativas é um prática consagrada em jornais americanos, como o Boston Globe. O filme, como se sabe, aborda a apuração de um escândalo de pedofilia pelo grupo especial de jornalistas do BG que enfrentou a poderosa igreja católica local.

Embora a expressão "jornalismo investigativo" não existisse na época, o exemplo mais que perfeito do método é o trabalho dos repórteres Carl Bernstein e Bob Woodward, do Washington Post, no célebre Caso Watergate, nos anos 1970.

O vice-presidente da RBS, Marcelo Rech, diz que "o jornalismo investigativo fundamental para a sociedade, especialmente em uma era em que as desinformações circulam em larga escala pelas redes sociais".

Não só nas redes sociais. Ele esqueceu de dizer que o jornalismo praticado pela grande mídia brasileira também leva, numerosas vezes, o carimbo da desinformação.

Em muitos casos, até uma desinformação consciente e pautada por interesses financeiros, políticos e partidários.

Qualquer jornalista experiente sabe que não é fácil, nesse ambiente fartamente conhecido e exemplificado, acreditar que um grupo de jornalistas terá independência e autonomia para apurar os fatos.

Por exemplo: uma investigação de sonegação continuada de impostos por parte de grandes corporações alinhadas seria uma pauta aprovada?

Diz o RBS que denúncias e sugestões de pautas podem ser enviadas para o email gdi@gruporbs.com.br

Ôba! Do "Helicoca" às contas secretas brasileiras dos Panama Papers, das pendências do CADE ao numerário verde-amarelo do HSBC na Suíça, do cartel dos trens em São Paulo à captação dos subterrâneos da Lei Rouanet, das fraudes no SUS aos "penduras" bilionários no BNDES. Apenas exemplos aleatórios...

O que não falta é pauta, isso fora as mutretas não catalogadas que devem estar em andamento por aí.

Inspirado pelo filme Spotlight, a RBS promete ligar holofotes sobre as sombras do jornalismo.

Que os refletores não sejam seletivos.

O comunicado de criação do Grupo de Investigação não informa se a cúpula da RBS viu mesmo Spotlight.

No filme, os repórteres enfrentam não apenas a poderosa igreja católica, mas sofrem enormes pressões da própria direção do Boston Globe.

Só foram em frente porque contaram com a integridade de um editor. E isso já não é tão comum na dura vida real da grande mídia idem...

domingo, 4 de dezembro de 2016

Época, a capa



De um modo geral, a cobertura da mídia sobre a tragédia de Medellín não foi sensacionalista. 

A dimensão humana do fato esteve bem acima da tentação de vender um exemplar a mais, ganhar um ponto extra de audiência ou um tsunami de cliques nos sites. 

A capa da Época é um dos bons exemplos. Todas as mensagens estão aí. Nenhum elemento a mais, nenhuma ética a menos.

Logo após a queda do avião, um site, o Catraca Livre, acoplou à notícia algumas excentricidades indevidas, como a montagem de um álbum fotográfico de selfies feitas por pessoas que, em uma série de outros acidentes, morreram logo após a foto. Entre as imagens, fotos que vítimas do acidente com a Chapecoense postaram pouco antes de o avião decolar. Todos os veículos publicaram imagens das páginas pessoais dos jogadores. Mas só o Catraca as utilizou como estímulo artificial para ganhar cliques de audiência. As redes sociais reagiram e condenaram com veemência o recurso e o editor reconheceu o erro e pediu desculpas. 

Foi um alerta. 

Ontem, durante a tocante cerimônia na Arena Condá, em Chapecó, alguns internautas condenaram a espetacularização do acidente e do velório coletivo. Respeitada a crítica, o argumento é facilmente neutralizado. Em uma cidade de cerca de 200 mil habitantes, o impacto da tragédia foi muito maior. Os jogadores, dirigentes, os radialistas, suas famílias tinham envolvimento pessoal com considerável parcela da população que, logo ao saber do acidente fez do estádio o ponto de encontro e de pranto. 

Foi simbólico, e não espetáculo, foi reverência e não show, trazer os jovens jogadores de volta não apenas ao seu país mas ao seu palco.

A mídia, que também perdeu seus jovens, trabalhou nesse mesmo triste mas respeitoso compasso.

Em tempos pré-rede social, quando o jornalismo era absoluto e trafegava em uma via de mão única, com pouco espaço para manifestações dos leitores, talvez fosse mais fácil adotar títulos apelativos e publicar fotos chocantes: na maioria das vezes, o veículo saía impune. Atualmente, internautas reagem imediatamente e a crítica pode causar danos reais por atingir milhares e até milhões de pessoas. 

Não por acaso, são poucos e de limitada relevância os veículos editados segundo uma antiga regra segundo a qual "sangue vende". Ainda estão aí os programas policiais da TV com âncoras de ira teatral, público cativo, na expressão da palavra, e audiência congelada, mas até essas aberrações já recebem fortes críticas na web quando ultrapassam seus próprios e frouxos limites e, não raro, respondem na justiça por assédio moral, desrespeito ao direito de imagem e preconceito embutidos 
no sensacionalismo patológico.

Melhor assim.


ATUALIZAÇÃO - 04/12/2016 - 13H12. 
Assim como o texto acima registra o caso do Catraca Livre, vale incluir entre as exceções fato citado na coluna de Maurício Stycer sobre o comportamento lamentável de uma repórter do Jornal Nacional.


 LEIA NO BLOG DO MAURICIO STYCER- CLIQUE AQUI

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Portal de jornalismo de dados cobre apuração das eleições do Peru em tempo real. Caso lembra momento histórico do jornalismo brasileiro quando atuação independente da Rádio JB evitou fraude em curso nas eleições do Rio de Janeiro em 1982

(da Redação)
Para quem anda preocupado com os rumos éticos da mídia, vale lembrar que nem tudo está perdido. Profissionalismo e ousadia, além de um 'occupy web", podem ressaltar o papel do jornalismo independente, agora com um poder maior do que representou a imprensa alternativa nos tempos da ditadura.

São muitas as iniciativas que resgatam novas práticas e formas de um jornalismo-cidadão. O blog "Jornalismo nas Américas" destaca hoje a cobertura das recentes eleições do Peru por um portal de jornalismo de dados.  Havia o temor de fraude executada por parte das forças que apoiam o grupo do corrupto Alberto Fujimori, ainda influente apesar de condenado por seus crimes.

O trabalho do portal peruano "Convoca" lembrou, respeitadas as eras tecnológicas, um momento histórico do jornalismo brasileiro. Em 1982, Leonel Brizola era candidato ao governo do Rio de Janeiro. A ditadura escalou Moreira Franco, hoje ministro do governo interino pós-golpe, para enfrentar o gaúcho. Com a participação de grupos de comunicação, foi montado um esquema suspeito. E, no desenrolar da apuração, surgiram indícios de uma jogada destinada a beneficiar o candidato dos militares.

O complô foi desmascarado graças ao profissionalismo e a integridade do saudoso jornalista Procópio Mineiro, da Rádio JB. Ao lado do colega Peri Cota, Mineiro montou uma apuração paralela e independente que conferiu e antecipou totalizações de votos, usando, para isso, dezenas de jornalistas e estagiários que checavam os números dos boletins de cada seção eleitoral e passavam as somas por telefone (fixo, não havia celular, é bom lembrar) ou entradas ao vivo direto para a rádio.

Enquanto isso, jornais e TV ligados ao regime divulgavam uma apuração "oficial" muito mais lenta e baseada em uma estranha matemática que indicava suposto aumento de votos em branco e uma espécie de apropriação dessa tendência pelos percentuais do candidato da ditadura.

O criterioso trabalho da Rádio JB com base nos boletins de cada seção eleitoral mostrou a verdade e desmascarou a mentira. Informado da mutreta, Brizola convocou uma coletiva, para a qual, em uma tática inteligente, chamou exclusivamente correspondentes estrangeiros, e denunciou a iminente fraude. O caso teve repercussão internacional.

Mas foi o ágil trabalho da equipe de Procópio Mineiro na Rádio JB - e a suspeita repercutida, em seguida, pelo Jornal do Brasil em uma série de reportagens -  que se antecipou ao estelionato de votos e melou o esquema.

Brizola foi eleito e Mineiro, sem o saber, tornou-se o pioneiro desse tipo de cobertura eleitoral independente e em tempo real. Trinta e quatro anos depois novas tecnologias, como essa do "Convoca", ampliam e repetem a fórmula. O jornalismo ético, aquele que representa os interesses dos cidadãos, sai ganhando.

 

Portal de jornalismo de dados cobre pela primeira vez em tempo real as eleições presidenciais no Peru

(por Paola Nalverte/HAS/Blog Jornalismo nas Américas)

Com o intuito de garantir um processo mais transparente, o portal peruano de jornalismo de dados Convoca decidiu realizar um projeto para informar em tempo real, a partir  de seu próprio site, os resultados do segundo turno das eleições para presidente realizado em 5 de junho. A organização também criou uma campanha nas redes sociais onde as pessoas poderiam denunciar as irregularidades deste processo.

“Sabíamos que os resultados [do segundo turno eleitoral] seriam apertados; havia muito alarme nas redes sociais (...) por temor de fraude, vinculado ao fujimorismo”, explicou Milagros Salazar Herrera, jornalista peruana e diretora do Convoca, ao Centro Knight para o Jornalismo nas Américas.

É que o possível retorno de Fujimori ao poder, representado por Keiko Fujimori, causou preocupação entre alguns peruanos. Keiko é filha do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), que foi condenado por atos de corrupção e por crimes contra os direitos humanos, entre outras acusações. Ele também foi acusado de vencer as eleições de 2000 de forma fraudulenta, quando foi eleito presidente pela terceira vez.​

Com estes precedentes, causou alarme a recente conjuntura eleitoral, que estava cheia de controvérsia após algumas denúncias de irregularidades. Por exemplo, um candidato com grande representatividade cidadã, como Julio Guzmán, foi expulso pelo Júri Nacional de Eleições (JNE), um mês antes da votação. No entanto, o partido Força Popular de Keiko continuou na corrida para a presidência, apesar de também ter várias queixas junto ao JNE envolvendo irregularidades durante sua campanha.

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