por Fernando Brito
(do site Tijolaço)
Uma febre renitente me tirou as forças, ontem, para chamar atenção para um artigo muito interessante publicado ontem pela professora de Economia da USP, Laura Carvalho, na Folha de S.Paulo.
No entanto, a denúncia gravíssima do Diário do Centro do Mundo. de que a direção do jornal Valor Econômico “baixou uma ordem aos seus repórteres: ignorar qualquer ato ou palavra da presidenta afastada Dilma Rousseff. Exceto, quando a notícia seja negativa, ainda que mentirosa” acaba de criar o “gancho para voltar ao tema.
“Agora há grande tolerância com o deficit elevado, o índice inflacionário do mês passado, os reajustes no salário de magistrados e mesmo com as pedaladas fiscais, hoje consideradas uma forma legítima de redução da dívida. A ausência de qualquer proposta para a retomada do crescimento não desafina o coro dos contentes”, diz Laura.
A rubrica “país em crise” saiu das páginas. “O pior desde o ano tal, também”. A Bolsa e o dólar, que chacoalhavam com qualquer notícia no campo político resistem estoicamente às quedas de ministros e até à denúncia de que Temer esteve metido nas “doações” de Sérgio Machado.
Foi precisa a “sacada” publicitária do “não fale em crise, trabalha”. Foi só do que se falou e, agora, “não existe mais”
Sustentaram – e sustentam, agora mais discretamente, a versão de que a inflação está em queda – e os preços no varejo,sobretudo nos alimentos in natura, que haviam subido muito, de fato dão um “refresco” Mas não tratam senão com enorme discrição o pulo dos preços no atacado.
Hoje, a Fundação Getúlio Vargas divulgou a segunda prévia do Índice Geral de Preços, que mede a variação de preços entre 21 de maio e 10 de junto. Foi de 1,33%, simplesmente o dobro do registrado 30 dias antes. 0,68%. E o grosso deste aumento veio dos preços do atacado, que vão, adiante, bater no varejo: o IPA passou de 0,75% para 1,81%.
Mas você não lerá os famosos “é o pior desta o ano tal”, porque a crise econômica já cumpriu o papel que Laura Carvalho lhe atribui:
” A crise econômica brasileira também se mostrou uma oportunidade de ouro para bloquear agendas democráticas crescentes –das mulheres, dos movimentos sociais, das minorias e da juventude– e viabilizar uma agenda ideológica de redução do tamanho do Estado.”
Cumprido seu papel político-ideológico, diz ela, o noticiário sobre economia já pode “descansar nestas últimas páginas de jornal”.
A economia e sua crise “sai das ruas para voltar a ser bela, recatada e do lar”.
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