quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Entenda porque a grande mídia coreografa a cobertura de economia e todo mundo tem a mesma opinião...

Jornalistas de economia da grande mídia apurando matérias. Oops! Foto errada:
é apenas uma cena de musical da Broadway. Reproduçao
por Flávio Sépia
Com mais de 40 anos de trabalho dedicado à área econômica, o jornalista José Paulo Kupfer, constata, em entrevista à revista Imprensa, a grave falta de diversidade de fontes no jornalismo especializado em política monetária, mercado financeiros, negócios, contas, enfim, que acabam pesando no bolso e na vida da população.

Você vai entender porque a cobertura de economia na lembra uma espécie de "Chorus Line" da Broadway em movimentos coordenados, pezinhos no ritmo e vozes em sintonia regidas por um maestro que seduz a grande mídia e seus colunistas: o mercado especulativo.

(A seguir, trecho da entrevista de José Paulo Kupfer)


Qual o entrave do jornalismo econômico hoje?
O problema que vejo hoje - e que não via tanto há vinte anos, talvez tivesse e eu não percebia - hoje percebo, com a minha experiência na grande imprensa, que o jornalismo é muito enviesado, desequilibrado, com uma única visão de economia. O termo eu não gosto, porque é muito resumidor, mas a visão predominante na cobertura dos temas econômicos é neoliberal. As fontes, digamos assim, contraditórias, que são ouvidas, são poucas, 80% - talvez mais - da cobertura se apoia em fontes com pensamento econômico ortodoxo. Não gosto desse rótulo, mas para poder entender. Acho que é o maior problema da cobertura econômica e isso é generalizado - falando da grande imprensa. Tem um circuito funcionando, eu já analisei isso, fiz pesquisas pessoais, é uma batalha minha, sobre a necessidade de formar novas fontes.

Não há diversidade de fontes?
Em economia, especialmente, as fontes são todas velhas. Um cara aparece num lugar, o outro busca ele, vai para a tevê, rádio. Vira um circuito. A gente sabe quem fala e qual o assunto. São sempre os mesmos. Eu tenho uma teoria. Não é o que parece. Não é apenas porque é mais confortável para os jornalistas e editores, porque coincide com a visão das casas.

Qual é a sua teoria?
Tenho um artigo publicado na revista da ESPM, cujo título é “Fontes viciadas em economia”. Em resumo, apurei e descobri que é claro que tem um conforto em cobrir o que a linha editorial acha que é o correto. Mas não é o principal. O principal é o processo de produção jornalística. As redações estão muito enxutas, os jornalistas são multitarefas, têm jornadas imensas - nem acho errado, a profissão é para isso. Tem que conduzir da reportagem ao fechamento - as folgas devem compensar essa situação. É algo do processo. Mas, de toda maneira, é complicado e estressante. Os pauteiros e os próprios jornalistas não tem muito tempo e estímulo para ir procurar fontes alternativas. Nesse período em que as redações ficaram enxutas, as assessorias se profissionalizaram, cresceram barbaramente e descobriram o espaço do debate, especialmente na área econômica.

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3 comentários:

Corrêa disse...

São pagos para isso de obedecer aos interesses dos donos dos jornais e tvs.Nao é uma questão técnica de jornalismo mas de ética e honestidade profissional. Se um colunista desafia as opiniões do seu veículo vai ser posto na rua. São escolhidos a dedo.

KTLzero1 disse...

A opinião única e repetida pelos eternos e os mesmos colunistas da direita neoliberal é apenas resultado da concentração de veículos na mão de familias oligárquicas que tem seus próprios interesses. Esses tristes jornalistas apenas cumprem seus papeis subalternos igualmente tristes.

P.D disse...

E a esquerda não perde a mania de calar os jornalistas que representam a direita brasileira e não tem vergonha disso