por Roberto Muggiati (do livro Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou)
Difícil separar os fatos e as fotos, das fofocas e folclores. Mas, de algumas histórias não há como -nem porquê-, duvidar. Contam, por exemplo, que, ainda nos velhos tempos da Manchete na Frei Caneca 511, entre a igreja protestante e a penitenciária hoje desativada, em frente a uma pracinha do Estácio, de costas para o Morro de São Carlos, um dia entrou em pauta mais uma matéria - talvez a centésima - sobre o verão carioca. Fotografias feitas, o artista foi à redação entregar o material, acompanhado de uma descrição do assunto, que ele chamava de ‘texto’.
A chefia de reportagem houve por bem encaminhar a tarefa a um redator, para copidescar o dito ‘texto’. No caso, o sorteado foi Raymundo Magalhães Júnior, que batia no teclado barulhento daquelas antigas máquinas de escrever, com um dedo só, a mil por hora, mas com direito a mil e muitos resmungos de praxe.
Eram tantas as correções necessárias que ele amassou o original e metralhou o texto final que, aquele sim, seria publicado. O fotógrafo acompanhava tudo à distância, como quem não quisesse nada, até que tomou coragem, aproximou-se e quis saber se estava faltando alguma informação. O velho Magalhães levantou um olho e deu o veredito:
-“Meu filho, ‘verão’ foi a única palavra sua que eu consegui salvar ...”
Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
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