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sábado, 11 de janeiro de 2020

A mídia neoliberal e o jornalismo de mercado na ilha da fantasia





por Flávio Sépia

Em relação ao governo Bolsonaro, a mídia neoliberal tem, como se vê, duas linhas claras; apoia ferozmente a política econômica, o ajuste fiscal selvagem, os cortes de programas sociais e a supressão de direitos trabalhistas, previdenciários etc, e reserva algum espaço para críticas nos campos ambientais, de educação, política externa e temas de comportamento.

No fim de dezembro, essa mídia exaltou um suposta recuperação da economia, saudou previsões do mercado e passou dias soltando fogos de artifício editoriais a estatísticas, inclusive uma sobre aumento de vendas do comércio no fim de ano que se revelou inconsistente.

Foram os efeitos do espírito de Natal, dos fogos de artifício e do espumante?

O ano virou e a realidade veio à superfície. Inflação acima da meta, ao contrário do que os jornalistas e colunistas de mercado festejaram, queda brusca da produção industrial, explosão do endividamento das famílias, aumentos de produtos, serviços e alimentos, além de queda das exportações e uso das reservas estratégicas em dólar, o que significa começas a queimar o colchão que evita o caos nas contas.

Se no dia da divulgação desses números desfavoráveis a abordagem foi discreta, hoje o assunto praticamente sumiu das primeiras páginas. A exceção é a Folha que, mesmo assim, atribuiu as nuvens negras que jogaram água no chope neoliberal apenas à carne.

A ilha da fantasia começou o ano sob terremoto.

sábado, 4 de maio de 2019

Mídia - Dr. Pangloss e Hardy Har Har - um jornal sonha com trilhões de reais e o outro avisa que a indústria está despencando...

A EXPECTATIVA...


Carlos Heitor Cony escreveu na Folha de São Paulo, muitas vezes, que o otimista é apenas um sujeito mal informado. Parece ser  caso do Globo. Desde a ascensão de Michel Temer, o jornal se embriaga de otimismo. Compraram o discurso da reforma trabalhista como aceleradora - praticamente um Lewis Hamilton - da volta do crescimento. Não rolou. Agora estão fissurados na cifra de 1 trilhão de reais da reforma da Previdência, uma das razões explícitas da adesão do jornal à política econômica de Bolsonaro. Sonham que  a reforma trará piscinas cheias do dinheiro com que Paulo Guedes, o Tio Patinhas da "nova era", promete irrigar os bolsos já nutridos da turma do topo da pirâmide.

Na primeira página de hoje, o onírico 1 trilhão de reais, quase um fetiche, volta a inebriar os editores. Só que, aparentemente, cansado do otimismo que anuncia e que teima em não se realizar, O Globo toma a precaução de avisar que o novo 1 trilhão, dessa vez da área que o Brasil está passando o ponto, a do pré-sal, levará 30 anos para se materializar.

A Folha, embora vista a mesma camisa ideológica do concorrente, ou pensa como Cony - que dizia não abrir mão do pessimismo - ou respeita um pouco mais a inteligência de uma parcela, que seja, dos seus leitores. De qualquer forma, o jornal não esconde que a indústria recua mais 1,3% e avisa que "o pessimismo dos investidores desaquece o mercado".

Um parece a expectativa, outro a realidade. Ideologias e interesse à parte, digamos que a primeira página do Globo foi editada pelo Dr. Pangloss, o personagem "tudo beleza" de Voltaire, e a Folha por Hardy Har Har, a sábia hiena da Hanna Barbera, que tinha dois bordões imbatíveis: "eu sei que não vai dar certo" e "miséria, não sairemos vivos daqui".



... E A REALIDADE.


quarta-feira, 8 de março de 2017

"Meu paipai": os economistas que fecundaram a recessão...


por Luís Nassif ( para o GGN)

3,6% de queda do PIB em 2016 não é culpa de Dilma Rousseff. Arriscaria a dizer que nem é culpa de Michel Temer. Quem levou o país à maior recessão desde 1930 é uma subciência econômica, uma submissão atrasada a um pensamento econômico equivocado, raso, que transformou o conhecimento científico em matéria de fé, abolindo princípios básicos de uma economia de mercado.

A culpa de Dilma e Temer foi a da semi-ignorância de uma, da ignorância ampla de outro, deixando a condução do país nas mãos de técnicos e Ministros de pequena estatura, escasso conhecimento geral.

A tragédia brasileira pós-redemocratização é fruto direto da ação deletéria dos economistas brasileiros, alguns com interesses financeiros explícitos – como a geração do Plano Real -, outros com a ignorância fatal dos falsos especialistas, os que confiam cegamente em respostas de manuais, com total incapacidade de enxergar o todo.


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A economia sempre foi uma ciência auxiliar das políticas públicas, assim como o financeiro é auxiliar dos projetos de uma empresa. Cabe ao financeiro avaliar os custos, as formas de financiamento, apontar os limites, mas sempre se subordinando à estratégia definida pelo Board da companhia.

Os erros de Dilma em 2014 foram fruto da sua cabeça. Os desastres de 2015 se deveram à pressão suicida do mercado/mídia e a erros trágicos de diagnóstico de Joaquim Levy, que persistiram na gestão Henrique Meirelles.

1o Passo – a crise fiscal
A crise fiscal do governo Dilma Rousseff foi fruto direto de um erro de diagnóstico dos economistas.

Basearam-se em estudos dos anos 90 – que haviam sido revisados pelo FMI em 2012 – segundo os quais subsídios fiscais tinham Impacto positivo no PIB. A enxurrada de subsídios se somou à compressão das tarifas de energia, visando conter a inflação. Havia um quadro externo de queda nos preços internacionais de commodities, prenunciando reflexos negativos sobre o país. E a Lava Jato cumprindo sua missão de destruir a economia brasileira.

A pobreza institucional e política do país permitiu que toda a estratégia fosse comandada de forma autocrática por Dilma e Guido Mantega, abrindo mão de qualquer consulta a outras cabeças.

2o Passo – o ajuste fiscal radical
Joaquim Levy encontrou ela frente o seguinte quadro:

1.     Crise fiscal, decorrente da queda da atividade econômica e do exagero dos subsídios concedidos na gestão Mantega.

2.     Problemas no front externo com a compressão do câmbio.

3.     Aceleração da Selic impactando profundamente a dívida pública.

4.     Desmonte da cadeia do petróleo e gás pela compressão das tarifas e pelo missão internacional da Lava Jato.

A estratégia desenhada por Levy/mercado  consistia em um choque tarifário gigantesco, um profundo arrocho fiscal e uma desvalorização cambial.

A tática consistia em equilibrar rapidamente as contas públicas, através dessa dupla investida, equilibrar a relação dívida/PIB (principal indicador de solidez fiscal). E, com isso, despertar a fé dos empresários na solidez fiscal. Bastaria para trazer de volta os investimentos em um prazo exíguo. Com os investimentos de volta, haveria a volta do crescimento e, consequentemente, da arrecadação fiscal.
LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO GGN, CLIQUE AQUI

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Entenda porque a grande mídia coreografa a cobertura de economia e todo mundo tem a mesma opinião...

Jornalistas de economia da grande mídia apurando matérias. Oops! Foto errada:
é apenas uma cena de musical da Broadway. Reproduçao
por Flávio Sépia
Com mais de 40 anos de trabalho dedicado à área econômica, o jornalista José Paulo Kupfer, constata, em entrevista à revista Imprensa, a grave falta de diversidade de fontes no jornalismo especializado em política monetária, mercado financeiros, negócios, contas, enfim, que acabam pesando no bolso e na vida da população.

Você vai entender porque a cobertura de economia na lembra uma espécie de "Chorus Line" da Broadway em movimentos coordenados, pezinhos no ritmo e vozes em sintonia regidas por um maestro que seduz a grande mídia e seus colunistas: o mercado especulativo.

(A seguir, trecho da entrevista de José Paulo Kupfer)


Qual o entrave do jornalismo econômico hoje?
O problema que vejo hoje - e que não via tanto há vinte anos, talvez tivesse e eu não percebia - hoje percebo, com a minha experiência na grande imprensa, que o jornalismo é muito enviesado, desequilibrado, com uma única visão de economia. O termo eu não gosto, porque é muito resumidor, mas a visão predominante na cobertura dos temas econômicos é neoliberal. As fontes, digamos assim, contraditórias, que são ouvidas, são poucas, 80% - talvez mais - da cobertura se apoia em fontes com pensamento econômico ortodoxo. Não gosto desse rótulo, mas para poder entender. Acho que é o maior problema da cobertura econômica e isso é generalizado - falando da grande imprensa. Tem um circuito funcionando, eu já analisei isso, fiz pesquisas pessoais, é uma batalha minha, sobre a necessidade de formar novas fontes.

Não há diversidade de fontes?
Em economia, especialmente, as fontes são todas velhas. Um cara aparece num lugar, o outro busca ele, vai para a tevê, rádio. Vira um circuito. A gente sabe quem fala e qual o assunto. São sempre os mesmos. Eu tenho uma teoria. Não é o que parece. Não é apenas porque é mais confortável para os jornalistas e editores, porque coincide com a visão das casas.

Qual é a sua teoria?
Tenho um artigo publicado na revista da ESPM, cujo título é “Fontes viciadas em economia”. Em resumo, apurei e descobri que é claro que tem um conforto em cobrir o que a linha editorial acha que é o correto. Mas não é o principal. O principal é o processo de produção jornalística. As redações estão muito enxutas, os jornalistas são multitarefas, têm jornadas imensas - nem acho errado, a profissão é para isso. Tem que conduzir da reportagem ao fechamento - as folgas devem compensar essa situação. É algo do processo. Mas, de toda maneira, é complicado e estressante. Os pauteiros e os próprios jornalistas não tem muito tempo e estímulo para ir procurar fontes alternativas. Nesse período em que as redações ficaram enxutas, as assessorias se profissionalizaram, cresceram barbaramente e descobriram o espaço do debate, especialmente na área econômica.

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