sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Mídia: a notícia e a não-notícia

por Flávio Sépia 

Editar jornais, revistas, telejornais, noticiários de rádio, sites etc é fazer escolhas no mar de notícias. Para isso, jornalistas usam os filtros ideológicos, comerciais ou idiossincráticos dos veículos, os crivos declarados e os subentendidos.

Nas últimas semanas do ano, um fato político - a desobediência do presidente do Senado, Renan Calheiros, a uma decisão de um ministro do STF - deixou bem isso claro.

O país ficou estarrecido com a demonstração de poder do político alagoano. Durante dias, a mídia bateu na tecla da surpreendente desobediência institucional. O assuntou só deixou as primeiras páginas quando ficou claro que a carta na manga de Renan, aquela que sustentou o seu "dia do fico", era um ás de ouro: seria o compromisso de colocar em votação projetos de interesse dos grupos que levaram Michel Temer ao Planalto. Uma moeda de troca poderosa. A rebeldia de Renan, o homem que "desmoralizou" o STF, foi sumindo do noticiário, sumiu..., a essa altura deve estar em férias na sua Alagoas. Ficou a indignação de muitos brasileiros com a força do sujeito.

Pois Renan não foi o primeiro a não estar nem aí para o STF.

Leia essa rápida historinha: em dezembro de 2014, o ministro Ricardo Lewandovski suspendeu a divulgação da lista de trabalho escravo, uma relação de empregadores flagrados em exploração degradante de trabalhadores. A divulgação da relação dos "capitães-do-mato" modernos é determinação de lei brasileira que, diga-se, é elogiada em muitos países e tida como exemplar.

Em maio de 2016, a ministra Carmen Lúcia revogou a suspensão da divulgação da lista. Até hoje, o Ministério do Trabalho não cumpre a decisão do STF.

Viu? Não é só Renan que tem bala na agulha.

Segundo a BBC Brasil, o Ministério Público do Trabalho, cansado de esperar, acaba de entrar com uma ação judicial para obrigar o ministro do Trabalho a divulgar imediatamente a lista de empresas e pessoas físicas que foram flagradas usando mão de obra escrava.

Entre os grupos que detestam a publicação da lista e que têm ficha suja no quesito estão importantes construtoras - algumas encalacradas na Lava Jato - e ruralistas que integram a poderosa bancada do mesmo nome.

Essa desobediência ao STF, que já dura mais cerca de seis meses, não tocou corações e mentes do pessoal da velha mídia. Não foi notícia selecionada. Ficou esquecida no mesão dos editores.

3 comentários:

J.A.Barros disse...

Isto é a cara do Brasil de hoje, gente, cara essa legada do governo do PT, que acabou com os princípio de clareza e virtudes no trabalho e na vida. Não existe hoje em órgãos públicos e estatais brasileiros que não estejam corrompidos. A fúria insana do lulopetismo degradou a moral e a ética da conduta do homem público. Do office boy das repartições públicas à mais alta posição na hierarquia dos postos nas repartições primeiro vem o "meu pedaço do bolo ". E nada funciona sem a propina que engorda os bolsos desses funcionários. Esses fatos se tornaram tão comuns e corriqueiros que já dizem que faz parte dos trabalhos públicos. Esse é o Brasil que nos foi legado e não vejo de consertar e acabar com essa tendência. Nem "Lava -Jatos " e "lava-pés "irá acabar com esses procedimentos tão cedo. Hão de se passar 50 anos e ainda teremos os resquícios dessa degradante forma de se trabalhar com órgão públicos brasileiros. É uma pena, mas se fazer o quê? O povo não reelegeu o Sérgio Cabral? Não elegeu Collor senador por Alagoas? e não elegeu o "Pezão "governador deste Estado do Rio de Janeiro? E o "EX "está feroz na campanha – como coitadinho perseguido pela elite brasileira – para candidato à presidência do Brasil. E se a sociedade brasileira dos homens ainda sérios o "EX "vai ser eleito. Isto é a cara do Brasil de hoje, gente!

Rian disse...

Não notícia é o Temer quer doar 100 bilhões pras Telefônicas e a mídia corrupta não falar nada sobre isso.

Wilson disse...

Para os fanáticos fascistas, tudo é culpa do PT. Chega a ser ridículo. Não sabia que o Brasil de antes do PT era uma país perfeito, sem corrupção, com justiça social, ninguém pagava propina, ninguém recebia.
Assim falam os midiotas.