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segunda-feira, 27 de junho de 2016

O drama de Messi: "Siento una tristeza grande. No era para mí".





FOTOS CONMEBOL

por José Esmeraldo Gonçalves
Derrotados em mais uma final, os hermanos mal sabiam que o drama estava apenas começando. No vestiário, ainda perplexo e chocado, como as imagens o mostraram após perder o primeiro pênalti da série que garantiu o título ao Chile, Messi anunciou que não vestirá mais a camisa da seleção argentina. Ao deixar o campo, pouco antes, ele havia retirado do braço a fita de capitão. "A seleção acabou para mim", disse o craque. Depois da declaração do genial camisa 10, Mascherano, Aguero, Di María e Lavezzi revelaram que poderão acompanhar Messi na dramática decisão. Para a Argentina, foi a quarta final perdida. Para Messi, foi a terceira frustração. O argentino mostrou que queria ganhar a Copa América Centenário. Embora o torneio fosse, digamos, festivo, ele se dispôs a ir ao Estados Unidos, mesmo ainda se recuperando de uma lesão nas costelas. Sabia que para ele, para os companheiros, e para a torcida era importante conquistar um título que não vem há 23 anos. O Chile perdeu a primeira, o Brasil voltou pra casa mais cedo, a Argentina parecia não ter rivais, Messi dava um show em campo, tudo se encaminhava para a vitória. Na decisão, foi bem marcado. Nunca menos de dois chilenos o cercavam. Mesmo assim, criou situações de gol. Mais para os companheiros do que para ele mesmo. Dava suas típicas arrancadas, mas faltava-lhe o desfecho, o último passo, o chute final.
Messi perdeu quatro pênaltis na temporada 20015/2016. Acontece. Ontem, ele foi escalado para abrir a série argentina exatamente para dar confiança ao resto da fila. Quando Vidal desperdiçou a primeira cobrança do Chile, tudo indicava que bastava Messi pôr a bola no fundo da rede para a taça começar a tomar o rumo de Buenos Aires. Mas essa esperança voou junto com aquela bola isolada nas arquibancadas.
Os hermanos, também perplexos, ainda não acreditam que o melhor do mundo vai mesmo abandonar a seleção. Pode ser que ele reconsidere, quem sabe. Pode ter falado de cabeça quente. Mas não parece. Além dos fatores em campo, Messi e outros jogadores reclamam da AFA, Associação de Futebol da Argentina. A entidade está sob intervenção e, nos Estados Unidos, o clima era de desorganização: os jogadores tiveram problemas para treinar e houve questões financeiras.
Em todo caso, as redes sociais já acionaram uma campanha mundial: #notevayasLeo


Clarín

Olé


quarta-feira, 15 de junho de 2016

Copa América na terra do soccer e a "lei da mordaça" revelada por Dunga antes de deixar o cargo

por Flávio Sépia

A Copa América é o mais antigo campeonato entre seleções ainda ativo. Durante muitos anos, até 1975, foi chamado de Campeonato Sul-Americano e não tinha um país-sede: as equipes se enfrentavam mais ou menos no moldes da atual Libertadores.

E, desde 1993, a Conmebol convida para o torneio duas seleções de fora da América do Sul, até o Japão já fez um participação, além do México, um convidado frequente. Foi para comemorar os 100 anos que os Estados  Unidos se ofereceram como sede dessa edição extra que acaba de despachar o Brasil e que reúne excepcionalmente seleções de todo o continente. A Conmebol topou, mas não sem polêmica. Algumas federações foram contra.

Começa a circular agora uma ideia de ampliar definitivamente a Copa para toda a América. Os Estados Unidos pretenderiam sediar um das próximas. A de 2019 já está marcada para acontecer no Brasil. O Uruguai se posicionou contra essa fórmula que incluiria times do Caribe e Américas Central e do Norte. A Fifa não se manifestou quanto ao tema, mas federações que se opõem a essa ideia apontam a inconsistência do "soccer" no Estados Unidos, a falta de popularidade ainda visível no país (o que prejudica os patrocinadores, já que resulta no espaço relativamente pequeno que a mídia norte-americana dá ao soccer, como na atual Copa Centenário), a falta de uma campeonato nacional de clubes (lá existem inúmeras ligas e cada uma faz seu campeonato), a ausência de divisões normatizadas que legitimem a ascensão e o descenso de clubes por mérito esportivo (os clubes mudam de divisão não por conquistas em campo mas por se "candidatarem" a trocar de ligas, o que precisar ser referendado por uma entidade nacional, e há duas delas) e gramados (muitos usam grama artificial) etc.

Dunga, ainda nos Estados Unidos, pouco antes de deixar o torneio, prestou um serviço ao revelar uma cláusula secreta imposta à Copa América Centenário: uma "lei da mordaça". Dirigentes, treinadores e jogadores das seleções que criticarem a organização da competição estarão sujeitos a altas multas. Mesmo assim, o ex-técnico do Brasil contou que em um dos treinamentos a seleção não teve nem vestiário à disposição para os jogadores trocarem de roupa e tomarem banho. Os jogadores usaram um caminhão para vestir o uniforme de jogo, já que a opção oferecida era inviável, por ser bem distante do estádio. Dunga acrescentou que mais do que isso não podia dizer em função do regulamento. Repórteres do Estadão ouviram fontes da organização da Copa América que confirmaram o item restritivo a alegaram que era para impedir que a competição fosse "denegrida", que reclamassem do gramado e que mostrassem o "lado negativo" do torneio em vez de destacar as "coisas positivas'. A geração de TV também evitou mostrar a maiorias da invasões de campo. Os próprios narradores da Globo se referiam a episódios desse tipo não visualizados. Apenas duas uma cenas envolvendo Messi foram exibidas: uma quando ele descia do ônibus e foi agarrado por uma fã; e outro ao deixar o campo quando foi assediado por um torcedor e, nesse caso, a TV mostrou apenas o "final feliz" quando o argentino pediu calma, afastou os seguranças e deu um abraço no rapaz. Os gringos são mais espertos. Dunga deve ter estranho esse tipo de postura porque aqui no Brasil não precisamos de restrições, somos livres para falar mal e a mídia também. Aliás, no nosso estilo de "vai dar merda" até preferimos a autocomiseração, que o digam a Copa 2014, Olimpíada 2016 etc etc.

Apesar das críticas à ampliação de Copa América, o projeto também recebe muito apoio por quem considera importantíssimo para o futebol a conquista do mercado norte-americano, que está crescendo em função do interesse da população de imigrantes (se Donald Trump não os mandar de volta) e dos seus descendentes. A FIFA tem interesse no desenvolvimento do futebol nas Estados Unidos e no Canadá mas se incomoda com a insistência do norte-americanos em criar regras para tornar o soccer mais palatável na terra do "futebol americano". Os proprietários dos clubes jap fizeram várias tentativas por enquanto infundadas. Quiseram contar o tempo de 90 minutos regressivamente e parando o relógio quando a bola não estivesse rolando. Culturalmente, eles não entende o empate. Daí, bolaram o Shoot-Out. Caso o jogo não definisse um vencedor, um jogador receberia a bola a 35 metros do gol e teria 5 segundos para correr e chutar. Seriam cinco tentativas, tal como nas cobranças de penaltis. Também experimentaram o "gol de ouro", a "morte súbida" para resolver os empates. Muitos torcedores, aqueles que de fato apreciam o jogo na forma em que é o mais praticado em todo o mundo, rejeitaram as mudanças e os norte-americanos pararam de querer refazer as regras do futebol. Ou deram um tempo.

sábado, 28 de maio de 2016

Copa América Centenário: Dunga sob cerco, Kaká como o Sobrenatural de Almeida e o que a mídia esportiva tem a ver com tudo isso...

Dunga durante treino no StubHub Center, na Califórnia. Foto de Rafael Ribeiro/CBF


por José Esmeraldo Gonçalves

O relacionamento de Dunga com a mídia esportiva, ou boa parte dela, jamais foi sereno. A isenção dos comentaristas em relação ao gaúcho passou longe, muitas vezes, do que deveria e o temperamento do ex-jogador o colocou em permanente defensiva, sempre pronto para comprar brigas.

Na Copa de 1990, quando o técnico da seleção era Sebastião Lazaroni e o Brasil não passou da primeira fase, Dunga, embora não fosse um protagonista, foi apontado pela mídia como o símbolo injustamente individualizado de uma era, a Era Dunga, de futebol opaco e defensivo. Aquela seleção foi um desastre - hoje até relativizado já que, apesar de tudo, não sofreu um mega vexame do tipo 7 X 1 - e tinha nomes dos quais se esperava muito mais como Bebeto, Careca, Ricardo Rocha, Alemão, Renato Gaúcho, Romário, Branco, Mauro Galvão etc. 

Mas sobrou para Dunga, talvez pelo seu jeito reservado a avesso a tapinhas nas costas. Em 1994, ele e vários dos passageiros do trem desgovernado de 1990 ganharam a Copa. Não sem críticas: para muitos, foi um mundial de futebol de resultados, sem brilho. Talvez, mas quem não viu luz nos gols de Romário e Bebeto, nas defesas de Tafarel, nos foguetes de Branco e no empenho e garra de Dunga?  No material da cobertura dos jornais e da revista Manchete, havia muitas fotos do volante sorrindo, mãos na taça, mas a mais publicada, na época, o mostrava raivoso, marrento, de punho fechado. Dunga lavou a alma e foi escalado na seleção da Fifa em 1994 (em 1998, também, quando foi vice após a convulsão de Ronaldo, vetado e em seguida espantosamente chamado por Zagalo já nas sombras do vestiário, enquanto o som do estádio anunciava Edmundo como titular na final contra a França, mas essa é outra história).    

Curiosamente, foi a imagem de garra e força de vontade na Copa de 1994 que levou Dunga a ser o técnico da seleção após outro desastre, o de Parreira, na Copa de 2006, com um time considerado forte e que era tido como favorito em função da constelação de craques. Mas aquela seleção foi ineficiente em campo, embora extremamente animada fora das quatro linhas. Liberalidade, compromissos com patrocinadores e com veículos, um certo excesso de folgas, a noite europeia e as louras alemãs livres e maiores de idade, tudo isso foi apontado com fator de perda de foco. Nesse ponto, os jogadores foram poupados pela mídia brasileira e coube às agências internacionais revelar, por exemplo, um flagrante de balada na Suíça, durante a fase de treinos, pouco antes da Copa. As fotos foram publicadas no Brasil, obviamente, mas como material adquirido da mídia europeia, embora as saídas noturnas de alguns atletas fossem conhecidas por quem cobria a seleção. Inegavelmente, a mídia demonstrava manter boas relações com Parreira e evitava levantar a bola da crítica. Claro que se o jogadores tivessem resolvido a parada em campo tudo acabaria bem e em um caminhão de bombeiro nas ruas do Brasil. Só que não deu ou melhor, tudo isso aí somado, deu no que deu. Depois, a CBF reconheceu que faltou o rigor que deveria haver na agenda de uma Copa do Mundo. Mas essas críticas do front alemão só ganharam divulgação depois que a França mandou o Brasil de volta para casa direto de Frankfurt.   

Após a nova frustração, a CBF surpreende ao chamar Dunga para botar ordem na casa. O treinador classifica a seleção, ganha a Copa América e a das Confederações, mas falha na hora dos vamos-ver. E na Copa da África do Sul, o Brasil, como na Alemanha, não passa das quartas de final. Não foi tranquila a Segunda Era Dunga. Ele foi marcado sob pressão pela mídia. Barrou investidas de apresentadores poderosos que queriam ter o acesso livre, como haviam tido na Alemanha, acirrou adversários, discutiu com repórter e proibiu entrevistas. Sob qualquer pretexto - até a camisa berrante ou o agasalho fashion do treinador - tudo virava crise, um clima péssimo para um time que disputava uma Copa. De novo, tudo isso junto, não apenas o time, não apenas o clima, carimbou a passagem de volta para o Brasil. 

Veio a Copa do 7X1, em casa, um novo desastre, dessa vez de proporções apocalípticas. Antes da Copa, Mano Menezes foi tragado e, durante, Felipão foi triturado. Ambos tiveram boas relações com a mídia. E o acesso à Granja Comari voltou a ser risonho e franco para patrocinadores, assessores de jogadores, amigos famosos e nem tanto etc. O Brasil chega às semifinais, mas melhor seria ter sido desclassificado antes, quando ainda restava alguma dignidade. 

Com a seleção de moral na grama, a CBF surpreende ao chamar Dunga para conduzir o Brasil à Copa do Mundo da Rússia. Dessa vez, até aqui, pode-se afirmar que a mídia está deixando o treinador em paz. Se critica seu esquema de jogo, a falta disso ou suas escalações e convocações - o que deveria ter sido desde sempre o foco das críticas - parou de encher o saco por querer que o gaúcho seja o máximo da etiqueta, um anfitrião, se derrame em gentilezas, faça sala na concentração e lhe conceda privilégios.   

Se ele vai chegar a Moscou? Muito difícil. Já não vai bem nas Eliminatórias. 

Se será o treinador do time nas Olimpíadas? Talvez. Mas para disputar a Rio 2016 ficaria mais confortável se ganhasse a Copa América Centenário, nos Estados Unidos. 

Com Kaká vai ser difícil. 

Dunga já convocou o jogador, mas o utilizou por poucos minutos. Não faz sentido. Só vejo uma "explicação" surreal: Kaká está morando nos Estados Unidos, jogando em uma daquelas ligas de aposentados e a Comissão Técnica deve ter preferido economizar nas passagens aéreas.  

O Sobrenatural do Almeida, a quem Nelson Rodrigues recorria para explicar o inexplicável, anuncia turbulências nos voos da seleção.